MEDITAÇÃO NA PASTELARIA: Quando for grande também quero ser famosa, ter utilidade política, comprar uma valise à carton e fundar uma associação em defesa dos flamingos*

02-07-2011
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Nunca gramei do género queques de esquerda. Queques por queques, prefiro os autênticos, os da Linha, e não me estou a referir à concorrência.Sendo eu ainda do tempo do a menina pecebe?, em Cascais a malta sempre ia à praia e o mar, como se sabe mesmo sem ter lido a Murdoch, é uma coisa que areja a cabeça e o resto.Quando olho para a Inês de Medeiros, sinto-lhe a falta do mar. Ela, por seu turno, sente falta de Paris.Ao fim de vários meses sem saber quem lhe pagava as viagens para a Cidade da Luz, Lello teve voto de qualidade e pôs a Assembleia da República a entrar com o carcanhol. Ou seja: je paie, tu paies, il paie, nous payons, vous payez, ils payent.Esclareça-se. Não é que eu seja forreta. Não é sequer que eu ache que quem lhe deu emprego não devesse arcar com os tickets. A minha dúvida é outra: porque raio a convidaram? porque raio é a Inês de Medeiros deputada do PS e para mais por Lisboa? E reparem. A minha dúvida é bastante anterior àquela sua singela declaração se Sócrates mentiu nem acho que seja muito grave (à propos, se ela não acha muito grave um primeiro-ministro mentir ao parlamento, porque carga d’água faz parte da comissão de ética do mesmo, mesmo sendo aquela a comissão de ética do mesmo?).Bom, hoje fez-se luz. Parece que a deputada integrava uma lista de personalidades encabeçada por Figo, cuja simpatia e popularidade foi testada por um estudo de opinião realizado para a PT... Ou seria para o PS? Confesso que esta parte me escapou.Enfim, seja como for, resolvido o caso, resta-me recordar apenas algumas das opiniões expressas por Inês de Medeiros quando esta ainda era só candidata e os contribuintes não tinham que lhe pagar as viagens.Perguntaram-lhe.Gostava, um dia, de fazer a viagem Paris-Lisboa de TGV?E ela respondeu.Gostava. Será prático e ecológico. Mais barato, não sei. Espero que sim. Sou a favor da ligação até Lisboa e eventualmente ao Porto, mas sou contra as paragens em todas as gares e apeadeiros senão o TGV nem ganha balanço para lá chegar! Se sou a favor de todos os grandes investimentos, não sei. Por exemplo, dá-me imenso jeito ter o aeroporto no centro da cidade, mas é obviamente incomportável e não sei como ainda não houve uma desgraça. Às vezes penso também nos flamingos da outra margem [em Alcochete]... Mas não sei, talvez vá criar uma associação de defesa dos flamingos, logo se vê!Touchant, n'est-ce pas? [*adenda: leio que a solução encontrada pela AR foi uma "comparticipação nas despesas de deslocação entre a residência, em Paris, e Lisboa, (...) tendo como limite máximo o montante mais elevado correspondente a uma viagem aérea semanal "de ida e volta, nos termos em que são pagas as "despesas de transportes dos deputados residentes nas Regiões Autónomas (...) e em avião, na classe mais elevada praticada". Fiquei com uma dúvida: é mais caro ir aos Açores ou a Paris? É que se for mais caro ir aos Açores, o que suponho que seja, os termos em que é apresentada esta decisão é a xicaespertice mais xicaespertice de que tive conhecimento nos últimos tempos... ]


Nunca gramei do género queques de esquerda. Queques por queques, prefiro os autênticos, os da Linha, e não me estou a referir à concorrência.Sendo eu ainda do tempo do a menina pecebe?, em Cascais a malta sempre ia à praia e o mar, como se sabe mesmo sem ter lido a Murdoch, é uma coisa que areja a cabeça e o resto.Quando olho para a Inês de Medeiros, sinto-lhe a falta do mar. Ela, por seu turno, sente falta de Paris.Ao fim de vários meses sem saber quem lhe pagava as viagens para a Cidade da Luz, Lello teve voto de qualidade e pôs a Assembleia da República a entrar com o carcanhol. Ou seja: je paie, tu paies, il paie, nous payons, vous payez, ils payent.Esclareça-se. Não é que eu seja forreta. Não é sequer que eu ache que quem lhe deu emprego não devesse arcar com os tickets. A minha dúvida é outra: porque raio a convidaram? porque raio é a Inês de Medeiros deputada do PS e para mais por Lisboa? E reparem. A minha dúvida é bastante anterior àquela sua singela declaração se Sócrates mentiu nem acho que seja muito grave (à propos, se ela não acha muito grave um primeiro-ministro mentir ao parlamento, porque carga d’água faz parte da comissão de ética do mesmo, mesmo sendo aquela a comissão de ética do mesmo?).Bom, hoje fez-se luz. Parece que a deputada integrava uma lista de personalidades encabeçada por Figo, cuja simpatia e popularidade foi testada por um estudo de opinião realizado para a PT... Ou seria para o PS? Confesso que esta parte me escapou.Enfim, seja como for, resolvido o caso, resta-me recordar apenas algumas das opiniões expressas por Inês de Medeiros quando esta ainda era só candidata e os contribuintes não tinham que lhe pagar as viagens.Perguntaram-lhe.Gostava, um dia, de fazer a viagem Paris-Lisboa de TGV?E ela respondeu.Gostava. Será prático e ecológico. Mais barato, não sei. Espero que sim. Sou a favor da ligação até Lisboa e eventualmente ao Porto, mas sou contra as paragens em todas as gares e apeadeiros senão o TGV nem ganha balanço para lá chegar! Se sou a favor de todos os grandes investimentos, não sei. Por exemplo, dá-me imenso jeito ter o aeroporto no centro da cidade, mas é obviamente incomportável e não sei como ainda não houve uma desgraça. Às vezes penso também nos flamingos da outra margem [em Alcochete]... Mas não sei, talvez vá criar uma associação de defesa dos flamingos, logo se vê!Touchant, n'est-ce pas? [*adenda: leio que a solução encontrada pela AR foi uma "comparticipação nas despesas de deslocação entre a residência, em Paris, e Lisboa, (...) tendo como limite máximo o montante mais elevado correspondente a uma viagem aérea semanal "de ida e volta, nos termos em que são pagas as "despesas de transportes dos deputados residentes nas Regiões Autónomas (...) e em avião, na classe mais elevada praticada". Fiquei com uma dúvida: é mais caro ir aos Açores ou a Paris? É que se for mais caro ir aos Açores, o que suponho que seja, os termos em que é apresentada esta decisão é a xicaespertice mais xicaespertice de que tive conhecimento nos últimos tempos... ]

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