ABRUPTO

24-01-2012
marcar artigo

RETRATOS DO TRABALHO EM MARCHEGG BANHOF, A�STRIA

Tirei esta foto em Julho de 2006 na cidade austr�aca de Marchegg Banhof a 1km da fronteira com a Eslov�quia e frente � fabrica da Volkswagen. Asfaltavam a rua em frente da �vivenda Lisboa� onde passo f�rias.

(Lu�s Falc�o da Fonseca)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: PERGUNTA

No �trio das Chegadas do Aeroporto da Portela, est�o tr�s m�quinas, separadas por meia-d�zia de metros:

Uma ATM, um quiosque de informa��es da Direc��o Geral de Transportes Terrestres e um posto-p�blico (mas pertencente a uma empresa privada) para navega��o na Internet.

H� ainda, ali perto, carrinhos para crian�as (que funcionam com moedas), m�quinas diversas (de venda de chocolates, de �guas e de refrigerantes), al�m das de pagamento do parque de estacionamento.

Sucede que, de todas estas m�quinas, h� uma (e s� uma) que n�o funciona. Como, h� cerca de um ano, j� estava assim, perguntei a uma funcion�ria da ANA o que se passava. Sorriu, e respondeu-me que �Normalmente N�O funciona�.

A pergunta (que, por ser demasiado f�cil, n�o tem direito a pr�mio) �: a qual dessas m�quinas me estou a referir?

Uma "dica": segundo se l� numa etiqueta, foi co-financiada pelo POSI (e POR SI) e pelo FEDER.

(C. Medina Ribeiro)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: BENDITO MERCADO

Nunca o senhor Orestes Handy de S�o Jo�o imaginou que o seu exemplar de Os Lus�adas , comprado em Boston em 16 de Fevereiro de 1867, e deixado em legado � Universidade de Stanford estaria dispon�vel para leitura e c�pia para qualquer pessoa no mundo. Bendito mercado que leva Google Books a pensar que poder� fazer dinheiro oferecendo Os Lus�adas de gra�a.

Descri��o em portugu�s.

(Nuno M. Cabe�adas) (Lu�s Teixeira)(Nuno M. Cabe�adas)

RETRATOS DO TRABALHO NO PORTO, PORTUGAL

Casa da M�sica, no Porto, onde se procede � limpeza dos vidros - tirada ontem � tarde.

(Jos� Manuel de Figueiredo)

INTEND�NCIA

Actualizada a nota LENDO / VENDO / OUVINDO �TOMOS E BITS de 25 de Agosto de 2006 com o coment�rio do jornalista Filipe Campos Ferreira respons�vel pelo directo da SIC feito na Azinhaga dos Besouros. Actualizada a notacom o coment�rio do jornalista Filipe Campos Ferreira respons�vel pelo directo da SIC feito na Azinhaga dos Besouros.

DEVE HAVER CONFUS�O COM A RESOLU��O 1701...

Fico a saber que a for�a que vai para o L�bano � uma companhia de engenharia, e segundo o ministro foi enviada " num contexto humanit�rio ". Sempre apoiei o envio de tropas da UE, a come�ar pelas portuguesas, para implementar a Resolu��o 1701 das Na��es Unidas... mas tanto quanto eu sei a miss�o da UNIFIL n�o � propriamente humanit�ria, nem tem como objectivo "reconstruir" o Sul do L�bano. O seu objectivo n�o � constru��o civil, mas garantir que o Governo do L�bano � exer�a a soberania plena de modo a que n�o haja a� armas sem consentimento do Governo do L�bano �, e o � desarmamento de todos os grupos armados no L�bano (�) de modo a que n�o haja armas ou autoridade no L�bano que n�o sejam as do Estado L�ban�s. � Fico a saber que a for�a que vai para o L�bano � uma companhia de engenharia, e segundo o ministro foi enviada "". Sempre apoiei o envio de tropas da UE, a come�ar pelas portuguesas, para implementar a Resolu��o 1701 das Na��es Unidas... mas tanto quanto eu sei a miss�o da UNIFIL n�o � propriamente humanit�ria, nem tem como objectivo "reconstruir" o Sul do L�bano. O seu objectivo n�o � constru��o civil, mas garantir que o Governo do L�bano ��, e o �

LENDO

VENDO

OUVINDO

�TOMOS E BITS

de 31 de Agosto de 2006

V�rios dias de jornais, muitas e variegadas coisas. Um jornal morto, o Independente , o que � sempre mau. N�o importa que se concorde ou discorde, e o Independente teve coisas muito m�s e coisas muito boas, mas quando acaba um jornal fica-se sempre mais pobre. Posso agora arrumar a colec��o integral do Independente no arquivo morto, mas tenho a certeza que continuarei a consulta-la.

Agora que um jornal morreu, continuo perplexo com a vida de outros. Como � que o Seman�rio sobrevive? N�o lhe desejo nada de mal, mas � para mim um mist�rio a sua continuidade sem jornalistas, sem leitores e sem anunciantes.

*

Hoje no Di�rio de Not�cias uma grande entrevista a M�rio Soares, que h� muitos anos d� a este jornal as suas melhores entrevistas. N�o importam todas as discord�ncias, quer com a sua campanha presidencial recente, quer com as opini�es sobre pol�tica internacional que mais uma vez reitera. H� uma coisa que s� Soares podia dizer de si pr�prio, aquilo que � ao mesmo tempo a sua for�a e a sua puls�o para s� se ouvir a si pr�prio e fazer asneiras, a sua fus�o �nica de virtudes que s�o ao mesmo tempo defeitos e vice-versa: " Sou resistente, tenho uma carapa�a s�lida. N�o sou uma an�mona impression�vel, quer por qualquer cr�tica ou por um simples desaire eleitoral. ". N�o, n�o � uma "an�mona", mas tamb�m o seu desaire eleitoral n�o foi "simples"...

(Continua) V�rios dias de jornais, muitas e variegadas coisas. Um jornal morto, o, o que � sempre mau. N�o importa que se concorde ou discorde, e oteve coisas muito m�s e coisas muito boas, mas quando acaba um jornal fica-se sempre mais pobre. Posso agora arrumar a colec��o integral dono arquivo morto, mas tenho a certeza que continuarei a consulta-la.Agora que um jornal morreu, continuo perplexo com a vida de outros. Como � que osobrevive? N�o lhe desejo nada de mal, mas � para mim um mist�rio a sua continuidade sem jornalistas, sem leitores e sem anunciantes.Hoje nouma grande entrevista a M�rio Soares, que h� muitos anos d� a este jornal as suas melhores entrevistas. N�o importam todas as discord�ncias, quer com a sua campanha presidencial recente, quer com as opini�es sobre pol�tica internacional que mais uma vez reitera. H� uma coisa que s� Soares podia dizer de si pr�prio, aquilo que � ao mesmo tempo a sua for�a e a sua puls�o para s� se ouvir a si pr�prio e fazer asneiras, a sua fus�o �nica de virtudes que s�o ao mesmo tempo defeitos e vice-versa: "". N�o, n�o � uma "an�mona", mas tamb�m o seu desaire eleitoral n�o foi "simples"...(Continua)

JUDEU ERRANTE

Mais uma corrida, mais uma viagem.

De regresso.

COISAS SIMPLES

(John Frederick Peto) (John Frederick Peto)

RETRATOS DO TRABALHO EM MADRID, ESPANHA

Homem-est�tua (de barro) prepara-se para iniciar o seu trabalho em frente ao Museu do Prado em Madrid.

(Pedro Oliveira)

Homem-est�tua (de barro) prepara-se para iniciar o seu trabalho em frente ao Museu do Prado em Madrid.(Pedro Oliveira)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:

A CENT�SIMA DE �LCOOL QUE FAZ NOT�CIA

Vejo os telejornais na "diagonal", tal qual os jornais em papel, porque me deprimiriam se lhe desse a import�ncia que pedem. Saltito de canal quando o sangue me invade a mesa de jantar, e uma bola que rola e rola me parte a loi�a! Mas n�o deixei de ouvir com a aten��o poss�vel o disparate sobre a taxa de alcool�mia. N�o ouvi uma s� refer�ncia, nos canais que vi, ao erro dos instrumentos.

Lembrar-se-�o, por exemplo, que o Euro valia 200,482 Escudos. Ter� significado, cient�fico e fisiol�gico, a cent�sima de �lcool que faz capa de TV e de Jornal nestes dias? Saber�o que um medidor digital de tens�o arterial, por exemplo, � menos fiav�l que um anal�gico?

Perguntas/not�cias para ouvir, nos dias que se seguem, se n�o houver outro sangue a noticiar!

(Am�lcar A.)

*

Considerar-se que um determinado erro � "grande" ou "pequeno" � algo que tanto pode fazer sentido como n�o fazer - depende do que estiver em causa, evidentemente. Neste caso da alcoolemia, Am�lcar A. defende que a diferen�a entre 0,57 g/l e 0,50 g/litro n�o tem significado fisiol�gico - apesar de esse facto implicar a possibilidade de a pessoa ter mais 14% de �lcool no sangue. � bem poss�vel que tenha raz�o (pois muitas das reac��es fisiol�gicas s�o aproximadamente logar�tmicas e n�o lineares); s� n�o me parece curial misturar essa argumenta��o com euros, pois se algu�m me dever � 57 euros e s� me quiser pagar � 50... eu sinto a diferen�a...

Mas isso tem pouca import�ncia. O que � grave (como hoje, e bem, escreve Nuno Pacheco no Editorial do �P�BLICO�) s�o os sinais que s�o dados aos automobilistas num pa�s onde morre mais gente nas estradas do que norte-americanos no Iraque.

Ent�o e a DGV demorou 8-anos-oito a descobrir que devia aplicar a directiva da Organiza��o Internacional de Metrologia Legal? Ent�o e as pessoas que, durante todos estes anos, foram multadas, detidas ou punidas com cassa��o de carta � conta de valores que, porventura, estar�o errados?

Mas dizem-nos que �o problema j� est� a ser resolvido�, pelo que nos resta o consolo de verificar que, mais uma vez, se confirma o famoso diagn�stico que uma empresa internacional de consultadoria fez - ao analisar r�bulas semelhantes:

�Os gestores portugueses s�o muito bons a resolver os problemas que eles pr�prios criam�.

C. Medina Ribeiro

EARLY MORNING BLOGS

853 - Les mauvais artisans

Ce sont, dans les vingt-huit maisons du Ciel ; la Navette �toil�e qui jamais n�a tiss� de soie ;

Le Taureau constell�, corde au cou, et qui ne peut tra�ner sa voiture ;

Le Filet myriadaire si bien fait pour coiffer les li�vres et qui n'en prend jamais ;

Le Van qui ne vanne pas ; la Cuiller sans usage m�me pour mesurer l'huile !

Et le peuple des artisans terrestres accuse les c�lestes d'imposture et de nullit�.

Le po�te dit : Ils rayonnent.

(Victor Segalen)

*

(Victor Segalen)

Bom dia! Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO EM PONTE DA BARCA, PORTUGAL

Preparando a ilumina��o para as festas em Ponte da Barca.

(Gil Coelho) Preparando a ilumina��o para as festas em Ponte da Barca.(Gil Coelho)

LENDO

VENDO

OUVINDO

�TOMOS E BITS

de 28 de Agosto de 2006

OS NOVOS DESCOBRIMENTOS :

*

No

*

No sixties e a dificuldade de generalizar. Nos rochas marcianas de um novo tipo. O mundo torna-se mais complexo. Quem disse que os diagramas n�o t�m a categoria da beleza?No Natureza do Mal , notas e reprodu��es do cat�logo da exposi��o da Funda��o Cartier-Bresson, comissariada por Agn�s Sire, com fotos surpreendentes. Simone Beauvoir como "jeune fille" de costas e como intelectual existencialista de frente.No Da Literatura mais uma nota cautelar sobre ose a dificuldade de generalizar. Nos ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO escrevi h� algum tempo uma nota sobre a dif�cil fus�o entre o radicalismo cultural e pol�tico que se come�ou a dar nos anos � volta de 1968, sendo as ra�zes da contra-cultura radical anteriores e mesmo percursoras do radicalismo pol�tico. Este movimento a dois foi travado na d�cada de setenta pela extremiza��o dos movimentos pol�tico-estudantis (em Portugal e na Europa) e pelo fim do per�odo "liberal" do marcelismo. No entanto, depois do 25 de Abril verificou-se que tinha sido um ponto sem retorno.

FONTES PARA A HIST�RIA DA IMPRENSA ENQUANTO INSTRUMENTO DO GRANDE CAPITAL

(De uma hist�ria aos quadradinhos de propaganda nazi, England ahoi! , publicada em Portugal nos anos quarenta durante a guerra.) (De uma hist�ria aos quadradinhos de propaganda nazi,, publicada em Portugal nos anos quarenta durante a guerra.)

NUNCA � TARDE PARA APRENDER: NAPOLE�O

J Marshall Cornwall, Napoleon as Military Commander

Durante a retirada da Grande Arm�e da R�ssia, o seu primeiro grande desastre militar, Napole�o teve muita dificuldade em atravessar o rio Berezin� tendo que construir uns pont�es de emerg�ncia debaixo de fogo. Devido ao congestionamento na travessia, Napole�o ordenou a destrui��o da maioria dos transportes de bagagens pessoais dos seus oficiais, ordem que nem sempre foi cumprida. Napole�o deu o exemplo e um dos seus trens de bagagem que foi queimado continha a sua biblioteca pessoal.

