O Cachimbo de Magritte: Três discuros e uma razão de voto (o mais importante de tudo é o «também)»

03-07-2011
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Em nome da Pátria, usei boa parte do meu sábado à noite a ver os discursos dos candidatos a líder do PSD. Estão aqui, aqui e aqui, nos vídeos ao fim do texto. Dói, é difícil, diz quem por isso passou. É ainda mais difícil quando se é, já de si, de compleição alérgica a comícios, mas teve de ser. Desde antes da primeira hora que apoiei a ideia de candidatura de Paulo Rangel. Nem sempre, ao longo destes dias, estive com tudo o que disse, de entre aquilo que fui ouvindo ou lendo. Mas saí da provação (mais ou menos 70 minutos a ouvi-los a todos) com a convicção de que é o único candidato que vale a pena apoiar.O discurso de Passos Coelho é um desastre, inclusive nos detalhes e nos excursos (o patético perdão oferecido a Jardim ou as patéticas referências à Senhora Doutora Manuela Ferreira Leite). De substancial, ficámos a saber que inviabilizaria o Orçamento de Estado, mergulhando o país numa crise política, de que forçosamente sairia, nas condições prevalecentes, vencedor o PS, com todos nós a estrebuchar. A simples afirmação de algo tão aberrante deveria bastar para o PSD lhe agradecer o esforço e lhe desejar sucesso na sua opção pela vida privada.A maior surpresa veio da mediocridade confrangedora de Aguiar-Branco, sem dúvida, como muito possivelmente Passos Coelho, um bom homem (embora incapaz). Precisamos de um novo «paradigma económico», explicou, que «passa por promover a figura das empresas sociais para estimular o empreendedorismo nesta área, passa por desenvolver o sector social, aumentando as suas capacidades profissionais e de especialização. E passa por uma relação com o Estado, que já não é baseada em contratos, protocolos e subsídios, mas em concursos que asseguram a criação de serviços públicos inovadores, concursos que geram desenvolvimento, geram inovação social, que acabam com a promiscuidade entre o público e o privado, que tão mal tem feito à nossa sociedade. Um novo paradigma económico», continua Aguiar-Branco, «passa pela focalização da capacidade promotora do Estado nas indústrias criativas e na investigação.» Perguntamo-nos várias vezes se o que ele está a dizer é o que estamos ouvir (sobram sempre dúvidas perante o arrazoado) - ele no final quase pede desculpa por ser tão mau orador, embora desvalorize a importância do facto -, e o que julgamos ouvir arrepia. Há muito que não ouvia um socialista tão convicto. E um grau de lunatismo (se bem o percebi) tão exótico.Rangel disse várias coisas importantes: a mim basta-me referir esta, para explicar a afirmação com que comecei este post: «O PSD tem de se distanciar do PS, mas tem também, e digo aqui sem timidez, sem meias palavras, tem também de afirmar a sua absoluta independência e de ser capaz de estar acima desses interesse financeiros, desses interesses económicos, desses interesses corporativos de toda a ordem, que são hoje a marca e a mancha do Governo do PS.» Exactamente, desses. Hoje. Basta. O mais importante nesta frase é o «também».


Em nome da Pátria, usei boa parte do meu sábado à noite a ver os discursos dos candidatos a líder do PSD. Estão aqui, aqui e aqui, nos vídeos ao fim do texto. Dói, é difícil, diz quem por isso passou. É ainda mais difícil quando se é, já de si, de compleição alérgica a comícios, mas teve de ser. Desde antes da primeira hora que apoiei a ideia de candidatura de Paulo Rangel. Nem sempre, ao longo destes dias, estive com tudo o que disse, de entre aquilo que fui ouvindo ou lendo. Mas saí da provação (mais ou menos 70 minutos a ouvi-los a todos) com a convicção de que é o único candidato que vale a pena apoiar.O discurso de Passos Coelho é um desastre, inclusive nos detalhes e nos excursos (o patético perdão oferecido a Jardim ou as patéticas referências à Senhora Doutora Manuela Ferreira Leite). De substancial, ficámos a saber que inviabilizaria o Orçamento de Estado, mergulhando o país numa crise política, de que forçosamente sairia, nas condições prevalecentes, vencedor o PS, com todos nós a estrebuchar. A simples afirmação de algo tão aberrante deveria bastar para o PSD lhe agradecer o esforço e lhe desejar sucesso na sua opção pela vida privada.A maior surpresa veio da mediocridade confrangedora de Aguiar-Branco, sem dúvida, como muito possivelmente Passos Coelho, um bom homem (embora incapaz). Precisamos de um novo «paradigma económico», explicou, que «passa por promover a figura das empresas sociais para estimular o empreendedorismo nesta área, passa por desenvolver o sector social, aumentando as suas capacidades profissionais e de especialização. E passa por uma relação com o Estado, que já não é baseada em contratos, protocolos e subsídios, mas em concursos que asseguram a criação de serviços públicos inovadores, concursos que geram desenvolvimento, geram inovação social, que acabam com a promiscuidade entre o público e o privado, que tão mal tem feito à nossa sociedade. Um novo paradigma económico», continua Aguiar-Branco, «passa pela focalização da capacidade promotora do Estado nas indústrias criativas e na investigação.» Perguntamo-nos várias vezes se o que ele está a dizer é o que estamos ouvir (sobram sempre dúvidas perante o arrazoado) - ele no final quase pede desculpa por ser tão mau orador, embora desvalorize a importância do facto -, e o que julgamos ouvir arrepia. Há muito que não ouvia um socialista tão convicto. E um grau de lunatismo (se bem o percebi) tão exótico.Rangel disse várias coisas importantes: a mim basta-me referir esta, para explicar a afirmação com que comecei este post: «O PSD tem de se distanciar do PS, mas tem também, e digo aqui sem timidez, sem meias palavras, tem também de afirmar a sua absoluta independência e de ser capaz de estar acima desses interesse financeiros, desses interesses económicos, desses interesses corporativos de toda a ordem, que são hoje a marca e a mancha do Governo do PS.» Exactamente, desses. Hoje. Basta. O mais importante nesta frase é o «também».

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