Nóvoa e Belém resignados. PS não deve apoiar nenhum

08-10-2015
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Maria de Belém Roseira e António Sampaio da Nóvoa não querem ser a batata quente nas mãos dos militantes socialistas. A solução não é a melhor, mas é a possível para ambos: na primeira volta das presidenciais, o PS não deve apoiar nenhum dos candidatos; na segunda volta, eliminado um deles, o partido deve reunir-se em torno do candidato mais votado. Evita-se assim atirar gasolina para a fogueira de uma luta pela liderança do partido que se espera dura. E o congresso extraordinário? Deve realizar-se antes ou depois das presidenciais? As opiniões dividem-se.

José Lello, ex-ministro de António Guterres e apoiante de primeira linha de Maria de Belém, acredita que “o PS deve, nesta altura, distanciar-se dessa temática. A candidatura presidencial é um ato unipessoal e individual” e, existindo duas candidaturas da área do PS, a direção do partido não deve “condicionar os militantes do partido” a escolherem uma em detrimento da outra – mesmo que lhe pareça “pouco gratificante ter uma ex-presidente do partido colocada no mesmo plano do que que outros que não têm qualquer vínculo ao partido”.

Outro ponto claro para José Lello é que o congresso extraordinário deve realizar-se em “março, depois das presidenciais”. Se o entendimento da direção for diferente e o tema da corrida a Belém estiver na agenda do congresso, “está o granel lançado“, garante ao Observador.

“A discussão sobre as presidenciais é uma vertente muito fraturante e complexa dentro do partido”, avisa. “Se as presidenciais forem a congresso, o Sampaio da Nóvoa é embrulhado em celofane” e sai derrotado, sublinha.

Eurico Brilhante Dias, um dos rostos da ala segurista do PS e também ele apoiante da candidatura de Maria de Belém, acredita que a derrota de António Costa nas legislativas, “no limite, adicionam força” à corrida da ex-presidente do PS.

Mas as coisas mudam de figura quando o assunto é a data do congresso. O antigo membro da direção de António José Seguro defende que o congresso deve realizar-se o “mais rápido possível” – talvez ainda em janeiro – para não condicionar as eleições presidenciais. Essa seria a “melhor solução”. Coisa diferente é dizer que o tema das presidenciais deve estar em cima da mesa nesse congresso. Seria um caminho “sinuoso” para um partido dividido, sublinha.

Para Eurico Brilhante Dias, no entanto, Maria de Belém continua a perspetivar-se como “a candidata que reúne mais condições à esquerda” e ideal seria que o “partido no seu conjunto apoiasse” a ex-presidente a socialista. “Não encontrando condições” para que um dos candidatos “tenha um apoio esmagador“, então os militantes socialistas devem ter a “liberdade” de apoiar quem consideram ser a melhor alternativa.

Já José Vera Jardim, outro dos apoiantes assumidos da candidatura de Maria de Belém, volta à tese defendida por José Lello: “O congresso extraordinário tem de ser feito depois das presidenciais”, sob o risco do partido se deixar envolver por um “debate interno que seria difícil”.

O ex-ministro da Justiça de António Guterres reconhece que o dossiê presidencial é de difícil gestão, mas que o “problema tem de ser solucionado”. Como? Neste ponto, os três estão de acordo: o PS não deve apoiar ninguém na primeira volta. “Não é a solução habitual, mas é a solução possível. Evita uma discussão e um debate interno que seriam difíceis para o partido”.

Estas três posições trazem ecos de um aviso à navegação deixado por Jorge Coelho, ainda na noite eleitoral. “A última coisa que o PS pode fazer é tomar qualquer decisão que cause instabilidade. O PS deve dar liberdade de voto e ter isenção total na primeira volta das eleições”, afirmou na “Quadratura do Círculo”, da SIC Notícias. O antigo homem forte do aparelho socialista disse ainda que o PS deve “fazer um acordo com os [dois] candidatos, dizendo que apoiará o que passar à segunda volta”.

A solução parece colher adeptos mesmo entre os apoiantes do antigo reitor da Universidade de Lisboa0. Ao Observador, Vítor Ramalho lembrou que a direção do PS “deve ter em atenção que há militantes e responsáveis do partido que estão a apoiar Sampaio da Nóvoa”, lembrando, por exemplo, o facto de Mário Soares, Jorge Sampaio e até de Ramalho Eanes – que não sendo socialista, tem peso político – “deram a cara” por Nóvoa.