*

Depois da morte de Napole�o, Jean-Baptiste Bernadotte, (veio a ser Carlos XIV, rei da Su�cia, progenitor da actual dinastia, e que tinha fama de ter uma tatuagem revolucion�ria a dizer "Mort aus rois"...) que come�ou como marechal de Napole�o e acabou seu inimigo, disse do seu mentor:

" Napole�o n�o foi conquistado pelas armas. Ele era maior do que qualquer de n�s. Mas Deus puniu-o porque ele apoiava-se apenas na sua intelig�ncia, at� que esse poderoso instrumento foi levado a um ponto de ruptura. No fim, tudo se quebra."

J Marshall Cornwall,Durante a retirada dada R�ssia, o seu primeiro grande desastre militar, Napole�o teve muita dificuldade em atravessar o rio Berezin� tendo que construir uns pont�es de emerg�ncia debaixo de fogo. Devido ao congestionamento na travessia, Napole�o ordenou a destrui��o da maioria dos transportes de bagagens pessoais dos seus oficiais, ordem que nem sempre foi cumprida. Napole�o deu o exemplo e um dos seus trens de bagagem que foi queimado continha a sua biblioteca pessoal.Depois da morte de Napole�o, Jean-Baptiste Bernadotte, (veio a ser Carlos XIV, rei da Su�cia, progenitor da actual dinastia, e que tinha fama de ter uma tatuagem revolucion�ria a dizer "Mort aus rois"...) que come�ou como marechal de Napole�o e acabou seu inimigo, disse do seu mentor:

EARLY MORNING BLOGS

852 - Un libro

Apenas una cosa entre las cosas

Pero tambi�n un arma. Fue forjada

En Inglaterra, en 1604,

Y la cargaron con un sue�o. Encierra

Sonido y furia y noche y escarlata.

Mi palma la sopesa. Qui�n dir�a

Que contiene el infierno: las barbadas

Brujas que son las parcas, los pu�ales

Que ejecutan las leyes de la sombra,

El aire delicado del castillo

Que te ver� morir, la delicada

Mano capaz de ensangrentar los mares,

La espada y el clamor de la batalla.

Ese tumulto silencioso duerme

En el �mbito de uno de los libros

Del tranquilo anaquel. Duerme y espera.

(Jorge Luis Borges)

*

Bom dia! (Jorge Luis Borges)Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO EM CASABLANCA, MARROCOS

Mesquita de Hassan II � Casablanca - Um oper�rio a consertar os mosaicos

(Raul Cesar de S�)

Mesquita de Hassan II � Casablanca - Um oper�rio a consertar os mosaicos(Raul Cesar de S�)

RETRATOS DO TRABALHO EM MACAU, CHINA

Num andaime feito de canas de bambu, trabalhadores executam tarefas de repara��o na pira do est�dio da Taipa, palco da cerim�nia de abertura dos 1.os Jogos da Lusofonia Macau 2006, entre os dias 7 e 15 de Outubro.A fotografia foi tirada em 21 de Agosto de 2006, na ilha da Taipa, Macau.

(Vasco Bismarck)

ANTES DA GRIPE DAS AVES, QUANDO OS ANIMAIS DE CAPOEIRA ERAM NOSSOS AMIGOS

BIBLIOFILIA: GRANDES CAPASANTES DA GRIPE DAS AVES, QUANDO OS ANIMAIS DE CAPOEIRA ERAM NOSSOS AMIGOS

EARLY MORNING BLOGS

851 - Money

Quarterly, is it, money reproaches me:

'Why do you let me lie here wastefully?

I am all you never had of goods and sex.

You could get them still by writing a few cheques.'

So I look at others, what they do with theirs:

They certainly don't keep it upstairs.

By now they've a second house and car and wife:

Clearly money has something to do with life

- In fact, they've a lot in common, if you enquire:

You can't put off being young until you retire,

And however you bank your screw, the money you save

Won't in the end buy you more than a shave.

I listen to money singing. It's like looking down

From long French windows at a provincial town,

The slums, the canal, the churches ornate and mad

In the evening sun. It is intensely sad.

(Philip Larkin)

*

Bom dia! (Philip Larkin)Bom dia!

FONTES PARA A HIST�RIA DO "MODELO SOCIAL EUROPEU"

Werner Kahl, Viagens do Oper�rio Alem�o , Servi�o Alem�o de Informa��es , 1941

BIBLIOFILIA: GRANDES CAPAS

EARLY MORNING BLOGS

850 - The House Was Quiet and the World Was Calm

The house was quiet and the world was calm.

The reader became the book; and summer night

Was like the conscious being of the book.

The house was quiet and the world was calm.

The words were spoken as if there was no book,

Except that the reader leaned above the page,

Wanted to lean, wanted much most to be

The scholar to whom the book is true, to whom

The summer night is like a perfection of thought.

The house was quiet because it had to be.

The quiet was part of the meaning, part of the mind:

The access of perfection to the page.

And the world was calm. The truth in a calm world,

In which there is no other meaning, itself

Is calm, itself is summer and night, itself

Is the reader leaning late and reading there.

(Wallace Stevens)

*

Bom dia! (Wallace Stevens)Bom dia!

COISAS DA S�BADO

1- RESOLU��ES DA ONU DE PRIMEIRA E DE SEGUNDA

Os mesmos que dizem que Israel perdeu a guerra, os mesmos ali�s que mostravam uma admira��o sacrossanta por aquilo a que chamavam �comunidade internacional� e pela ONU, falam pouco do conte�do da Resolu��o 1701 que permitiu o cessar-fogo. Mas dizem � boca cheia que a Resolu��o n�o � para aplicar, ou � inaplic�vel a anteriori e op�em-se � sua implementa��o no seu ponto mais importante � o envio de uma for�a militar � negando frontalmente, no caso portugu�s, qualquer participa��o de militares nacionais na implementa��o dessa Resolu��o.

N�o h� nada como ir ver o texto para perceber por que raz�o a Resolu��o incomoda tanto e tamb�m perceber as diferentes raz�es por que ela foi aceite pelos beligerantes. Tenho para mim que essas raz�es s�o evidentes: para Israel era fundamental a internacionaliza��o do conflito envolvendo outros parceiros ocidentais que n�o os EUA na seguran�a da fronteira norte de Israel, colocando-os pr�ximos daquilo que d�i no vespeiro do M�dio Oriente, ou seja pr�ximos do Hezbollah, da S�ria e do Ir�o a ver se percebem com quem Israel tem que lidar; para o Hezbollah evitava a invas�o terrestre do Sul do L�bano, que essa sim poderia levar a uma forte derrocada do seu aparelho militar para o que os ataques a�reos n�o chegam. Depois, o resto se veria.

H� uma m� f� evidente nas raz�es da aceita��o por parte de ambos os lados: Israel sabe que sem agir militarmente contra o Hezbollah este nunca aceitar� ser desarmado, e coloca o problema nos amplos bra�os da Fran�a (e por interposta Fran�a na am�vel UE), e o Hezbollah quer ganhar tempo e sabe que s� muito dificilmente a for�a internacional actuar� contra ele, como j� aconteceu no passado.

2 � NADA COMO IR LER O TEXTO

O que � que diz o texto da Resolu��o (de origem americano-francesa registe-se)? Deixando de parte a ret�rica destinada a permitir que todos � neste caso todos � o governo do L�bano e Israel � salvem a face, a Resolu��o implica o cessar-fogo imediato e a retirada das for�as israelitas do territ�rio liban�s, entregando o controle pleno da fronteira sul ao ex�rcito liban�s com a assist�ncia das for�as da UNIFIL

Ao Hezbollah pede-se que cesse todos os �ataques� e a Israel que cesse �todas as opera��es militares ofensivas�, o que j� � uma diferen�a em �diplomat�s�, embora aqui essa l�ngua n�o seja muito relevante. A seguir come�a a delinear-se a �solu��o� da �comunidade internacional� que, se for avante, muda de facto a situa��o do L�bano: � suposto que o governo liban�s assuma o controlo da sua fronteira, �exer�a a soberania plena de modo a que n�o haja a� armas sem consentimento do Governo do L�bano�, o que j� n�o acontece h� muitos anos devido � ocupa��o de facto dessa fronteira pelo Hezbollah. Mais � frente repete-se o que j� tinha sido decidido noutras resolu��es da ONU nunca aplicadas: o �desarmamento de todos os grupos armados no L�bano (�) de modo a que n�o haja armas ou autoridade no L�bano que n�o sejam as do Estado L�ban�s.� Mais ainda: n�o deve haver �for�as estrangeiras no L�bano sem o consentimento do Governo liban�s�, o que se aplica a Israel, mas tamb�m � S�ria.

Ao Governo liban�s s�o assacadas v�rias responsabilidades, que se centram no impedimento de quaisquer actividades militares ou para-militares contra Israel: controle do fluxo de armas, treino militar de mil�cias, e vigil�ncia nos postos de fronteira (com a S�ria como � �bvio) para impedir a ajuda militar ao Hezbollah.

A principal diferen�a substantiva entre esta Resolu��o e as anteriores - cuja n�o aplica��o foi consentida pelos mesmos que agora se indignam com o conflito � � o refor�o da UNIFIL para um m�ximo de 15000 efectivos e aquilo que se considera um mandato mais musculado dessa for�a, ou seja � suposto que n�o se fique por ver e relatar o que se passa, mas que actue. Sobre esse mandato, cuja actua��o deve ser coordenada com os governos do L�bano e Israel (com os dois, embora a for�a s� esteja no L�bano) em v�rios aspectos, assenta na tomada �de todas as ac��es necess�rias nas �reas onde estejam estacionadas as suas for�as e em fun��o das suas capacidades para assegurar que a sua �rea de opera��es n�o � utilizada para actividades hostis de qualquer tipo, resistindo a todas as tentativas para a impedir � for�a de n�o cumprir com os seus objectivos ao abrigo do mandato do Conselho de Seguran�a�.

Lendo o texto percebe-se que ele � o resultado directo da guerra, mesmo que reitere muito do que j� tinha sido �decidido� em anteriores resolu��es da ONU, naquilo que � uma maior obriga��o da �comunidade internacional� de acabar com a ocupa��o militar do Sul do L�bano pelas mil�cias do Hezbollah e de assegurar uma fronteira norte segura para Israel. Como Israel n�o tem reivindica��es territoriais sobre o L�bano, tudo o que diga respeito ao desenho da fronteira � irrelevante para Israel desde que esta permane�a segura.

