João José Cardoso

05-11-2013
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Os últimos seis meses têm servido para toda a gente perceber que qualquer um de nós pode ir de cana, prá prisa, dormir ou ter pesadelos no xilindró, e não será em Évora mas numa penitenciária sobrelotada, apenas porque o ministério público está a investigar uma coisa, e estamos envolvidos nessa coisa. Ou não estamos, que para estarmos basta um grande azar, que no final se chama erro judiciário, e simplificando acontece cada vez que alguém é absolvido (não é bem assim, mas serve como metáfora).

Começou por me dar um imenso gozo ver um cidadão que por acaso teve seis anos para mudar isto a experimentar do que não o preocupou, porque só acontecia aos outros.

Mas o gozo foi esmorecendo. Sabemos de resto que o cidadão em causa, casmurro como é, seria capaz de repetir os mesmos seis anos sem mudar este drama: tal como se ganha o euromilhões podemos perder a liberdade. Tal como sabemos que a maior parte dos que passam assim um largo tempo detidos nem dinheiro para um advogado têm, e muitas vezes o estado apenas lhes arranja um papagaio que repete “Faça-se justiça”.

Como a lição de vida nem sequer cura uma megalomania napoleónica, já chega. Lamento, António Costa, mas acho que José Sócrates deve ser solto, e tem todo o direito a umas férias algarvias acompanhado pela família e amizade mais próxima, como fazia antes de chegar a ministro. Não, Passos Coelho, só num mito urbano mesmo assim ganhas as eleições.

Já tinha dito que não quero o PS com maioria absoluta, e confio no golpe de estado que Cavaco Silva prepara, não empossando um governo minoritário? Somos assim, nós os portugueses, só acordamos com uma estalada na cara. E bem precisamos para apanhar o comboio da Europa que é mesmo nossa.

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Os últimos seis meses têm servido para toda a gente perceber que qualquer um de nós pode ir de cana, prá prisa, dormir ou ter pesadelos no xilindró, e não será em Évora mas numa penitenciária sobrelotada, apenas porque o ministério público está a investigar uma coisa, e estamos envolvidos nessa coisa. Ou não estamos, que para estarmos basta um grande azar, que no final se chama erro judiciário, e simplificando acontece cada vez que alguém é absolvido (não é bem assim, mas serve como metáfora).

Começou por me dar um imenso gozo ver um cidadão que por acaso teve seis anos para mudar isto a experimentar do que não o preocupou, porque só acontecia aos outros.

Mas o gozo foi esmorecendo. Sabemos de resto que o cidadão em causa, casmurro como é, seria capaz de repetir os mesmos seis anos sem mudar este drama: tal como se ganha o euromilhões podemos perder a liberdade. Tal como sabemos que a maior parte dos que passam assim um largo tempo detidos nem dinheiro para um advogado têm, e muitas vezes o estado apenas lhes arranja um papagaio que repete “Faça-se justiça”.

Como a lição de vida nem sequer cura uma megalomania napoleónica, já chega. Lamento, António Costa, mas acho que José Sócrates deve ser solto, e tem todo o direito a umas férias algarvias acompanhado pela família e amizade mais próxima, como fazia antes de chegar a ministro. Não, Passos Coelho, só num mito urbano mesmo assim ganhas as eleições.

Já tinha dito que não quero o PS com maioria absoluta, e confio no golpe de estado que Cavaco Silva prepara, não empossando um governo minoritário? Somos assim, nós os portugueses, só acordamos com uma estalada na cara. E bem precisamos para apanhar o comboio da Europa que é mesmo nossa.

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