Da Literatura: E O DR. PORTAS FICA IMPÁVIDO?

21-01-2012
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Durante 26 anos consecutivos, entre 1967 e 1993, o poeta Alberto de Lacerda (1928-2007) leccionou em universidades americanas: Austin, Nova Iorque e Boston. Em Boston esteve mais de 20 anos: 1972-93. Um dia, se a memória me não falha no Outono de 1987, o dirigente máximo do organismo que em Portugal garantia a logística dos docentes portugueses no estrangeiro “descobriu” que Alberto de Lacerda não tinha licenciatura. Perante esse crime de lesa-Pátria, não hesitou: mandou rescindir o contrato. As autoridades académicas americanas não queriam acreditar que o “seu” professor de Poética fosse posto de lado por tal motivo. E fizeram o óbvio: contrataram-no directamente.

Vem o intróito a propósito do seguinte: a partir do próximo dia 31, os professores de Português colocados nos Estados Unidos e no Canadá perdem o vínculo ao Estado português. Esses docentes, muitos com 30 anos de serviço à língua portuguesa, fizeram sempre os seus descontos para a Segurança Social. Agora vão dar uma volta ao jardim da Celeste.

No tempo de Lacerda  —  recordar que 1987 era o esplendor do cavaquismo  —, os saneamentos eram selectivos. Um pimpão qualquer, analfabeto porém doutorado, tu-cá-tu-lá com as luminárias do Instituto Camões apetecia-lhe, sei lá, Boston. Afastado o poeta, abria-se vaga ao rapazola, ou raparigo, tanto importa. Mas os bostonianos não foram em cantigas: vaga fechada, fica quem está, pagamos nós.

Agora vai tudo em pacote. Primeiro, António Braga, PS, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas entre 14 de Março de 2005 e 20 de Junho de 2011, afastou Graça Borges Castanho do cargo de coordenadora do ensino do português nos Estados Unidos, bem como Graça Assis Pacheco do cargo de coordenadora do ensino do português no Canadá. Simonetta Luz Afonso não pestanejou. E José Cesário, PSD, mestre escola e actual secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, aos costumes diz nada. A partir do próximo dia 31 o Estado português lava as mãos do ensino do Português nos Estados Unidos e no Canadá, países de destino de centenas de milhares de emigrantes falantes de português.

Entre outros, fica comprometido o projecto de instalar em Toronto o Instituto da Língua Portuguesa que até já tinha espaço assegurado num centro de dia para diminuídos físicos. Assim vai o passismo.Etiquetas: Educação, Ensino do português no estrangeiro

Durante 26 anos consecutivos, entre 1967 e 1993, o poeta Alberto de Lacerda (1928-2007) leccionou em universidades americanas: Austin, Nova Iorque e Boston. Em Boston esteve mais de 20 anos: 1972-93. Um dia, se a memória me não falha no Outono de 1987, o dirigente máximo do organismo que em Portugal garantia a logística dos docentes portugueses no estrangeiro “descobriu” que Alberto de Lacerda não tinha licenciatura. Perante esse crime de lesa-Pátria, não hesitou: mandou rescindir o contrato. As autoridades académicas americanas não queriam acreditar que o “seu” professor de Poética fosse posto de lado por tal motivo. E fizeram o óbvio: contrataram-no directamente.

Vem o intróito a propósito do seguinte: a partir do próximo dia 31, os professores de Português colocados nos Estados Unidos e no Canadá perdem o vínculo ao Estado português. Esses docentes, muitos com 30 anos de serviço à língua portuguesa, fizeram sempre os seus descontos para a Segurança Social. Agora vão dar uma volta ao jardim da Celeste.

No tempo de Lacerda  —  recordar que 1987 era o esplendor do cavaquismo  —, os saneamentos eram selectivos. Um pimpão qualquer, analfabeto porém doutorado, tu-cá-tu-lá com as luminárias do Instituto Camões apetecia-lhe, sei lá, Boston. Afastado o poeta, abria-se vaga ao rapazola, ou raparigo, tanto importa. Mas os bostonianos não foram em cantigas: vaga fechada, fica quem está, pagamos nós.

Agora vai tudo em pacote. Primeiro, António Braga, PS, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas entre 14 de Março de 2005 e 20 de Junho de 2011, afastou Graça Borges Castanho do cargo de coordenadora do ensino do português nos Estados Unidos, bem como Graça Assis Pacheco do cargo de coordenadora do ensino do português no Canadá. Simonetta Luz Afonso não pestanejou. E José Cesário, PSD, mestre escola e actual secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, aos costumes diz nada. A partir do próximo dia 31 o Estado português lava as mãos do ensino do Português nos Estados Unidos e no Canadá, países de destino de centenas de milhares de emigrantes falantes de português.

Entre outros, fica comprometido o projecto de instalar em Toronto o Instituto da Língua Portuguesa que até já tinha espaço assegurado num centro de dia para diminuídos físicos. Assim vai o passismo.Etiquetas: Educação, Ensino do português no estrangeiro

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