3 � TOMAR A S�RIO O TEXTO DA RESOLU��O MESMO QUE SE DUVIDE DA SUA APLICA��O

Conseguir� a ONU, sem os EUA presentes na for�a militar e contando com o suposto envolvimento das na��es europeias (a atitude da Fran�a de um passo � frente e dois atr�s n�o surpreende ningu�m) ajudar a pacificar o L�bano, ou seja a retirar da pol�tica armada libanesa o Ir�o e a S�ria? A julgar pelo passado, a resposta � n�o. � muito pouco prov�vel que franceses, italianos, portugueses, espanh�is e outros andem aos tiros com o Hezbollah, para assegurar o efectivo controlo da fronteira, suprindo o ineficaz e hesitante controlo feito por um d�bil Governo liban�s. E no entanto, tomar a resolu��o da ONU � letra, � um passo que se justifica, por maiores que sejam as reservas quanto � sua implementa��o. H�, insisto, vantagens de todo o tipo em dar esta �ltima oportunidade � �comunidade internacional� na base de uma Resolu��o que consiste de facto numa vit�ria diplom�tica para Israel, como percebem muito bem os seus cr�ticos. Israel que fez uma guerra pela metade, e as guerras pela metade normalmente perdem-se, jogou forte no envolvimento da �comunidade internacional� ou seja , na pr�tica, no dos pa�ses da UE para os confrontar com as suas responsabilidades. O modo como eles v�o responder � e h� sinais contradit�rios dessa resposta � vai definir mais eficazmente o significado pol�tico da �Europa� comunit�ria do que cem Constitui��es. Vamos ver. Os mesmos que dizem que Israel perdeu a guerra, os mesmos ali�s que mostravam uma admira��o sacrossanta por aquilo a que chamavam �comunidade internacional� e pela ONU, falam pouco do conte�do da Resolu��o 1701 que permitiu o cessar-fogo. Mas dizem � boca cheia que a Resolu��o n�o � para aplicar, ou � inaplic�vel a anteriori e op�em-se � sua implementa��o no seu ponto mais importante � o envio de uma for�a militar � negando frontalmente, no caso portugu�s, qualquer participa��o de militares nacionais na implementa��o dessa Resolu��o.N�o h� nada como ir ver o texto para perceber por que raz�o a Resolu��o incomoda tanto e tamb�m perceber as diferentes raz�es por que ela foi aceite pelos beligerantes. Tenho para mim que essas raz�es s�o evidentes: para Israel era fundamental a internacionaliza��o do conflito envolvendo outros parceiros ocidentais que n�o os EUA na seguran�a da fronteira norte de Israel, colocando-os pr�ximos daquilo que d�i no vespeiro do M�dio Oriente, ou seja pr�ximos do Hezbollah, da S�ria e do Ir�o a ver se percebem com quem Israel tem que lidar; para o Hezbollah evitava a invas�o terrestre do Sul do L�bano, que essa sim poderia levar a uma forte derrocada do seu aparelho militar para o que os ataques a�reos n�o chegam. Depois, o resto se veria.H� uma m� f� evidente nas raz�es da aceita��o por parte de ambos os lados: Israel sabe que sem agir militarmente contra o Hezbollah este nunca aceitar� ser desarmado, e coloca o problema nos amplos bra�os da Fran�a (e por interposta Fran�a na am�vel UE), e o Hezbollah quer ganhar tempo e sabe que s� muito dificilmente a for�a internacional actuar� contra ele, como j� aconteceu no passado.O que � que diz o texto da Resolu��o (de origem americano-francesa registe-se)? Deixando de parte a ret�rica destinada a permitir que todos � neste caso todos � o governo do L�bano e Israel � salvem a face, a Resolu��o implica o cessar-fogo imediato e a retirada das for�as israelitas do territ�rio liban�s, entregando o controle pleno da fronteira sul ao ex�rcito liban�s com a assist�ncia das for�as da UNIFILAo Hezbollah pede-se que cesse todos os �ataques� e a Israel que cesse �todas as opera��es militares ofensivas�, o que j� � uma diferen�a em �diplomat�s�, embora aqui essa l�ngua n�o seja muito relevante. A seguir come�a a delinear-se a �solu��o� da �comunidade internacional� que, se for avante, muda de facto a situa��o do L�bano: � suposto que o governo liban�s assuma o controlo da sua fronteira, �exer�a a soberania plena de modo a que n�o haja a� armas sem consentimento do Governo do L�bano�, o que j� n�o acontece h� muitos anos devido � ocupa��o de facto dessa fronteira pelo Hezbollah. Mais � frente repete-se o que j� tinha sido decidido noutras resolu��es da ONU nunca aplicadas: o �desarmamento de todos os grupos armados no L�bano (�) de modo a que n�o haja armas ou autoridade no L�bano que n�o sejam as do Estado L�ban�s.� Mais ainda: n�o deve haver �for�as estrangeiras no L�bano sem o consentimento do Governo liban�s�, o que se aplica a Israel, mas tamb�m � S�ria.Ao Governo liban�s s�o assacadas v�rias responsabilidades, que se centram no impedimento de quaisquer actividades militares ou para-militares contra Israel: controle do fluxo de armas, treino militar de mil�cias, e vigil�ncia nos postos de fronteira (com a S�ria como � �bvio) para impedir a ajuda militar ao Hezbollah.A principal diferen�a substantiva entre esta Resolu��o e as anteriores - cuja n�o aplica��o foi consentida pelos mesmos que agora se indignam com o conflito � � o refor�o da UNIFIL para um m�ximo de 15000 efectivos e aquilo que se considera um mandato mais musculado dessa for�a, ou seja � suposto que n�o se fique por ver e relatar o que se passa, mas que actue. Sobre esse mandato, cuja actua��o deve ser coordenada com os governos do L�bano e Israel (com os dois, embora a for�a s� esteja no L�bano) em v�rios aspectos, assenta na tomada �de todas as ac��es necess�rias nas �reas onde estejam estacionadas as suas for�as e em fun��o das suas capacidades para assegurar que a sua �rea de opera��es n�o � utilizada para actividades hostis de qualquer tipo, resistindo a todas as tentativas para a impedir � for�a de n�o cumprir com os seus objectivos ao abrigo do mandato do Conselho de Seguran�a�.Lendo o texto percebe-se que ele � o resultado directo da guerra, mesmo que reitere muito do que j� tinha sido �decidido� em anteriores resolu��es da ONU, naquilo que � uma maior obriga��o da �comunidade internacional� de acabar com a ocupa��o militar do Sul do L�bano pelas mil�cias do Hezbollah e de assegurar uma fronteira norte segura para Israel. Como Israel n�o tem reivindica��es territoriais sobre o L�bano, tudo o que diga respeito ao desenho da fronteira � irrelevante para Israel desde que esta permane�a segura.Conseguir� a ONU, sem os EUA presentes na for�a militar e contando com o suposto envolvimento das na��es europeias (a atitude da Fran�a de um passo � frente e dois atr�s n�o surpreende ningu�m) ajudar a pacificar o L�bano, ou seja a retirar da pol�tica armada libanesa o Ir�o e a S�ria? A julgar pelo passado, a resposta � n�o. � muito pouco prov�vel que franceses, italianos, portugueses, espanh�is e outros andem aos tiros com o Hezbollah, para assegurar o efectivo controlo da fronteira, suprindo o ineficaz e hesitante controlo feito por um d�bil Governo liban�s. E no entanto, tomar a resolu��o da ONU � letra, � um passo que se justifica, por maiores que sejam as reservas quanto � sua implementa��o. H�, insisto, vantagens de todo o tipo em dar esta �ltima oportunidade � �comunidade internacional� na base de uma Resolu��o que consiste de facto numa vit�ria diplom�tica para Israel, como percebem muito bem os seus cr�ticos. Israel que fez uma guerra pela metade, e as guerras pela metade normalmente perdem-se, jogou forte no envolvimento da �comunidade internacional� ou seja , na pr�tica, no dos pa�ses da UE para os confrontar com as suas responsabilidades. O modo como eles v�o responder � e h� sinais contradit�rios dessa resposta � vai definir mais eficazmente o significado pol�tico da �Europa� comunit�ria do que cem Constitui��es. Vamos ver.

RETRATOS DO TRABALHO EM SANTO TIRSO, PORTUGAL

Limpando a escadaria do Tribunal de Santo Tirso.

(V�tor Alexandre Leal)

Limpando a escadaria do Tribunal de Santo Tirso.(V�tor Alexandre Leal)

LENDO

VENDO

OUVINDO

�TOMOS E BITS

de 25 de Agosto de 2006

Ser� que a SIC n�o compreende que os seus jornalistas n�o podem tomar o partido de uma das partes num conflito? Nos incidentes da Azinhaga dos Besouros, alguns moradores e uma organiza��o ligada ao BE, "Solidariedade Imigrante", t�m resistido �s demoli��es sentando-se nos telhados. Por que raz�o a jornalista da SIC entrevista alguns moradores em cima do telhado, podendo certamente faz�-la no ch�o, visto que nada se estava a passar ? Qualquer manual deontol�gico sobre procedimentos televisivos em conflitos e manifesta��es � claro em afirmar que os jornalistas n�o devem tomar posi��o, o que, neste caso, significa falar de um determinado lugar - o lugar do protesto, o telhado.

[Actualiza��o: a RTP fez a entrevista do ch�o. Bem.]

Sou jornalista /rep�rter de imagem na sic e acabo de ler no blog 'abrupto' (...) Escolhi fazer o "directo" do topo de uma das casas que estava prestes a ser demolida porque dali poderia dar, aos telespectadores, uma imagem abrangente do local, logo tamb�m da zona demolida at� ent�o. O facto dos trabalhos de demoli��o poderem recome�ar a qualquer momento e, repito, aquela casa estar na lista das constru��es a abater, ajudou-me a tomar a decis�o.

Considero que h� falta de discuss�o em rela��o �s quest�es �ticas e deontol�gicas no jornalismo. Estas discuss�es s�o fundamentais para um jornalismo que se quer cada vez mais cred�vel.

Trabalho na SIC h� 14 anos e ainda assim fiquei impressionado com aquela quantidade de casas demolidas.

(Filipe Campos Ferreira)

*

(sem acentos) Curioso tambem como a jornalista da SIC nao fez uma unica pergunta dificil:

- A construcao e� legal?

- Os terrenos onde as casas estao pertencem a quem?

- Voce nao sabia que a sua construcao e� ILEGAL?

- Se sabia, porque e� que eternizou esta situacao pondo em risco o seu bem estar e dos seus filhos?

- Porque e� que a Solidariedade Imigrante nao se preocupou com estes imigrantes ANTES das demolicoes terem sido aprovadas? Sera� que a Solidariedade Imigrante nao sabia do caracter ILEGAL destas construcoes?

Jornalismo, quo vadis?

(Carlos Carvalho)

*

Antes de mais, quero esclarecer que sou pouco sens�vel a apelos de solidariedade para com pessoas que v�em as suas casas legalmente destru�das - quando elas sabiam (� partida e quando as constru�ram), que era isso que ia suceder.

No entanto, nesses dias de demoli��es camar�rias, v�m-me sempre � mem�ria aquelas velhas hist�rias americanas em que os bandidos saltam de estado para estado para aproveitar as diferen�as existentes nas respectivas leis - � que, em mat�ria de demoli��es de casas clandestinas, estou h� anos � espera de ver igual genica aplicada �quelas outras, de f�rias e de segunda habita��o (algarvias, mas n�o s�), que continuam de �ptima sa�de em terrenos de dom�nio p�blico.

(C. Medina Ribeiro) *

Isto de ler os jornais e revistas em papel com dias de atraso d� uma perspectiva diferente sobre as not�cias e opini�es. Mas tamb�m t�m os seus inconvenientes, como seja n�o ter visto esta opini�o de Caetano Veloso, transcrita da Vis�o da semana passada, de que tamb�m n�o encontrei qualquer eco nos blogues apesar de ele se referir � "blogosfera portuguesa" e n�o apenas ao Abrupto...

Fica aqui reproduzido, seguindo os agradecimentos pessoais a Caetano Veloso por outra via. Parece que, sobre Israel, nem toda a gente segue o "pensamento �nico".

Nem sobre o Abrupto tamb�m...

(Alberto Serpa) *

Por que � que os americanos s�o bons? T�tulo da not�cia da NASA e do Jet Propulsion Laboratory sobre a "despromo��o" plut�nica:

*

Com um dia de atraso. Pequenos pormenores em que s� se repara lendo a imprensa em papel, que recebo dias depois de ter sa�do:

- no Di�rio de Not�cias de 24 de Agosto, numa not�cia assinada por Helena Tecedeiro, uma legenda de uma fotografia de um guerrilheiro do Hezbollah � � Enquanto l�der militar do Hezbollah, Mugniya ter� sido respons�vel pela vit�ria do grupo sobre o ex�rcito israelita � (Sublinhados meus)

- no Di�rio de Not�cias de 24 de Agosto, uma not�cia sobre os recentes confrontos em Timor-Leste (ocorridos a 23) que deveria suscitar as maiores perplexidades a quem esteja atento. L� se diz que os confrontos entre �grupos de jovens� (sempre esta estranha classifica��o) ocorreram no bairro de Comoro. � esse bairro que � suposto estar sob jurisdi��o da GNR que a� assume as fun��es de pol�cia. S� que a not�cia refere que foram pol�cias australianos e malaios que defrontaram os grupos e que, s� no fim, foi chamada a GNR. Balan�o dos feridos: sete australianos e um malaio.

Verdadeiramente, o que � que a GNR est� a fazer em Timor? A quem responde? Que cadeia hier�rquica operacional existe? O que � que se passou com este incidente na sua �rea de interven��o? Mais uma s�rie de quest�es que deviam estar a ser feitas a quem de direito, ou seja ao Governo. Ser� que a SIC n�o compreende que os seus jornalistas n�o podem tomar o partido de uma das partes num conflito? Nos incidentes da Azinhaga dos Besouros, alguns moradores e uma organiza��o ligada ao BE, "Solidariedade Imigrante", t�m resistido �s demoli��es sentando-se nos telhados. Por que raz�o a jornalista da SIC entrevista alguns moradores em cima do telhado, podendo certamente faz�-la no ch�o, visto que nada se estava a passar ? Qualquer manual deontol�gico sobre procedimentos televisivos em conflitos e manifesta��es � claro em afirmar que os jornalistas n�o devem tomar posi��o, o que, neste caso, significa falar de um determinado lugar - o lugar do protesto, o telhado.[Actualiza��o: a RTP fez a entrevista do ch�o. Bem.]Isto de ler os jornais e revistas em papel com dias de atraso d� uma perspectiva diferente sobre as not�cias e opini�es. Mas tamb�m t�m os seus inconvenientes, como seja n�o ter visto esta opini�o de Caetano Veloso, transcrita dada semana passada, de que tamb�m n�o encontrei qualquer eco nos blogues apesar de ele se referir � "blogosfera portuguesa" e n�o apenas ao Abrupto...Fica aqui reproduzido, seguindo os agradecimentos pessoais a Caetano Veloso por outra via. Parece que, sobre Israel, nem toda a gente segue o "pensamento �nico".Por que � que os americanos s�o bons? T�tulo da not�cia da NASA e do Jet Propulsion Laboratory sobre a "despromo��o" plut�nica: Honey, I Shrunk the Solar System Com um dia de atraso. Pequenos pormenores em que s� se repara lendo a imprensa em papel, que recebo dias depois de ter sa�do:- node 24 de Agosto, numa not�cia assinada por Helena Tecedeiro, uma legenda de uma fotografia de um guerrilheiro do Hezbollah � �(Sublinhados meus)- node 24 de Agosto, uma not�cia sobre os recentes confrontos em Timor-Leste (ocorridos a 23) que deveria suscitar as maiores perplexidades a quem esteja atento. L� se diz que os confrontos entre �grupos de jovens� (sempre esta estranha classifica��o) ocorreram no bairro de Comoro. � esse bairro que � suposto estar sob jurisdi��o da GNR que a� assume as fun��es de pol�cia. S� que a not�cia refere que foram pol�cias australianos e malaios que defrontaram os grupos e que, s� no fim, foi chamada a GNR. Balan�o dos feridos: sete australianos e um malaio.Verdadeiramente, o que � que a GNR est� a fazer em Timor? A quem responde? Que cadeia hier�rquica operacional existe? O que � que se passou com este incidente na sua �rea de interven��o? Mais uma s�rie de quest�es que deviam estar a ser feitas a quem de direito, ou seja ao Governo.

BIBLIOFILIA: GRANDES CAPAS, PESCA MACABRA

....................

...........

EARLY MORNING BLOGS

849 - Elephants Are Different to Different People

Wilson and Pilcer and Snack stood before the zoo elephant.

