José Mário Silva, no Blogue de Esquerda:No Acidental, Henrique Raposo não resistiu a fazer, novamente, a insinuação pusilânime da praxe:«Há quatro anos, algumas pessoas estavam a trocar mensagens de... felicidade ideológica. Sim, há quatro anos, muitos ficaram contentes ou, no mínimo, levemente vingados». De uma vez por todas, esclareçam-me: quem foram esses imbecis que se congratularam com o horror em estado puro e até abriram garrafas de champanhe (João Pereira Coutinho dixit)? Quero nomes. Mesmo com quatro anos de atraso, prometo solenemente, em face de provas inequívocas, verberá-los aqui com todos os palavrões disponíveis no generoso léxico da língua portuguesa. Enviem logo que possam as vossas listas do opróbrio, ó indignadas gentes. Cá estaremos para as escrutinar.Caro José Mário Silva,(presumo que posso dirigir-me a si nestes termos tão íntimos. Afinal, V. revela um grau de intimidade notável em relação à minha pessoa. Essa intimidade até dá para V. me apelidar de “pusilânime”. Mas, verdade seja dita, este grau de intimidade deixa-me muito feliz. É sinal que V. lê a minhas prosas todos os dias. Por essa atenção, o meu obrigado. Mas se exigir o “Meu Caro” e não um simples “Caro”, diga qualquer coisa). 1."Pusilânime". Mais uma vez, muito obrigado por se lembrar de palavra tão bonita para me descrever. Aqui, na caixa de comentários d' O Acidental estou habituado a rudezas faraónicas. Em comparação, a sua prosa soa a seda no meu liberal ouvido. 2.V. não conhece ninguém que se congratulou com o 11 de Setembro? Bom, V. deve estar a fazer aquilo que Freud chamava de forclusão: em dado momento, a realidade é tão dura que preferimos deixar que ela deslize sem nos tocar. Se V. não conhece eu posso apresentar-lhe algumas pessoas. Conto-lhe uma "estória". Cenário: uma faculdade em Lisboa. Sala de aula. Alguém apresenta um trabalho sobre Media. Passam imagens sobre o 11 de Setembro. Ergue-se alguém. Esse alguém diz: “esse foi o dia mais feliz da minha vida”. 3.Sim, conheço pessoas que ficaram contentes nesse dia. Não recebeu mensagens? Não recebeu mails festivos? Não ouviu, logo durante aquele dia, manifestações e “discursos” festivos? Ou será que as minhas relações pessoais encerram todos os anti-americanos fanáticos de Portugal? Se assim for, isso não deixaria de constituir uma "prova inequívoca" da existência de Deus. Facto que me deixaria bastante desgostoso.4. Mas, se ainda não percebeu uma coisa, eu explico-lhe: nunca fiz do blogue um estirador da minha vida privada ou do meu ego. Quando escrevo, refiro-me sempre a figuras públicas, digamos assim. Tenho uma agenda intelectual. E não me desvio dela. Só ataco intelectuais e políticos. A menina que se levantou naquela infame sala de aula não me interessa. O que me interessa é analisar e criticar aqueles que menina lê. E nem sequer faço isso com muita frequência aqui no blogue. Felizmente, há páginas académicas e não-académicas onde posso criticar os excessos amorais de muitos intelectuais, sem a presença dos AA (anonymous anónimos, grande Francisco) e de jovens talentosos que simplesmente não querem assumir aquilo que vêem. 5. V. pede “provas inequívocas”. Bom, tenho muita pena, mas não costumo andar com câmara de filmar ou gravador. Mas, seguindo o seu rigor judicial, vou passar a colocar o meu velho gravador na mala. Vou fazer uma colectânea de “provas inequívocas”. Até posso gravar aquilo que muita gente importante diz, ah? Que bela ideia, V. me deu.6. Mas sabe uma coisa? Eu não preciso de gravador. Há coisa publicadas. E os meus "posts" são sempre sobre coisas publicadas. Nunca discuto no ar. Só discuto coisas escritas. Aqui fica algo que recomendei ontem: O Espírito do Terrorismo, do excelso Jean Baudrillard. Um verdadeiro best seller. Investigue o número de vendas.Agora, espero vê-lo a vilipendiar, com todos os palavrões, este excelso pensador. Se quiser, posso depois indicar-lhe coisas ainda mais escabrosas. Se quiser até podemos ir beber uns copos e discutir isso. Face a face. Afinal, o seu grau de intimidade pede, no mínimo, um par de cervejas. Um abraço,Henrique Raposo[Henrique Raposo]
