CIDADANIA LX: CML critica construção no subsolo na Boavista Nascente

05-07-2011
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In Público (4/11/2010)Por Inês Boaventura «A proposta de Carrilho da Graça para a zona entre Santos e o Cais do Sodré mereceu aplausos mas também críticas, pela densidade de construção A Câmara de Lisboa aprovou ontem, entre louvores ao trabalho do arquitecto Carrilho da Graça e críticas à densidade de construção e à falta de equipamentos, a proposta de modelo urbano do Plano de Pormenor da Boavista Nascente. A construçãode seis caves num dos edifícios mereceu reparos por parte de vereadores da oposição e também da maioria.O plano apresentado em reunião camarária por Carrilho da Graça desenvolve-se numa área de 7,45 hectares, entre a Rua da Boavista e a Avenida 24 de Julho e entre a Praça D. Luís I e a Rua do Instituto Industrial. Para esta zona, o arquitecto propõe uma série de "edifícios colocados de perfil" (entre os quais estão dois volumes projectados por Manuel Aires Mateus e Francisco Aires Mateus para a nova sede da EDP), para garantir a preservação do sistema de vistas. Lembrando que esta é uma área de aterros, vários vereadores manifestaram-se preocupados com as seis caves na futura sede da EDP, duas das quais para actividades comerciais e as restantes para estacionamento. Nunes da Silva, membro da maioria, considerou que esta é uma obra inviável. Carrilho da Graça refutou essa afirmação dizendo que a empresa Nemus - responsável pela avaliação ambiental estratégica do plano de pormenor - concluiu pela sua viabilidade. Helena Roseta, vereadora da Habitação, criticou a "excessiva densidade de construção" e o comunista Ruben de Carvalho fez reparos à falta de equipamentos. Manuel Salgado, que detém o pelouro do Urbanismo, respondeu dizendo que os índices de construção são "ajustados a este território" e frisou que está previsto um centro de saúde, uma creche, um posto de limpeza urbana e "3000 metros de área edificável para um uso que a câmara vier a definir". Mexer na 24 Julho e BenficaO vereador do Urbanismo destacou que com o Plano de Pormenor da Boavista Nascente será também possível corrigir "a péssima solução" hoje existente na Avenida 24 de Julho. Segundo Manuel Salgado, a ideia é "reduzir as faixas de rodagem, aumentar as faixas pedonais e arborizar" esta artéria, obra que será "essencialmente" financiada com as contrapartidas de promotores imobiliários. Além desta proposta (aprovada com os votos contra do CDS e do PCP e com as abstenções de Roseta e Nunes da Silva), foram aprovadas por maioria as propostas do Plano de Pormenor de Alvalade XXI e do Plano de Pormenor de Salvaguarda da Baixa Pombalina.A propósito da votação de um plano urbanístico para a zona do mercado de Benfica, o vereador Santana Lopes defendeu que a autarquia deve tomar a seu cargo a requalificação de Santa Cruz de Benfica, bairro que o PSD considera ter sido "dizimado" pelas obras da CRIL. "Toda esta história é muito infeliz para Lisboa", admitiu António Costa, acusando a Estradas de Portugal de tratar o município "com algum desrespeito".»...Este "modelo urbano" parte do princípio que aquela zona, ou melhor, é o que resta de uma zona industrial "suja e desordenada" e há que a "higienizar e ordenar". Não haverá outra maneira de o fazer sem ser acabar com os boqueirões e alinhar cérceas pela mais alta, harmonizando com a estética "contemporânea", de uma assentada, ou melhor, fazer um loteamento gigantesco em 4 lotes, num total de 7,45ha? Ainda por cima correndo os 7-8 blocos a construir com caves para estacionamento, sobretudo com os estudos hidrogeológicos débeis que sustentam o plano (aliás, no próprio texto do estudo, se confessa a debilidade dos mesmos). O único ponto totalmente positivo é a arborização da Av. Dom Luís I, prolongando a mancha verde do Cais do Sodré a Santos. Gosto também do "resgate" do conceito de pátio de Alfama, do espaço público, das ruelas e becos, mas isso já lá está. Porque não "apenas" reabilitá-los? E a cidade junto à Av. 24 de Julho, tem que ser harmonizada com a estética Expo? Já não bastam os monos inenarráveis da Segurança Social e afins junto à Av. Infante Santo? É preciso "contaminar" até ao Cais do Sodré com mais coisas como o IADE? Dá graça ver quão diligentemente se defende este PP por contraponto à histeria contra o projecto de Foster. Mas tem também graça ver que quem foi buscar este último e quem demoliu parte significativa dos pavilhões industriais precisamente nesta zona, transformando-os em estacionamentos à superfície e luna parks de ocasião, está agora unha e carne com este PP.Depois, é também engraçado falar-se do sistema de vistas desde o miradouro de Santa Catarina... pois só realmente com arranha-céus plantados em frente a este se deixaria de ver o rio desde o miradouro. Mas era engraçado que também se fizesse uma projecção virtual da vista de cá de baixo, desde a 24 de Julho, para cima, para a colina de Santa Catarina. Com a densidade e a volumetria deste PP talvez só mesmo do comboio, quiçá do meio do rio, é que se poderá avistar a colina. Ou não será assim?Finalmente, não se chega a perceber o que querem fazer com uma série de prédios que consideram em "mau estado" ou em "ruína" e de que discordo completamente: Rua São Paulo 91, 103 e 113, Pç. D. Luís, 6, 13 e 22; R.Boavista, 51 e 83, Rua da Moeda, 5R. D.Luís 16 (imagens a seguir). Vão demoli-los??!!