Wilson said, "What is its name? Is it from Asia or Africa? Who feeds it? Is it a he or a she? How old is it? Do they have twins? How much does it cost to feed? How much does it weigh? If it dies, how much will another one cost? If it dies, what will they use the bones, the fat, and the hide for? What use is it besides to look at?"

Pilcer didn't have any questions; he was murmering to himself, "It's a house by itself, walls and windows, the ears came from tall cornfields, by God; the architect of those legs was a workman, by God; he stands like a bridge out across the deep water; the face is sad and the eyes are kind; I know elephants are good to babies."

Snack looked up and down and at last said to himself, "He's a tough son-of-a-gun outside and I'll bet he's got a strong heart, I'll bet he's strong as a copper-riveted boiler inside."

They didn't put up any arguments.

They didn't throw anything in each other's faces.

Three men saw the elephant three ways

And let it go at that.

They didn't spoil a sunny Sunday afternoon;

"Sunday comes only once a week," they told each other.

(Carl Sandburg)

*

Bom dia! (Carl Sandburg)Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO NO FURADOURO - OVAR, PORTUGAL

O pescador conserta as redes da pesca de Arrasto (Arte X�vega), mais concretamente o saco onde vem o peixe, a safra...

(Fernando Manuel Oliveira Pinto)

INTEND�NCIA

Actualizada a nota LENDO / VENDO / OUVINDO �TOMOS E BITS de 23 de Agosto de 2006. Actualizada a nota

BIBLIOFILIA: GRANDES CAPAS, GRANDES CHASSES

LENDO

VENDO

OUVINDO

�TOMOS E BITS

de 24 de Agosto de 2006

Leia mais, senhor Presidente, n�o � por falta de livros. O conselho � v�lido para todos, ou pensam que � s� ele?

Publicidade encontrada na cidade de Toronto, Canad� (enviada por Francisco Cunha)

*

BLOGOSFERA CONTRA PROMESSOSFERA : O O Projecto MIT n�o est� esquecido, pois n�o ? " Se n�o fosse o infantilismo competitivo de muita imprensa escrita, que n�o quer parecer ir atr�s dos blogues, j� a mesma pergunta teria sido feita aos respons�veis pelas promessas governamentais numa vontade de esclarecer e informar que � suposto ser a ess�ncia do seu papel em democracia, venha a pergunta de onde vier. Se o BLOGUITICA deixasse de insistir durante dois ou tr�s dias, e voltasse o r�pido esquecimento em que vivemos, j� os jornalistas se sentiriam � vontade para fazer a pergunta sem parecer "ir atr�s" dos blogues. O mesmo se passou no caso da OTA, n�o fosse um �rg�o da imprensa digital sem preconceitos ter abordado M�rio Lino com a pergunta que os jornais n�o queriam fazer. Depois foi o que se viu. A quest�o central aqui � que um esclarecimento sobre o que se passa com o Projecto MIT � mais que devido, at� porque j� passou o prazo para se saber alguma coisa. Est� na altura de acabar com pruridos territoriais e perceber que hoje h�, queira-se ou n�o, um cont�nuo comunicacional com os blogues e uma pergunta certa e justa na blogosfera � tamb�m uma pergunta certa e justa na atmosfera e n�o se pode passar ao lado.

*

Bem-vindo de f�rias �

"Depois de afagos de veraneio pendur�mos a lembran�a, em local decente. Nas muitas noites-ligados-a-dias sem novelas da par�quia, sem ambi��o de coisa alguma e em salutar "metaf�sica do �cio", a ilumina��o teria de ser total. E, na verdade, foi a nossa abastan�a virtuosa. A "estrita" observ�ncia a paix�es deliciosas e sentimentos d'�cio peculiares, fez prolongar a visita��o extraordin�ria, assim a modos "como gatos espapa�ados ao sol" [ M. Bandeira ]. As instru��es, os preceitos e as exorta��es do vate S�crates & sua imprensa amestrada , n�o nos importunaram. Fomos piedosamente poupados � erudi��o dom�stica. E, claro est�, podemos dizer, humildemente ... que "cumprimos"!" Leia mais, senhor Presidente, n�o � por falta de livros. O conselho � v�lido para todos, ou pensam que � s� ele?Publicidade encontrada na cidade de Toronto, Canad� (enviada por Francisco Cunha): O BLOGUITICA continua a fazer a pergunta certa no tempo certo : "" Se n�o fosse o infantilismo competitivo de muita imprensa escrita, que n�o quer parecer ir atr�s dos blogues, j� a mesma pergunta teria sido feita aos respons�veis pelas promessas governamentais numa vontade de esclarecer e informar que � suposto ser a ess�ncia do seu papel em democracia, venha a pergunta de onde vier. Se o BLOGUITICA deixasse de insistir durante dois ou tr�s dias, e voltasse o r�pido esquecimento em que vivemos, j� os jornalistas se sentiriam � vontade para fazer a pergunta sem parecer "ir atr�s" dos blogues. O mesmo se passou no caso da OTA, n�o fosse um �rg�o da imprensa digital sem preconceitos ter abordado M�rio Lino com a pergunta que os jornais n�o queriam fazer. Depois foi o que se viu. A quest�o central aqui � que um esclarecimento sobre o que se passa com o Projecto MIT � mais que devido, at� porque j� passou o prazo para se saber alguma coisa. Est� na altura de acabar com pruridos territoriais e perceber que hoje h�, queira-se ou n�o, um cont�nuo comunicacional com os blogues e uma pergunta certa e justa na blogosfera � tamb�m uma pergunta certa e justa na atmosfera e n�o se pode passar ao lado.Bem-vindo de f�rias � Almocreve das Petas

EARLY MORNING BLOGS

848 - "Mezclar�nse con los de Babylonia, y aprendieron sus costumbres"

Diximos en el argumento que el lenguaje d'este psalmo es de tristeza, de los que sienten el mal de su captiverio; mas que no es de todos, sino solamente de aquellos que no se descuydaron de llevar consigo los instrumentos con que sol�an alabar al Se�or. Porque es cierto que no todos los captivos israelitas sospiravan por Si�n, porque los m�s mezclados entre los Babyl�nicos, se hizieron de sus costumbres y aprendieron sus maldades, hazi�ndose como naturales de la tierra donde no eran. Y estos no eran los que lloravan sobre las riberas de Babylonia, ni los que colgavan los instrumentos de m�sica en los salzes de aquel r�o. Mas eran aquellos de quien dixo David: Commixti sunt inter gentes, & didiscerunt opera corui. "Mezclar�nse con los de Babylonia, y aprendieron sus costumbres". Y son figura de la distincti�n de los que pertenescen a Si�n predestinados, y de los que son para Babylonia prescitos. Y de los dos amores, de quien dize Augustino ser tan estra�os que el uno edifica la ciudad de Babylonia y el otro la ciudad de Hierusalem. Y finalmente, significa los que tiene el demonio tan ciegos que el captiverio tienen por libertad y sus males juzgan por bienes. A differencia de los otros, que siendo captivos no se olvidan del fin para que fueron criados. Los unos cantan, los otros lloran; los unos biven sin contradicti�n de su consciencia, sin hazer contraste a nada de todo aquello que la sensualidad les pide; los otros quando mayores occasiones de plazeres mundanos les offresce el mundo, entonces se congoxan m�s, y de tal manera que, a no socorrer Dios en aquella tristeza, ser�a a los perfectos gran g�nero de martyrio querer Babylonia hazer reyr por fuer�a y cantar llorando, que son cosas que no vienen bien. Esto sinti� bien David quando dixo: Renuit consolari anima mea, memor fui Dei, & delectatus sum. "Mi �nima desech� tales contentos, que m�s tristeza me causavan, y no tuve otro remedio sino acordarme de Si�n". Que no es menos que dezir: Memor fui Dei. "Y ass� me alegraba con la tristeza de no contentarme en Babylonia", y esto quiere dezir: & delectatus sum.

( Serm�n donde se declara el Psalmo .136. que comien�a: Super flumina Babylonis, con otro psalmo .72. y este postrero haze a la declaraci�n del primero. Hecho y predicado por el muy Reverendo padre F. Pedro L�pez de C�rdenas en Valencia, a instancia de una se�ora devota suya, 1562.)

*

Bom dia! Commixti sunt inter gentes, & didiscerunt opera corui.Renuit consolari anima mea, memor fui Dei, & delectatus sum.& delectatus sum.Hecho y predicado por el muy Reverendo padre F. Pedro L�pez de C�rdenas en Valencia, a instancia de una se�ora devota suya, 1562.)Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO NA COSTA DA CAPARICA, PORTUGAL

Vendedor de gelados, bolacha, pipocas e batatas fritas.

(Jorge Alexandre)

Vendedor de gelados, bolacha, pipocas e batatas fritas.(Jorge Alexandre)

MORTE DE VASCO DE CARVALHO (1910-2006)

Recebi agora a not�cia da morte de Vasco de Carvalho, um dos principais dirigentes do PCP nos anos trinta e a figura mais significativa da direc��o afastada pela �reorganiza��o� de 1940-1, no chamado processo do �grupelho provocat�rio�. Trabalhei extensivamente com Vasco de Carvalho na reconstitui��o desses eventos, dos mais obscuros da hist�ria do PCP. E quando digo �trabalhei� foi mesmo o que aconteceu porque Vasco de Carvalho n�o se limitou a confiar na mem�ria que tinha dos eventos, mas fez ele pr�prio uma recolha por escrito de notas e apontamentos que possu�a e comentou, linha a linha, as primeiras vers�es do meu texto (excerto de um longo manuscrito de coment�rios e precis�es que fez sobre um esbo�o que lhe enviei sobre o �grupelho provocat�rio�).

(Nota mais completa nos Recebi agora a not�cia da morte de Vasco de Carvalho, um dos principais dirigentes do PCP nos anos trinta e a figura mais significativa da direc��o afastada pela �reorganiza��o� de 1940-1, no chamado processo do �grupelho provocat�rio�. Trabalhei extensivamente com Vasco de Carvalho na reconstitui��o desses eventos, dos mais obscuros da hist�ria do PCP. E quando digo �trabalhei� foi mesmo o que aconteceu porque Vasco de Carvalho n�o se limitou a confiar na mem�ria que tinha dos eventos, mas fez ele pr�prio uma recolha por escrito de notas e apontamentos que possu�a e comentou, linha a linha, as primeiras vers�es do meu texto (excerto de um longo manuscrito de coment�rios e precis�es que fez sobre um esbo�o que lhe enviei sobre o �grupelho provocat�rio�).Vasco de Carvalho tinha um forte sentimento da injusti�a que lhe tinha sido feita pelo PCP, e confiava na hist�ria para a corrigir, n�o tanto no plano pol�tico, mas nas acusa��es e suspeitas sobre o papel da PIDE na actividade da direc��o leg�tima do PCP que os �reorganizadores� tinham afastado. Embora Cunhal tenha mais tarde corrigido alguns dos excessos de Foga�a e dele pr�prio, afirmando n�o haver qualquer prova de colabora��o com a PIDE na actua��o do que chamava o �grupelho�, o PCP at� as nossos dias n�o fez a Vasco de Carvalho, nem a muitos outros comunistas caluniados e insultados na sua dignidade pessoal e pol�tica, qualquer repara��o p�blica, ao contr�rio do que aconteceu no PCF e no PCE.(Nota mais completa nos ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO .)

LENDO

VENDO

OUVINDO

�TOMOS E BITS

de 23 de Agosto de 2006

A cr�tica de Eduardo Cintra Torres no P�blico ao tratamento noticioso dos inc�ndios na RTP assenta em dois �factos� (1) ;

- um, a exist�ncia de ordens, ou instru��es oriundas do Gabinete do Primeiro Ministro � direc��o editorial da RTP quanto ao tratamento dos fogos

(� as informa��es de que disponho indicam que o gabinete do primeiro-ministro deu instru��es directas � RTP para se fazer censura � cobertura dos inc�ndios: s�o ordens directas do gabinete de S�crates �.) - dois, a minimiza��o dos inc�ndios nos telejornais, em particular num dia em que graves inc�ndios ocorriam a Norte

� E o Telejornal (RTP)? N�o fez nenhum directo. Remeteu os inc�ndios para a 18� not�cia de 28, j� depois do desporto. As tr�s �nicas not�cias sobre inc�ndios activos foram t�o breves que totalizaram menos tempo (1m50) do que a convalescen�a de Fidel Castro (2m16) ou a vit�ria dum Jo�o Cabreira na etapa do dia da Volta (2m18). As outras tr�s not�cias relacionadas com fogos eram todas positivas: um inventor dum autotanque; uma visita de bombeiros alem�es a Vila Real; a entrega de 16 jipes pelo Instituto de Conserva��o da Natureza aos parques naturais (mas antes, sobre o inc�ndio no Parque Nacional da Peneda-Ger�s, o Telejornal falou duas vezes em Arcos de Valdevez e s� no meio da not�cia referiu uma vez o Parque) �.

Quanto ao primeiro, Eduardo Cintra Torres ter� certamente que ir mais longe no seu esclarecimento, visto que parte de uma situa��o amb�gua entre ser jornalista e dever preservar as suas fontes e emitir um coment�rio cr�tico que em principio n�o � uma not�cia. Se tal �facto� (as instru��es do Gabinete) foi resultado de uma actividade jornal�stica normal ele deveria ter sido pela sua relev�ncia inclu�do no notici�rio pol�tico do P�blico e s� depois, ou em simult�neo, comentado na coluna de cr�tica. O estatuto de colunas de cr�tica como a que mant�m no P�blico � amb�guo, como ali�s acontece com muito do que hoje se escreve nos jornais em pe�as assinadas que misturam factos com opini�o. Por se tratar de uma coluna identificada como tal, isso protege a opini�o, mas �desprotege� os factos l� referidos em primeira m�o. Isso explica o processo da RTP, que Cintra Torres certamente ponderou, como consequ�ncia poss�vel do conte�do da coluna.