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José Mário Silva, no Blogue de Esquerda:No Acidental, Henrique Raposo não resistiu a fazer, novamente, a insinuação pusilânime da praxe:«Há quatro anos, algumas pessoas estavam a trocar mensagens de... felicidade ideológica. Sim, há quatro anos, muitos ficaram contentes ou, no mínimo, levemente vingados». De uma vez por todas, esclareçam-me: quem foram esses imbecis que se congratularam com o horror em estado puro e até abriram garrafas de champanhe (João Pereira Coutinho dixit)? Quero nomes. Mesmo com quatro anos de atraso, prometo solenemente, em face de provas inequívocas, verberá-los aqui com todos os palavrões disponíveis no generoso léxico da língua portuguesa. Enviem logo que possam as vossas listas do opróbrio, ó indignadas gentes. Cá estaremos para as escrutinar.Caro José Mário Silva,(presumo que posso dirigir-me a si nestes termos tão íntimos. Afinal, V. revela um grau de intimidade notável em relação à minha pessoa. Essa intimidade até dá para V. me apelidar de “pusilânime”. Mas, verdade seja dita, este grau de intimidade deixa-me muito feliz. É sinal que V. lê a minhas prosas todos os dias. Por essa atenção, o meu obrigado. Mas se exigir o “Meu Caro” e não um simples “Caro”, diga qualquer coisa). 1."Pusilânime". Mais uma vez, muito obrigado por se lembrar de palavra tão bonita para me descrever. Aqui, na caixa de comentários d' O Acidental estou habituado a rudezas faraónicas. Em comparação, a sua prosa soa a seda no meu liberal ouvido. 2.V. não conhece ninguém que se congratulou com o 11 de Setembro? Bom, V. deve estar a fazer aquilo que Freud chamava de forclusão: em dado momento, a realidade é tão dura que preferimos deixar que ela deslize sem nos tocar. Se V. não conhece eu posso apresentar-lhe algumas pessoas. Conto-lhe uma "estória". Cenário: uma faculdade em Lisboa. Sala de aula. Alguém apresenta um trabalho sobre Media. Passam imagens sobre o 11 de Setembro. Ergue-se alguém. Esse alguém diz: “esse foi o dia mais feliz da minha vida”. 3.Sim, conheço pessoas que ficaram contentes nesse dia. Não recebeu mensagens? Não recebeu mails festivos? Não ouviu, logo durante aquele dia, manifestações e “discursos” festivos? Ou será que as minhas relações pessoais encerram todos os anti-americanos fanáticos de Portugal? Se assim for, isso não deixaria de constituir uma "prova inequívoca" da existência de Deus. Facto que me deixaria bastante desgostoso.4. Mas, se ainda não percebeu uma coisa, eu explico-lhe: nunca fiz do blogue um estirador da minha vida privada ou do meu ego. Quando escrevo, refiro-me sempre a figuras públicas, digamos assim. Tenho uma agenda intelectual. E não me desvio dela. Só ataco intelectuais e políticos. A menina que se levantou naquela infame sala de aula não me interessa. O que me interessa é analisar e criticar aqueles que menina lê. E nem sequer faço isso com muita frequência aqui no blogue. Felizmente, há páginas académicas e não-académicas onde posso criticar os excessos amorais de muitos intelectuais, sem a presença dos AA (anonymous anónimos, grande Francisco) e de jovens talentosos que simplesmente não querem assumir aquilo que vêem. 5. V. pede “provas inequívocas”. Bom, tenho muita pena, mas não costumo andar com câmara de filmar ou gravador. Mas, seguindo o seu rigor judicial, vou passar a colocar o meu velho gravador na mala. Vou fazer uma colectânea de “provas inequívocas”. Até posso gravar aquilo que muita gente importante diz, ah? Que bela ideia, V. me deu.6. Mas sabe uma coisa? Eu não preciso de gravador. Há coisa publicadas. E os meus "posts" são sempre sobre coisas publicadas. Nunca discuto no ar. Só discuto coisas escritas. Aqui fica algo que recomendei ontem: O Espírito do Terrorismo, do excelso Jean Baudrillard. Um verdadeiro best seller. Investigue o número de vendas.Agora, espero vê-lo a vilipendiar, com todos os palavrões, este excelso pensador. Se quiser, posso depois indicar-lhe coisas ainda mais escabrosas. Se quiser até podemos ir beber uns copos e discutir isso. Face a face. Afinal, o seu grau de intimidade pede, no mínimo, um par de cervejas. Um abraço,Henrique Raposo[Henrique Raposo]