Notas Verbais: PONTO CRÍTICO 34 : O prestígio da carreira diplomática

03-07-2011
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Nesta caminhada da democracia,
o prestígio do diplomata sai reforçado,
os portugueses confiam nos seus diplomatas
e sabem que o melhor
que internacionalmente se conseguiu
foi devido a eles, discretamente.OS NOSSOS MELHORES DIPLOMATAS, designadamente embaixadores full rank e não apenas por honoris causa, irritam-se, e com razão, por algum circunstancial comentário chistoso que apouque a figura do diplomata, o perfil do diplomata, a utilidade do diplomata. Tal irritação mais justificada parece quando a um comentário se junta outro e outro, fazendo rosário que mais tenderá para campanha rezada contra o prestígio, contra a função e contra o desempenho da carreira, relevando o que desta se decanta como privilégios.É claro que mal da crítica que tome um caso particular, ou dois ou três casos que sejam, em que o chiste tenha o seu fundamento suspeitoso, para daí se generalizar. E mal também que se entenda que o escrutínio de algum comportamento individual menos abonável, uma vez lançado para a opinião pública, possa abanar a ideia geral que os portugueses têm dos diplomatas no seu conjunto ou possa beliscar a convicção firme e a confiança também geral sobre o serviço que a carreira diplomática presta ao país.Sem que se entre num campeonato entre os protagonistas das funções de soberania ou de Estado - o político, o militar, o juiz e, claro, o diplomata – pelo que, nos últimos anos, tem subido ao noticiário quotidiano e pelo que tem vindo a fazer doutrina dos factos, não é difícil concluir que a ideia mais positiva e a convicção mais firme vai sem dúvida para o diplomata, já que em tempo de paz o militar está na reserva e ninguém se apercebe de algum tiro curvo.Não é necessário repetir amiúde essa convicção porque ela existe e essa ideia sente-se. Nos grandes objectivos e nos grandes desafios que se têm colocado ao Estado, a carreira diplomática portuguesa tem desempenhado bem o seu papel, com destaque na "diplomacia política" que permite todas as aspas: tem negociado bem, tem representado bem, tem informado bem, e se não tem protegido mais e melhor, a culpa não pode ser atribuída à carreira mas a quem lhe deve dar meios, recursos e, sobretudo, linhas de orientação para proteger mais e melhor – o diplomata cumpre instruções e a sua atividade não decorre do livre arbítrio. Não se pode fazer omeletas sem ovos, e os casos em que as omeletas poderiam ter sido feitas, ou feitas mais a preceito e com melhor sabor, isso não se deve a uma culpa geral da carreira - os casos de lassidão, de desleixo ou de incompetência são pontuais. Ou seja, não se exclui que alguns diplomatas não tenham sido uns grandes pontos – os tais que dão oportunidade ao chiste – designadamente no que diz respeito à promoção da imagem do Estado (a diplomacia pública), mas não são a regra, pelo que muito do défice nessa matéria se explica pela falta de comando, comando político. E, noutra vertente, não se exclui também que não deva ser ponderada a difícil convivência de carreiras paralelas para a promoção do comércio exterior (a promoção comercial), carreiras essas que ora se anulam, ora dependem meramente de relacionamentos pessoais de titulares (lá em cima, nos patamares intermédios e cá baixo), ora deputam e delegam voluntarismos que invocam o santo nome da coordenação mas em vão e subtraem a explicação de êxitos (houve êxitos) devido a novas dinâmicas, novas visões e novas premências das empresas que tenham meios e conhecimentos para construir as suas próprias "diplomacias", sendo que o segredo está nas aspas.Sem dúvida, nesta caminhada da democracia, o prestígio do diplomata sai reforçado, os portugueses confiam nos seus diplomatas e sabem que o melhor que internacionalmente se conseguiu foi devido a eles, discretamente. Os louros não lhes deram grandes manchetes, mas sabem que isso foi assim.Carlos Albino