Duas observa��es de passagem, mas relevantes para o �caso�. Uma � que Eduardo Cintra Torres produz uma das raras colunas de coment�rio sobre a televis�o (na realidade � mais do que isso � cr�tica dos media, o que explica alguns furores) que pode ser chamada de �cr�tica�. A outra � que nas reac��es de alguns jornalistas ao �caso� � claro que n�o perdoam a Cintra Torres ter colocado em causa n�o o Governo de S�crates, mas a muito mais delicada quest�o das rela��es dos governos socialistas com a comunica��o social. Quando os governos s�o do PSD e do CDS, as rela��es com a comunica��o social s�o cuidadosamente escrutinadas e denunciadas, quando os governos s�o do PS a mat�ria torna-se sempre explosiva e a exig�ncia de prova, mesmo em textos anal�ticos, vem sempre � cabe�a. Um caso menor pode servir de compara��o: a relativa complac�ncia com que o livro de Manuel Maria Carrilho foi recebido, com acusa��es insubstanciadas muito mais graves do que as que fez Cintra Torres (caso fiquem elas tamb�m por provar, o que seria grave).

Sobra o segundo �facto� que aparentemente ningu�m quer discutir, remete para uma an�lise da informa��o da RTP, repito aqui o que escrevi antes do artigo de Cintra Torres:

O governo tem beneficiado de uma cobertura jornal�stica que tem minimizado a import�ncia dos inc�ndios este ano, e consequentemente, n�o confronta a realidade com o que foi prometido e anunciado. Parte desta situa��o vem dos compromissos que a comunica��o social, em particular as televis�es, assumiram quanto � cobertura dos fogos, corrigindo os excessos do ano passado. Mas, como quase sempre acontece, a correc��o do excesso foi desequilibrada e neste ano, a n�o ser os atingidos pelos inc�ndios, n�o h� percep��o p�blica da gravidade do que se est� a passar. Isso ajuda � desresponsabiliza��o do governo e impede o debate sobre a efic�cia das suas medidas e sobre o modo como est� a reagir � situa��o, assumindo uma atitude de de muito mau agoiro para o futuro. (no Abrupto)

A governamentaliza��o da informa��o da RTP (com este e com todos os governos) tem uma raiz de fundo imposs�vel de corrigir sem a sua privatiza��o: o seu car�cter de esta��o �p�blica� torna-a dependente de orienta��es governamentais quanto � sua cadeia hier�rquica de poder interno e financiamento . Como muitas vezes tenho dito, o mais importante � escolher as pessoas certas para o lugar certo, n�o dar �instru��es � pelo telefone. E depois h� o dinheiro que vem do bolso dos contribuintes e cujas �orienta��es� de despesa (por exemplo na compra do circo do futebol) t�m relev�ncia pol�tica.

A cr�tica de Eduardo Cintra Torres noao tratamento noticioso dos inc�ndios na RTP assenta em dois �factos� (1) ;- um, a exist�ncia de ordens, ou instru��es oriundas do Gabinete do Primeiro Ministro � direc��o editorial da RTP quanto ao tratamento dos fogos- dois, a minimiza��o dos inc�ndios nos telejornais, em particular num dia em que graves inc�ndios ocorriam a NorteQuanto ao primeiro, Eduardo Cintra Torres ter� certamente que ir mais longe no seu esclarecimento, visto que parte de uma situa��o amb�gua entre ser jornalista e dever preservar as suas fontes e emitir um coment�rio cr�tico que em principio n�o � uma not�cia. Se tal �facto� (as instru��es do Gabinete) foi resultado de uma actividade jornal�stica normal ele deveria ter sido pela sua relev�ncia inclu�do no notici�rio pol�tico doe s� depois, ou em simult�neo, comentado na coluna de cr�tica. O estatuto de colunas de cr�tica como a que mant�m no� amb�guo, como ali�s acontece com muito do que hoje se escreve nos jornais em pe�as assinadas que misturam factos com opini�o. Por se tratar de uma coluna identificada como tal, isso protege a opini�o, mas �desprotege� os factos l� referidos em primeira m�o. Isso explica o processo da RTP, que Cintra Torres certamente ponderou, como consequ�ncia poss�vel do conte�do da coluna.Duas observa��es de passagem, mas relevantes para o �caso�. Uma � que Eduardo Cintra Torres produz uma das raras colunas de coment�rio sobre a televis�o (na realidade � mais do que isso � cr�tica dos media, o que explica alguns furores) que pode ser chamada de �cr�tica�. A outra � que nas reac��es de alguns jornalistas ao �caso� � claro que n�o perdoam a Cintra Torres ter colocado em causa n�o o Governo de S�crates, mas a muito mais delicada quest�o das rela��es dos governos socialistas com a comunica��o social. Quando os governos s�o do PSD e do CDS, as rela��es com a comunica��o social s�o cuidadosamente escrutinadas e denunciadas, quando os governos s�o do PS a mat�ria torna-se sempre explosiva e a exig�ncia de prova, mesmo em textos anal�ticos, vem sempre � cabe�a. Um caso menor pode servir de compara��o: a relativa complac�ncia com que o livro de Manuel Maria Carrilho foi recebido, com acusa��es insubstanciadas muito mais graves do que as que fez Cintra Torres (caso fiquem elas tamb�m por provar, o que seria grave).Sobra o segundo �facto� que aparentemente ningu�m quer discutir, remete para uma an�lise da informa��o da RTP, repito aqui o que escrevi antes do artigo de Cintra Torres:A governamentaliza��o da informa��o da RTP (com este e com todos os governos) tem uma raiz de fundo imposs�vel de corrigir sem a sua privatiza��o: o seu car�cter de esta��o �p�blica� torna-a dependente de orienta��es governamentais quanto � sua cadeia hier�rquica de poder interno e financiamento . Como muitas vezes tenho dito, o mais importante � escolher as pessoas certas para o lugar certo, n�o dar �instru��es � pelo telefone. E depois h� o dinheiro que vem do bolso dos contribuintes e cujas �orienta��es� de despesa (por exemplo na compra do circo do futebol) t�m relev�ncia pol�tica. Acresce depois que a mais amb�gua das coisas � aquilo a que se chama "servi�o p�blico", nunca claramente definido. Tanto serve para fazer a cobertura menos inc�moda para o governo dos inc�ndios, como de muitas outras mat�rias, como para produzir simultaneamente alinhamentos no telejornal completamente tabl�ides (2) (com o argumento que uma televis�o que ningu�m v� n�o cumpre com o "servi�o p�blico"), como para tratar a agenda governamental com uma defer�ncia particular dando a ministros, secret�rios de estado, inaugura��es e an�ncios de obras um lugar privilegiado nos telejonais (3). Etc., etc. (1) Coloco factos entre aspas n�o por fazer um julgamento sobre a sua veracidade, mas para me referir a uma categoria jornal�stica determinada.

(2) Exemplos de ontem: o telejornal das 13 horas abre com uma longa pe�a sobre a queda de um ultraleve em Cascais, em contraste com o conte�do noticioso das not�cias da SIC (n�o vi a TVI).

(3) Um exemplo positivo de como um jornalista deve tratar uma inaugura��o e um an�ncio governamental foi a de um jornalista da SIC que apertou Correia de Campos com perguntas sobre medidas que anunciavam uma cobertura da popula��o por m�dicos de fam�lia. Acabou-se por saber que afinal essa cobertura era de um ter�o dos abrangidos e desse ter�o apenas um ter�o iria ser coberto at� ao fim do ano, se tudo corresse bem. Passou-se de um an�ncio gen�rico, para um ter�o de um ter�o. M�rito do jornalista que n�o tem o estilo dos telejornais da RTP.

*

A pretexto da �pol�mica� levantada pelo artigo de opini�o de Eduardo Cintra Torres (ECT), gostaria de referir um pequeno pormenor, que n�o � de somenos import�ncia. A an�lise que ECT aos notici�rios da RTP, em contraste com as privadas, foi do dia 12 de Agosto (s�bado). Por sinal, tamb�m detectei em 6 de Agosto (domingo), uma situa��o similar, que ali�s me fez escrever um post no meu blog Estrago da Na��o (www.estragodanacao.blogspot.com) intitulado �O frete televisivo�, com o seguinte teor:

No Portugal da RTP - empresa p�blica de televis�o -, hoje n�o houve fogos em Portugal. E os que houve ficaram remetidos para as calendas do alinhamento e apenas os que foram extintos. Enquanto as outras televis�es (SIC e TVI) deram o destaque merecido, com directos q.b., a RTP gastou 33 minutos do seu telejornal das 20 horas a abordar a guerra no L�bano (com pelo menos tr�s directos com outros quantos jornalistas), a tens�o no Ir�o, os problemas em Gaza, a doen�a de Fidel Castro, um acidente no Parque da Pena devido � queda de uma ramada de eucalipto (que causou uma morte). Depois em dois ou tr�s minutos, a RTP apenas abordou dois inc�ndios, ambos circunscritos de manh� e, nessa altura, j� extintos: na P�voa do Varzim e em Paredes (Aguiar de Sousa). De resto, nem uma �nica palavra sobre a situa��o actual, designadamente a mais de uma dezena de inc�ndios que ent�o estavam ainda n�o circunscritos. Eis um exemplo de servi�o p�blico que, sob crit�rios inconfess�veis, se confunde com servi�o do Governo. Eu bem que temia que a introdu��o de crit�rios para a abordagem dos inc�ndios pela Direc��o de Informa��o da RTP - de que falei h� dias -, ia dar nisto...

No dia seguinte (segunda-feira) e ao longo dos dias �teis, fazendo zapping pelas tr�s esta��es, j� n�o reparei em diferen�as de tratamento t�o avassaladoramente distintas, embora quase sempre com menor destaque na TV p�blica, mas as abordagens j� eram isentas, conforme se pode constatar por aquilo que escrevi num post desse dia 7 de Agosto:

Hoje, a RTP viu-se obrigada a abordar os inc�ndios. A contra-gosto, � certo, porque n�o abriu o telejornal com esse tema, ao contr�rio dos outros canais. Mas v� l�, melhorou: falou dos inc�ndios que ainda estavam a lavrar e n�o apenas, como ontem, naqueles que j� tinham sido extintos...

Ali�s, houve pelo menos um dia nessa semana em que a RTP abriu o notici�rio com os fogos que ent�o se faziam sentir, com directos nos locais mais afectados.

Recordo-me tamb�m que em 9 de Julho (domingo), dia em que morreram seis bombeiros na Guarda, a RTP praticamente ignorou essa trag�dia, se bem que apenas a TVI tenha dado destaque de abertura noticiosa.

Ou seja, notam-se, por estes exemplos, uma clar�ssima distin��o entre not�cias de fogos abordados pela TV p�blica ao �fim-de-semana� e aos �dias da semana�, n�o apenas ao n�vel do destaque como de isen��o noticiosa. Se o pivot dos telejornais � diferente (ao fim-de-semana n�o � o Jos� Rodrigues dos Santos), penso que as equipas de coordena��o editorial tamb�m ser�o diferentes. Ora, perante estas diferen�as, podemos estar perante uma mera coincid�ncia e que ECT est� a mentir. Mas no mundo real h� poucas coincid�ncias...

(Pedro Almeida Vieira)

*

As considera��es de car�cter geral que Cintra Torres faz acerca da influ�ncia do poder pol�tico na RTP n�o causam espanto a ningu�m, pois o que ele diz � exactamente o que o cidad�o-comum pensa: os governos s� n�o interferem na televis�o p�blica se n�o puderem - e, neste caso dos fogos, at� � bem prov�vel que isso tenha sucedido.

At� a�, tudo bem; o problema s� aparece quando ele lan�a acusa��es concretas que, al�m de serem em segunda-m�o, n�o pode provar.

De qualquer forma, j� se sabe h� muito tempo que � mesmo assim que "a coisa funciona": ao abrigo da liberdade de express�o e do estatuto da classe, um jornalista pode "dizer o que lhe disseram" as fontes em quem confia. A seguir, se necess�rio, ergue o escudo do "segredo das fontes" e dorme descansado. A l�gica parece-me perversa mas, pelos vistos, � essa.

Mesmo assim, n�o resisto a contar o que, em tempos, se passou com M�rio Castrim quando um dos seus advers�rios asseverou que "tinha ouvido dizer, acerca dele e de fonte segura, determinadas coisas".

O autor d' �O canal da Cr�tica� respondeu, na sua coluna do �Di�rio de Lisboa�, algo como (e cito de mem�ria):

�Agrade�o que, por escrito, declare formalmente que me autoriza a divulgar tudo o que, de fonte segura, eu j� ouvi dizer de si�.

(C. Medina Ribeiro)

(1) Coloco factos entre aspas n�o por fazer um julgamento sobre a sua veracidade, mas para me referir a uma categoria jornal�stica determinada.(2) Exemplos de ontem: o telejornal das 13 horas abre com uma longa pe�a sobre a queda de um ultraleve em Cascais, em contraste com o conte�do noticioso das not�cias da SIC (n�o vi a TVI).(3) Um exemplo positivo de como um jornalista deve tratar uma inaugura��o e um an�ncio governamental foi a de um jornalista da SIC que apertou Correia de Campos com perguntas sobre medidas que anunciavam uma cobertura da popula��o por m�dicos de fam�lia. Acabou-se por saber que afinal essa cobertura era de um ter�o dos abrangidos e desse ter�o apenas um ter�o iria ser coberto at� ao fim do ano, se tudo corresse bem. Passou-se de um an�ncio gen�rico, para um ter�o de um ter�o. M�rito do jornalista que n�o tem o estilo dos telejornais da RTP.