Apoios de peso que ajudam a segurar a candidatura do antigo reitor. O ex-secretário de Estado e ex-dirigente socialista acredita, por isso, que a direção do partido “deve dar liberdade de opção aos militantes para apoiarem quem entenderem” e, na segunda volta, então sim “deve pronunciar-se no sentido de dar o apoio a um deles”.

Este argumento – o da divisão do partido em torno dos presidenciáveis – serve também para atirar o congresso para depois das eleições para Belém. “Acho que é preferível” que assim seja, defende Vítor Ramalho. Antes das presidenciais, existe a tomada de posse do novo governo, a apresentação do programa de governo e a discussão do Orçamento, enumera. “É muita coisa junta” e o PS deve fazer “um esforço para se unir”, não gastando energias em matérias que o dividam, insiste o socialista.

Ainda antes de colocar as suas peças em jogo, Sampaio da Nóvoa terá tido o apoio não formal de António Costa – o ex-reitor chegou mesmo a confirmar, em entrevista ao Diário Económico, que falou com Costa antes de apresentar a candidatura e que este lhe terá dito que não via a sua candidatura como uma dificuldade para o partido.

No entanto, uma ala do partido não viu com bons olhos o avanço de Nóvoa e começou a cozinhar a candidatura de Maria de Belém. A ex-presidente do partido deixou-se convencer e lançou informalmente a corrida a Belém, surpreendendo António Costa, no preciso momento em que o secretário-geral do PS dava uma entrevista em direto na SIC.

O certo é que os dois candidatos presidenciais parecem já não alimentar esperanças de colher o apoio formal do partido. De acordo com o Diário Económico, Nóvoa “já não conta” com o apoio oficial do PS nesta corrida – uma tese, aparentemente, suportada pelas declarações de Vítor Ramalho ao Observador. E António Costa dificilmente apoiará uma eventual candidatura de Maria de Belém, alimentada, em grande parte, pela ala segurista do partido mas que recolhe cada vez mais apoios no partido.

Maria de Belém Roseira e António Sampaio da Nóvoa não querem ser a batata quente nas mãos dos militantes socialistas. A solução não é a melhor, mas é a possível para ambos: na primeira volta das presidenciais, o PS não deve apoiar nenhum dos candidatos; na segunda volta, eliminado um deles, o partido deve reunir-se em torno do candidato mais votado. Evita-se assim atirar gasolina para a fogueira de uma luta pela liderança do partido que se espera dura. E o congresso extraordinário? Deve realizar-se antes ou depois das presidenciais? As opiniões dividem-se.

José Lello, ex-ministro de António Guterres e apoiante de primeira linha de Maria de Belém, acredita que “o PS deve, nesta altura, distanciar-se dessa temática. A candidatura presidencial é um ato unipessoal e individual” e, existindo duas candidaturas da área do PS, a direção do partido não deve “condicionar os militantes do partido” a escolherem uma em detrimento da outra – mesmo que lhe pareça “pouco gratificante ter uma ex-presidente do partido colocada no mesmo plano do que que outros que não têm qualquer vínculo ao partido”.

Outro ponto claro para José Lello é que o congresso extraordinário deve realizar-se em “março, depois das presidenciais”. Se o entendimento da direção for diferente e o tema da corrida a Belém estiver na agenda do congresso, “está o granel lançado“, garante ao Observador.

“A discussão sobre as presidenciais é uma vertente muito fraturante e complexa dentro do partido”, avisa. “Se as presidenciais forem a congresso, o Sampaio da Nóvoa é embrulhado em celofane” e sai derrotado, sublinha.

Eurico Brilhante Dias, um dos rostos da ala segurista do PS e também ele apoiante da candidatura de Maria de Belém, acredita que a derrota de António Costa nas legislativas, “no limite, adicionam força” à corrida da ex-presidente do PS.

Mas as coisas mudam de figura quando o assunto é a data do congresso. O antigo membro da direção de António José Seguro defende que o congresso deve realizar-se o “mais rápido possível” – talvez ainda em janeiro – para não condicionar as eleições presidenciais. Essa seria a “melhor solução”. Coisa diferente é dizer que o tema das presidenciais deve estar em cima da mesa nesse congresso. Seria um caminho “sinuoso” para um partido dividido, sublinha.

