Às 7h38 na estação de Famalicão, uma pequena multidão prepara-se para entrar no comboio que faz a ligação entre Braga e Porto. O comboio chega e já vai cheio, com muitos passageiros de pé.
Vão-se acumulando, poucos saem durante o caminho. Há pessoas que, todos os dias, viajam esta hora e meia de pé. Um utente que não se quis identificar conta: “eu entro em Braga todos os dias e basta-me chegar uns minutos mais tarde para ter de ficar de pé. E vou uma hora e meia assim”.
As ligações para o Porto e Lisboa têm sido tema de conversa, desde que Fernando Medina, presidente da câmara de Lisboa, anunciou a intenção em implementar um passe social único.
Depois, o primeiro-ministro António Costa, em entrevista à TVI, a 1 de outubro, afirmou que o Orçamento de Estado (OE) para 2019 teria “uma inovação radical em matéria de transportes” e confirmou o passe social único, para as Áreas Metropolitanas (AM) de Lisboa e Porto.
A medida já está prevista no OE2019: num agregado familiar em que quatro pessoas tenham passe, apenas duas pagarão o título mensal. Dentro dos municípios, o valor máximo do passe será de 30 euros; entre concelhos, o máximo é de 40 euros. A medida custará cerca de 90 milhões de euros ao Estado.
O resto do país terá de esperar
A proposta deixou imediatamente um travo amargo em autarcas do resto do país, quando foi anunciada. Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga, afirmou que a medida o “revoltaria” se não fosse aplicada a todo o país. "É um pouco gozar com o resto do país, alguém assumir que possa ser o Orçamento do Estado a financiar a politica de transportes da área metropolitana de Lisboa ou apenas para as duas AM", atirou Ricardo Rio, em declarações à Renascença.
O PSD, através do deputado Duarte Marques, disse que queria a medida em Lisboa até ao Entroncamento e Santarém. “As pessoas que apanham o comboio na Azambuja pagam 40 e poucos euros de passe para ir para Lisboa todos os dias, quem for do Cartaxo, que fica a 10 quilómetros de distância, já paga 120 euros. De Santarém, que é pouco mais, paga 150 euros e do Entroncamento são 200 euros. Se somarmos a isto o passe que estas pessoas têm que comprar para andar dentro de Lisboa, estamos a falar de quase o triplo ou o quádruplo do preço do que pagam as outras pessoas” disse à Renascença.
O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, disse que, a ser aplicada, a medida seria para todo o país. Mas com a aprovação do Orçamento do Estado pelo Governo com a premissa de que o passe social único seria apenas para as AM, o resto do país terá de esperar.
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Às 7h38 na estação de Famalicão, uma pequena multidão prepara-se para entrar no comboio que faz a ligação entre Braga e Porto. O comboio chega e já vai cheio, com muitos passageiros de pé.
Vão-se acumulando, poucos saem durante o caminho. Há pessoas que, todos os dias, viajam esta hora e meia de pé. Um utente que não se quis identificar conta: “eu entro em Braga todos os dias e basta-me chegar uns minutos mais tarde para ter de ficar de pé. E vou uma hora e meia assim”.
As ligações para o Porto e Lisboa têm sido tema de conversa, desde que Fernando Medina, presidente da câmara de Lisboa, anunciou a intenção em implementar um passe social único.
Depois, o primeiro-ministro António Costa, em entrevista à TVI, a 1 de outubro, afirmou que o Orçamento de Estado (OE) para 2019 teria “uma inovação radical em matéria de transportes” e confirmou o passe social único, para as Áreas Metropolitanas (AM) de Lisboa e Porto.
A medida já está prevista no OE2019: num agregado familiar em que quatro pessoas tenham passe, apenas duas pagarão o título mensal. Dentro dos municípios, o valor máximo do passe será de 30 euros; entre concelhos, o máximo é de 40 euros. A medida custará cerca de 90 milhões de euros ao Estado.
O resto do país terá de esperar
A proposta deixou imediatamente um travo amargo em autarcas do resto do país, quando foi anunciada. Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga, afirmou que a medida o “revoltaria” se não fosse aplicada a todo o país. "É um pouco gozar com o resto do país, alguém assumir que possa ser o Orçamento do Estado a financiar a politica de transportes da área metropolitana de Lisboa ou apenas para as duas AM", atirou Ricardo Rio, em declarações à Renascença.
O PSD, através do deputado Duarte Marques, disse que queria a medida em Lisboa até ao Entroncamento e Santarém. “As pessoas que apanham o comboio na Azambuja pagam 40 e poucos euros de passe para ir para Lisboa todos os dias, quem for do Cartaxo, que fica a 10 quilómetros de distância, já paga 120 euros. De Santarém, que é pouco mais, paga 150 euros e do Entroncamento são 200 euros. Se somarmos a isto o passe que estas pessoas têm que comprar para andar dentro de Lisboa, estamos a falar de quase o triplo ou o quádruplo do preço do que pagam as outras pessoas” disse à Renascença.
O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, disse que, a ser aplicada, a medida seria para todo o país. Mas com a aprovação do Orçamento do Estado pelo Governo com a premissa de que o passe social único seria apenas para as AM, o resto do país terá de esperar.