Tapornumporco: República das Bananas Futebol Clube, por Mamadou Djalou Ialá

01-07-2011
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Eu sei que há leitores do Porco, como por exemplo o JPC, que não gramam nada que um gajo ocupe o blog a falar de futebol. Eu próprio tenho algum pudor a esse respeito. Mas o post que se segue só aparentemente é sobre futebol. É mais sobre o estado lamentável a que chegou este país. Mesmo para quem não gosta de bola eu peço um bocado de paciência porque vale a pena conhecer os factos que relato para se ter uma noção de como nos transformámos numa espécie de República dos Prakistão do sul da Europa ou norte de África como se preferir. Então tenham lá pachorra:

Hoje, segunda feira, é a data da realização do sorteio do próximo campeonato de bola nacional. Mas o Boavista pode descer de divisão e o Porto sujeita-se a apanhar um castigo que ainda lhe pode custar a presença na Champions League. Só não se verificarão estas desgraças se os órgãos competentes não se pronunciarem em tempo útil sobre as acusações de que são alvo estes dois clubes. Não havendo decisões nestas matérias nem o Boavista nem o Porto nem o Jorge Nuno,o da fruta, poderão ser condenados nos processos por corrupção de que são alvo.

Portanto só uma coisa os salvaria do holocausto: o prolongamento indefinido de todas as reuniões dos vários órgãos competentes de modo a que nada se decidisse e nada se comentasse. Hoje, segunda feira, não havendo qualquer decisão tomada, tudo continuaria na mesma como a lesma. E foi assim que numa das últimas reuniões da liga presidida, pasme-se!, por Valentim Loureiro, o dos frigoríficos, que é suposto estar suspenso mas que não faz caso da suspensão, deu-se o mote. Segundo os relatos da mesma, essa reunião durou um dia inteiro e nela nem se chegou a abordar a questão das acusações de corrupção aos clubes portugueses em causa nem os danos de imagem para a Liga e para o país. Nada, no pasa nada... Rezam as crónicas que entre pausas pra café e almoço discutiram-se magnas e decisivas questões como, por exemplo,«qual o número de apanha bolas que os clubes deviam poder convocar para os jogos» e «quais os critérios para atribuir lugares de estacionamento nos estádios», questões decisivas do nosso pontapé na chincha. Parece que Valenti, o dos Frigoríficos, dirigiu esta sessão com grande sentido de humor. Mas eu aviso: Isto é a sério e não deve ser tentado por amadores sob pena de se magoarem! Como estas são questões complicadíssimas duraram o dia inteiro a ser discutidas e sobre o que interessava - que os sócios da Liga se pronunciassem cobre a CORRUPÇÃO - nada. Não houve tempo e deu-se por encerrada a sessão...

O segundo capítulo e ainda mais vergonhoso passou-se na última sexta feira. Na reunião do último conselho de justiça, sendo óbvio que a votação dos conselheiros ia ser desfavorável aos interesses do fêcêpê e do boavista-do-major, o que é que foi feito? Pois, o presidente do órgão - que ainda por cima vem sendo acusado de incompatibilidade, pelo menos moral, do exercício daquelas funções por ligação à câmara de Gondomar de Valentim - decidiu alegar incompatibilidade de um dos membros do órgão. Não a dele, a de um outro. Não se sabe porquê, o senhor não explica, só diz que, na qualidade de presidente, tem o poder de o fazer... Então tá bem. Recusada a sua pretensão pelos membros do órgão a que preside, decidiu-se pela «suspensão da reunião» pegou no livro de actas e ala que se faz tarde. Os restantes indignados membros do órgão, menos um, decidiram mesmo assim continuar a reunião e confirmaram a decisão da primeira instância, isto é, a condenação do sr Jorge Nuno, o da fruta, e do Boavista.

Mas agora alegam os mestres da arte do protelamento administrativo que esta decisão não é «juridicamente válida» (!!!) e que não havendo decisões até hoje, segunda feira data do sorteio, o Boavista deve manter-se na primeira divisão (em prejuízo de um indignado Paços de Ferreira) e que o senhor da fruta e o fêcêpê estão limpos. Cada um que deduza daqui o que quiser... Se a moda pega não há órgão que funcione neste país porque basta um presidente ter a certeza de que o órgão vai decidir contra si, suspende a reunião, leva o livro das actas e prontos, o resto é ilegal...

