O sucesso está na continuidade, dizem ex-governantes

08-07-2011
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Os alunos portugueses ficaram melhores, de repente? Não, respondem ex-ministros e ex-secretários de Estado. O segredo está nas políticas de continuidade, desvendam David Justino, ministro da Educação de Durão Barroso, que introduziu os exames nacionais no 9.º ano, e Maria de Lurdes Rodrigues, a governante que mais tempo esteve à frente da 5 de Outubro, e que manteve algumas das políticas herdadas de PSD, como os exames e as provas de aferição.

O que explica que os alunos de 15 anos portugueses questionados pelo PISA (Programme for International Student Assessment) se tenham aproximado das médias da OCDE nas literacias de leitura, matemática e científica? O que explica que tenham feito a maior progressão entre os paí-ses avaliados desde 2000, nos três domínios? Para começar: o ensino pré-escolar, enuncia David Justino. Esta é uma geração que seguramente já frequentou o jardim-de-infância. A grande aposta no pré-escolar foi feita durante o mandato de Marçal Grilo, durante o Governo de Guterres, lembra Justino. No entanto, todos os outros ministros continuaram a apostar no alargamento da rede e na generalização do pré-escolar.

A introdução dos exames no 9.º ano e das provas de aferição no 4.º e 6.º anos são duas medidas que permitiram a estes estudantes estarem mais familiarizados com o serem submetidos a testes, concordam Justino, Maria de Lurdes Rodrigues, Joaquim Azevedo, ex-secretário de Estado e conselheiro no Conselho Nacional de Educação, José Manuel Canavarro e Diogo Feio, ambos ex-secretários de Estado do Governo de Santana Lopes. Para Diogo Feio, do CDS, as provas de aferição deveriam ser substituídas por exames nacionais no final de cada ciclo.

José Manuel Canavarro não tem dúvidas de que os exames obrigaram as escolas a trabalhar de uma maneira mais "intensiva". "Quando há focalização e treino, há melhoria", defende.

Maria de Lurdes Rodrigues concorda: "Houve mais trabalho orientado para os resultados". Na mesma linha, Justino diz que se constatou "uma alteração da cultura de avaliação em que se dá mais importância aos resultados".

Roberto Carneiro, ex-ministro da Educação, acrescenta que hoje "as escolas estão mais conscientes" e que ensinam competências (que é o que o PISA avalia) e não transmitem apenas conhecimentos.

Peso dos rankings

O trabalho dos professores é enaltecido por todos os ex-governantes. Aos docentes, Roberto Carneiro junta as famílias. Também elas estão mais preocupadas e com uma maior percepção da importância da educação dos filhos, acredita. "Os pais têm mais habilitações e o ambiente cultural em casa melhorou. Nas escolas, as associações de pais também estão mais organizadas", avalia.

David Justino não tem dúvidas de que os professores trabalham mais. "A tensão sobre a avaliação [do desempenho] teve esse efeito. Os professores estão sujeitos a um contexto de responsabilidade que há dez anos não existia", constata.

Os professores permanecerem na mesma escola vários anos, permitindo a continuidade pedagógica, e os planos de recuperação dos alunos com maiores dificuldades são duas medidas que Maria de Lurdes Rodrigues tomou e que destaca como "muito importantes".

Joaquim Azevedo concorda: "O cuidado colocado no apoio aos percursos escolares de alunos com maiores dificuldades de aprendizagem, prevenindo o insucesso, é uma medida muito importante". Por isso, o PISA revela que os alunos com piores resultados são menos do que no relatório anterior.

A ex-ministra do PS recorda que, quando começou a visitar as escolas, ninguém sabia que resultados os seus alunos tinham tido nos exames; no final da legislatura, os directores sabiam-nos "na ponta da língua". "Não podemos encarar com naturalidade os maus resultados" e as escolas compreenderam-no, diz.

Os alunos portugueses ficaram melhores, de repente? Não, respondem ex-ministros e ex-secretários de Estado. O segredo está nas políticas de continuidade, desvendam David Justino, ministro da Educação de Durão Barroso, que introduziu os exames nacionais no 9.º ano, e Maria de Lurdes Rodrigues, a governante que mais tempo esteve à frente da 5 de Outubro, e que manteve algumas das políticas herdadas de PSD, como os exames e as provas de aferição.

O que explica que os alunos de 15 anos portugueses questionados pelo PISA (Programme for International Student Assessment) se tenham aproximado das médias da OCDE nas literacias de leitura, matemática e científica? O que explica que tenham feito a maior progressão entre os paí-ses avaliados desde 2000, nos três domínios? Para começar: o ensino pré-escolar, enuncia David Justino. Esta é uma geração que seguramente já frequentou o jardim-de-infância. A grande aposta no pré-escolar foi feita durante o mandato de Marçal Grilo, durante o Governo de Guterres, lembra Justino. No entanto, todos os outros ministros continuaram a apostar no alargamento da rede e na generalização do pré-escolar.

A introdução dos exames no 9.º ano e das provas de aferição no 4.º e 6.º anos são duas medidas que permitiram a estes estudantes estarem mais familiarizados com o serem submetidos a testes, concordam Justino, Maria de Lurdes Rodrigues, Joaquim Azevedo, ex-secretário de Estado e conselheiro no Conselho Nacional de Educação, José Manuel Canavarro e Diogo Feio, ambos ex-secretários de Estado do Governo de Santana Lopes. Para Diogo Feio, do CDS, as provas de aferição deveriam ser substituídas por exames nacionais no final de cada ciclo.

José Manuel Canavarro não tem dúvidas de que os exames obrigaram as escolas a trabalhar de uma maneira mais "intensiva". "Quando há focalização e treino, há melhoria", defende.

Maria de Lurdes Rodrigues concorda: "Houve mais trabalho orientado para os resultados". Na mesma linha, Justino diz que se constatou "uma alteração da cultura de avaliação em que se dá mais importância aos resultados".

Roberto Carneiro, ex-ministro da Educação, acrescenta que hoje "as escolas estão mais conscientes" e que ensinam competências (que é o que o PISA avalia) e não transmitem apenas conhecimentos.

Peso dos rankings

O trabalho dos professores é enaltecido por todos os ex-governantes. Aos docentes, Roberto Carneiro junta as famílias. Também elas estão mais preocupadas e com uma maior percepção da importância da educação dos filhos, acredita. "Os pais têm mais habilitações e o ambiente cultural em casa melhorou. Nas escolas, as associações de pais também estão mais organizadas", avalia.

David Justino não tem dúvidas de que os professores trabalham mais. "A tensão sobre a avaliação [do desempenho] teve esse efeito. Os professores estão sujeitos a um contexto de responsabilidade que há dez anos não existia", constata.

Os professores permanecerem na mesma escola vários anos, permitindo a continuidade pedagógica, e os planos de recuperação dos alunos com maiores dificuldades são duas medidas que Maria de Lurdes Rodrigues tomou e que destaca como "muito importantes".

Joaquim Azevedo concorda: "O cuidado colocado no apoio aos percursos escolares de alunos com maiores dificuldades de aprendizagem, prevenindo o insucesso, é uma medida muito importante". Por isso, o PISA revela que os alunos com piores resultados são menos do que no relatório anterior.

A ex-ministra do PS recorda que, quando começou a visitar as escolas, ninguém sabia que resultados os seus alunos tinham tido nos exames; no final da legislatura, os directores sabiam-nos "na ponta da língua". "Não podemos encarar com naturalidade os maus resultados" e as escolas compreenderam-no, diz.

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