EARLY MORNING BLOGS

847 - ...no hay para qu� perdonar a ninguno, porque todos han sido los da�adores ...

El cual a�n todav�a dorm�a. Pidi� las llaves a la sobrina del aposento donde estaban los libros autores del da�o, y ella se las di� de muy buena gana. Entraron dentro todos, y el ama con ellos, y hallaron m�s de cien cuerpos de libros grandes muy bien encuadernados, y otros peque�os; y as� como el ama los vi�, volvi�se a salir del aposento con gran priesa, y torn� luego con una escudilla de agua bendita y un hisopo, y dijo: tome vuestra merced, se�or licenciado; roc�e este aposento, no est� aqu� alg�n encantador de los muchos que tienen estos libros, y nos encanten en pena de la que les queremos dar ech�ndolos del mundo. Caus� risa al licenciado la simplicidad del ama, y mand� al barbero que le fuese dando de aquellos libros uno a uno, para ver de qu� trataban, pues pod�a ser hallar algunos que no mereciesen castigo de fuego. No, dijo la sobrina, no hay para qu� perdonar a ninguno, porque todos han sido los da�adores, mejor ser� arrojarlos por las ventanas al patio, y hacer un rimero de ellos, y pegarles fuego, y si no, llevarlos al corral, y all� se har� la hoguera, y no ofender� el humo.

(Miguel Cervantes, Don Quijote de la Mancha )

*

Bom dia! (Miguel Cervantes,Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO NA TORREIRA - MURTOSA, PORTUGAL

Dois fogueteiros a lan�arem foguetes de cana, um tradi��o que est� em vias de desaparecer. No entanto, e embora seja uma tradi��o de que n�o gosto, tem a sua l�gica, pois era o m�todo de, h� bastantes anos atr�s, uma povoa��o avisar as povoa��es pr�ximas que ia decorrer algum tipo de festejo.

(Jos� Carlos Santos)

QUANDO O MUNDO ERA SIMPLES: "O INTERESSE � TEU"

(Padre Augusto Dur�o Alves, Rapariga Moderna , Lisboa, 1943) (Padre Augusto Dur�o Alves,, Lisboa, 1943)

RETRATOS DO TRABALHO EM LISBOA, PORTUGAL

Cortando a relva no novo Est�dio da Luz, j� em fase de conclus�o dos trabalhos, meados de Fevereiro de 2004.

(Manuel Rodrigues)

EARLY MORNING BLOGS

846 - Unsaid

So much of what we live goes on inside�

The diaries of grief, the tongue-tied aches

Of unacknowledged love are no less real

For having passed unsaid. What we conceal

Is always more than what we dare confide.

Think of the letters that we write our dead.

(Dana Gioia)

*

(Dana Gioia)

Bom dia! Bom dia!

INTEND�NCIA

Actualizados os

Actualizadas as notas LENDO / VENDO / OUVINDO de 17 (2� s�rie) e 19 de Agosto de 2006 e COISAS DA S�BADO: QUEM �GANHOU� A GUERRA ENTRE ISRAEL E O HEZBOLLAH?. Actualizados os ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO Actualizadas as notasde 17 (2� s�rie) e 19 de Agosto de 2006 e

RETRATOS DO TRABALHO EM SANTA CRUZ - TORRES VEDRAS, PORTUGAL

Uma vendedora de fruta no mercado de Santa Cruz, concelho de Torres Vedras.

(Nuno Umbelino)

Uma vendedora de fruta no mercado de Santa Cruz, concelho de Torres Vedras.(Nuno Umbelino)

RETRATOS DO TRABALHO NA NAZAR�, PORTUGAL

Tatuador na Nazar�. Numa garagem esconsa com ch�o de terra batida, entre as lojas que vendem aventais �Recorda��o da Nazar� e peixe a secar ao sol e sob o olhar de uma anci� que parece ser a �nica �coisa� que est� no s�tio certo.

(A tatuagem � tempor�ria. O resto, n�o.)

(RM)

RETRATOS DO TRABALHO EM BARCELONA, ESPANHA

Um artes�o brasileiro fazendo e vendendo pe�as de arame na praca Gali-Salvador Dali, em frente ao teatro museu Salvador Dali, em Figueras, perto de Barcelona. Chamava a aten��o dos turistas, em bicha de mais de uma hora para comprar a entrada no teatro museu, imitando o miar de um gato aflito. As crian�as aproximavam-se procurando o gato assustado.

(Lu�s Aguiar-Conraria)

RETRATOS DO TRABALHO EM TORRE DE MONCORVO, PORTUGAL

Nesta �poca do ano recolhem-se as batatas que cresceram nas hortas que envolvem as aldeias. Esta cintura de verdura e frescura serviu para manter a um inc�ndio, que entretanto lavrou, a uma dist�ncia segura das habita��es. Mas cada vez mais se verifica o abandono deste trabalho executado pela fam�lia e pelos amigos em regime de torna-geira.

(Ant�nio Manuel Martins Teixeira, Felgar - Torre de Moncorvo)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: TESTEMUNHOS DOS INC�NDIOS

Esta descri��o de Pacheco Pereira (no Abrupto, princ�pio de Agosto 2005) traz-me � mem�ria os inc�ndios que nos dois anos anteriores (2003 e 2004) devastaram as serras da zona de Monchique, no Algarve, assim como outras zonas pr�ximas. Lembro-me de uma noite de 2004, aquela em que deflagrou o segundo grande inc�ndio desse ano, depois de cerca de metade da zona ter sido reduzida a cinzas pelo primeiro. Atravessei boa parte do Alentejo pela auto-estrada, sem encontrar muito tr�nsito. Era j� bem de noite e a partir de certa altura (ao aproximar-me de Ourique) distingui um clar�o vermelho ao longe, em frente. Era o fogo, a mais de cinquenta quil�metros de dist�ncia. Sa� da auto-estrada em Ourique e meti-me pela estrada nacional, at� desviar em S�o Marcos para a nova estrada que corta os primeiros montes at� ao Alferce, uma das tr�s freguesias do concelho de Monchique.

A partir de metade do percurso por essa nova estrada (que no total tem cerca de quinze quil�metros), comecei a ver uma linha cont�nua de fogo. Ia progredindo lentamente, com cerca de meio metro de altura. Se sa�sse do carro e come�asse a apag�-la com ramos de eucalipto, em meia-hora talvez conseguisse limpar cerca de cem metros, mas a linha de fogo tinha alguns quil�metros. E eu n�o via ningu�m por ali. O sil�ncio que conhe�o das noites naquela zona era ent�o quebrado apenas pelos sons do mato a arder, que aumentavam de cada vez que as chamas trepavam a uma das �rvores. Decidi que n�o podia parar, que tinha de chegar mais adiante, � antiga casa da minha av�, numa aldeia agora desabitada. Era a� que eu passava a temporada das f�rias grandes, em crian�a. O mundo t�o grande desses tempos parecia-me agora bem mais pequeno. N�o se via nas redondezas nenhuma luz artificial, nem ao longo da estrada, que apesar de ser toda moderna n�o tem postes de ilumina��o. Luz, apenas a da linha de fogo. Distingui a aldeia no fundo do vale, junto a um ribeiro, iluminada pelo clar�o.

Parei o carro perto da sa�da para a estrada de terra que d� acesso ao vale, tentando que n�o ficasse em cima dos matos. Desci pela estrada de terra, sempre com o mesmo sil�ncio interrompido apenas pelos estalidos que sa�am da linha de fogo. Andei cerca de um quil�metro, atravessei a ponte sobre o ribeiro e entrei na aldeia. Pouco passava da uma da manh�. A linha de fogo estava cinquenta metros acima e podia entrar na aldeia, embora esta estivesse limpa de mato. Ali, junto com a antiga casa da minha av�, a minha fam�lia possui mais algumas casas menores, uma azenha e um terreno. Eu sabia que o meu irm�o estava por perto, mais adiante, por isso continuei.

Cerca de um quil�metro depois, cheguei a uma zona de montado da minha fam�lia. Sempre com a linha de fogo a acompanhar-me. Foi ent�o que me deparei com uma esp�cie de monstro a encandear-me, um monstro com os m�ximos ligados a ocupar toda a largura da estrada de terra. Eu tinha um carro de bombeiros na frente, com dois ou tr�s bombeiros inquietos por estarem com uma viatura naquela estrada estreita, rodeada de �rvores e com o fogo numa linha cont�nua, paralela � estrada, embora do outro lado do ribeiro. O meu irm�o desceu da parte de tr�s do cami�o e despediu-se. Os bombeiros foram-se embora, parecendo aliviados.

Disse-me depois o meu irm�o que na vila tinha conseguido convenc�-los a acompanharem-no at� ali, com o argumento de que mais adiante o fogo n�o se limitava �quela linha cont�nua de meio metro de altura, estava bem maior, e com um carro de bombeiros seria poss�vel cont�-lo. Mas eles foram sempre insistindo que n�o podiam fazer nada, e acabaram por ir-se embora depois de eu chegar.

Fic�mos os dois, eu e o meu irm�o, com uma carrinha, dois machados, dois baldes e duas enxadas. As enxadas para atirar terra para as chamas, os machados para cortar ramos com os quais poder�amos bater nas chamas, os baldes porque t�nhamos o ribeiro de onde tirar �gua. Fic�mos toda a noite naquilo, como muitos populares noutras zonas da serra. N�o havia nada parecido com o que viu Pacheco Pereira, o autor do �Abrupto�, na auto-estrada para o Norte, mas de manh�, quando fomos para casa, depar�mos nas estradas de alcatr�o � volta da vila de Monchique com um movimento intenso, e pela vila a coisa ainda era pior. Carros, cami�es, carrinhas de �ltimo modelo da direc��o-regional j� nem me lembro de qu�... Bombeiros, pol�cia, GNR, tropa e, sobretudo, uma categoria um pouco dif�cil de caracterizar, os chamados respons�veis (dos quais se destacava um, por de vez em quando ter um copo de whisky na m�o). Todos num corrupio. E as chamas tamb�m num corrupio. Como que por ironia do destino, o fogo foi dado como extinto ao fim de alguns dias, exactamente no mesmo local onde tinha come�ado. Deu voltas e mais voltas e regressou �s origens, talvez por n�o ter mais nada para queimar.

(Ant�nio Manuel Venda)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: SEM LIVROS NOS AVI�ES

Sem livros nos avi�es.

� s� mais uma imagem, pode at� n�o ser a maior das inconveni�ncias para quem voa, mas � uma triste imagem.

Ser for�ado a abdicar de livros � ser empurrado para mais perto da barb�rie. ( Artur Furtado)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: RANKINGS

Sou portugu�s e estudante de um MBA em Nova Iorque (mais concretamente na Columbia University). Do outro dia fui confrontado com mais uma boa ideia, bem ao estilo americano, que gostava de fazer passar para o nosso pa�s. N�o sei se � novidade para si mas aqui vai:

Nos EUA h� rankings para todos os gostos. O ensino superior (tanto licenciaturas como mestrados) n�o � excep��o. Aquando do processo de candidatura, o aluno tem acesso a indicadores importantes como a taxa de empregabilidade no final ou ap�s 6 meses do curso, a remunera��o m�dia dos ex-alunos 1 ou 5 anos depois do curso, a classifica��o dos professores da universidade por uma �pool� de empresas e alunos, etc. Mas a coisa n�o fica por aqui. Tamb�m serve para fazer o �marketing f�cil� das escolas, e rankings das melhores festas ou melhores �females� tamb�m surgem.

Resumindo, � a economia de mercado a funcionar. N�o deve haver melhor forma de fazer marketing de angaria��o de estudantes do que provar que, em m�dia, um ex-aluno da escola XPTO tem 95% de probabilidade de ter emprego 1 m�s depois de acabar o curso, com uma remunera��o m�dia anual de 30,000 dollars.

Mas o meu ponto n�o est� relacionado com marketing universit�rio. Como � do senso comum, n�o h� mercados sem informa��o. O mercado do trabalho n�o � excep��o. N�o ser� injusto que um estudante portugu�s, aos 18 anos, indeciso entre ser advogado ou gestor, n�o tenha acesso ao impacto financeiro da sua decis�o? Ou melhor ainda, n�o ser� injusto, que o mesmo aluno, indeciso entre duas escolas de gest�o, n�o saiba (e � que n�o sabe mesmo!) qual a melhor escola, com melhores coloca��es profissionais? E ent�o o aluno que depois de 4 anos investidos numa qualquer escola privada, d� por si com um canudo que conduz ao desemprego ou a um sal�rio miser�vel? Ser� que isto est� relacionado com o crescimento do desemprego entre rec�m-licenciados, num contexto de redu��o do desemprego global? A mim, parece-me que sim.

Os benef�cios s�o evidentes: (1) promove-se um ajuste entre as profiss�es com mais procura na nossa economia e a oferta de rec�m licenciados e (2) promove uma saud�vel competi��o entre as faculdades pelos melhores alunos � que s� pode conduzir a melhor ensino superior.