Mas o espectáculo não para aqui. Entretanto que faz o nosso zeloso governo sempre tão preocupado e tão interveniente e tão corajoso e tão frontal e tão determinado e tão rigoroso e tão activo e tão decidido e tão, tão, tão, mas só cos pequenos que nunca o vejo tocar nos grandes? Na pessoa do seu anafado representante para as questões do desporto nacional, Laurentino Dias, alega que «o executivo não se deve meter nestas
coisas e que os órgãos próprios devem decidir sem interferências». Mas a imagem do país lá fora, sô tôr? As cambalhotas perante a Uefa, sôtôr? O «estava castigado mas já não está», sôtôr? Não interessa nada!, repete o Laurentino.

É preciso não ter qualquer decoro para vir fazer de invisual nesta matéria. Ainda por cima depois de, o mesmíssimo sôtôr Laurentino ter vindo berrar aqui há uns tempos atrás em conferência de imprensa convocada para o efeito e tudo, por causa da acusação de doping a um jogador do Benfica, Nuno Assis, que apanhou um ano de suspensão. Tratou-se de um caso individual mas o Laurentino extremoso achou que devia indignar-se publicamente, que a imagem do país e o rigor e isso, blá, blá,blá... Mas agora, perante estes episódios de uma gravidade comparativamente estratoférica, está calado, manda pra canto, deixa andar, diz que não é nada com ele, assobia pró lado... Haja vergonha, fónix! Este Laurentino é o espelho fiel da actuação do governo que representa sempre pronto a ser forte com os fracos e fraco com fortes... Proclamando o contrário.

E ainda acham que vivemos num país a sério? E ainda acham que isto é um assunto que diz respeito apenas e só à reserva privada do couto da bola? E ainda acham que isto era possível num daqueles países muito louros que nos estão sempre a atirar pra cima para comparações esmagadoras quando lhes convém? Eu acho que isto é demasiado vergonhoso para ser remetido a um mero fait divers do universo bolístico. Isto é o retrato do país, o estado do buraco profundo em que já nos atolámos. E ainda querem que nos comparem a países civilizados como a França e a Itália que lidaram de um modo completamente diferente com os seus casos de batoteiros desportivos que punem exemplarmente em poucas semanas? Só a brincar....


Eu sei que há leitores do Porco, como por exemplo o JPC, que não gramam nada que um gajo ocupe o blog a falar de futebol. Eu próprio tenho algum pudor a esse respeito. Mas o post que se segue só aparentemente é sobre futebol. É mais sobre o estado lamentável a que chegou este país. Mesmo para quem não gosta de bola eu peço um bocado de paciência porque vale a pena conhecer os factos que relato para se ter uma noção de como nos transformámos numa espécie de República dos Prakistão do sul da Europa ou norte de África como se preferir. Então tenham lá pachorra:

Hoje, segunda feira, é a data da realização do sorteio do próximo campeonato de bola nacional. Mas o Boavista pode descer de divisão e o Porto sujeita-se a apanhar um castigo que ainda lhe pode custar a presença na Champions League. Só não se verificarão estas desgraças se os órgãos competentes não se pronunciarem em tempo útil sobre as acusações de que são alvo estes dois clubes. Não havendo decisões nestas matérias nem o Boavista nem o Porto nem o Jorge Nuno,o da fruta, poderão ser condenados nos processos por corrupção de que são alvo.

Portanto só uma coisa os salvaria do holocausto: o prolongamento indefinido de todas as reuniões dos vários órgãos competentes de modo a que nada se decidisse e nada se comentasse. Hoje, segunda feira, não havendo qualquer decisão tomada, tudo continuaria na mesma como a lesma. E foi assim que numa das últimas reuniões da liga presidida, pasme-se!, por Valentim Loureiro, o dos frigoríficos, que é suposto estar suspenso mas que não faz caso da suspensão, deu-se o mote. Segundo os relatos da mesma, essa reunião durou um dia inteiro e nela nem se chegou a abordar a questão das acusações de corrupção aos clubes portugueses em causa nem os danos de imagem para a Liga e para o país. Nada, no pasa nada... Rezam as crónicas que entre pausas pra café e almoço discutiram-se magnas e decisivas questões como, por exemplo,«qual o número de apanha bolas que os clubes deviam poder convocar para os jogos» e «quais os critérios para atribuir lugares de estacionamento nos estádios», questões decisivas do nosso pontapé na chincha. Parece que Valenti, o dos Frigoríficos, dirigiu esta sessão com grande sentido de humor. Mas eu aviso: Isto é a sério e não deve ser tentado por amadores sob pena de se magoarem! Como estas são questões complicadíssimas duraram o dia inteiro a ser discutidas e sobre o que interessava - que os sócios da Liga se pronunciassem cobre a CORRUPÇÃO - nada. Não houve tempo e deu-se por encerrada a sessão...

