Alto Hama: Obviamente demito-me de sócioda Casa de Angola em Lisboa

03-07-2011
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A propósito do anunciado e não desmentido jantar comemorativo dos 20 anos da batalha do Cuito Canavale que hoje terá lugar na Casa de Angola em Lisboa, tomo a liberdade de aqui reproduzir um artigo de H. Baptista da Costa, publicado no site da Casa de Angola, no dia 11 de Janeiro de 2008, sob o título “Reflexões”. Acrescento ainda que nos próximos dias apresentarei formalmente a minha demissão de sócio da Casa de Angola.«A fundação da CASA DE ANGOLA remonta a 1971: ela foi a primeira associação que, em Portugal, teve como objectivo congregar os angolanos a viver neste País.Com um percurso histórico (e até político), algo controverso e eivado de dificuldades, que não vem ao caso aqui recordar, a verdade é que a CASA DE ANGOLA é, entre as suas congéneres, a mais emblemática, a mais representativa e, pelos seus Órgãos Sociais, passaram ilustres Angolanos, alguns dos quais (infelizmente) já falecidos. É certo que também passaram outros que não deixaram saudades. É a vida…Após este intróito, passo, de imediato, ao problema que mais nos angustia, mais nos aflige: o problema financeiro.Com é de todos os presentes sabido, a CASA DE ANGOLA sobreviveu, sempre, de subsídios estatais: os primeiros, ainda ao tempo do Estado Português e os mais recentes, do Estado Angolano, já que as receitas obtidas através das quotizações, são absolutamente insuficientes.Os subsídios que o Estado Angolano, no passado, atribuiu à CASA DE ANGOLA através de empresas públicas (Endiama e Sonangol) não tinham carácter institucionalizado e, salvo erro, terminaram, abruptamente, há sete ou oito anos. Sobreviver todo este tempo, sem esse amparo, foi obra.As Autoridades Angolanas parece não entenderem o papel que a CASA DE ANGOLA tem vindo a desempenhar no seio da nossa Comunidade a viver em Portugal e, mais, o quão acrescido esse papel poderia ser, se melhor apoiado financeiramente pela Nação.Se à Embaixada e ao Consulado compete a função administrativa e política de representar Angola, à CASA DE ANGOLA pode, e deve, competir o papel de congregar, associativamente, essa importante parcela da sociedade civil, que é a sua comunidade, independentemente dos credos religiosos, políticos ou partidários, de cada um: Pai rico que obriga filhos a esmolar e a passarem dificuldades, só porque não estão, sempre, de acordo com ele, é pai desnaturado.O papel que, no contexto da vida da CASA DE ANGOLA, tem vindo a ser desempenhado pela Embaixada (intervindo directamente na constituição de listas em eleições para os seus Órgãos Sociais, apoiando aqueles que gravitam à sua volta e à volta do Partido, dificultando a vida às direcções que lhes não são politicamente simpáticas, etc.), não é, quanto a mim (notem que falo, estritamente, em meu nome pessoal), o que mais dignifica Angola. Aliás, no meu entender é ao Estado Angolano que deve competir prover a CASA DE ANGOLA dos meios financeiros mínimos necessários à sua sobrevivência.Direi mais: as CASAS DE ANGOLA, em Países onde existam comunidades angolanas numerosas, deveriam ser inscritas no Orçamento de Estado. Com esse procedimento, não me repugna reconhecer àquele o direito de acautelar que tais fundos sejam administrados correctamente e, sob sua fiscalização, aplicados aos fins a que se destinam: apoio às comunidades e realização de acções que dignifiquem e promovam a Nação Angolana.»


A propósito do anunciado e não desmentido jantar comemorativo dos 20 anos da batalha do Cuito Canavale que hoje terá lugar na Casa de Angola em Lisboa, tomo a liberdade de aqui reproduzir um artigo de H. Baptista da Costa, publicado no site da Casa de Angola, no dia 11 de Janeiro de 2008, sob o título “Reflexões”. Acrescento ainda que nos próximos dias apresentarei formalmente a minha demissão de sócio da Casa de Angola.«A fundação da CASA DE ANGOLA remonta a 1971: ela foi a primeira associação que, em Portugal, teve como objectivo congregar os angolanos a viver neste País.Com um percurso histórico (e até político), algo controverso e eivado de dificuldades, que não vem ao caso aqui recordar, a verdade é que a CASA DE ANGOLA é, entre as suas congéneres, a mais emblemática, a mais representativa e, pelos seus Órgãos Sociais, passaram ilustres Angolanos, alguns dos quais (infelizmente) já falecidos. É certo que também passaram outros que não deixaram saudades. É a vida…Após este intróito, passo, de imediato, ao problema que mais nos angustia, mais nos aflige: o problema financeiro.Com é de todos os presentes sabido, a CASA DE ANGOLA sobreviveu, sempre, de subsídios estatais: os primeiros, ainda ao tempo do Estado Português e os mais recentes, do Estado Angolano, já que as receitas obtidas através das quotizações, são absolutamente insuficientes.Os subsídios que o Estado Angolano, no passado, atribuiu à CASA DE ANGOLA através de empresas públicas (Endiama e Sonangol) não tinham carácter institucionalizado e, salvo erro, terminaram, abruptamente, há sete ou oito anos. Sobreviver todo este tempo, sem esse amparo, foi obra.As Autoridades Angolanas parece não entenderem o papel que a CASA DE ANGOLA tem vindo a desempenhar no seio da nossa Comunidade a viver em Portugal e, mais, o quão acrescido esse papel poderia ser, se melhor apoiado financeiramente pela Nação.Se à Embaixada e ao Consulado compete a função administrativa e política de representar Angola, à CASA DE ANGOLA pode, e deve, competir o papel de congregar, associativamente, essa importante parcela da sociedade civil, que é a sua comunidade, independentemente dos credos religiosos, políticos ou partidários, de cada um: Pai rico que obriga filhos a esmolar e a passarem dificuldades, só porque não estão, sempre, de acordo com ele, é pai desnaturado.O papel que, no contexto da vida da CASA DE ANGOLA, tem vindo a ser desempenhado pela Embaixada (intervindo directamente na constituição de listas em eleições para os seus Órgãos Sociais, apoiando aqueles que gravitam à sua volta e à volta do Partido, dificultando a vida às direcções que lhes não são politicamente simpáticas, etc.), não é, quanto a mim (notem que falo, estritamente, em meu nome pessoal), o que mais dignifica Angola. Aliás, no meu entender é ao Estado Angolano que deve competir prover a CASA DE ANGOLA dos meios financeiros mínimos necessários à sua sobrevivência.Direi mais: as CASAS DE ANGOLA, em Países onde existam comunidades angolanas numerosas, deveriam ser inscritas no Orçamento de Estado. Com esse procedimento, não me repugna reconhecer àquele o direito de acautelar que tais fundos sejam administrados correctamente e, sob sua fiscalização, aplicados aos fins a que se destinam: apoio às comunidades e realização de acções que dignifiquem e promovam a Nação Angolana.»

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