Nesta caminhada da democracia,
o prestígio do diplomata sai reforçado,
os portugueses confiam nos seus diplomatas
e sabem que o melhor
que internacionalmente se conseguiu
foi devido a eles, discretamente.OS NOSSOS MELHORES DIPLOMATAS, designadamente embaixadores full rank e não apenas por honoris causa, irritam-se, e com razão, por algum circunstancial comentário chistoso que apouque a figura do diplomata, o perfil do diplomata, a utilidade do diplomata. Tal irritação mais justificada parece quando a um comentário se junta outro e outro, fazendo rosário que mais tenderá para campanha rezada contra o prestígio, contra a função e contra o desempenho da carreira, relevando o que desta se decanta como privilégios.É claro que mal da crítica que tome um caso particular, ou dois ou três casos que sejam, em que o chiste tenha o seu fundamento suspeitoso, para daí se generalizar. E mal também que se entenda que o escrutínio de algum comportamento individual menos abonável, uma vez lançado para a opinião pública, possa abanar a ideia geral que os portugueses têm dos diplomatas no seu conjunto ou possa beliscar a convicção firme e a confiança também geral sobre o serviço que a carreira diplomática presta ao país.Sem que se entre num campeonato entre os protagonistas das funções de soberania ou de Estado - o político, o militar, o juiz e, claro, o diplomata – pelo que, nos últimos anos, tem subido ao noticiário quotidiano e pelo que tem vindo a fazer doutrina dos factos, não é difícil concluir que a ideia mais positiva e a convicção mais firme vai sem dúvida para o diplomata, já que em tempo de paz o militar está na reserva e ninguém se apercebe de algum tiro curvo.Não é necessário repetir amiúde essa convicção porque ela existe e essa ideia sente-se. Nos grandes objectivos e nos grandes desafios que se têm colocado ao Estado, a carreira diplomática portuguesa tem desempenhado bem o seu papel, com destaque na "diplomacia política" que permite todas as aspas: tem negociado bem, tem representado bem, tem informado bem, e se não tem protegido mais e melhor, a culpa não pode ser atribuída à carreira mas a quem lhe deve dar meios, recursos e, sobretudo, linhas de orientação para proteger mais e melhor – o diplomata cumpre instruções e a sua atividade não decorre do livre arbítrio. Não se pode fazer omeletas sem ovos, e os casos em que as omeletas poderiam ter sido feitas, ou feitas mais a preceito e com melhor sabor, isso não se deve a uma culpa geral da carreira - os casos de lassidão, de desleixo ou de incompetência são pontuais. Ou seja, não se exclui que alguns diplomatas não tenham sido uns grandes pontos – os tais que dão oportunidade ao chiste – designadamente no que diz respeito à promoção da imagem do Estado (a diplomacia pública), mas não são a regra, pelo que muito do défice nessa matéria se explica pela falta de comando, comando político. E, noutra vertente, não se exclui também que não deva ser ponderada a difícil convivência de carreiras paralelas para a promoção do comércio exterior (a promoção comercial), carreiras essas que ora se anulam, ora dependem meramente de relacionamentos pessoais de titulares (lá em cima, nos patamares intermédios e cá baixo), ora deputam e delegam voluntarismos que invocam o santo nome da coordenação mas em vão e subtraem a explicação de êxitos (houve êxitos) devido a novas dinâmicas, novas visões e novas premências das empresas que tenham meios e conhecimentos para construir as suas próprias "diplomacias", sendo que o segredo está nas aspas.Sem dúvida, nesta caminhada da democracia, o prestígio do diplomata sai reforçado, os portugueses confiam nos seus diplomatas e sabem que o melhor que internacionalmente se conseguiu foi devido a eles, discretamente. Os louros não lhes deram grandes manchetes, mas sabem que isso foi assim.Carlos Albino

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