Os rankings que ou�o falar em Portugal, para al�m de pouca divulga��o, s�o de car�cter meramente cient�fico. S�o extremamente importantes, n�o duvido, mas tenho a certeza, e lembro-me bem, que no desespero dos 18 anos, saber que determinada escola publicou 1800 �papers� nos �ltimos 5 anos ou que 85% do corpo docente tem um doutoramento, est� longe, muito longe, de ajudar � decis�o.

(Lu�s Vicente)

COISAS DA S�BADO: AS F�RIAS

As f�rias, tais como as conhecemos, s�o um fen�meno muito recente. As f�rias para as massas, digamos assim, datam das primeiras semanas de lazer pago da Frente Popular francesa, nos idos anos trinta, em conson�ncia ali�s com as diferentes vers�es da �alegria no trabalho� de raiz fascista e nacional-socialista. Tornaram-se desde ent�o num �direito adquirido�, mais de alguns do que de todos, mas mesmo assim com dimens�o e tempo suficiente para moldar o quotidiano em particular dos pa�ses europeus.

Mas as f�rias s�o um interessante revelador sobre a irracionalidade das sociedades do �modelo social�, tanto mais evidente quanto esse modelo est� em crise. O aparente �fecho� de todas as actividades gera a ideia que elas estiveram efectivamente fechadas e que �reabrem�. Em pol�tica, o Ver�o � excelente para actuar sem escrut�nio.

Depois, como as f�rias s�o cada vez mais cansativas, o regresso a casa aumenta a irrita��o. O pa�s de onde se saiu para a transum�ncia estival � o mesmo no outono, mas parece sempre muito pior. N�o h� esperan�a de, m�s ap�s m�s, escapar dos hor�rios, das filas de tr�nsito, dos maus transportes, das cidades invi�veis, dos trabalhos para p�r os meninos na escola, e, por �ltimo, mas n�o o menos importante, o dinheiro encolheu muito. O que foi empr�stimo feliz para ir para f�rias, torna-se agora d�vida para pagar. As f�rias do �modelo social� tornaram-se demasiado pesadas, vem-se delas muito zangado com o mundo, a come�ar pelo governo. Em pol�tica, o Outono � p�ssimo. As f�rias, tais como as conhecemos, s�o um fen�meno muito recente. As f�rias para as massas, digamos assim, datam das primeiras semanas de lazer pago da Frente Popular francesa, nos idos anos trinta, em conson�ncia ali�s com as diferentes vers�es da �alegria no trabalho� de raiz fascista e nacional-socialista. Tornaram-se desde ent�o num �direito adquirido�, mais de alguns do que de todos, mas mesmo assim com dimens�o e tempo suficiente para moldar o quotidiano em particular dos pa�ses europeus.Mas as f�rias s�o um interessante revelador sobre a irracionalidade das sociedades do �modelo social�, tanto mais evidente quanto esse modelo est� em crise. O aparente �fecho� de todas as actividades gera a ideia que elas estiveram efectivamente fechadas e que �reabrem�. Em pol�tica, o Ver�o � excelente para actuar sem escrut�nio.Depois, como as f�rias s�o cada vez mais cansativas, o regresso a casa aumenta a irrita��o. O pa�s de onde se saiu para a transum�ncia estival � o mesmo no outono, mas parece sempre muito pior. N�o h� esperan�a de, m�s ap�s m�s, escapar dos hor�rios, das filas de tr�nsito, dos maus transportes, das cidades invi�veis, dos trabalhos para p�r os meninos na escola, e, por �ltimo, mas n�o o menos importante, o dinheiro encolheu muito. O que foi empr�stimo feliz para ir para f�rias, torna-se agora d�vida para pagar. As f�rias do �modelo social� tornaram-se demasiado pesadas, vem-se delas muito zangado com o mundo, a come�ar pelo governo. Em pol�tica, o Outono � p�ssimo.

RETRATOS DO TRABALHO EM LOUL�, PORTUGAL

Trabalhos de recupera��o do Mercado de Loul�.

(Lilian Moura) Trabalhos de recupera��o do Mercado de Loul�.(Lilian Moura)

EARLY MORNING BLOGS

845 - The battle / They must lose

Enter, breath;

Breath, slip out;

Blood, be channeled,

And wind about.

O, blessed breath and blood which strive

To keep this body of mine alive!

O gallant breath and blood

Which choose

To wage the battle

They must lose.

(Ogden Nash)

*

Bom dia! (Ogden Nash)Bom dia!

BIBLIOFILIA: GRANDES CAPAS

LENDO

VENDO

OUVINDO

�TOMOS E BITS

de 19 de Agosto de 2006

A melhor maneira de entender o Di�rio de Not�cias � ler o

*

A ERA DOS ENGRA�ADINHOS . Enquanto os baby boomers se agarram aos anos terminais do seu poder (veja-se o P�blico de hoje), os seus filhos da "gera��o rasca" deram origem a uma era dos engra�adinhos. Ser engra�adinho est� muito bem representado nos blogues, e vai a par com os Morangos, a Floribela e a nova Gente , no modo actual de ser leve e f�cil e borbulhante e popular.

*

Lendo a imprensa impressiona como � cada vez mais forte o derrotismo puro, em vers�es brutas ou sofisticadas, mas derrotismo. N�o sou particularmente optimista por sistema, bem pelo contr�rio, n�o costumo tomar os meus desejos por realidades, mas tamb�m n�o gosto de dar a pele quando querem tirar-ma e o espantoso � que mil e uma variantes do better red than dead circulam por a�. A forma mais peculiar do derrotismo � a de achar que tudo est� mal, mas tamb�m n�o h� nenhuma receita para ficar bem. Os que agem (EUA, Reino Unido, Israel) fazem tudo mal e s� agravam o problema; os que n�o agem (Fran�a. UE, �comunidade internacional�, ONU) fazem tamb�m tudo mal porque n�o agem. Bem faz o Ir�o, o Hezbollah, a Al Qaida, o Hamas, e, numa vers�o mais caseira, os �mulos de Zapatero.

Isto vai durar sempre? As minhas �ltimas reservas de optimismo alimentam debilmente a esperan�a de que n�o, em grande parte por um argumento ad terrorem : as coisas ainda v�o piorar muito, muito mesmo, e pode ser que a cat�strofe possa ser salvadora. N�o � garantido, mas � uma esperan�a. Entretanto a tribo dos �ltimos moicanos continuar� a ser dos �ltimos moicanos. At� ao �ltimo.

*

De facto, caso se estivesse a compor um gui�o ou um argumento acerca do fim da Civiliza��o do Ocidente, ou um daqueles livros de teorias conspirativas estilo Dan Brown, n�o faltariam acontecimentos onde se poderia buscar inspira��o.

O problema � que estamos a viver uma realidade nada auspiciosa para a Democracia Ocidental, os Direitos Humanos e todas as conquistas do Humanismo .Afinal a hist�ria n�o tinha mesmo acabado com a queda do muro de Berlim e n�o estamos num filme.

A perda de valores, de convic��es, de determina��o, o relativismo, os �dios ideol�gicos entre uma Direita muda e uma Esquerda �rf� , a terciariza��o das economias Ocidentais, o hedonismo, s�o sinais preocupantes .Afinal o perigo n�o est� perfeitamente assumido e apercebido. Para uns s�o o dito terrorismo global inspirado em leituras distorcidas do Cor�o e a prolifera��o nuclear, para outros no Ocidente � o EUA e o Presidente Bush. Esta divis�o � muito acentuada, e aparentemente inconcili�vel .Ao contr�rio do que espera, n�o creio que o continuar dos atentados v� consolidar uma oposi��o una e firme. Acho que as recrimina��es e as acusa��es ficar�o em casa, com todas as justifica��es mirabolantes. A lassid�o e tibieza prosseguir�, e s� se espera que n�o d� em novos Muniques e Sudetas.Mas os tempos s�o outros.

Ced�ncias em nome do relativismo e do politicamente correcto ocorrem em todo o Ocidente, a complac�ncia com que se observa a viola��o dos mais elementares direitos , o relativismo em nome de um derrotismo multiculturalista n�o s�o bons sinais. A falta de objectividade dos pol�ticos, a parcialidade da imprensa .O medo de confrontar o outro por receio de ofender .

Os tempos n�o s�o nada auspiciosos. Juntemos o proselitismo, a baixa geral de natalidade no Ocidente, a alta press�o da emigra��o, as tens�es internas da� resultantes no pressuposto e err�neo conflito direita-esquerda, a forte natalidade das comunidades emigrantes, a sua forte identidade aos costumes e suas leis de origem que consideram essenciais, a falta de refer�ncias de segundas gera��es, e temos um caldo de cultura muito perigoso.

Um novo fascismo se aproxima, e este utilizar� o sistema de um homem um voto em seu proveito. A Hist�ria deveria levar os povos a pensar. Nunca as portas de Roma estiveram t�o perto de voltar a cair.

(Ant�nio Carrilho) A melhor maneira de entender o� ler o french kissin' . Enquanto osse agarram aos anos terminais do seu poder (veja-se ode hoje), os seus filhos da "gera��o rasca" deram origem a uma era dos engra�adinhos. Ser engra�adinho est� muito bem representado nos blogues, e vai a par com os Morangos, a Floribela e a nova, no modo actual de ser leve e f�cil e borbulhante e popular.Lendo a imprensa impressiona como � cada vez mais forte o derrotismo puro, em vers�es brutas ou sofisticadas, mas derrotismo. N�o sou particularmente optimista por sistema, bem pelo contr�rio, n�o costumo tomar os meus desejos por realidades, mas tamb�m n�o gosto de dar a pele quando querem tirar-ma e o espantoso � que mil e uma variantes docirculam por a�. A forma mais peculiar do derrotismo � a de achar que tudo est� mal, mas tamb�m n�o h� nenhuma receita para ficar bem. Os que agem (EUA, Reino Unido, Israel) fazem tudo mal e s� agravam o problema; os que n�o agem (Fran�a. UE, �comunidade internacional�, ONU) fazem tamb�m tudo mal porque n�o agem. Bem faz o Ir�o, o Hezbollah, a Al Qaida, o Hamas, e, numa vers�o mais caseira, os �mulos de Zapatero.Isto vai durar sempre? As minhas �ltimas reservas de optimismo alimentam debilmente a esperan�a de que n�o, em grande parte por um argumento: as coisas ainda v�o piorar muito, muito mesmo, e pode ser que a cat�strofe possa ser salvadora. N�o � garantido, mas � uma esperan�a. Entretanto a tribo dos �ltimos moicanos continuar� a ser dos �ltimos moicanos. At� ao �ltimo.

EARLY MORNING BLOGS

844 - AUTRE MORALITE

C'est sans doute un grand avantage,

D'avoir de l'esprit, du courage,

De la naissance, du bon sens,

Et d'autres semblables talents,

Qu'on re�oit du Ciel en partage;

Mais vous aurez beau les avoir,

Pour votre avancement ce seront choses vaines,

Si vous n'avez, pour les faire valoir,

Ou des parrains ou des marraines.

(Charles Perrault, Contes , "moralidade" do "Cendrillon ou la petite pantoufle de verre". )

*

(Charles Perrault,, "moralidade" do "Cendrillon ou la petite pantoufle de verre". )

Bom dia! Bom dia!

COISAS DA S�BADO:

QUEM �GANHOU� A GUERRA ENTRE ISRAEL E O HEZBOLLAH? � cedo para se saber, mas Israel � o melhor candidato para uma resposta positiva. E no entanto� vai tudo depender do modo como for aplicada a resolu��o da ONU, em particular do modo como for constitu�da a for�a internacional que controlar� o sul do L�bano e o modo como esta actuar�. E o dilema � bastante simples: ou essa for�a impede os ataques contra o territ�rio de Israel e favorece um di�logo para a paz, enfraquecendo a actua��o dos grupos que pretendem exterminar Israel, ou constituir� um falhan�o da ONU e da �comunidade internacional�. Tudo indica que poder� verificar-se a segunda hip�tese, o que levar� Israel � guerra de novo, mas h� s�rias raz�es para dar uma �ltima oportunidade a um maior envolvimento internacional, em particular europeu.

Se a Fran�a for o principal pa�s a assumir as responsabilidades de seguran�a no Sul do L�bano, na base do mandato da ONU, pode ser uma rara oportunidade para a Fran�a (e por interposta Fran�a para a UE) assumir um papel positivo na regi�o, onde s� tem tido um papel muito negativo, em particular pelas ambiguidades da sua pol�tica face ao conflito iraquiano. Mas conv�m n�o ter ilus�es, o mandato das tropas da ONU s� ser� eficaz se estas estiverem dispostas a actuar militarmente contra quem tomar a iniciativa de violar o cessar-fogo, e isso vai significar agir contra o Hezbollah. Em bom rigor, tamb�m significaria agir contra Israel, mas parece-me pouco prov�vel que o problema seja essa, pelo menos em teoria. Na pr�tica, situa��es complexas podem surgir, em particular porque Israel aceita a resolu��o com ressalva do direito de resposta, o que significa uma ainda maior responsabilidade para a for�a de interposi��o, que pode vir a ser apanhada entre dois fogos. Mas a pol�tica e a ac��o militar no M�dio Oriente n�o � para meninos de coro, pelo que se espera que quem se mete, saiba no que se mete.

