Expresso censura telegramas divulgados pela Wikileaks – II

01-07-2011
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A dois de Março do corrente, publicou o Expresso um primeiro conjunto de “telegramas Wikileaks” sobre Portugal. Ironicamente, resolveu este jornal censurar parte desses mesmos telegramas. Mas, uns dias depois, Ricardo Costa, director deste semanário, esteve presente num debate/chat com os leitores do Expresso onde afirmou categoricamente: «No site vamos publicar na integra todos os telegramas. Quem quiser pode ler tudo. No jornal, enquadramos, editamos e corrigimos».

Passados quase dois meses, passei pelo site do Expresso e continuam esses telegramas com a mesma censura. Será falta tempo por andarem a falar com os 47 interessados no regresso do bloco central?

Os telegramas em causa:

Para memória futura, aqui fica o dito texto dos 47.

Exclusivo Expresso: “Um Compromisso Nacional” (texto e signatários)

Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio são algumas das mais de 40 figuras públicas portuguesas que assinam o documento “Um Compromisso Nacional”, que o Expresso publica em exclusivo.

0:00 Sábado, 9 de abril de 2011

1

Portugal está a viver uma das mais sérias crises da sua história recente. Essa crise tem uma dimensão financeira e económica, que se reflete no défice orçamental, no desequilíbrio externo, no elevado grau de endividamento público e privado e nos baixos índices de competitividade e crescimento da economia, com grave impacto no desemprego, em especial nas gerações mais novas; mas tem igualmente uma dimensão política e social grave, que se exprime numa crescente dificuldade no funcionamento do Estado e do sistema de representação política e em preocupantes sinais de enfraquecimento da coesão da sociedade e das suas expectativas.

2

A crise financeira e económica mundial que se iniciou em 2007,com origem nos Estados Unidos, gerou em 2009 a maior recessão global dos últimos 80 anos e transformou-se, mais tarde, na chamada crise da dívida soberana, que abriu no seio da União Europeia um importante processo de ajustamento político e institucional, afetando de modo especialmente negativo alguns dos Estados membros mais vulneráveis, entre os quais, agora, Portugal.

3

Nesta situação de grande dificuldade, em que persistentes problemas internos foram seriamente agravados por uma conjuntura internacional excecionalmente crítica, os signatários sentem-se no dever de exprimir a sua opinião sobre algumas das condições que consideram indispensáveis para ultrapassar a crise, num momento em que a dificuldade de diálogo entre os dirigentes políticos nacionais e a crescente crispação do debate público, nas vésperas de uma campanha eleitoral, ameaçam minar perigosamente a definição de soluções consistentes para os problemas nacionais.

4

Essas condições envolvem dois compromissos fundamentais:

a) em primeiro lugar, um compromisso entre o Presidente da República, o Governo e os principais partidos, para garantir a capacidade de execução de um plano de ação imediato, que permita assegurar a credibilidade externa e o regular financiamento da economia, evitando perturbações adicionais numa campanha eleitoral que deve contribuir para uma escolha serena, livre e informada; este compromisso imediato deve permitir que o Governo possa assumir plenamente as suas responsabilidades para assegurar o bem público e assumir inadiáveis compromissos externos em nome do Estado.

b) em segundo lugar, um compromisso entre os principais partidos, com o apoio do Presidente da República, no sentido de assegurar que o próximo Governo será suportado por uma maioria inequívoca, indispensável na construção do consenso mínimo para responder à crise sem a perturbação e incerteza de um processo de negociação permanente, como tem acontecido no passado recente; numa perspetiva de curto prazo, esse consenso mínimo deverá formar-se sobre o processo de consolidação orçamental e a trajetória de ajustamento para os próximos três anos prevista na última versão do Programa de Estabilidade e Crescimento; e, numa perspetiva de médio/longo prazo, sobre as seguintes grandes questões nacionais, relacionadas com a adaptação estrutural exigida à economia e à sociedade: a governabilidade, o controlo da dívida externa, a criação de emprego, a melhor distribuição da riqueza, as orientações fundamentais do investimento público, a configuração e sustentabilidade do Estado Social e a organização dos sistemas de Justiça, Educação e Saúde.

