Costa não muda plano para órgãos do partido apesar do caso Sócrates

26-11-2014
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Costa não muda plano para órgãos do partido apesar do caso Sócrates

Marta Moitinho Oliveira e Inês David Bastos

Ontem 00:05

Partido prepara Congresso de consagração de António Costa no momento em que o seu ex-líder é suspeito de corrupção e branqueamento de capitais.

António Costa quer construir uma barreira de defesa à volta do PS que minimize o impacto no partido dos acontecimentos que envolvem o seu ex-líder (e antigo primeiro-ministro), José Sócrates. A estratégia é manter tudo como previsto para o Congresso, incluindo na escolha dos nomes para órgãos do partido, como o secretariado nacional.

"Não conheço nenhuma razão ou necessidade de alterar o que tem sido preparado para este congresso, inclusive, do que se encontra previsto por exemplo para órgãos mais decisivos como o secretariado nacional", disse ao Diário Económico um militante socialista próximo do novo líder.

O Congresso, que acontece uma semana após a eleição de Costa para secretário-geral, serve para consagrar o novo líder. Segundo apurou o Económico, a equipa responsável pela organização do Congresso estava ontem a fechar o programa. Os acontecimentos que começaram na passada sexta-feira, quando Sócrates foi detido à chegada ao aeroporto de Lisboa por ser suspeito da prática de crimes de branqueamento de capitais, corrupção e fraude fiscal, têm marcado os últimos dias. E até obrigaram António Costa a enviar uma mensagem por telemóvel aos militantes do partido no dia das eleições directas, logo pela manhã. O objectivo era separar os sentimentos dos militantes em relação ao que se passa com José Sócrates do rumo do PS. Na noite de sábado, falando do Largo do Rato já como secretário-geral, Costa não apagou Sócrates do passado do PS, mas disse que o partido tem de se concentrar na construção de uma alternativa.

É certo que a ordem é para manter o foco nas eleições legislativas de 2015, mas entre os socialistas existem receios de que o caso possa atingir o PS em cheio. Durante o fim-de-semana, os socialistas ouvidos pelo Económico falavam em "hecatombe" e em ambiente "menos favorável".

Ontem, os poucos socialistas que aceitaram falar em ‘on' aos jornalistas passavam uma mensagem de tristeza com o que está a acontecer com Sócrates, mas não de desistência. "Foi depois do caso Casa Pia que vencemos com maioria absoluta", disse ontem ao Económico Capoulas Santos, mostrando assim que no PS há a convicção de que a maioria absoluta - que Costa já pediu - é possível.

No entanto, o receio de que os estilhaços atinjam o coração do PS são muitos. O "grande desafio" para o PS é evitar sair fragilizado desta situação, o que seria mau para o partido e para o país, disse o eurodeputado Carlos Zorrinho.

No Parlamento, Vieira da Silva e Jorge Lacão, dois ex-ministros de José Sócrates, revelaram "dor" e "consternação" com o que se passa com o ex-líder socialista. E mostraram que o PS não quer repetir a estratégia que adoptou com o escândalo da Casa Pia, quando alimentou a ideia de tese da cabala. Lacão repetiu até a mensagem do novo líder: "A responsabilidade do PS, como sublinhou António Costa, é concentrar-se naquilo que é importante para o destino do país, a acção política".

Costa não muda plano para órgãos do partido apesar do caso Sócrates

Marta Moitinho Oliveira e Inês David Bastos

Ontem 00:05

Partido prepara Congresso de consagração de António Costa no momento em que o seu ex-líder é suspeito de corrupção e branqueamento de capitais.

António Costa quer construir uma barreira de defesa à volta do PS que minimize o impacto no partido dos acontecimentos que envolvem o seu ex-líder (e antigo primeiro-ministro), José Sócrates. A estratégia é manter tudo como previsto para o Congresso, incluindo na escolha dos nomes para órgãos do partido, como o secretariado nacional.

"Não conheço nenhuma razão ou necessidade de alterar o que tem sido preparado para este congresso, inclusive, do que se encontra previsto por exemplo para órgãos mais decisivos como o secretariado nacional", disse ao Diário Económico um militante socialista próximo do novo líder.

O Congresso, que acontece uma semana após a eleição de Costa para secretário-geral, serve para consagrar o novo líder. Segundo apurou o Económico, a equipa responsável pela organização do Congresso estava ontem a fechar o programa. Os acontecimentos que começaram na passada sexta-feira, quando Sócrates foi detido à chegada ao aeroporto de Lisboa por ser suspeito da prática de crimes de branqueamento de capitais, corrupção e fraude fiscal, têm marcado os últimos dias. E até obrigaram António Costa a enviar uma mensagem por telemóvel aos militantes do partido no dia das eleições directas, logo pela manhã. O objectivo era separar os sentimentos dos militantes em relação ao que se passa com José Sócrates do rumo do PS. Na noite de sábado, falando do Largo do Rato já como secretário-geral, Costa não apagou Sócrates do passado do PS, mas disse que o partido tem de se concentrar na construção de uma alternativa.

É certo que a ordem é para manter o foco nas eleições legislativas de 2015, mas entre os socialistas existem receios de que o caso possa atingir o PS em cheio. Durante o fim-de-semana, os socialistas ouvidos pelo Económico falavam em "hecatombe" e em ambiente "menos favorável".

Ontem, os poucos socialistas que aceitaram falar em ‘on' aos jornalistas passavam uma mensagem de tristeza com o que está a acontecer com Sócrates, mas não de desistência. "Foi depois do caso Casa Pia que vencemos com maioria absoluta", disse ontem ao Económico Capoulas Santos, mostrando assim que no PS há a convicção de que a maioria absoluta - que Costa já pediu - é possível.

No entanto, o receio de que os estilhaços atinjam o coração do PS são muitos. O "grande desafio" para o PS é evitar sair fragilizado desta situação, o que seria mau para o partido e para o país, disse o eurodeputado Carlos Zorrinho.

No Parlamento, Vieira da Silva e Jorge Lacão, dois ex-ministros de José Sócrates, revelaram "dor" e "consternação" com o que se passa com o ex-líder socialista. E mostraram que o PS não quer repetir a estratégia que adoptou com o escândalo da Casa Pia, quando alimentou a ideia de tese da cabala. Lacão repetiu até a mensagem do novo líder: "A responsabilidade do PS, como sublinhou António Costa, é concentrar-se naquilo que é importante para o destino do país, a acção política".

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