Octávio V. Gonçalves: Seriam dois péssimos começos em matéria de Educação e que não augurariam nada de bom

30-06-2011
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Em período de recessão económica e de dramáticos constrangimentos financeiros, por força do aventureirismo irresponsável de Sócrates, deve a Educação constituir um domínio de actuação prioritário para o próximo Governo?
Sim e não.
Sim, porque um dos factores a montante mais decisivos para nos pôr a salvo de futuras crises financeiras e políticas, como a que agora atravessamos, passa pela aposta exigente, séria e continuada na efectiva qualificação cultural, técnica e científica dos alunos e dos portugueses em geral, o que não é compatível com uma política de facilitações (critérios de avaliação em que, no ensino básico, as ditas atitudes e valores excedam 20% - ainda por cima desligadas da valorização do esforço e do empenho, são um dolo para os alunos e uma fraude para a sociedade), com uma visão da escola como armazém de entretenimento ocupacional, nem, sobretudo, com obsessões politiqueiras de mostrar números e resultados a qualquer preço. Tal obrigará a descentrar o foco atencional dos professores (ao invés do estrabismo educacional de Sócrates) para os alunos e para a qualidade e relevância social das suas aprendizagens.
Não, no sentido das prioridades e das agendas socráticas, que, de forma oportunista, absurda e insensata, catapultaram os professores para o centro do debate político nacional, quer sob a forma de tentativas de domesticação/apoucamento dos mesmos, quer no relativo à confusão entre a avaliação dos professores e um modelo (inoperacional) em concreto ou ao subsumir do ensino e das aprendizagens a burocracias, estatísticas e certificações aberrantes, tudo em resultado de estratégias de actuação impositivas, arbitrárias, facilitistas e propagandísticas.
Como tal, torna-se obrigatório desarmadilhar as políticas educativas dos últimos seis anos e concretizar, de imediato, uma ruptura com as orientações socráticas supra-referenciadas, sem lugar a hesitações ou a evasivas.
E, neste particular, há duas decisões iniciais que, a não ocorrerem, traduzirão dois péssimos começos em matéria de Educação e que não augurarão nada de bom, da parte da governação PSD/CDS. Refiro-me às eventuais tentações de NÃO:
1) escolher para Ministro da Educação alguém que não esteja comprometido com as fracassadas políticas educativas de Sócrates, mormente com a farsa de modelo de avaliação que está no terreno, com um modelo de gestão que esvaziou a autoridade dos professores, com uma alienação opaca e ruinosa do património escolar - tal como enquadrada na Parque Escolar, com a orientação imprimida às Novas Oportunidades ou com a distribuição a granel de computadores, sem qualquer enquadramento pedagógico e sem avaliação de resultados;
2) fazer da revogação do modelo de avaliação dos professores o primeiro acto governativo do Ministério da Educação, dando um sinal claro de que não se pactuará, doravante, com farsas e não permitindo, em conformidade, que o ciclo avaliativo chegue ao seu término, tais as arbitrariedades e a diversidade de decisões e práticas anormais que estão a ocorrer pelas escolas do País, além de que o abortamento imediato do processo de avaliação em curso não terá nenhum tipo de implicações na progressão dos professores e até evitará a consumação de vantagens oportunistas e outras injustiças.
Tendo em conta o comprometimento público de José Manuel Canavarro e afins com algumas das medidas enunciadas em 1) e, mesmo, 2), apenas uma personalidade está em condições de assegurar a imprescindível ruptura com o passado e não defraudar as expectativas de professores e escolas relativamente ao futuro. E essa personalidade chama-se Santana Castilho.
Estou firmemente convencido que Pedro Passos Coelho não hipotecará a nossa esperança e não quererá iniciar a governação num clima de desilusão generalizada nas escolas.
Como espero que os habituais comentadores e analistas mediáticos, que durante seis anos deram uma cobertura ignorante e acéfala aos desacertos socráticos, não interpretem as expectativas e as esperanças dos professores, assim enunciadas, como tiques de poder, ameaças ou chantagens, pois é apenas, como a realidade veio demonstrar, a força intelectual e moral de quem procura analisar racionalmente as situações e avaliar sensatamente os problemas.