5

As próximas eleições gerais exigem um clima de tranquilidade e um nível de informação objetiva sobre a realidade nacional que não estão neste momento asseguradas. A afirmação destes compromissos, a partir de um esforço conjunto dos principais responsáveis políticos, ajudará seguramente a construir uma solução governativa estável, que constitui a primeira premissa para que os Portugueses possam encontrar uma razão de ser nos sacrifícios presentes e encarar com esperança o próximo futuro.

Mais de 40 signatários:

Adriano Moreira

Alexandre Soares dos Santos

Álvaro Siza Vieira

António Barreto

António Gomes de Pinho

António Lobo Antunes

António Lobo Xavier

António Nóvoa

António Ramalho Eanes

António Rendas

António Vitorino

Artur Santos Silva

Belmiro de Azevedo

Boaventura Sousa Santos

Daniel Proença de Carvalho

Diogo Freitas do Amaral

Eduardo Lourenço

Eduardo Souto Moura

Emílio Rui Vilar

Fernando Ramôa Ribeiro

Fernando Seabra Santos

Francisco Pinto Balsemão

Isabel Rodrigues Lopes

João Gabriel Silva

João Lobo Antunes

Joaquim Gomes Canotilho

Jorge Sampaio

José Carlos Marques dos Santos

José Carlos Vasconcelos

José Pacheco Pereira

José Pena do Amaral

José Silva Lopes

Júlio Pomar

Júlio Resende

Leonor Beleza

Luís Portela

Manoel de Oliveira

Manuel Braga da Cruz

D. Manuel Clemente

Manuel Sobrinho Simões

Maria de Sousa

Maria Fernanda Mota Pinto

Maria João Rodrigues

Mário Soares

Miguel Veiga

Rui Alarcão

Teresa de Sousa

A estes juntaram-se mais 77 nomes:

Adalberto Campos Fernandes

Alexandre Castro Caldas

Ana Escoval

Anabela Mota Ribeiro

Ângela Camila Castelo-Branco

António José Teixeira

António Pedro Vasconcelos

António Pires de Lima

António Portela

Carlos Medina Ribeiro

Cristiano Van Zeller

Cristina Castel-Branco

Diogo Lucena

Diogo Vasconcelos

Eliana Gersão

Eurico Figueiredo

Fátima Barros

Fátima Patriarca

Fernando Albuquerque

Fernando Taborda Barreto

Fernando Ribeiro Mendes

Francisco Aires Mateus

Francisco Olazabal (filho)

Francisco Sá Carneiro

Francisco Vale

Gabriela Barreto

Gonçalo Quadros

Gustavo Cardoso

Guta Moura Guedes

Helena Freitas

Irene Flunser Pimentel

Isabel Vasconcelos

Joana Pontes

João Canijo

João Caraça

João Fernandes

João Paulo Martins

João Nuno Macedo Silva

Jorge Almeida Fernandes

Jorge Calado

José A. Tavares

José Carlos Vieira de Andrade

José Júdice

José Mattoso

José Mendes Ribeiro

José Soares dos Santos

Laurinda Alves

Luís Pinto de Sousa

Luísa Schmidt

Manuel Graça Dias

Manuel Pinto Barbosa

Maria do Carmo Vieira

Maria de Fátima Bonifácio

Maria Fernanda Rollo

Maria João Queirós

Maria João Valente Rosa

Marina Costa Lobo

Miguel Poiares Maduro

Nuno Azevedo

Nuno Ferrand

Nuno Garoupa

Nuno Grande (filho)

Nuno Sousa Pereira

Octávio Cunha

Paula Martinho da Silva

Paulo Azevedo

Paulo Rosado

Pedro Magalhães

Pedro Norton

Pedro Pita Barros

Pedro Soares dos Santos

Ricardo Sá Fernandes

Roberto Carneiro

Rodrigo Leão

Rui Moreira

Rui Vieira Nery

Salvador Guede

A dois de Março do corrente, publicou o Expresso um primeiro conjunto de “telegramas Wikileaks” sobre Portugal. Ironicamente, resolveu este jornal censurar parte desses mesmos telegramas. Mas, uns dias depois, Ricardo Costa, director deste semanário, esteve presente num debate/chat com os leitores do Expresso onde afirmou categoricamente: «No site vamos publicar na integra todos os telegramas. Quem quiser pode ler tudo. No jornal, enquadramos, editamos e corrigimos».

