Governo e partidos discutem hoje combate ao terrorismo

21-01-2015
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Economia/Política
00:05

Governo e partidos discutem hoje combate ao terrorismo

Lígia Simões
ligia.simoes@economico.pt
00:05

Ideias já debatidas em Bruxelas são hoje discutidas em Lisboa. Vão da revisão de Schengen até à lista centralizada de suspeitos.
O Governo vai auscultar hoje todos os partidos com assento parlamentar sobre a estratégia a adoptar no combate ao terrorismo. O objectivo é levar à discussão as várias ideias que estão a ser debatidas a nível europeu: reforço de coordenação entre polícias e serviços de informação; possibilidade de envolver os países muçulmanos na troca de informações; eventual revisão do Tratado de Schengen com restrições à circulação de pessoas de países de risco como a Síria e o Iraque; partilha de listas de suspeitos a nível europeu e entre outros países fora da UE; e até a possibilidade de haver uma lista de potenciais radicais islamitas, centralizada em Bruxelas.O objectivo desta ronda de reuniões entre os partidos e os ministros da Administração Interna, Anabela Rodrigues, e da Presidência Assuntos Parlamentares, Marques Guedes, é dar resposta aos riscos que a Europa enfrenta após os ataques terroristas, em Paris, que fizeram 20 mortos, incluindo os dois suspeitos do ataque ao semanário satírico "Charlie Hebdo" e o principal suspeito de tomar uma mercearia kosher (judaica) de Port de Vincennes, nos arredores da capital francesa. O Económico sabe que a ideia do Governo passa por juntar todos os partidos nesta discussão e de questões que, neste momento, estão em cima da mesa no plano europeu.Recorde-se que a Letónia, que assumiu a presidência da União Europeia a 1 de Janeiro, cedeu às pressões e anunciou já que vai convocar uma reunião de emergência do Conselho de Ministros de Justiça e do Interior dos Estados-membro a fim de "rever o Tratado de Schengen". O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, exprimiu já a vontade da convocatória ser emitida "rapidamente", para se debater o reforço das medidas de controlo das passagens dos 400 milhões de europeus pelas fronteiras terrestres da UE. Na sequência desta intenção - que, no limite, poderá ditar o fim da livre circulação de cidadãos no continente europeu - a responsável pelos Assuntos Internos europeus da Comissão Juncker, Natasha Bertaud, também já sinalizou que "há que explorar ao máximo as possibilidades previstas nas regras em vigor" e que permitem reintroduzir controlos internos e encerrar provisoriamente as fronteiras face a ameaças públicas ou de segurança interna. A eventual partilha imediata de lista de suspeitos de radicais jihadistas, a título preventivo e não apenas mediante mandados de captura, surge após críticas às autoridades francesas pela inacção e pela falta de medidas que prevenissem os atentados em Paris. Chérif Kouachi e o irmão Saïd, franceses de origem argelina suspeitos de atacarem o "Charlie Hebdo" e depois mortos pela polícia, integravam há muito as listas de terroristas do Reino Unido e dos Estados Unidos por ligações à Al-Qaeda do Iémen e estavam a ser seguidos pela secreta francesa há vários meses.Fonte do Executivo avançou ao Económico que a ronda de reuniões de hoje com todos os partidos visa a partilha de ideias, adiantando que também o Governo tem estado a monitorizar o documento de estratégia anti-terrorismo desse o último trimestre de 2014, que começou a ser revisitado ainda com o ex-ministro Miguel Macedo. A sua actualização não passa por qualquer alteração legislativa, mas por reforçar a operacionalidade das polícias e dos serviços de informação.Recorde-se que recente ataque em Paris levou ao reforço da recolha da informação pelas secretas portuguesas. Ao Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) e ao Serviço de Informações de Segurança (SIS), juntam-se neste processo de partilha de informação as várias forças policiais (PJ, PSP, GNR e SEF). Objectivo: agilizar as formalidades na comunicação das informações com vista a acelerar o seu tratamento pelo Sistema de Segurança Interna, que funciona na directa dependência do primeiro-ministro e que tem as competências de coordenação, direcção, controlo e comando operacional. Fonte das secretas avançou aqui que o reforço da cooperação, na esfera nacional passa por se garantir que "é efectiva" a circulação de informação entre as várias polícias e serviços de informação.A discussão sobre a nova estratégia a adoptar no combate ao terrorismo iniciou-se na semana passada com o PS, depois dos recentes acontecimentos em França e na Bélgica, tendo Jorge Lacão, deputado socialista, reunido com Anabela Rodrigues. A ministra quer agora ouvir todos os partidos. PSD/PP, iniciam as rondas de reuniões hoje de manhã, seguindo-se o PCP e as delegações do Bloco de Esquerda e de "Os Verdes". A última ronda de reunião será com o PS.

