PCP apostado em segunda volta das presidenciais

16-10-2015
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Edgar Silva apresentou a sua candidatura e garante que irá a votos. Quer impedir que o candidato de direita “tenha o caminho facilitado” e isso significa lutar por garantir uma segunda volta das eleições - e com a esquerda unida nessa altura numa só candidatura, subentende-se

Marcos Borga

Comecemos pelos pormenores. O lançamento da candidatura presidencial apoiada pelo PCP foi no Hotel Altis, em Lisboa, na sala Europa. Mesmo em frente daquela em que, na noite eleitoral, o PS e António Costa assinalaram a derrota nas legislativas. A sala estava cheia, com gente de pé para ouvir o candidato. As palavras de ordem à entrada e à saída foram "Abril vencerá". O clima era de entusiasmo.

O mundo dá muitas voltas e a vida política nacional também. Enquanto decorrem as negociações à esquerda para a eventual formação de um Governo que una PS, Bloco e PCP, Edgar Silva fez a sua apresentação formal como candidato a Belém.

As negociações, porém, ficaram à porta. Embora na sala estivessem dois dos elementos que constituem o grupo de trabalho do PCP - Jorge Cordeiro e João Oliveira -, Edgar Silva não fez qualquer referência ao andamento das conversações com os socialistas. Nem tão pouco durante a sessão de perguntas dos jornalistas, quando foi diretamente confrontado com essa questão.

A César o que é de César, ao partido o que é do partido. No máximo, Edgar Silva aceitou dizer o que faria se estivesse no lugar de Cavaco Silva neste preciso momento. "Respeitaria a decisão dos deputados no Parlamento. É na AR que se formam as maiorias e se encontram as soluções governativas", disse.

Marcos Borga

Rutura e segunda volta

O discurso do dirigente comunista foi carregado de apelos à rutura de políticas e com um forte pendor social. Ou não fosse Edgar Silva padre, defensor da teologia da libertação e comprometido com "a opção preferencial pelos mais pobres". Não é então de admirar as constantes referências ao combate à pobreza - "comprometi-me com a causa da libertação das amarras da pobreza" - ou a "prioridade às crianças", ou a promessa de "acolher o grito dos pobres". Para o candidato, "a injustiça não é invencível" - é preciso combatê-la através de "uma profunda rutura e uma viragem em relação às orientações políticas que tanta desordem e tanta regressão impuseram ao nosso país".

O "património de aprendizagem e de valores da solidariedade" recolhido na sua carreira de sacerdote são "assumidos" por Edgar Silva, que prefere agora separar completamente as águas. "A Constituição não distingue cidadãos em função da religião", o estado "é laico", como fez questão de lembrar, mas também é certo que "os católicos não têm partido" e que "é no santuário das suas consciências que cada um deve decidir".

A decisão, por enquanto, é de travar a batalha de derrotar o candidato da direita. Enquanto de um lado do tabuleiro se perfila apenas Marcelo Rebelo de Sousa, a esquerda surge cada vez mais desmultiplicada. Edgar Silva não vê problema nisso. Antes pelo contrário. "Tudo pode acontecer", disse o mais recente candidato a entrar na corrida, garantindo que "os resultados eleitorais conquistam-se e ainda está tudo por construir".

"A perspetiva de uma segunda volta seria muito importante e quem passar à segunda volta pode ser mesmo este candidato", afirmou. A sala bateu palmas, mas Edgar Silva explicou ainda melhor os objetivos que tem nesta marcação de terreno: "O pior que poderia acontecer era renunciarmos a participar. Isso era facilitar a vida à direita".

E, claro, isso o PCP nunca poderia fazer.

Edgar Silva apresentou a sua candidatura e garante que irá a votos. Quer impedir que o candidato de direita “tenha o caminho facilitado” e isso significa lutar por garantir uma segunda volta das eleições - e com a esquerda unida nessa altura numa só candidatura, subentende-se

Marcos Borga

Comecemos pelos pormenores. O lançamento da candidatura presidencial apoiada pelo PCP foi no Hotel Altis, em Lisboa, na sala Europa. Mesmo em frente daquela em que, na noite eleitoral, o PS e António Costa assinalaram a derrota nas legislativas. A sala estava cheia, com gente de pé para ouvir o candidato. As palavras de ordem à entrada e à saída foram "Abril vencerá". O clima era de entusiasmo.

O mundo dá muitas voltas e a vida política nacional também. Enquanto decorrem as negociações à esquerda para a eventual formação de um Governo que una PS, Bloco e PCP, Edgar Silva fez a sua apresentação formal como candidato a Belém.

As negociações, porém, ficaram à porta. Embora na sala estivessem dois dos elementos que constituem o grupo de trabalho do PCP - Jorge Cordeiro e João Oliveira -, Edgar Silva não fez qualquer referência ao andamento das conversações com os socialistas. Nem tão pouco durante a sessão de perguntas dos jornalistas, quando foi diretamente confrontado com essa questão.

A César o que é de César, ao partido o que é do partido. No máximo, Edgar Silva aceitou dizer o que faria se estivesse no lugar de Cavaco Silva neste preciso momento. "Respeitaria a decisão dos deputados no Parlamento. É na AR que se formam as maiorias e se encontram as soluções governativas", disse.

Marcos Borga

Rutura e segunda volta

O discurso do dirigente comunista foi carregado de apelos à rutura de políticas e com um forte pendor social. Ou não fosse Edgar Silva padre, defensor da teologia da libertação e comprometido com "a opção preferencial pelos mais pobres". Não é então de admirar as constantes referências ao combate à pobreza - "comprometi-me com a causa da libertação das amarras da pobreza" - ou a "prioridade às crianças", ou a promessa de "acolher o grito dos pobres". Para o candidato, "a injustiça não é invencível" - é preciso combatê-la através de "uma profunda rutura e uma viragem em relação às orientações políticas que tanta desordem e tanta regressão impuseram ao nosso país".

O "património de aprendizagem e de valores da solidariedade" recolhido na sua carreira de sacerdote são "assumidos" por Edgar Silva, que prefere agora separar completamente as águas. "A Constituição não distingue cidadãos em função da religião", o estado "é laico", como fez questão de lembrar, mas também é certo que "os católicos não têm partido" e que "é no santuário das suas consciências que cada um deve decidir".

A decisão, por enquanto, é de travar a batalha de derrotar o candidato da direita. Enquanto de um lado do tabuleiro se perfila apenas Marcelo Rebelo de Sousa, a esquerda surge cada vez mais desmultiplicada. Edgar Silva não vê problema nisso. Antes pelo contrário. "Tudo pode acontecer", disse o mais recente candidato a entrar na corrida, garantindo que "os resultados eleitorais conquistam-se e ainda está tudo por construir".

"A perspetiva de uma segunda volta seria muito importante e quem passar à segunda volta pode ser mesmo este candidato", afirmou. A sala bateu palmas, mas Edgar Silva explicou ainda melhor os objetivos que tem nesta marcação de terreno: "O pior que poderia acontecer era renunciarmos a participar. Isso era facilitar a vida à direita".

E, claro, isso o PCP nunca poderia fazer.

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