oBiToque: Obrigado gripe!

03-07-2011
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Ele lutava contra uma voz rouca, no limite do seu cansaço. Não estava bem. José Rodrigues dos Santos estava engripado, mas com ética de capitão de navio, não abandonava o posto de pivot do Telejornal. Finalmente, a gripe venceu e nós, espectadores, tivemos pausa daqueles seus ares de rapazola brejeiro em avançada e enrugada idade.O senhor que se seguiu foi o solene José Alberto Carvalho. E com ele deu-se uma mudança na cobertura da campanha para o referendo. Nos telejornais do José dos Santos, o caso da menina Esmeralda ou reportagens encomendadas sobre a ciência intra-uterina, com muitas fotos e cor, prefaciavam a cobertura da campanha do “não”. Nos telejornais do José Alberto o paradigma é outro. Ontem, vimos o Ricardo Carriço em indignada e absurda afirmação que as mulheres farão abortos como quem lava os dentes, acompanhado pelo hip hop dos pueris “Força Suprema.” Seguiu-se uma rápida entrevista ao desarticulado José Ribeiro e Castro na companhia de uns painéis de letra grossa, que pela luz da filmagem estarão hospedados numa sub-cave. Depois, foi a vez da campanha do “sim” e a voz tranquila e firme de Maria José Alves falou das vítimas do aborto clandestino e da urgência de que os médicos zelem pela saúde das mulheres. Em igual tom de factual denúncia, ainda uma reportagem com o Bloco de Esquerda numa clínica de planeamento familiar numa periferia de Lisboa, onde a médica de serviço, apertada pela massa de doentes, revela que a maioria das gravidezes que acompanha é indesejada e difícil.Não tenhamos medo da gripe, afinal é o melhor remédio para curar o Telejornal.

Ele lutava contra uma voz rouca, no limite do seu cansaço. Não estava bem. José Rodrigues dos Santos estava engripado, mas com ética de capitão de navio, não abandonava o posto de pivot do Telejornal. Finalmente, a gripe venceu e nós, espectadores, tivemos pausa daqueles seus ares de rapazola brejeiro em avançada e enrugada idade.O senhor que se seguiu foi o solene José Alberto Carvalho. E com ele deu-se uma mudança na cobertura da campanha para o referendo. Nos telejornais do José dos Santos, o caso da menina Esmeralda ou reportagens encomendadas sobre a ciência intra-uterina, com muitas fotos e cor, prefaciavam a cobertura da campanha do “não”. Nos telejornais do José Alberto o paradigma é outro. Ontem, vimos o Ricardo Carriço em indignada e absurda afirmação que as mulheres farão abortos como quem lava os dentes, acompanhado pelo hip hop dos pueris “Força Suprema.” Seguiu-se uma rápida entrevista ao desarticulado José Ribeiro e Castro na companhia de uns painéis de letra grossa, que pela luz da filmagem estarão hospedados numa sub-cave. Depois, foi a vez da campanha do “sim” e a voz tranquila e firme de Maria José Alves falou das vítimas do aborto clandestino e da urgência de que os médicos zelem pela saúde das mulheres. Em igual tom de factual denúncia, ainda uma reportagem com o Bloco de Esquerda numa clínica de planeamento familiar numa periferia de Lisboa, onde a médica de serviço, apertada pela massa de doentes, revela que a maioria das gravidezes que acompanha é indesejada e difícil.Não tenhamos medo da gripe, afinal é o melhor remédio para curar o Telejornal.

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