Geração talidomida

19-10-2013
marcar artigo

Zangam-se as comadres... O FMI e a Comissão Europeia já não se entendem quanto à receita para as maleitas dos países intervencionados.

Zangam-se as comadres... O FMI e a Comissão Europeia já não se entendem quanto à receita para as maleitas dos países intervencionados. A tensão agravou-se quando "técnicos" do organismo de Lagarde reconheceram a existência de "falhanços notáveis" no primeiro resgate da Grécia. Olli Rehn, por seu lado, defende a austeridade e contra-ataca com duras acusações de deslealdade, afirmando que o FMI está a "lavar as mãos e a deitar a água suja sobre os ombros europeus".

Para o FMI, os objetivos do plano de resgate grego não foram atingidos porque o impacto das medidas de austeridade foi subavaliado, tendo provocado uma recessão "mais profunda do que era esperado, com um desemprego excecionalmente alto". Lavagens (de roupa suja) à parte, é inegável que o PIB helénico caiu 17% entre 2009 e 2012 e o desemprego atingiu os 25% em 2012, muito acima da estimativa inicial de 15%.

Eis que o nosso fado é, afinal, muito semelhante à tragédia grega. As previsões do Governo, que mereceram a avaliação muito positiva da ‘troika', revelaram-se sempre sobrestimadas, tendo as medidas de austeridade causado apenas mais recessão, mais desemprego e mais dívida pública. Depois do sucedido com a falida Grécia, assiste-se agora em Portugal ao "passa-culpas" do FMI para a UE e de Paulo Portas para o PSD. A evidência do fracasso da terapêutica imposta aos portugueses dá assim o mote para o repúdio da responsabilidade que ‘troika' e Governo tiveram no desenho e execução do desastroso plano de ajustamento. Enquanto os membros da ‘troika' e do Governo gerem os danos na sua imagem, os portugueses veem o PIB cair para níveis iguais aos do final do século passado, a dívida pública a tornar-se impossível de cumprir, o desemprego a atingir uns impensáveis 17,8%, o desemprego jovem a alcançar os ainda mais incríveis 42,5%, os salários e as pensões a encolher, os serviços públicos a serem devastados e o Estado social a ruir. Tal como os gregos, também os portugueses se sentem cobaias de um ensaio clínico que correu muito mal. A austeridade lembra a talidomida: um fármaco alemão que surgiu como a cura para muitos males e acabou por "cortar" as pernas a uma geração.

Zangam-se as comadres... O FMI e a Comissão Europeia já não se entendem quanto à receita para as maleitas dos países intervencionados.

Zangam-se as comadres... O FMI e a Comissão Europeia já não se entendem quanto à receita para as maleitas dos países intervencionados. A tensão agravou-se quando "técnicos" do organismo de Lagarde reconheceram a existência de "falhanços notáveis" no primeiro resgate da Grécia. Olli Rehn, por seu lado, defende a austeridade e contra-ataca com duras acusações de deslealdade, afirmando que o FMI está a "lavar as mãos e a deitar a água suja sobre os ombros europeus".

Para o FMI, os objetivos do plano de resgate grego não foram atingidos porque o impacto das medidas de austeridade foi subavaliado, tendo provocado uma recessão "mais profunda do que era esperado, com um desemprego excecionalmente alto". Lavagens (de roupa suja) à parte, é inegável que o PIB helénico caiu 17% entre 2009 e 2012 e o desemprego atingiu os 25% em 2012, muito acima da estimativa inicial de 15%.

Eis que o nosso fado é, afinal, muito semelhante à tragédia grega. As previsões do Governo, que mereceram a avaliação muito positiva da ‘troika', revelaram-se sempre sobrestimadas, tendo as medidas de austeridade causado apenas mais recessão, mais desemprego e mais dívida pública. Depois do sucedido com a falida Grécia, assiste-se agora em Portugal ao "passa-culpas" do FMI para a UE e de Paulo Portas para o PSD. A evidência do fracasso da terapêutica imposta aos portugueses dá assim o mote para o repúdio da responsabilidade que ‘troika' e Governo tiveram no desenho e execução do desastroso plano de ajustamento. Enquanto os membros da ‘troika' e do Governo gerem os danos na sua imagem, os portugueses veem o PIB cair para níveis iguais aos do final do século passado, a dívida pública a tornar-se impossível de cumprir, o desemprego a atingir uns impensáveis 17,8%, o desemprego jovem a alcançar os ainda mais incríveis 42,5%, os salários e as pensões a encolher, os serviços públicos a serem devastados e o Estado social a ruir. Tal como os gregos, também os portugueses se sentem cobaias de um ensaio clínico que correu muito mal. A austeridade lembra a talidomida: um fármaco alemão que surgiu como a cura para muitos males e acabou por "cortar" as pernas a uma geração.

marcar artigo