Câmara Corporativa: Marques Mendes era deputado em regime de exclusividade?

20-01-2012
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Quando se soube que o Dr. Marques Mendes era professor da Universidade Independente, ele desapareceu de circulação até que os jornalistas se esquecessem do assunto. E não é que se esqueceram mesmo? Foi uma oportunidade perdida para se conhecerem os predicados académicos do Prof. Mendes: as disciplinas que leccionou, os sumários das aulas que deu, o número de alunos que ajudou a formar, os mestrados e doutoramentos que orientou, as sebentas que produziu, os artigos científicos que escreveu.Ontem, soube-se que o Dr. Mendes, para além de professor na Universidade Independente, também esteve ligado a outra instituição do ensino superior: a Universidade Atlântica. Era o presidente executivo do conselho de administração da empresa proprietária da universidade. Um dia, subitamente, o Dr. Mendes passa de presidente executivo para presidente não executivo. Não se sabe porquê. Mas sabe-se que as suas remunerações não decresceram — bem pelo contrário, aumentaram.Só no primeiro trimestre de 2002, antes de ingressar no Governo de Durão Barroso, o Dr. Mendes recebeu senhas de presença no valor de 12.469 euros, numa média mensal de 4.156 euros, mais 4.650 euros em refeições e 1.800 euros de combustível para alimentar o carro cedido pela universidade.Mas deixe-se de lado o montante dos salários e das remunerações acessórias pagas ao Dr. Mendes. O que salta à vista é que exerceu durante anos um cargo e foi pago em senhas de presença, mesmo quando era o presidente executivo. Porquê? Para fugir aos descontos para a segurança social, como admitem especialistas contactados pelo Correio da Manhã?Ou teria o Dr. Marques Mendes optado, como deputado, pelo regime de exclusividade, tendo encontrado esta forma capciosa de receber pelos “dois lados”?O peão que Marques Mendes mandou avançar para pôr paninhos quentes na questão foi um tal Themudo Barata. Trata-se de um daqueles desempregados que vão arranjando poiso por onde o ainda líder do PSD passa: era vogal de Mendes na Universidade Atlântica, depois passou a adjunto quando Mendes era ministro, que lhe arranjou ainda um lugar no conselho de administração da RAVE (essa mesmo, a empresa do TGV), e voltou a ser notícia quando Sérgio Lipari o incumbiu da auditoria às tropelias na Gebalis.Acontece que as justificações de Themudo Barata não foram nada convincentes. Para justificar os rendimentos auferidos por Marques Mendes em 2002, Themudo Barata diz que se tratam de acertos relativos a anos anteriores. Mas, nos anos anteriores, Marques Mendes também havia recebido senhas de presença, para além de ter apresentado despesas de refeições e de combustível. O carro da Universidade Atlântica utilizado por Mendes teria ficado para Themudo Barata para acerto de contas… com a universidade.Afinal, que se passa, Dr. Marques Mendes?PS — O Público, que hoje não dedicou uma linha a este assunto, ao contrário de outros jornais, estará certamente a aprofundar a questão.


Quando se soube que o Dr. Marques Mendes era professor da Universidade Independente, ele desapareceu de circulação até que os jornalistas se esquecessem do assunto. E não é que se esqueceram mesmo? Foi uma oportunidade perdida para se conhecerem os predicados académicos do Prof. Mendes: as disciplinas que leccionou, os sumários das aulas que deu, o número de alunos que ajudou a formar, os mestrados e doutoramentos que orientou, as sebentas que produziu, os artigos científicos que escreveu.Ontem, soube-se que o Dr. Mendes, para além de professor na Universidade Independente, também esteve ligado a outra instituição do ensino superior: a Universidade Atlântica. Era o presidente executivo do conselho de administração da empresa proprietária da universidade. Um dia, subitamente, o Dr. Mendes passa de presidente executivo para presidente não executivo. Não se sabe porquê. Mas sabe-se que as suas remunerações não decresceram — bem pelo contrário, aumentaram.Só no primeiro trimestre de 2002, antes de ingressar no Governo de Durão Barroso, o Dr. Mendes recebeu senhas de presença no valor de 12.469 euros, numa média mensal de 4.156 euros, mais 4.650 euros em refeições e 1.800 euros de combustível para alimentar o carro cedido pela universidade.Mas deixe-se de lado o montante dos salários e das remunerações acessórias pagas ao Dr. Mendes. O que salta à vista é que exerceu durante anos um cargo e foi pago em senhas de presença, mesmo quando era o presidente executivo. Porquê? Para fugir aos descontos para a segurança social, como admitem especialistas contactados pelo Correio da Manhã?Ou teria o Dr. Marques Mendes optado, como deputado, pelo regime de exclusividade, tendo encontrado esta forma capciosa de receber pelos “dois lados”?O peão que Marques Mendes mandou avançar para pôr paninhos quentes na questão foi um tal Themudo Barata. Trata-se de um daqueles desempregados que vão arranjando poiso por onde o ainda líder do PSD passa: era vogal de Mendes na Universidade Atlântica, depois passou a adjunto quando Mendes era ministro, que lhe arranjou ainda um lugar no conselho de administração da RAVE (essa mesmo, a empresa do TGV), e voltou a ser notícia quando Sérgio Lipari o incumbiu da auditoria às tropelias na Gebalis.Acontece que as justificações de Themudo Barata não foram nada convincentes. Para justificar os rendimentos auferidos por Marques Mendes em 2002, Themudo Barata diz que se tratam de acertos relativos a anos anteriores. Mas, nos anos anteriores, Marques Mendes também havia recebido senhas de presença, para além de ter apresentado despesas de refeições e de combustível. O carro da Universidade Atlântica utilizado por Mendes teria ficado para Themudo Barata para acerto de contas… com a universidade.Afinal, que se passa, Dr. Marques Mendes?PS — O Público, que hoje não dedicou uma linha a este assunto, ao contrário de outros jornais, estará certamente a aprofundar a questão.

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