Para Eurico Brilhante Dias, no entanto, Maria de Belém continua a perspetivar-se como “a candidata que reúne mais condições à esquerda” e ideal seria que o “partido no seu conjunto apoiasse” a ex-presidente a socialista. “Não encontrando condições” para que um dos candidatos “tenha um apoio esmagador“, então os militantes socialistas devem ter a “liberdade” de apoiar quem consideram ser a melhor alternativa.

Já José Vera Jardim, outro dos apoiantes assumidos da candidatura de Maria de Belém, volta à tese defendida por José Lello: “O congresso extraordinário tem de ser feito depois das presidenciais”, sob o risco do partido se deixar envolver por um “debate interno que seria difícil”.

O ex-ministro da Justiça de António Guterres reconhece que o dossiê presidencial é de difícil gestão, mas que o “problema tem de ser solucionado”. Como? Neste ponto, os três estão de acordo: o PS não deve apoiar ninguém na primeira volta. “Não é a solução habitual, mas é a solução possível. Evita uma discussão e um debate interno que seriam difíceis para o partido”.

Estas três posições trazem ecos de um aviso à navegação deixado por Jorge Coelho, ainda na noite eleitoral. “A última coisa que o PS pode fazer é tomar qualquer decisão que cause instabilidade. O PS deve dar liberdade de voto e ter isenção total na primeira volta das eleições”, afirmou na “Quadratura do Círculo”, da SIC Notícias. O antigo homem forte do aparelho socialista disse ainda que o PS deve “fazer um acordo com os [dois] candidatos, dizendo que apoiará o que passar à segunda volta”.

A solução parece colher adeptos mesmo entre os apoiantes do antigo reitor da Universidade de Lisboa0. Ao Observador, Vítor Ramalho lembrou que a direção do PS “deve ter em atenção que há militantes e responsáveis do partido que estão a apoiar Sampaio da Nóvoa”, lembrando, por exemplo, o facto de Mário Soares, Jorge Sampaio e até de Ramalho Eanes – que não sendo socialista, tem peso político – “deram a cara” por Nóvoa.

Apoios de peso que ajudam a segurar a candidatura do antigo reitor. O ex-secretário de Estado e ex-dirigente socialista acredita, por isso, que a direção do partido “deve dar liberdade de opção aos militantes para apoiarem quem entenderem” e, na segunda volta, então sim “deve pronunciar-se no sentido de dar o apoio a um deles”.

Este argumento – o da divisão do partido em torno dos presidenciáveis – serve também para atirar o congresso para depois das eleições para Belém. “Acho que é preferível” que assim seja, defende Vítor Ramalho. Antes das presidenciais, existe a tomada de posse do novo governo, a apresentação do programa de governo e a discussão do Orçamento, enumera. “É muita coisa junta” e o PS deve fazer “um esforço para se unir”, não gastando energias em matérias que o dividam, insiste o socialista.

Ainda antes de colocar as suas peças em jogo, Sampaio da Nóvoa terá tido o apoio não formal de António Costa – o ex-reitor chegou mesmo a confirmar, em entrevista ao Diário Económico, que falou com Costa antes de apresentar a candidatura e que este lhe terá dito que não via a sua candidatura como uma dificuldade para o partido.

No entanto, uma ala do partido não viu com bons olhos o avanço de Nóvoa e começou a cozinhar a candidatura de Maria de Belém. A ex-presidente do partido deixou-se convencer e lançou informalmente a corrida a Belém, surpreendendo António Costa, no preciso momento em que o secretário-geral do PS dava uma entrevista em direto na SIC.

O certo é que os dois candidatos presidenciais parecem já não alimentar esperanças de colher o apoio formal do partido. De acordo com o Diário Económico, Nóvoa “já não conta” com o apoio oficial do PS nesta corrida – uma tese, aparentemente, suportada pelas declarações de Vítor Ramalho ao Observador. E António Costa dificilmente apoiará uma eventual candidatura de Maria de Belém, alimentada, em grande parte, pela ala segurista do partido mas que recolhe cada vez mais apoios no partido.

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