Em período de recessão económica e de dramáticos constrangimentos financeiros, por força do aventureirismo irresponsável de Sócrates, deve a Educação constituir um domínio de actuação prioritário para o próximo Governo?
Sim e não.
Sim, porque um dos factores a montante mais decisivos para nos pôr a salvo de futuras crises financeiras e políticas, como a que agora atravessamos, passa pela aposta exigente, séria e continuada na efectiva qualificação cultural, técnica e científica dos alunos e dos portugueses em geral, o que não é compatível com uma política de facilitações (critérios de avaliação em que, no ensino básico, as ditas atitudes e valores excedam 20% - ainda por cima desligadas da valorização do esforço e do empenho, são um dolo para os alunos e uma fraude para a sociedade), com uma visão da escola como armazém de entretenimento ocupacional, nem, sobretudo, com obsessões politiqueiras de mostrar números e resultados a qualquer preço. Tal obrigará a descentrar o foco atencional dos professores (ao invés do estrabismo educacional de Sócrates) para os alunos e para a qualidade e relevância social das suas aprendizagens.
Não, no sentido das prioridades e das agendas socráticas, que, de forma oportunista, absurda e insensata, catapultaram os professores para o centro do debate político nacional, quer sob a forma de tentativas de domesticação/apoucamento dos mesmos, quer no relativo à confusão entre a avaliação dos professores e um modelo (inoperacional) em concreto ou ao subsumir do ensino e das aprendizagens a burocracias, estatísticas e certificações aberrantes, tudo em resultado de estratégias de actuação impositivas, arbitrárias, facilitistas e propagandísticas.
Como tal, torna-se obrigatório desarmadilhar as políticas educativas dos últimos seis anos e concretizar, de imediato, uma ruptura com as orientações socráticas supra-referenciadas, sem lugar a hesitações ou a evasivas.
E, neste particular, há duas decisões iniciais que, a não ocorrerem, traduzirão dois péssimos começos em matéria de Educação e que não augurarão nada de bom, da parte da governação PSD/CDS. Refiro-me às eventuais tentações de NÃO:
1) escolher para Ministro da Educação alguém que não esteja comprometido com as fracassadas políticas educativas de Sócrates, mormente com a farsa de modelo de avaliação que está no terreno, com um modelo de gestão que esvaziou a autoridade dos professores, com uma alienação opaca e ruinosa do património escolar - tal como enquadrada na Parque Escolar, com a orientação imprimida às Novas Oportunidades ou com a distribuição a granel de computadores, sem qualquer enquadramento pedagógico e sem avaliação de resultados;
2) fazer da revogação do modelo de avaliação dos professores o primeiro acto governativo do Ministério da Educação, dando um sinal claro de que não se pactuará, doravante, com farsas e não permitindo, em conformidade, que o ciclo avaliativo chegue ao seu término, tais as arbitrariedades e a diversidade de decisões e práticas anormais que estão a ocorrer pelas escolas do País, além de que o abortamento imediato do processo de avaliação em curso não terá nenhum tipo de implicações na progressão dos professores e até evitará a consumação de vantagens oportunistas e outras injustiças.
Tendo em conta o comprometimento público de José Manuel Canavarro e afins com algumas das medidas enunciadas em 1) e, mesmo, 2), apenas uma personalidade está em condições de assegurar a imprescindível ruptura com o passado e não defraudar as expectativas de professores e escolas relativamente ao futuro. E essa personalidade chama-se Santana Castilho.
Estou firmemente convencido que Pedro Passos Coelho não hipotecará a nossa esperança e não quererá iniciar a governação num clima de desilusão generalizada nas escolas.
Como espero que os habituais comentadores e analistas mediáticos, que durante seis anos deram uma cobertura ignorante e acéfala aos desacertos socráticos, não interpretem as expectativas e as esperanças dos professores, assim enunciadas, como tiques de poder, ameaças ou chantagens, pois é apenas, como a realidade veio demonstrar, a força intelectual e moral de quem procura analisar racionalmente as situações e avaliar sensatamente os problemas.

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