Entre as brumas da memória: As galáxias da blogosfera

28-01-2012
marcar artigo


Foi da leitura de um texto de Miss Pearls que nasceu este post.Mas, mais do que um café do fim do século XIX, a blogosfera lembra-me o Google Space. Cheio de astros isolados que ganham forma quando nos aproximamos, de constelações mais ou menos difusas que reconhecemos ou não, de manchas sem formas bem definidas que se mostram e se escondem.Quem é só leitor e não também «dono» de blogues (o que era o meu caso até há meia dúzia de meses) não se apercebe da subtil complexidade das galáxias em que pairam e se movimentam autores, textos, fotografias, comentários, mails, links e sitemeters.Talvez nem saiba que há constelações de primeira (as mesas VIP do café de Miss Pearls), que nem são, necessariamente, os mais frequentados mas que congregam, prioritariamente, quem nos entra pela casa dentro também pela televisão e pela imprensa e não só por um qualquer Bloglines. Nós conhecemo-los e eles conhecem-se – mas não nos conhecem e isso faz toda a diferença. Escrevem sobretudo uns para os outros (com mais ou menos salamaleques), o que se compreende. Só não gosto quando são arrogantes, o que é raro mas acontece. Há alguns meses, houve quem anunciasse que ia reorganizar os seus links e sugerisse aos simples mortais seus desconhecidos que deixassem na caixa de comentários os URL’s dos seus blogues para ele os visitar e decidir depois se «mereciam» (a expressão é minha, mas não a ideia) figurar no seu template. Dispenso-me de comentar.No resto do firmamento que eu conheço e frequento (uma ínfima parte do universo), há exemplares para todos os gostos, desde os ferozmente militantes de causas várias aos intimistas, aos subtis e sibilinos, aos estudiosos, aos sempre-em-festa, aos deprimidos, aos que «linkam» por tudo e por nada, aos que não olham para o lado. Contribuem, cada um à sua maneira, para o nosso céu de cada noite.E há também, qual estrela singular, o Abrupto. Que visito todos os dias, compulsivamente, embora receie ir encontrar a centésima fotografia de um banco no jardim de Santo Amaro. Goste-se ou não – e eu gosto –, é um astro absolutamente original na nossa Via Láctea.Extragalácticos antes de começarmos, entramos sozinhos. Mas, a pouco e pouco, vamos construindo algumas teias e há outras que nos incluem. Passamos a reconhecer os estilos, habituamo-nos a prever opiniões e preferências, vamos adivinhando idades. As caras não fazem falta, mas é agradável se aparecem – quando, blogosfera adentro, saímos por uma porta e encontramos, no chamado mundo real, quem só conhecíamos pelo ecrã e pelo teclado.Temos dias em que pensamos parar. Mas vamos voltando, adictos de um vício que, até prova em contrário, não parece provocar grandes danos colaterais. Num mundo onde se pode respirar – e, sobretudo, que nos diverte.P.S. – Dos leitores que não têm blogues nem deixam comentários falarei mais tarde – é um outro universo, silencioso e cheio de mistérios.


Foi da leitura de um texto de Miss Pearls que nasceu este post.Mas, mais do que um café do fim do século XIX, a blogosfera lembra-me o Google Space. Cheio de astros isolados que ganham forma quando nos aproximamos, de constelações mais ou menos difusas que reconhecemos ou não, de manchas sem formas bem definidas que se mostram e se escondem.Quem é só leitor e não também «dono» de blogues (o que era o meu caso até há meia dúzia de meses) não se apercebe da subtil complexidade das galáxias em que pairam e se movimentam autores, textos, fotografias, comentários, mails, links e sitemeters.Talvez nem saiba que há constelações de primeira (as mesas VIP do café de Miss Pearls), que nem são, necessariamente, os mais frequentados mas que congregam, prioritariamente, quem nos entra pela casa dentro também pela televisão e pela imprensa e não só por um qualquer Bloglines. Nós conhecemo-los e eles conhecem-se – mas não nos conhecem e isso faz toda a diferença. Escrevem sobretudo uns para os outros (com mais ou menos salamaleques), o que se compreende. Só não gosto quando são arrogantes, o que é raro mas acontece. Há alguns meses, houve quem anunciasse que ia reorganizar os seus links e sugerisse aos simples mortais seus desconhecidos que deixassem na caixa de comentários os URL’s dos seus blogues para ele os visitar e decidir depois se «mereciam» (a expressão é minha, mas não a ideia) figurar no seu template. Dispenso-me de comentar.No resto do firmamento que eu conheço e frequento (uma ínfima parte do universo), há exemplares para todos os gostos, desde os ferozmente militantes de causas várias aos intimistas, aos subtis e sibilinos, aos estudiosos, aos sempre-em-festa, aos deprimidos, aos que «linkam» por tudo e por nada, aos que não olham para o lado. Contribuem, cada um à sua maneira, para o nosso céu de cada noite.E há também, qual estrela singular, o Abrupto. Que visito todos os dias, compulsivamente, embora receie ir encontrar a centésima fotografia de um banco no jardim de Santo Amaro. Goste-se ou não – e eu gosto –, é um astro absolutamente original na nossa Via Láctea.Extragalácticos antes de começarmos, entramos sozinhos. Mas, a pouco e pouco, vamos construindo algumas teias e há outras que nos incluem. Passamos a reconhecer os estilos, habituamo-nos a prever opiniões e preferências, vamos adivinhando idades. As caras não fazem falta, mas é agradável se aparecem – quando, blogosfera adentro, saímos por uma porta e encontramos, no chamado mundo real, quem só conhecíamos pelo ecrã e pelo teclado.Temos dias em que pensamos parar. Mas vamos voltando, adictos de um vício que, até prova em contrário, não parece provocar grandes danos colaterais. Num mundo onde se pode respirar – e, sobretudo, que nos diverte.P.S. – Dos leitores que não têm blogues nem deixam comentários falarei mais tarde – é um outro universo, silencioso e cheio de mistérios.

marcar artigo