Alto Hama: Carta aberta e pública a Isaías Samakuva

30-06-2011
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Caro presidente da UNITA. Sei que prefere ser salvo pela crítica do que assassinado pelo elogio. À sua volta há muita gente a elogiá-lo. Alguns dos elogios serão certamente merecidos. Creio, contudo, que deve dar alguma importância aos que o criticaram, mesmo aos que, como eu, rasgaram cartões mas que, apesar disso, não passaram nem passarão para o outro lado. Recordo-lhe, caro presidente Isaías Samakuva, o que aqui escrevi no dia 17 de Junho deste ano. Disse então que não sabia se a actual direcção da UNITA escolheu os seus “generais” para a “guerra” eleitoral baseada, como disse o vice-presidente da sua bancada parlamentar, Domingos Maluka, em “critérios rácicos e de intelectualidade”.Acrescentei, e pelos vistos com alguma razão, que se Jonas Savimbi fosse vivo, grande parte destes “generais” não passava de “cabos”.E, para – apesar de tudo - meu penar, não sou o único (longe disso) a pensar assim. Sou, eu sei, dos poucos que publicamente assume esta tese. Tenho, no entanto, recebido testemunhos com chipala e nome, que comprovam que o Estado-Maior da UNITA quis (?) ganhar a “guerra” com “generais” que ao primeiro “tiro” iriam passar para o outro lado da barricada ou, na melhor das hipóteses, levantar os braços e içar um pano branco.Disse também que (esta) UNITA não estava preparada para ser governo e queria apenas assegurar alguns tachos e continuar a ser o primeiro dos últimos. Pelos vistos mais de 80% dos angolanos que votaram pensaram da mesma forma.Justifiquei então, caro presidente, dizendo que o sacrificado povo angolano, mesmo sabendo que foi o MPLA que o pôs de barriga vazia, não via na UNITA a alternativa válida que durante décadas lhe foi prometida, entre muitos outros, por Jonas Savimbi, António Dembo, Paulo Lukamba Gato, Alcides Sakala e Samuel Chiwale.Na altura, certamente pregando isoladamente no deserto, perguntei: Terá sido para isto que Jonas Savimbi lutou e morreu? E tomei a liberdade da acrescentar: Não. Não foi. E é pena que os seus ensinamentos, tal como os seus erros, de nada tenham servido aos que, sem saberem como, herdaram o partido.Lamentei nesse dia que os que sempre tiveram a barriga cheia nada saibam, nem queiram saber, dos que militaram na fome, mas que se alimentaram com o orgulho de ter ao peito o Galo Negro.


Caro presidente da UNITA. Sei que prefere ser salvo pela crítica do que assassinado pelo elogio. À sua volta há muita gente a elogiá-lo. Alguns dos elogios serão certamente merecidos. Creio, contudo, que deve dar alguma importância aos que o criticaram, mesmo aos que, como eu, rasgaram cartões mas que, apesar disso, não passaram nem passarão para o outro lado. Recordo-lhe, caro presidente Isaías Samakuva, o que aqui escrevi no dia 17 de Junho deste ano. Disse então que não sabia se a actual direcção da UNITA escolheu os seus “generais” para a “guerra” eleitoral baseada, como disse o vice-presidente da sua bancada parlamentar, Domingos Maluka, em “critérios rácicos e de intelectualidade”.Acrescentei, e pelos vistos com alguma razão, que se Jonas Savimbi fosse vivo, grande parte destes “generais” não passava de “cabos”.E, para – apesar de tudo - meu penar, não sou o único (longe disso) a pensar assim. Sou, eu sei, dos poucos que publicamente assume esta tese. Tenho, no entanto, recebido testemunhos com chipala e nome, que comprovam que o Estado-Maior da UNITA quis (?) ganhar a “guerra” com “generais” que ao primeiro “tiro” iriam passar para o outro lado da barricada ou, na melhor das hipóteses, levantar os braços e içar um pano branco.Disse também que (esta) UNITA não estava preparada para ser governo e queria apenas assegurar alguns tachos e continuar a ser o primeiro dos últimos. Pelos vistos mais de 80% dos angolanos que votaram pensaram da mesma forma.Justifiquei então, caro presidente, dizendo que o sacrificado povo angolano, mesmo sabendo que foi o MPLA que o pôs de barriga vazia, não via na UNITA a alternativa válida que durante décadas lhe foi prometida, entre muitos outros, por Jonas Savimbi, António Dembo, Paulo Lukamba Gato, Alcides Sakala e Samuel Chiwale.Na altura, certamente pregando isoladamente no deserto, perguntei: Terá sido para isto que Jonas Savimbi lutou e morreu? E tomei a liberdade da acrescentar: Não. Não foi. E é pena que os seus ensinamentos, tal como os seus erros, de nada tenham servido aos que, sem saberem como, herdaram o partido.Lamentei nesse dia que os que sempre tiveram a barriga cheia nada saibam, nem queiram saber, dos que militaram na fome, mas que se alimentaram com o orgulho de ter ao peito o Galo Negro.

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