Passados quase dois meses, passei pelo site do Expresso e continuam esses telegramas com a mesma censura. Será falta tempo por andarem a falar com os 47 interessados no regresso do bloco central?

Os telegramas em causa:

Para memória futura, aqui fica o dito texto dos 47.

Exclusivo Expresso: “Um Compromisso Nacional” (texto e signatários)

Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio são algumas das mais de 40 figuras públicas portuguesas que assinam o documento “Um Compromisso Nacional”, que o Expresso publica em exclusivo.

0:00 Sábado, 9 de abril de 2011

1

Portugal está a viver uma das mais sérias crises da sua história recente. Essa crise tem uma dimensão financeira e económica, que se reflete no défice orçamental, no desequilíbrio externo, no elevado grau de endividamento público e privado e nos baixos índices de competitividade e crescimento da economia, com grave impacto no desemprego, em especial nas gerações mais novas; mas tem igualmente uma dimensão política e social grave, que se exprime numa crescente dificuldade no funcionamento do Estado e do sistema de representação política e em preocupantes sinais de enfraquecimento da coesão da sociedade e das suas expectativas.

2

A crise financeira e económica mundial que se iniciou em 2007,com origem nos Estados Unidos, gerou em 2009 a maior recessão global dos últimos 80 anos e transformou-se, mais tarde, na chamada crise da dívida soberana, que abriu no seio da União Europeia um importante processo de ajustamento político e institucional, afetando de modo especialmente negativo alguns dos Estados membros mais vulneráveis, entre os quais, agora, Portugal.

3

Nesta situação de grande dificuldade, em que persistentes problemas internos foram seriamente agravados por uma conjuntura internacional excecionalmente crítica, os signatários sentem-se no dever de exprimir a sua opinião sobre algumas das condições que consideram indispensáveis para ultrapassar a crise, num momento em que a dificuldade de diálogo entre os dirigentes políticos nacionais e a crescente crispação do debate público, nas vésperas de uma campanha eleitoral, ameaçam minar perigosamente a definição de soluções consistentes para os problemas nacionais.

4

Essas condições envolvem dois compromissos fundamentais:

a) em primeiro lugar, um compromisso entre o Presidente da República, o Governo e os principais partidos, para garantir a capacidade de execução de um plano de ação imediato, que permita assegurar a credibilidade externa e o regular financiamento da economia, evitando perturbações adicionais numa campanha eleitoral que deve contribuir para uma escolha serena, livre e informada; este compromisso imediato deve permitir que o Governo possa assumir plenamente as suas responsabilidades para assegurar o bem público e assumir inadiáveis compromissos externos em nome do Estado.

b) em segundo lugar, um compromisso entre os principais partidos, com o apoio do Presidente da República, no sentido de assegurar que o próximo Governo será suportado por uma maioria inequívoca, indispensável na construção do consenso mínimo para responder à crise sem a perturbação e incerteza de um processo de negociação permanente, como tem acontecido no passado recente; numa perspetiva de curto prazo, esse consenso mínimo deverá formar-se sobre o processo de consolidação orçamental e a trajetória de ajustamento para os próximos três anos prevista na última versão do Programa de Estabilidade e Crescimento; e, numa perspetiva de médio/longo prazo, sobre as seguintes grandes questões nacionais, relacionadas com a adaptação estrutural exigida à economia e à sociedade: a governabilidade, o controlo da dívida externa, a criação de emprego, a melhor distribuição da riqueza, as orientações fundamentais do investimento público, a configuração e sustentabilidade do Estado Social e a organização dos sistemas de Justiça, Educação e Saúde.

