O país do Burro: Mercado de professores

25-01-2012
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Esta manhã, em fundo, na rádio, fiquei a saber que existe “mercado de professores”. Ouvi a expressão a meio de outros afazeres, sem saber, ao certo, sobre o que falava o mercadólogo que a utilizava. Esbarro agora com a notícia: “as escolas com falta de professores só poderão celebrar contratos mensais com os docentes que vierem ainda a contratar, confirmou ontem o Ministério da Educação e Ciência (MEC. Directores de escolas e agrupamentos pensaram que se tratava de um "erro" da plataforma informática, mas afinal é mais uma alteração nos procedimentos de colocação de professores.” E vem-me imediatamente à ideia a imagem do upgrade desta medida de contenção de custos que acompanha o aumento de mais de 7% do valor pago pelo Estado às escolas do ensino particular e cooperativo: a da formação espontânea de acampamentos de potenciais candidatos a dar aulas, mesmo ao lado de cada escola, visitados diariamente por um angariador que, primeiro, logo à chegada, berra o nome das disciplinas com falta de professor para esse dia ; a seguir, concentra-se na escolha do candidato que se disponha a assegurar o serviço ao menor preço e; terminada a tarefa, decreta feriado local para os estômagos dos candidatos preteridos. Ressaltam as vantagens deste upgrade relativamente ao modelo de contratos mensais agora noticiado. Para os candidatos, para além da vida saudável proporcionada pelo contacto com a natureza, é muito mais fácil sossegar um estômago aos saltos durante um dia do que durante um mês inteiro. Para a escola, nada garante que o melhor candidato à Segunda-feira continua a sê-lo à Quinta. Está cientificamente provado que quem come todos os dias é potencialmente mais desobediente e menos competitivo do que quem observa padrões de consumo mais frugais. Os bons e os maus exemplos começam na escola. Estamos a deixar que transformem a nossa sociedade num imenso vómito. Voltamos ao tempo dos negreiros.Actualização:Caiu a contratação ao mês. Não durou nem um dia. Valeu a pena a contestação.


Esta manhã, em fundo, na rádio, fiquei a saber que existe “mercado de professores”. Ouvi a expressão a meio de outros afazeres, sem saber, ao certo, sobre o que falava o mercadólogo que a utilizava. Esbarro agora com a notícia: “as escolas com falta de professores só poderão celebrar contratos mensais com os docentes que vierem ainda a contratar, confirmou ontem o Ministério da Educação e Ciência (MEC. Directores de escolas e agrupamentos pensaram que se tratava de um "erro" da plataforma informática, mas afinal é mais uma alteração nos procedimentos de colocação de professores.” E vem-me imediatamente à ideia a imagem do upgrade desta medida de contenção de custos que acompanha o aumento de mais de 7% do valor pago pelo Estado às escolas do ensino particular e cooperativo: a da formação espontânea de acampamentos de potenciais candidatos a dar aulas, mesmo ao lado de cada escola, visitados diariamente por um angariador que, primeiro, logo à chegada, berra o nome das disciplinas com falta de professor para esse dia ; a seguir, concentra-se na escolha do candidato que se disponha a assegurar o serviço ao menor preço e; terminada a tarefa, decreta feriado local para os estômagos dos candidatos preteridos. Ressaltam as vantagens deste upgrade relativamente ao modelo de contratos mensais agora noticiado. Para os candidatos, para além da vida saudável proporcionada pelo contacto com a natureza, é muito mais fácil sossegar um estômago aos saltos durante um dia do que durante um mês inteiro. Para a escola, nada garante que o melhor candidato à Segunda-feira continua a sê-lo à Quinta. Está cientificamente provado que quem come todos os dias é potencialmente mais desobediente e menos competitivo do que quem observa padrões de consumo mais frugais. Os bons e os maus exemplos começam na escola. Estamos a deixar que transformem a nossa sociedade num imenso vómito. Voltamos ao tempo dos negreiros.Actualização:Caiu a contratação ao mês. Não durou nem um dia. Valeu a pena a contestação.

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