Receio que o discurso dos brancos versus negralhada leve a interpretações incorrectas. Não me parece que todos os brancos sejam uns patifes, como também os negros não são todos matumbos.Por Calcinhas de LuandaAliás foi na incapacidade de se travar o discurso anti-branco em Angola (em 1974-75), discurso este que tinha a sua razão lógica no discurso anti-negros da maioria dos brancos durante o período colonial, que se perderam muitos quadros qualificados em Angola.Quem ficou a perder com isso? Honestamente, a maioria da população pobre, que tem a cor da pele negra. Os brancos "marcharam" e a grande maioria governou a sua vida.E maioria dos angolanos?Como a evidência histórica o tem demonstrado, discursos racistas acabam mais cedo ou mais tarde por dar asneira. E são sempre um campo fértil para oportunistas tomarem o poder.O que hoje se verifica em Angola é precisamente isso. "Negros bons" tomaram o poder e afastaram os "brancos maus". Hoje em dia vemos que os "negros bons" são uns patifes e que apareceram outros "brancos maus" (se calhar muitos até são os mesmos de antigamente)e parece ter ficado tudo na mesma.Ora aqui é que está o busílis da questão! É que grosso modo o controlo do poder em Angola foi feito ao abrigo da necessidade dos "negros bons" tomarem o poder. As pessoas tomaram o poder, ou tiveram capacidade de movimentação política porque eram de facto os "politicamente correctos" ou "os politicamente bons".Nunca interessou saber-se se as pessoas eram ou não competentes e capazes, mas apenas se tinham a cor da pele adequada. As críticas que hoje se fazem acabam por, no fim, afinar pelo mesmo diapasão. Na sua essência básica está-se apenas perante uma variedade de racismo.Continuando-se esse percurso, haverá como resultado, mais ano menos ano, outra purga baseada no que facilmente se apreende à primeira vista, vão ser "limpos os brancos" porque se vêm à distância, os bakongos porque são primos lá da outra banda, os bailundos porque são uns chatos e gostam muito da UNITA, etc., etc., etc.Quem manda em Angola é quem sempre lá mandou, grandes grupos económicos e empresariais portugueses. Apenas usam novos intermediários, agora com uma cor de pele "politicamente aceitável".É preciso misturar alguns daqueles rapazes do EME com os negócios do Muene Puto, pois assim seja, a Sonangol passa a ter interesses na Galp e vice-versa, junta-se a TAP com a TAAG e com mais um tempero brasileiro via TAM, e por aí adiante...Isto não é uma questão de luta baseada na cor da pele! É uma luta que tem a ver com a cor da alma. Tem a ver com um capitalismo desenfreado e sem vergonha que utiliza África como terreno de saque. Isto só acontece porque os tais "negros bons" que tomaram o poder em Angola, tomada essa de poder que se baseia na cor da pele e não em competências, são os comparsas de tais abusos.Numa casa compete ao dono da mesma definir as regras, se ele é incapaz ou se se vende a interesses externos, não serve para líder. Atirar as culpas para os outros é desculpa de incapazes. Logo se os portugueses e os brasileiros é que mandam em Angola, a culpa é dos governantes angolanos.Não é dos portugueses e dos brasileiros.
Categorias
Entidades
Receio que o discurso dos brancos versus negralhada leve a interpretações incorrectas. Não me parece que todos os brancos sejam uns patifes, como também os negros não são todos matumbos.Por Calcinhas de LuandaAliás foi na incapacidade de se travar o discurso anti-branco em Angola (em 1974-75), discurso este que tinha a sua razão lógica no discurso anti-negros da maioria dos brancos durante o período colonial, que se perderam muitos quadros qualificados em Angola.Quem ficou a perder com isso? Honestamente, a maioria da população pobre, que tem a cor da pele negra. Os brancos "marcharam" e a grande maioria governou a sua vida.E maioria dos angolanos?Como a evidência histórica o tem demonstrado, discursos racistas acabam mais cedo ou mais tarde por dar asneira. E são sempre um campo fértil para oportunistas tomarem o poder.O que hoje se verifica em Angola é precisamente isso. "Negros bons" tomaram o poder e afastaram os "brancos maus". Hoje em dia vemos que os "negros bons" são uns patifes e que apareceram outros "brancos maus" (se calhar muitos até são os mesmos de antigamente)e parece ter ficado tudo na mesma.Ora aqui é que está o busílis da questão! É que grosso modo o controlo do poder em Angola foi feito ao abrigo da necessidade dos "negros bons" tomarem o poder. As pessoas tomaram o poder, ou tiveram capacidade de movimentação política porque eram de facto os "politicamente correctos" ou "os politicamente bons".Nunca interessou saber-se se as pessoas eram ou não competentes e capazes, mas apenas se tinham a cor da pele adequada. As críticas que hoje se fazem acabam por, no fim, afinar pelo mesmo diapasão. Na sua essência básica está-se apenas perante uma variedade de racismo.Continuando-se esse percurso, haverá como resultado, mais ano menos ano, outra purga baseada no que facilmente se apreende à primeira vista, vão ser "limpos os brancos" porque se vêm à distância, os bakongos porque são primos lá da outra banda, os bailundos porque são uns chatos e gostam muito da UNITA, etc., etc., etc.Quem manda em Angola é quem sempre lá mandou, grandes grupos económicos e empresariais portugueses. Apenas usam novos intermediários, agora com uma cor de pele "politicamente aceitável".É preciso misturar alguns daqueles rapazes do EME com os negócios do Muene Puto, pois assim seja, a Sonangol passa a ter interesses na Galp e vice-versa, junta-se a TAP com a TAAG e com mais um tempero brasileiro via TAM, e por aí adiante...Isto não é uma questão de luta baseada na cor da pele! É uma luta que tem a ver com a cor da alma. Tem a ver com um capitalismo desenfreado e sem vergonha que utiliza África como terreno de saque. Isto só acontece porque os tais "negros bons" que tomaram o poder em Angola, tomada essa de poder que se baseia na cor da pele e não em competências, são os comparsas de tais abusos.Numa casa compete ao dono da mesma definir as regras, se ele é incapaz ou se se vende a interesses externos, não serve para líder. Atirar as culpas para os outros é desculpa de incapazes. Logo se os portugueses e os brasileiros é que mandam em Angola, a culpa é dos governantes angolanos.Não é dos portugueses e dos brasileiros.