O segundo capítulo e ainda mais vergonhoso passou-se na última sexta feira. Na reunião do último conselho de justiça, sendo óbvio que a votação dos conselheiros ia ser desfavorável aos interesses do fêcêpê e do boavista-do-major, o que é que foi feito? Pois, o presidente do órgão - que ainda por cima vem sendo acusado de incompatibilidade, pelo menos moral, do exercício daquelas funções por ligação à câmara de Gondomar de Valentim - decidiu alegar incompatibilidade de um dos membros do órgão. Não a dele, a de um outro. Não se sabe porquê, o senhor não explica, só diz que, na qualidade de presidente, tem o poder de o fazer... Então tá bem. Recusada a sua pretensão pelos membros do órgão a que preside, decidiu-se pela «suspensão da reunião» pegou no livro de actas e ala que se faz tarde. Os restantes indignados membros do órgão, menos um, decidiram mesmo assim continuar a reunião e confirmaram a decisão da primeira instância, isto é, a condenação do sr Jorge Nuno, o da fruta, e do Boavista.

Mas agora alegam os mestres da arte do protelamento administrativo que esta decisão não é «juridicamente válida» (!!!) e que não havendo decisões até hoje, segunda feira data do sorteio, o Boavista deve manter-se na primeira divisão (em prejuízo de um indignado Paços de Ferreira) e que o senhor da fruta e o fêcêpê estão limpos. Cada um que deduza daqui o que quiser... Se a moda pega não há órgão que funcione neste país porque basta um presidente ter a certeza de que o órgão vai decidir contra si, suspende a reunião, leva o livro das actas e prontos, o resto é ilegal...

Mas o espectáculo não para aqui. Entretanto que faz o nosso zeloso governo sempre tão preocupado e tão interveniente e tão corajoso e tão frontal e tão determinado e tão rigoroso e tão activo e tão decidido e tão, tão, tão, mas só cos pequenos que nunca o vejo tocar nos grandes? Na pessoa do seu anafado representante para as questões do desporto nacional, Laurentino Dias, alega que «o executivo não se deve meter nestas
coisas e que os órgãos próprios devem decidir sem interferências». Mas a imagem do país lá fora, sô tôr? As cambalhotas perante a Uefa, sôtôr? O «estava castigado mas já não está», sôtôr? Não interessa nada!, repete o Laurentino.

É preciso não ter qualquer decoro para vir fazer de invisual nesta matéria. Ainda por cima depois de, o mesmíssimo sôtôr Laurentino ter vindo berrar aqui há uns tempos atrás em conferência de imprensa convocada para o efeito e tudo, por causa da acusação de doping a um jogador do Benfica, Nuno Assis, que apanhou um ano de suspensão. Tratou-se de um caso individual mas o Laurentino extremoso achou que devia indignar-se publicamente, que a imagem do país e o rigor e isso, blá, blá,blá... Mas agora, perante estes episódios de uma gravidade comparativamente estratoférica, está calado, manda pra canto, deixa andar, diz que não é nada com ele, assobia pró lado... Haja vergonha, fónix! Este Laurentino é o espelho fiel da actuação do governo que representa sempre pronto a ser forte com os fracos e fraco com fortes... Proclamando o contrário.

E ainda acham que vivemos num país a sério? E ainda acham que isto é um assunto que diz respeito apenas e só à reserva privada do couto da bola? E ainda acham que isto era possível num daqueles países muito louros que nos estão sempre a atirar pra cima para comparações esmagadoras quando lhes convém? Eu acho que isto é demasiado vergonhoso para ser remetido a um mero fait divers do universo bolístico. Isto é o retrato do país, o estado do buraco profundo em que já nos atolámos. E ainda querem que nos comparem a países civilizados como a França e a Itália que lidaram de um modo completamente diferente com os seus casos de batoteiros desportivos que punem exemplarmente em poucas semanas? Só a brincar....

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