5

As próximas eleições gerais exigem um clima de tranquilidade e um nível de informação objetiva sobre a realidade nacional que não estão neste momento asseguradas. A afirmação destes compromissos, a partir de um esforço conjunto dos principais responsáveis políticos, ajudará seguramente a construir uma solução governativa estável, que constitui a primeira premissa para que os Portugueses possam encontrar uma razão de ser nos sacrifícios presentes e encarar com esperança o próximo futuro.

Mais de 40 signatários:

Adriano Moreira

Alexandre Soares dos Santos

Álvaro Siza Vieira

António Barreto

António Gomes de Pinho

António Lobo Antunes

António Lobo Xavier

António Nóvoa

António Ramalho Eanes

António Rendas

António Vitorino

Artur Santos Silva

Belmiro de Azevedo

Boaventura Sousa Santos

Daniel Proença de Carvalho

Diogo Freitas do Amaral

Eduardo Lourenço

Eduardo Souto Moura

Emílio Rui Vilar

Fernando Ramôa Ribeiro

Fernando Seabra Santos

Francisco Pinto Balsemão

Isabel Rodrigues Lopes

João Gabriel Silva

João Lobo Antunes

Joaquim Gomes Canotilho

Jorge Sampaio

José Carlos Marques dos Santos

José Carlos Vasconcelos

José Pacheco Pereira

José Pena do Amaral

José Silva Lopes

Júlio Pomar

Júlio Resende

Leonor Beleza

Luís Portela

Manoel de Oliveira

Manuel Braga da Cruz

D. Manuel Clemente

Manuel Sobrinho Simões

Maria de Sousa

Maria Fernanda Mota Pinto

Maria João Rodrigues

Mário Soares

Miguel Veiga

Rui Alarcão

Teresa de Sousa

A estes juntaram-se mais 77 nomes:

Adalberto Campos Fernandes

Alexandre Castro Caldas

Ana Escoval

Anabela Mota Ribeiro

Ângela Camila Castelo-Branco

António José Teixeira

António Pedro Vasconcelos

António Pires de Lima

António Portela

Carlos Medina Ribeiro

Cristiano Van Zeller

Cristina Castel-Branco

Diogo Lucena

Diogo Vasconcelos

Eliana Gersão

Eurico Figueiredo

Fátima Barros

Fátima Patriarca

Fernando Albuquerque

Fernando Taborda Barreto

Fernando Ribeiro Mendes

Francisco Aires Mateus

Francisco Olazabal (filho)

Francisco Sá Carneiro

Francisco Vale

Gabriela Barreto

Gonçalo Quadros

Gustavo Cardoso

Guta Moura Guedes

Helena Freitas

Irene Flunser Pimentel

Isabel Vasconcelos

Joana Pontes

João Canijo

João Caraça

João Fernandes

João Paulo Martins

João Nuno Macedo Silva

Jorge Almeida Fernandes

Jorge Calado

José A. Tavares

José Carlos Vieira de Andrade

José Júdice

José Mattoso

José Mendes Ribeiro

José Soares dos Santos

Laurinda Alves

Luís Pinto de Sousa

Luísa Schmidt

Manuel Graça Dias

Manuel Pinto Barbosa

Maria do Carmo Vieira

Maria de Fátima Bonifácio

Maria Fernanda Rollo

Maria João Queirós

Maria João Valente Rosa

Marina Costa Lobo

Miguel Poiares Maduro

Nuno Azevedo

Nuno Ferrand

Nuno Garoupa

Nuno Grande (filho)

Nuno Sousa Pereira

Octávio Cunha

Paula Martinho da Silva

Paulo Azevedo

Paulo Rosado

Pedro Magalhães

Pedro Norton

Pedro Pita Barros

Pedro Soares dos Santos

Ricardo Sá Fernandes

Roberto Carneiro

Rodrigo Leão

Rui Moreira

Rui Vieira Nery

Salvador Guede

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