Orçamento empurra economia para pior recessão desde 1975 e desemprego-recorde

20-10-2011
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Corte nos subsídios de férias e Natal leva consumo privado a mínimos históricos. Governo acredita que aumento das horas de trabalho vai minimizar desaceleração das exportações

Em pouco mais de um mês, o Governo mudou radicalmente as suas previsões para a economia portuguesa. No próximo ano, o PIB deverá cair 2,8%, a pior recessão desde o período revolucionário de 1974-75, e a taxa de desemprego vai atingir um valor-recorde de 13,4%. O executivo acredita que a economia já estará a recuperar em 2013, mas o receio é que a forte cura de austeridade venha a lançar a economia numa espiral depressiva, como está a acontecer na Grécia.

Na proposta do Orçamento do Estado (OE) de 2012, ontem apresentada à Assembleia da República, o executivo mostra-se bem mais pessimista quanto à evolução da economia do que no Documento de Estratégia Orçamental (DEO), de Agosto. Nas previsões anteriores, apontava-se para uma quebra do PIB de 2,2% este ano e de 1,8% em 2012. Agora, o cenário inverte-se.

É em 2012 que a economia mais se vai ressentir, caindo 2,8%, após uma quebra de 1,9% este ano. No conjunto dos dois anos, a economia vai resvalar quase 5%. Com medidas com impacto sobre as famílias que equivalem a 5% do seu rendimento disponível e uma inflação esperada de 3,1%, o consumo privado vai cair mais do que o previsto - uns 4,8% recorde. Juntando a isso a quebra do consumo público e do investimento, toda a procura interna vai recuar, o que terá, pelo menos, um efeito positivo: o corte de 4,3% nas importações (no DEO, a previsão era de apenas -1,3%).

É nas exportações que o Governo deposita as esperanças, embora a desaceleração da economia mundial e a crise do euro tenham refreado o optimismo. O crescimento das vendas ao exterior passa de 6,7% em 2011 para 4,8% em 2012, em linha com a desaceleração da procura externa relevante (ou seja, as vendas feitas aos nossos principais parceiros comerciais), que passa de 5,4% a 4,8%. Contudo, estas previsões do executivo assentam numa expectativa: que o aumento dos horários de trabalho em meia hora por dia reduza os custos salariais das empresas e beneficie as exportações. Se isso não acontecer, os números poderão ser piores.

O ministro das Finanças acredita que, em 2013, a economia já estará a crescer, embora moderadamente, e o desemprego a diminuir. Vítor Gaspar rebateu mesmo os críticos que dizem que esta cura de austeridade pode arrastar o país para uma depressão, dizendo que "repetir o erro" de uma política expansionista como a que foi usada para combater a crise de 2008-2009 seria "incompreensível" e "indesculpável".

Corte nos subsídios de férias e Natal leva consumo privado a mínimos históricos. Governo acredita que aumento das horas de trabalho vai minimizar desaceleração das exportações

Em pouco mais de um mês, o Governo mudou radicalmente as suas previsões para a economia portuguesa. No próximo ano, o PIB deverá cair 2,8%, a pior recessão desde o período revolucionário de 1974-75, e a taxa de desemprego vai atingir um valor-recorde de 13,4%. O executivo acredita que a economia já estará a recuperar em 2013, mas o receio é que a forte cura de austeridade venha a lançar a economia numa espiral depressiva, como está a acontecer na Grécia.

Na proposta do Orçamento do Estado (OE) de 2012, ontem apresentada à Assembleia da República, o executivo mostra-se bem mais pessimista quanto à evolução da economia do que no Documento de Estratégia Orçamental (DEO), de Agosto. Nas previsões anteriores, apontava-se para uma quebra do PIB de 2,2% este ano e de 1,8% em 2012. Agora, o cenário inverte-se.

É em 2012 que a economia mais se vai ressentir, caindo 2,8%, após uma quebra de 1,9% este ano. No conjunto dos dois anos, a economia vai resvalar quase 5%. Com medidas com impacto sobre as famílias que equivalem a 5% do seu rendimento disponível e uma inflação esperada de 3,1%, o consumo privado vai cair mais do que o previsto - uns 4,8% recorde. Juntando a isso a quebra do consumo público e do investimento, toda a procura interna vai recuar, o que terá, pelo menos, um efeito positivo: o corte de 4,3% nas importações (no DEO, a previsão era de apenas -1,3%).

É nas exportações que o Governo deposita as esperanças, embora a desaceleração da economia mundial e a crise do euro tenham refreado o optimismo. O crescimento das vendas ao exterior passa de 6,7% em 2011 para 4,8% em 2012, em linha com a desaceleração da procura externa relevante (ou seja, as vendas feitas aos nossos principais parceiros comerciais), que passa de 5,4% a 4,8%. Contudo, estas previsões do executivo assentam numa expectativa: que o aumento dos horários de trabalho em meia hora por dia reduza os custos salariais das empresas e beneficie as exportações. Se isso não acontecer, os números poderão ser piores.

O ministro das Finanças acredita que, em 2013, a economia já estará a crescer, embora moderadamente, e o desemprego a diminuir. Vítor Gaspar rebateu mesmo os críticos que dizem que esta cura de austeridade pode arrastar o país para uma depressão, dizendo que "repetir o erro" de uma política expansionista como a que foi usada para combater a crise de 2008-2009 seria "incompreensível" e "indesculpável".

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