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Ideias já debatidas em Bruxelas são hoje discutidas em Lisboa. Vão da revisão de Schengen até à lista centralizada de suspeitos.
O Governo vai auscultar hoje todos os partidos com assento parlamentar sobre a estratégia a adoptar no combate ao terrorismo. O objectivo é levar à discussão as várias ideias que estão a ser debatidas a nível europeu: reforço de coordenação entre polícias e serviços de informação; possibilidade de envolver os países muçulmanos na troca de informações; eventual revisão do Tratado de Schengen com restrições à circulação de pessoas de países de risco como a Síria e o Iraque; partilha de listas de suspeitos a nível europeu e entre outros países fora da UE; e até a possibilidade de haver uma lista de potenciais radicais islamitas, centralizada em Bruxelas.O objectivo desta ronda de reuniões entre os partidos e os ministros da Administração Interna, Anabela Rodrigues, e da Presidência Assuntos Parlamentares, Marques Guedes, é dar resposta aos riscos que a Europa enfrenta após os ataques terroristas, em Paris, que fizeram 20 mortos, incluindo os dois suspeitos do ataque ao semanário satírico "Charlie Hebdo" e o principal suspeito de tomar uma mercearia kosher (judaica) de Port de Vincennes, nos arredores da capital francesa. O Económico sabe que a ideia do Governo passa por juntar todos os partidos nesta discussão e de questões que, neste momento, estão em cima da mesa no plano europeu.Recorde-se que a Letónia, que assumiu a presidência da União Europeia a 1 de Janeiro, cedeu às pressões e anunciou já que vai convocar uma reunião de emergência do Conselho de Ministros de Justiça e do Interior dos Estados-membro a fim de "rever o Tratado de Schengen". O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, exprimiu já a vontade da convocatória ser emitida "rapidamente", para se debater o reforço das medidas de controlo das passagens dos 400 milhões de europeus pelas fronteiras terrestres da UE. Na sequência desta intenção - que, no limite, poderá ditar o fim da livre circulação de cidadãos no continente europeu - a responsável pelos Assuntos Internos europeus da Comissão Juncker, Natasha Bertaud, também já sinalizou que "há que explorar ao máximo as possibilidades previstas nas regras em vigor" e que permitem reintroduzir controlos internos e encerrar provisoriamente as fronteiras face a ameaças públicas ou de segurança interna. A eventual partilha imediata de lista de suspeitos de radicais jihadistas, a título preventivo e não apenas mediante mandados de captura, surge após críticas às autoridades francesas pela inacção e pela falta de medidas que prevenissem os atentados em Paris. Chérif Kouachi e o irmão Saïd, franceses de origem argelina suspeitos de atacarem o "Charlie Hebdo" e depois mortos pela polícia, integravam há muito as listas de terroristas do Reino Unido e dos Estados Unidos por ligações à Al-Qaeda do Iémen e estavam a ser seguidos pela secreta francesa há vários meses.Fonte do Executivo avançou ao Económico que a ronda de reuniões de hoje com todos os partidos visa a partilha de ideias, adiantando que também o Governo tem estado a monitorizar o documento de estratégia anti-terrorismo desse o último trimestre de 2014, que começou a ser revisitado ainda com o ex-ministro Miguel Macedo. A sua actualização não passa por qualquer alteração legislativa, mas por reforçar a operacionalidade das polícias e dos serviços de informação.Recorde-se que recente ataque em Paris levou ao reforço da recolha da informação pelas secretas portuguesas. Ao Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) e ao Serviço de Informações de Segurança (SIS), juntam-se neste processo de partilha de informação as várias forças policiais (PJ, PSP, GNR e SEF). Objectivo: agilizar as formalidades na comunicação das informações com vista a acelerar o seu tratamento pelo Sistema de Segurança Interna, que funciona na directa dependência do primeiro-ministro e que tem as competências de coordenação, direcção, controlo e comando operacional. Fonte das secretas avançou aqui que o reforço da cooperação, na esfera nacional passa por se garantir que "é efectiva" a circulação de informação entre as várias polícias e serviços de informação.A discussão sobre a nova estratégia a adoptar no combate ao terrorismo iniciou-se na semana passada com o PS, depois dos recentes acontecimentos em França e na Bélgica, tendo Jorge Lacão, deputado socialista, reunido com Anabela Rodrigues. A ministra quer agora ouvir todos os partidos. PSD/PP, iniciam as rondas de reuniões hoje de manhã, seguindo-se o PCP e as delegações do Bloco de Esquerda e de "Os Verdes". A última ronda de reunião será com o PS.

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