In Público (4/11/2010)Por Inês Boaventura «A proposta de Carrilho da Graça para a zona entre Santos e o Cais do Sodré mereceu aplausos mas também críticas, pela densidade de construção A Câmara de Lisboa aprovou ontem, entre louvores ao trabalho do arquitecto Carrilho da Graça e críticas à densidade de construção e à falta de equipamentos, a proposta de modelo urbano do Plano de Pormenor da Boavista Nascente. A construçãode seis caves num dos edifícios mereceu reparos por parte de vereadores da oposição e também da maioria.O plano apresentado em reunião camarária por Carrilho da Graça desenvolve-se numa área de 7,45 hectares, entre a Rua da Boavista e a Avenida 24 de Julho e entre a Praça D. Luís I e a Rua do Instituto Industrial. Para esta zona, o arquitecto propõe uma série de "edifícios colocados de perfil" (entre os quais estão dois volumes projectados por Manuel Aires Mateus e Francisco Aires Mateus para a nova sede da EDP), para garantir a preservação do sistema de vistas. Lembrando que esta é uma área de aterros, vários vereadores manifestaram-se preocupados com as seis caves na futura sede da EDP, duas das quais para actividades comerciais e as restantes para estacionamento. Nunes da Silva, membro da maioria, considerou que esta é uma obra inviável. Carrilho da Graça refutou essa afirmação dizendo que a empresa Nemus - responsável pela avaliação ambiental estratégica do plano de pormenor - concluiu pela sua viabilidade. Helena Roseta, vereadora da Habitação, criticou a "excessiva densidade de construção" e o comunista Ruben de Carvalho fez reparos à falta de equipamentos. Manuel Salgado, que detém o pelouro do Urbanismo, respondeu dizendo que os índices de construção são "ajustados a este território" e frisou que está previsto um centro de saúde, uma creche, um posto de limpeza urbana e "3000 metros de área edificável para um uso que a câmara vier a definir". Mexer na 24 Julho e BenficaO vereador do Urbanismo destacou que com o Plano de Pormenor da Boavista Nascente será também possível corrigir "a péssima solução" hoje existente na Avenida 24 de Julho. Segundo Manuel Salgado, a ideia é "reduzir as faixas de rodagem, aumentar as faixas pedonais e arborizar" esta artéria, obra que será "essencialmente" financiada com as contrapartidas de promotores imobiliários. Além desta proposta (aprovada com os votos contra do CDS e do PCP e com as abstenções de Roseta e Nunes da Silva), foram aprovadas por maioria as propostas do Plano de Pormenor de Alvalade XXI e do Plano de Pormenor de Salvaguarda da Baixa Pombalina.A propósito da votação de um plano urbanístico para a zona do mercado de Benfica, o vereador Santana Lopes defendeu que a autarquia deve tomar a seu cargo a requalificação de Santa Cruz de Benfica, bairro que o PSD considera ter sido "dizimado" pelas obras da CRIL. "Toda esta história é muito infeliz para Lisboa", admitiu António Costa, acusando a Estradas de Portugal de tratar o município "com algum desrespeito".»...Este "modelo urbano" parte do princípio que aquela zona, ou melhor, é o que resta de uma zona industrial "suja e desordenada" e há que a "higienizar e ordenar". Não haverá outra maneira de o fazer sem ser acabar com os boqueirões e alinhar cérceas pela mais alta, harmonizando com a estética "contemporânea", de uma assentada, ou melhor, fazer um loteamento gigantesco em 4 lotes, num total de 7,45ha? Ainda por cima correndo os 7-8 blocos a construir com caves para estacionamento, sobretudo com os estudos hidrogeológicos débeis que sustentam o plano (aliás, no próprio texto do estudo, se confessa a debilidade dos mesmos). O único ponto totalmente positivo é a arborização da Av. Dom Luís I, prolongando a mancha verde do Cais do Sodré a Santos. Gosto também do "resgate" do conceito de pátio de Alfama, do espaço público, das ruelas e becos, mas isso já lá está. Porque não "apenas" reabilitá-los? E a cidade junto à Av. 24 de Julho, tem que ser harmonizada com a estética Expo? Já não bastam os monos inenarráveis da Segurança Social e afins junto à Av. Infante Santo? É preciso "contaminar" até ao Cais do Sodré com mais coisas como o IADE? Dá graça ver quão diligentemente se defende este PP por contraponto à histeria contra o projecto de Foster. Mas tem também graça ver que quem foi buscar este último e quem demoliu parte significativa dos pavilhões industriais precisamente nesta zona, transformando-os em estacionamentos à superfície e luna parks de ocasião, está agora unha e carne com este PP.Depois, é também engraçado falar-se do sistema de vistas desde o miradouro de Santa Catarina... pois só realmente com arranha-céus plantados em frente a este se deixaria de ver o rio desde o miradouro. Mas era engraçado que também se fizesse uma projecção virtual da vista de cá de baixo, desde a 24 de Julho, para cima, para a colina de Santa Catarina. Com a densidade e a volumetria deste PP talvez só mesmo do comboio, quiçá do meio do rio, é que se poderá avistar a colina. Ou não será assim?Finalmente, não se chega a perceber o que querem fazer com uma série de prédios que consideram em "mau estado" ou em "ruína" e de que discordo completamente: Rua São Paulo 91, 103 e 113, Pç. D. Luís, 6, 13 e 22; R.Boavista, 51 e 83, Rua da Moeda, 5R. D.Luís 16 (imagens a seguir). Vão demoli-los??!!

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