Como estamos hoje?

21-10-2015
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Não sei o que vai acontecer no domingo, mas quando ler esta crónica, já todos saberemos. Significa isto que estou a escrevê-la antes das eleições. Para o caso, não interessa, ou até é melhor, porque os meus desejos de cidadão não têm a ver com qualquer cor política mas, sim, com a qualidade dos políticos. E isso, como em quase todas as profissões, verifica-se em todos os partidos: têm gente competente e interessada no bem comum, e meros carreiristas medíocres. Nada disto tem a ver com partidos, muito menos com ideologias (até porque já pouca gente sabe o que isso é). O que não sei, e receio, é que na altura em que esta crónica sair estejamos numa espécie de pântano, becos sem saída em consequência de resultados de tangente, a que se seguirão, naturalmente, as infindáveis negociações, recuos, amuos, exigências. Nesse sentido, sem dúvida que teria sido preferível uma maioria absoluta, de um lado ou outro. Aí saberemos a quem pedir contas, a quem exigir promessas feitas. Aí haverá só um líder, para o bem e para o mal. Veja-se, a propósito, e perdoem--me o desvio, o que aconteceu ao Bloco de Esquerda. Depois daquela absoluta bizarria de não ter líder mas um conjunto de pessoas, e que depois são “representadas” por não um, mas dois porta-vozes, quis o destino que a situação se esclarecesse, ainda que pelas piores razões; o afastamento de cena, por doença, de João Semedo. Uma triste circunstância, mas que deixou Catarina Martins sozinha num lugar que, precisamente, se deve ocupar a solo. Voltando aos cenários que nos esperam, receio, precisamente, águas turvas de muitas cabeças a ditar sentenças, sobretudo se chegarmos ao ponto em que PS se tenha de entender com PSD-CDS. É costume dizer-se que não há muito que os diferencie, e que são eternas caras-metades de um centrão. Talvez sejam. No essencial, duas forças que nasceram de ideologias diferentes, mas que hoje mais não são do que dois grupos de diferentes pessoas que fazem política e estratégia pela mesma bitola: a de chegar ao poder, e beneficiarem com isso, à vez. Se há coisa que normalmente caracteriza grupos muito iguais é não quererem a companhia do outro. Porque faz sombra, e não gostam de dividir poder. Não sei se é isso que se passa, agora que passaram as eleições, mas se estivermos nas mãos de negociações entre estes dois grupos de poder, esperemos que apareça por aí o que muitos chamam “sentido de Estado”, mas que deveria chamar-se sentido patriótico de zelar pelos portugueses. Custar-me-á muito continuar a viver num país onde, havendo alianças possíveis para não prejudicar os cidadãos, as birras partidárias falem mais alto. Já passámos por muito. Para nem chegar aos tempos da ditadura, já passámos por muito na nossa jovem democracia. E é verdade que houve sempre altos e baixos, e ainda mais verdade que não adianta eternizar a discussão de quem começou o quê, ou do “teve de ser assim por causa do estado em que os nossos adversários deixaram o País”. Seja qual for hoje o cenário, espero políticos maiores do que a simples guerrilha partidária.

Não sei o que vai acontecer no domingo, mas quando ler esta crónica, já todos saberemos. Significa isto que estou a escrevê-la antes das eleições. Para o caso, não interessa, ou até é melhor, porque os meus desejos de cidadão não têm a ver com qualquer cor política mas, sim, com a qualidade dos políticos. E isso, como em quase todas as profissões, verifica-se em todos os partidos: têm gente competente e interessada no bem comum, e meros carreiristas medíocres. Nada disto tem a ver com partidos, muito menos com ideologias (até porque já pouca gente sabe o que isso é). O que não sei, e receio, é que na altura em que esta crónica sair estejamos numa espécie de pântano, becos sem saída em consequência de resultados de tangente, a que se seguirão, naturalmente, as infindáveis negociações, recuos, amuos, exigências. Nesse sentido, sem dúvida que teria sido preferível uma maioria absoluta, de um lado ou outro. Aí saberemos a quem pedir contas, a quem exigir promessas feitas. Aí haverá só um líder, para o bem e para o mal. Veja-se, a propósito, e perdoem--me o desvio, o que aconteceu ao Bloco de Esquerda. Depois daquela absoluta bizarria de não ter líder mas um conjunto de pessoas, e que depois são “representadas” por não um, mas dois porta-vozes, quis o destino que a situação se esclarecesse, ainda que pelas piores razões; o afastamento de cena, por doença, de João Semedo. Uma triste circunstância, mas que deixou Catarina Martins sozinha num lugar que, precisamente, se deve ocupar a solo. Voltando aos cenários que nos esperam, receio, precisamente, águas turvas de muitas cabeças a ditar sentenças, sobretudo se chegarmos ao ponto em que PS se tenha de entender com PSD-CDS. É costume dizer-se que não há muito que os diferencie, e que são eternas caras-metades de um centrão. Talvez sejam. No essencial, duas forças que nasceram de ideologias diferentes, mas que hoje mais não são do que dois grupos de diferentes pessoas que fazem política e estratégia pela mesma bitola: a de chegar ao poder, e beneficiarem com isso, à vez. Se há coisa que normalmente caracteriza grupos muito iguais é não quererem a companhia do outro. Porque faz sombra, e não gostam de dividir poder. Não sei se é isso que se passa, agora que passaram as eleições, mas se estivermos nas mãos de negociações entre estes dois grupos de poder, esperemos que apareça por aí o que muitos chamam “sentido de Estado”, mas que deveria chamar-se sentido patriótico de zelar pelos portugueses. Custar-me-á muito continuar a viver num país onde, havendo alianças possíveis para não prejudicar os cidadãos, as birras partidárias falem mais alto. Já passámos por muito. Para nem chegar aos tempos da ditadura, já passámos por muito na nossa jovem democracia. E é verdade que houve sempre altos e baixos, e ainda mais verdade que não adianta eternizar a discussão de quem começou o quê, ou do “teve de ser assim por causa do estado em que os nossos adversários deixaram o País”. Seja qual for hoje o cenário, espero políticos maiores do que a simples guerrilha partidária.

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