Octávio V. Gonçalves: Pois, parece que não basta darem-se umas cambalhotas ou mandarem-se uns bitaites

27-01-2012
marcar artigo


O "desconhecimento" da política educacional do novo Governo, a que Mário Nogueira faz aqui alusão, não é, do meu ponto de vista, a consequência de uma qualquer estratégia ministerial de gestão prudente da informação ou de anuência/viabilização convicta do que quer que seja, mas, antes, a manifestação da impreparação da nova equipa ministerial, a que Santana Castilho e eu próprio temos vindo a fazer referência.
Nuno Crato e os secretários de Estado que tutelam o ensino básico e secundário não assumem compromissos públicos definitivos (muito menos em coerência com promessas eleitorais), nem tomam decisões, limitando-se a deixar correr a máquina ou a protelar anúncios, pela simples razão de, passados 21 dias desde a tomada de posse do Governo, não estarem por dentro e seguros relativamente aos dossiers que têm em mãos.
E, supostamente, quando se desconhece, se está inseguro e não se dispõe das coordenadas e da informação detalhada sobre o terreno em que se vai "aterrar", é-se presa fácil dos serviços e das estruturas que estão montadas no "aeroporto" da 5 de Outubro e no "aeródromo" da 24 de Julho.
Por conseguinte, o "desconhecimento" de que Mário Nogueira se queixa é tão-só o resultado da confluência de:
- uma tentativa de disfarçar, no imediato, a impreparação da nova equipa do Ministério da Educação;
- um desnorte absoluto do PSD em matéria de Educação, próprio de quem passou mais de um ano a preparar-se num sentido, avalizando medidas concretas como sendo programáticas de uma governação PSD, e acabou, inexplicavelmente, a apresentar um programa eleitoral e de Governo (será que o próprio líder não foi apanhado de surpresa com os enxertos de última hora e não teve outra alternativa que não fosse assumi-los, após a sua divulgação pública?), que é uma completa descaracterização do trabalho feito;
- uma desorientação que é, particularmente, visível na circunstância de o PSD não ter, no momento, um porta-voz ou uma figura de referência para a área da Educação, desde o oportunismo e a torpeza com que Santana Castilho foi usado, passando pelo (auto)afastamento de Pedro Duarte, até ao equívoco de a Comissão Parlamentar de Educação ter sido atribuída ao CDS, com José Manuel Canavarro a presidir aos assuntos sociais.
No núcleo político duro deste PSD, reza-se a todos os santinhos para que não se desencadeiem tempestades na Educação e nem sequer chova, pois o objectivo é não desencadear nenhuma mudança significativa, limitar-se a reformular, tentando passar seco por entre os pingos da chuva.
Para um partido que alimentava uma agenda reformista e para uma personalidade que chegou ao bitaite da "implosão" do Ministério da Educação, os sinais não podem ser mais decepcionantes, de que o actual modelo de avaliação e os mega-agrupamentos são apenas as primeiras (não) manifestações.
No meu entendimento, a Educação tornou-se uma vítima da sedução de políticos inconstantes e inconsistentes pelos protagonistas, independentemente dos seus méritos pessoais e académicos, de bitaites mediatizados pelas televisões, sobretudo se hastearem a bandeira retórica da "exigência".


O "desconhecimento" da política educacional do novo Governo, a que Mário Nogueira faz aqui alusão, não é, do meu ponto de vista, a consequência de uma qualquer estratégia ministerial de gestão prudente da informação ou de anuência/viabilização convicta do que quer que seja, mas, antes, a manifestação da impreparação da nova equipa ministerial, a que Santana Castilho e eu próprio temos vindo a fazer referência.
Nuno Crato e os secretários de Estado que tutelam o ensino básico e secundário não assumem compromissos públicos definitivos (muito menos em coerência com promessas eleitorais), nem tomam decisões, limitando-se a deixar correr a máquina ou a protelar anúncios, pela simples razão de, passados 21 dias desde a tomada de posse do Governo, não estarem por dentro e seguros relativamente aos dossiers que têm em mãos.
E, supostamente, quando se desconhece, se está inseguro e não se dispõe das coordenadas e da informação detalhada sobre o terreno em que se vai "aterrar", é-se presa fácil dos serviços e das estruturas que estão montadas no "aeroporto" da 5 de Outubro e no "aeródromo" da 24 de Julho.
Por conseguinte, o "desconhecimento" de que Mário Nogueira se queixa é tão-só o resultado da confluência de:
- uma tentativa de disfarçar, no imediato, a impreparação da nova equipa do Ministério da Educação;
- um desnorte absoluto do PSD em matéria de Educação, próprio de quem passou mais de um ano a preparar-se num sentido, avalizando medidas concretas como sendo programáticas de uma governação PSD, e acabou, inexplicavelmente, a apresentar um programa eleitoral e de Governo (será que o próprio líder não foi apanhado de surpresa com os enxertos de última hora e não teve outra alternativa que não fosse assumi-los, após a sua divulgação pública?), que é uma completa descaracterização do trabalho feito;
- uma desorientação que é, particularmente, visível na circunstância de o PSD não ter, no momento, um porta-voz ou uma figura de referência para a área da Educação, desde o oportunismo e a torpeza com que Santana Castilho foi usado, passando pelo (auto)afastamento de Pedro Duarte, até ao equívoco de a Comissão Parlamentar de Educação ter sido atribuída ao CDS, com José Manuel Canavarro a presidir aos assuntos sociais.
No núcleo político duro deste PSD, reza-se a todos os santinhos para que não se desencadeiem tempestades na Educação e nem sequer chova, pois o objectivo é não desencadear nenhuma mudança significativa, limitar-se a reformular, tentando passar seco por entre os pingos da chuva.
Para um partido que alimentava uma agenda reformista e para uma personalidade que chegou ao bitaite da "implosão" do Ministério da Educação, os sinais não podem ser mais decepcionantes, de que o actual modelo de avaliação e os mega-agrupamentos são apenas as primeiras (não) manifestações.
No meu entendimento, a Educação tornou-se uma vítima da sedução de políticos inconstantes e inconsistentes pelos protagonistas, independentemente dos seus méritos pessoais e académicos, de bitaites mediatizados pelas televisões, sobretudo se hastearem a bandeira retórica da "exigência".

marcar artigo