Fui ontem surpreendido - se é que alguma coisa ainda me pode surpreender neste país e neste governo - com a notícia surgida no telejornal a que eu assistia, segundo a qual será obrigatório responder, no próximo censo populacional, à pergunta sobre qual a "orientação" sexual do "censado".Demorei uns segundos a voltar a fechar a boca. O mesmo Estado que se recusou, noutro censo, realizado anos atrás, a incluir uma utilíssima e indispensável pergunta sobre o tipo e o grau de deficiência ou deficiências dos cidadãos, é o mesmo que agora pretende devassar a vida pessoal e a intimidade daqueles que, supostamente, deveria servir e proteger.Por acaso, a minha "orientação" é a mais comumente instituída, sou um heterossexual impenitente. Mas afirmo, desde já, que me recusarei a responder à pergunta. Sejam quais forem as consequências que isso me acarretar. E que incitarei os meus concidadãos a fazê-lo.Como diria uma conhecida personagem política, por acaso o sr. primeiro-ministro: "Era o que faltava...!". Era o que nos faltava, um Estado voyeur...!
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Fui ontem surpreendido - se é que alguma coisa ainda me pode surpreender neste país e neste governo - com a notícia surgida no telejornal a que eu assistia, segundo a qual será obrigatório responder, no próximo censo populacional, à pergunta sobre qual a "orientação" sexual do "censado".Demorei uns segundos a voltar a fechar a boca. O mesmo Estado que se recusou, noutro censo, realizado anos atrás, a incluir uma utilíssima e indispensável pergunta sobre o tipo e o grau de deficiência ou deficiências dos cidadãos, é o mesmo que agora pretende devassar a vida pessoal e a intimidade daqueles que, supostamente, deveria servir e proteger.Por acaso, a minha "orientação" é a mais comumente instituída, sou um heterossexual impenitente. Mas afirmo, desde já, que me recusarei a responder à pergunta. Sejam quais forem as consequências que isso me acarretar. E que incitarei os meus concidadãos a fazê-lo.Como diria uma conhecida personagem política, por acaso o sr. primeiro-ministro: "Era o que faltava...!". Era o que nos faltava, um Estado voyeur...!