Clube de Reflexão Política: JOÃO CARVALHO

30-06-2011
marcar artigo


No início da minha vida profissional, tive a grata experiência de homem do mar, que marcou de forma vincada, a minha própria personalidade. Foi no final dos anos 60, que embarquei pela 1º vez, como praticante de oficial Marinha Mercante, no paquete "Vera Cruz" que, na altura, se dedicava ao transporte de tropas para Angola. Na chegada a Luanda, que para mim representava a primeira vez que ia pisar terra africana, levava os sentidos alerta e a curiosidade desperta para essa nova experiência. Depois do desembarque das forças militares e ao descer a escada do portaló, chamou-me a atenção um vendedor de artesanato que carregado de colares e bugigangas, se me dirigia, subindo a escada com toda a sua "mercadoria". De repente, surge do nada, um indivíduo civil que mais tarde soube ser um polícia de defesa do Estado, que esbofeteia o pobre vendedor e o leva a cair na escada e a espalhar as estatuetas no chão do cais. Protestei, naturalmente, contra um procedimento tão desajustado, mas percebi nesse primeiro contacto, que não tinha chegado a uma terra de Comércio Livre ... Sei que passados quase 40 anos, muito mudou no mundo, em África e em Angola. Sei e vivi muitas outras histórias de sinal contrário do ponto de vista étnico e social, mas que igualmente mostram um grande desrespeito pela diferença. Esta foi, no entanto, uma história que nunca mais esqueci e de que me recordo sempre que, como gestor, tenha que negociar com outras gentes, de outras raças, de outros credos e de outros hábitos. Por respeito pela diferença. João Carvalho Presidente da Associação de Armadores da Marinha de ComércioMembro Fundador do Clube de Reflexão Política a Linha


No início da minha vida profissional, tive a grata experiência de homem do mar, que marcou de forma vincada, a minha própria personalidade. Foi no final dos anos 60, que embarquei pela 1º vez, como praticante de oficial Marinha Mercante, no paquete "Vera Cruz" que, na altura, se dedicava ao transporte de tropas para Angola. Na chegada a Luanda, que para mim representava a primeira vez que ia pisar terra africana, levava os sentidos alerta e a curiosidade desperta para essa nova experiência. Depois do desembarque das forças militares e ao descer a escada do portaló, chamou-me a atenção um vendedor de artesanato que carregado de colares e bugigangas, se me dirigia, subindo a escada com toda a sua "mercadoria". De repente, surge do nada, um indivíduo civil que mais tarde soube ser um polícia de defesa do Estado, que esbofeteia o pobre vendedor e o leva a cair na escada e a espalhar as estatuetas no chão do cais. Protestei, naturalmente, contra um procedimento tão desajustado, mas percebi nesse primeiro contacto, que não tinha chegado a uma terra de Comércio Livre ... Sei que passados quase 40 anos, muito mudou no mundo, em África e em Angola. Sei e vivi muitas outras histórias de sinal contrário do ponto de vista étnico e social, mas que igualmente mostram um grande desrespeito pela diferença. Esta foi, no entanto, uma história que nunca mais esqueci e de que me recordo sempre que, como gestor, tenha que negociar com outras gentes, de outras raças, de outros credos e de outros hábitos. Por respeito pela diferença. João Carvalho Presidente da Associação de Armadores da Marinha de ComércioMembro Fundador do Clube de Reflexão Política a Linha

marcar artigo