Da Literatura: AS CASAS DA CML, 6

28-01-2012
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Como anunciou, o Expresso publica hoje uma lista, creio que parcial, de artistas a quem a Câmara de Lisboa atribuiu ateliês. Artistas por conta da Câmara se chama a peça. Ficamos a saber que são 70 os ateliês cedidos, a maioria dos quais (67%) por tempo indeterminado. Dos 70, oito foram cedidos a título gratuito. Um deles é o que João Soares atribuiu em 1998 ao escultor José Pedro Croft. Outros escultores, como Carlos Amado e Lagoa Henriques, pagam 30 e 35 euros, respectivamente. Mas João Vieira, que ocupa actualmente um ateliê de 240 metros quadrados, atribuído por Carmona Rodrigues, paga de renda 250 euros (antes disso esteve 30 anos num dos ateliês de Coruchéus). Outros artistas beneficiados com rendas de 35 euros foram António Cerveira Pinto, Sam, Maria Helena Matos, António Cândido dos Reis, Soares Branco, Gracinda Candeias, etc. O exemplo mais curioso é o da jornalista Dina Aguiar, que «diz não se lembrar dos termos do contrato que estabeleceu com a CML em 1999 [e que] o problema desta sociedade é a dor de cotovelo e a inveja.» OK. Afinal, a prática é anterior ao 25 de Abril. Santos e Castro, presidente da Câmara de Lisboa entre 1970-72, cedeu 22 ateliês a artistas. Vinte e dois. Em democracia, o campeão foi João Soares: cedeu 13. Aquilino Ribeiro Machado cedeu 9. Nuno Abecassis cedeu 4. Jorge Sampaio cedeu 2. Santana e Costa não cederam nenhum. Somando estes números ao ateliê que Carmona atribuiu há dois anos a João Vieira, temos 51 ateliês. Como são 70, há 19 de atribuição incerta. Noutro plano, o das casas, ainda pouco se sabe. Serão, em toda a cidade, 671, com rendas variando entre um euro [sic] e 595,17 euros por um T2 na Avenida Infante Dom Henrique. A reportagem do jornal transcreve uma carta de Baptista-Bastos, importante por esclarecer que a casa de Constância, de que é proprietário, foi adquirida por 800 contos, em 1991, ou seja, seis anos antes de lhe ser atribuída a casa da Câmara. Pela casa da Câmara, um T3 em Benfica, paga 248,80 euros de renda (no mesmo edifício, um apartamento igual está à venda por 260 mil euros). O principal interesse do trabalho do Expresso é desfazer o mito da rebaldaria abrilista. Tudo começou, afinal, com Santos e Castro...Etiquetas: Casas da CML, Lisboa, Sociedade

Como anunciou, o Expresso publica hoje uma lista, creio que parcial, de artistas a quem a Câmara de Lisboa atribuiu ateliês. Artistas por conta da Câmara se chama a peça. Ficamos a saber que são 70 os ateliês cedidos, a maioria dos quais (67%) por tempo indeterminado. Dos 70, oito foram cedidos a título gratuito. Um deles é o que João Soares atribuiu em 1998 ao escultor José Pedro Croft. Outros escultores, como Carlos Amado e Lagoa Henriques, pagam 30 e 35 euros, respectivamente. Mas João Vieira, que ocupa actualmente um ateliê de 240 metros quadrados, atribuído por Carmona Rodrigues, paga de renda 250 euros (antes disso esteve 30 anos num dos ateliês de Coruchéus). Outros artistas beneficiados com rendas de 35 euros foram António Cerveira Pinto, Sam, Maria Helena Matos, António Cândido dos Reis, Soares Branco, Gracinda Candeias, etc. O exemplo mais curioso é o da jornalista Dina Aguiar, que «diz não se lembrar dos termos do contrato que estabeleceu com a CML em 1999 [e que] o problema desta sociedade é a dor de cotovelo e a inveja.» OK. Afinal, a prática é anterior ao 25 de Abril. Santos e Castro, presidente da Câmara de Lisboa entre 1970-72, cedeu 22 ateliês a artistas. Vinte e dois. Em democracia, o campeão foi João Soares: cedeu 13. Aquilino Ribeiro Machado cedeu 9. Nuno Abecassis cedeu 4. Jorge Sampaio cedeu 2. Santana e Costa não cederam nenhum. Somando estes números ao ateliê que Carmona atribuiu há dois anos a João Vieira, temos 51 ateliês. Como são 70, há 19 de atribuição incerta. Noutro plano, o das casas, ainda pouco se sabe. Serão, em toda a cidade, 671, com rendas variando entre um euro [sic] e 595,17 euros por um T2 na Avenida Infante Dom Henrique. A reportagem do jornal transcreve uma carta de Baptista-Bastos, importante por esclarecer que a casa de Constância, de que é proprietário, foi adquirida por 800 contos, em 1991, ou seja, seis anos antes de lhe ser atribuída a casa da Câmara. Pela casa da Câmara, um T3 em Benfica, paga 248,80 euros de renda (no mesmo edifício, um apartamento igual está à venda por 260 mil euros). O principal interesse do trabalho do Expresso é desfazer o mito da rebaldaria abrilista. Tudo começou, afinal, com Santos e Castro...Etiquetas: Casas da CML, Lisboa, Sociedade

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