OS TEMPOS QUE CORREM. Miguel Vale de Almeida

04-07-2011
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Os ecologistas morais.

Ontem, no DN, o nosso querido César das Neves e hoje no Público o mui-junto-pela-vida António Pinheiro Torres. Ambos começaram a campanha de desautorização da alteração do artigo 13 da Constituição, na sequência da declaração de voto de vários deputados do PSD (pode ser lida, por quem tiver estômago, no Diário da Assembleia da República nº 79).

O que toda esta gente faz - mesmo aqueles que, contraditoriamente, votaram a favor da alteração do artigo (!) - é dizer que não se pode esperar qualquer legitimação do casamento lgbt ou da adopção lgbt com base na alteração constitucional. Como dizer isto implica cambalhotas lógicas de partir as costas, refugiam-se sempre no mesmo "argumento": a "Natureza".

Convém dizer de uma vez por todas que essa coisa da "Natureza" não existe. Que é, por vezes, uma palavra-código para Deus (portanto só aplicável a quem é crente); por outras, uma palavra-código para "tradição" (portanto, uma questão de escolha por parte de quem se considera tradicionalista); e quase sempre uma afirmação de anacronismo e/ou de etnocentrismo (confundindo um certo arranjo da sociedade, num certo lugar e tempo, com a universalidade - coisa bastas vezes descomprovada, nomeadamente pela gente da minha profissão).

O que esta gente faz com o argumento do natural e do anti-natural é pura promoção da ignorância, manipulação das consciências e totalitarismo: o que querem fazer não é salvaguardar interesses de terceiros (a declaração de voto chega ao ponto de confundir explicitamente homossexualidade e abuso de menores, ao dizer que o artº 13 não pode pôr em causa os artigos contra o abuso de menores (!)), mas sim, claramente, garantir a exclusão da cidadania e da igualdade a um segmento da população.

Para que conste doravante, são os seguintes os nomes dos activistas pela limitação dos direitos civis e da igualdade:

«Os Deputados do PSD, Isilda Pegado, Rui Gomes da Silva, Costa e Oliveira, Pereira da Costa, Bernardino da Costa Pereira, Abílio Almeida Costa, Carlos Sousa Pinto, Carlos Rodrigues. Bessa Guerra, Rui Miguel Ribeiro, Pinho Cardão, José Manuel Alves, José António Silva, Miguel Miranda, Paulo Batista Santos, João Carlos Barreiras Duarte, António Nazaré Pereira, Maria João Fonseca, Henrique Chaves, Daniel Rebelo, Pina Marques, Cruz Silva, Eugénio Marinho, Diogo Luz, Luís Campos Ferreira, João Gago Horta, Luís Montenegro, Isménia Franco, Gonçalo Breda Marques, Luís Cirilo, Goreti Machado, Correia de Jesus, Joaquim Ponte, Miguel Raimundo, Natália Carrascalão, António Pinheiro Torres — e mais oito assinaturas [sic]». mva | 11:52|

Os ecologistas morais.

Ontem, no DN, o nosso querido César das Neves e hoje no Público o mui-junto-pela-vida António Pinheiro Torres. Ambos começaram a campanha de desautorização da alteração do artigo 13 da Constituição, na sequência da declaração de voto de vários deputados do PSD (pode ser lida, por quem tiver estômago, no Diário da Assembleia da República nº 79).

O que toda esta gente faz - mesmo aqueles que, contraditoriamente, votaram a favor da alteração do artigo (!) - é dizer que não se pode esperar qualquer legitimação do casamento lgbt ou da adopção lgbt com base na alteração constitucional. Como dizer isto implica cambalhotas lógicas de partir as costas, refugiam-se sempre no mesmo "argumento": a "Natureza".

Convém dizer de uma vez por todas que essa coisa da "Natureza" não existe. Que é, por vezes, uma palavra-código para Deus (portanto só aplicável a quem é crente); por outras, uma palavra-código para "tradição" (portanto, uma questão de escolha por parte de quem se considera tradicionalista); e quase sempre uma afirmação de anacronismo e/ou de etnocentrismo (confundindo um certo arranjo da sociedade, num certo lugar e tempo, com a universalidade - coisa bastas vezes descomprovada, nomeadamente pela gente da minha profissão).

O que esta gente faz com o argumento do natural e do anti-natural é pura promoção da ignorância, manipulação das consciências e totalitarismo: o que querem fazer não é salvaguardar interesses de terceiros (a declaração de voto chega ao ponto de confundir explicitamente homossexualidade e abuso de menores, ao dizer que o artº 13 não pode pôr em causa os artigos contra o abuso de menores (!)), mas sim, claramente, garantir a exclusão da cidadania e da igualdade a um segmento da população.

Para que conste doravante, são os seguintes os nomes dos activistas pela limitação dos direitos civis e da igualdade:

«Os Deputados do PSD, Isilda Pegado, Rui Gomes da Silva, Costa e Oliveira, Pereira da Costa, Bernardino da Costa Pereira, Abílio Almeida Costa, Carlos Sousa Pinto, Carlos Rodrigues. Bessa Guerra, Rui Miguel Ribeiro, Pinho Cardão, José Manuel Alves, José António Silva, Miguel Miranda, Paulo Batista Santos, João Carlos Barreiras Duarte, António Nazaré Pereira, Maria João Fonseca, Henrique Chaves, Daniel Rebelo, Pina Marques, Cruz Silva, Eugénio Marinho, Diogo Luz, Luís Campos Ferreira, João Gago Horta, Luís Montenegro, Isménia Franco, Gonçalo Breda Marques, Luís Cirilo, Goreti Machado, Correia de Jesus, Joaquim Ponte, Miguel Raimundo, Natália Carrascalão, António Pinheiro Torres — e mais oito assinaturas [sic]». mva | 11:52|

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