A for�a militar, cuja presen�a no Sul do L�bano � que d� consist�ncia � resolu��o da ONU, ter� tamb�m a dif�cil tarefa de impedir que o Hezbollah actue nessa zona como um grupo armado, ou seja, que se comporte como uma mil�cia que n�o responde ao governo liban�s e que desenvolve actividades b�licas por conta de outr�m, seja ofensivas, seja preparat�rias da ofensiva. A experi�ncia mostrou que no passado o Hezbollah debaixo dos olhos da ONU, em viola��o das suas resolu��es e � revelia de qualquer autoridade soberana nacional do governo liban�s, foi construindo uma infra-estrutura militar, centros de comando, rampas de lan�amento, t�neis, bunkers, toda a parafern�lia que lhe permitiu defrontar Israel no actual conflito e que levou uma destrui��o consider�vel do tecido urbano desde Beirute para o sul.

Se Israel permitir que diante dos seus olhos, a for�a de interposi��o fa�a de conta que estas actividades militares do Hezbollah n�o s�o de sua responsabilidade evitar, ent�o esta guerra foi in�til e Israel perdeu-a. Ao aceitar a resolu��o da ONU, Israel jogou em factores que t�m consider�vel imprevisibilidade, mas t�m tamb�m uma l�gica de futuro. Tinha de facto sentido neste momento dar � comunidade internacional, eufemismo para uma parte da Uni�o Europeia, uma oportunidade de se envolver nos conflitos do M�dio Oriente, nem que seja para ter uma prova de vida e receber um banho de realidade. N�o � mal jogado, porque isso pode levar ao isolamento do Ir�o e da S�ria, e do seu grupo armado, o Hezbollah, ao aumentar o n�mero de participantes activos no conflito que inevitavelmente entrar�o em conflito com os grupos terroristas. Mas nem por isso deixa de ter elementos de jogo, risco.

Vamos pois adiar a resposta � pergunta de quem �ganhou�. Tem sentido a pergunta? Claro que tem, n�o se anda a morrer e a matar para ficar na mesma ou pior, e isso � v�lido tanto para Israel como para o Hezbollah. Ambos pagaram um pre�o pela situa��o actual, que n�o � a mesmade antes da guerra. Vamos pois esperar para ver e deixemos para os propagandistas os gritos de vit�ria j�.

*

(Sem acentos) Quando se fala de Israel, e da sua continua luta pela sobrevivencia, estas intervencoes nao sao guerras mas sim batalhas, cujo fim esta longe de qualquer solucao. Como se diz por ai, Israel tem neste momento a populacao simbolica de 6 milhoes de habitantes, dos quias 2 milhoes sao Arabes. Este facto nao tem passado despercebido na comunicacao social do Medio Oriente, habitualmente de forma "ironica". Falr da relacao Israel/Europa implica remoer 2,000 anos de historia e fazer uma profunda analise dos ultimos 150 anos que levaram a criacao do Estado de Israel. A actual Russia, nessa altura Uniao Sovietica e primeiro estado a reconhecer Israel, tera um papel fulcral como teve nos acontecimentos que levaram a criacao desse mesmo estado. Espanta-me (ou talvez nao) a violencia com que grupos de bem pensantes, tanto criticam Israel, mas nao questionam sequer a criacao, pelos seus termos tambem arbitraria de tantos outros paises desde 1947. As proprias fronteiras de paises vizinhos podem ser alvo de questionamento assim como a criacao do Bangladesh, do Pakistao, enfim de tantos outros "estados" recortados pelos diferentes poderes colonialistas. Porque esta anonimosidade perante Israel? Continuo a nao questionar que e uma nva forma de anti semitismo.

A tragedia disto tudo e que mais uma vez, os judeus se encontram num novo ghetto, rodeados de hostilidade e obrigados a construirem muros para proteccao. Um pouco como acontecia em partes da Europa. E nao acredito na completa e perpetua seguranca da Diaspora Americana.

Quanto a Voltaire, assumido anti semita, escrevendo o seu play "Mahomed ou le Fanatism", embora o seu alvo directo nao fosse o Islamismo, mas sim o Cristianismo nas suas formas fanaticas, nao deixa de falar umas quantas verdades.

Reitero, o Islao nao e uma religiao de paz e embora algumas faccoes refiram a "jihad", como o luta interna que todos nos travamos, nao e essa a interpretacao que actualmente e geralmente lhe e dada.

Mas sem me alongar e voltando ao inicio, esta foi senao uma menor batalha, numa continua guerra pelo exterminio do povo judeu, cuja presenca no Medio Oriente tem tanta logica como qualquer a de qualquer outro grupo semita.Ou seja toda a logica!

Manuela Mage, Denver, CO

*

Parece-me bem que Vasco Pulido Valente tem raz�o ao considerar que foi o Hezbollah.

Volta tudo � estaca zero, ou seja, � situa��o anterior ao rapto dos soldados israelitas pelo Hezbollah. Com a diferen�a do enorme prest�gio que o Hezbollah ganhou, e a prova da inefic�cia da estrat�gia militar de Israel � os seus tanques ser�o bons contra outros tanques ou contra a intifada civil, mas �patos� para tiro ao alvo dos m�sseis teleguiados guard�veis numa caixinha e dispar�veis por 2 militantes � civil de um pequeno espa�o num edif�cio em ru�nas. E os ataques a�reos de precis�o parecem n�o funcionar contra uma organiza��o que sabe estruturar-se na clandestinidade e que conhece os princ�pios do movimento entre popula��es como �peixe na �gua�. E mais ainda, contra uma organiza��o que sabe, pela primeira vez entre os islamitas radicais, usar a TV e dar uma imagem de modera��o e aparente gosto pela paz que acerta em cheio no gosto dos expectadores ocidentais.

Parece-me, com efeito, que Israel encontrou o seu Ho Chi Minh!

A longo prazo, no entanto, a solu��o n�o deixar� de envolver os europeus na guerra em curso, o que talvez suscite mais ataques da Al Queda no local ou na Europa, e com isso se v� desesperando mais os eleitorados europeus, predispondo-os para uma maior intransig�ncia.

Tudo isto, entretanto, evoca a mem�ria de que as cruzadas duraram duzentos anos e que por este caminho esta prociss�o ainda vai no adro...

(Pinto de S�) � cedo para se saber, mas Israel � o melhor candidato para uma resposta positiva. E no entanto� vai tudo depender do modo como for aplicada a resolu��o da ONU, em particular do modo como for constitu�da a for�a internacional que controlar� o sul do L�bano e o modo como esta actuar�. E o dilema � bastante simples: ou essa for�a impede os ataques contra o territ�rio de Israel e favorece um di�logo para a paz, enfraquecendo a actua��o dos grupos que pretendem exterminar Israel, ou constituir� um falhan�o da ONU e da �comunidade internacional�. Tudo indica que poder� verificar-se a segunda hip�tese, o que levar� Israel � guerra de novo, mas h� s�rias raz�es para dar uma �ltima oportunidade a um maior envolvimento internacional, em particular europeu.Se a Fran�a for o principal pa�s a assumir as responsabilidades de seguran�a no Sul do L�bano, na base do mandato da ONU, pode ser uma rara oportunidade para a Fran�a (e por interposta Fran�a para a UE) assumir um papel positivo na regi�o, onde s� tem tido um papel muito negativo, em particular pelas ambiguidades da sua pol�tica face ao conflito iraquiano. Mas conv�m n�o ter ilus�es, o mandato das tropas da ONU s� ser� eficaz se estas estiverem dispostas a actuar militarmente contra quem tomar a iniciativa de violar o cessar-fogo, e isso vai significar agir contra o Hezbollah. Em bom rigor, tamb�m significaria agir contra Israel, mas parece-me pouco prov�vel que o problema seja essa, pelo menos em teoria. Na pr�tica, situa��es complexas podem surgir, em particular porque Israel aceita a resolu��o com ressalva do direito de resposta, o que significa uma ainda maior responsabilidade para a for�a de interposi��o, que pode vir a ser apanhada entre dois fogos. Mas a pol�tica e a ac��o militar no M�dio Oriente n�o � para meninos de coro, pelo que se espera que quem se mete, saiba no que se mete.A for�a militar, cuja presen�a no Sul do L�bano � que d� consist�ncia � resolu��o da ONU, ter� tamb�m a dif�cil tarefa de impedir que o Hezbollah actue nessa zona como um grupo armado, ou seja, que se comporte como uma mil�cia que n�o responde ao governo liban�s e que desenvolve actividades b�licas por conta de outr�m, seja ofensivas, seja preparat�rias da ofensiva. A experi�ncia mostrou que no passado o Hezbollah debaixo dos olhos da ONU, em viola��o das suas resolu��es e � revelia de qualquer autoridade soberana nacional do governo liban�s, foi construindo uma infra-estrutura militar, centros de comando, rampas de lan�amento, t�neis, bunkers, toda a parafern�lia que lhe permitiu defrontar Israel no actual conflito e que levou uma destrui��o consider�vel do tecido urbano desde Beirute para o sul.Se Israel permitir que diante dos seus olhos, a for�a de interposi��o fa�a de conta que estas actividades militares do Hezbollah n�o s�o de sua responsabilidade evitar, ent�o esta guerra foi in�til e Israel perdeu-a. Ao aceitar a resolu��o da ONU, Israel jogou em factores que t�m consider�vel imprevisibilidade, mas t�m tamb�m uma l�gica de futuro. Tinha de facto sentido neste momento dar � comunidade internacional, eufemismo para uma parte da Uni�o Europeia, uma oportunidade de se envolver nos conflitos do M�dio Oriente, nem que seja para ter uma prova de vida e receber um banho de realidade. N�o � mal jogado, porque isso pode levar ao isolamento do Ir�o e da S�ria, e do seu grupo armado, o Hezbollah, ao aumentar o n�mero de participantes activos no conflito que inevitavelmente entrar�o em conflito com os grupos terroristas. Mas nem por isso deixa de ter elementos de jogo, risco.Vamos pois adiar a resposta � pergunta de quem �ganhou�. Tem sentido a pergunta? Claro que tem, n�o se anda a morrer e a matar para ficar na mesma ou pior, e isso � v�lido tanto para Israel como para o Hezbollah. Ambos pagaram um pre�o pela situa��o actual, que n�o � a mesmade antes da guerra. Vamos pois esperar para ver e deixemos para os propagandistas os gritos de vit�ria j�.

OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: PAISAGENS EXTRA-TERRESTRES

Jactos de di�xido de carbono no Polo Sul marciano. Marte move-se!

EARLY MORNING BLOGS

843 - De l'horrible danger de la lecture

(Voltaire)

*

Bom dia! Bom dia!

INTEND�NCIA

Em actualiza��o os

Em actualiza��o os ESTUDOS SOBRE COMUNISMO , com a publica��o da carta de ades�o de Jos� Carlos Rates, fundador e primeiro secret�rio-geral do PCP, � Uni�o Nacional em 1931.

RETRATOS DO TRABALHO NO PORTO, PORTUGAL

Na �ltima oficina em Portugal que faz caixas para rel�gios, uma empresa centen�ria instalada numa cave da baixa do Porto. Verdadeira arqueologia industrial.

(Fernando Correia de Oliveira)

LENDO

VENDO

OUVINDO

�TOMOS E BITS

de 17 de Agosto de 2006 (2� s�rie)

Quem ouvisse o telejornal das 20 horas da RTP, ficava a pensar que Marcello Caetano foi um benigno professor de Direito, que teve a infelicidade de o 25 de Abril lhe ter cortado uma carreira ao servi�o dos portugueses, cujo bem estar ele mais que tudo desejava. Dizer-se de um homem que fez a sua forma��o pol�tica nos anos do autoritarismo que n�o desejava o "poder", � apenas um exemplo do absurdo de toda a pe�a jornal�stica. Duvido que o pr�prio se revisse na vis�o wishy-washy que uma mistura de ignor�ncia e de revisionismo hist�rico d� da sua vida e carreira.

*

A prop�sito do centen�rio de Marcello Caetano, at� mesmo a entrevista com Fernando Rosas, no Jornal das 9, na SIC Not�cias, a achei uma amena cavaqueira sobre os m�ritos e bloqueios com que o ex-Presidente do Conselho se deparou nos seus 6 anos de magist�rio. A certa altura, perguntei-me mesmo se a v�tima era afinal ele e n�o os portugueses sem direito a voto, sem liberdade de express�o e policiados pela PIDE (ainda que rebaptizada).

Ao ver as diferentes pe�as que sobre o tema os diferentes canais nos foram apresentando, fiquei com a ideia de que a fatalidade de Marcello Caetano se resumiu � impossibilidade de acabar com a guerra colonial, porque em tudo o mais Marcello Caetano seria um liberal apostado em mudar o regime. Permitam-me apreciar a quest�o ao contr�rio. A incapacidade de acabar com a guerra colonial era apenas o sintoma mais tr�gico da incapacidade do regime se reformar, se extinguir a si pr�prio e encontrar uma qualquer forma de transi��o para uma nova realidade pol�tica.

Pensar que sem guerra colonial, a Primavera Marcelista teria gerado um regime democr�tico (eventualmente melhor que o actual, ler-se-� nas entrelinhas) d� boa fic��o hist�rica. Pior do que isso � colocar-se a hip�tese de que uma vers�o light do Estado Novo seria preferivel ao que temos actualmente. Se tudo isto andou ontem no ar, espero que se mantenha evaporado nas altas camadas da nossa atmosfera mental.

(M�rio Almeida)

*

Deixe-me contar-lhe apenas a minha vis�o dessas not�cias da RTP, eu que sou um jovem de 23 anos e portanto, n�o assisti a nada do 25 de Abril "em directo". Vi o telejornal, depois tive curiosidade em ouvir a entrevista com a filha de Marcello Caetano, depois vi ainda o document�rio que se seguiu. Quando dei por mim, quase estava a ter pena do homem. Felizmente pus um trav�o na minha mente e consegui pensar exactamente como o sr.: "Espera l�, mas ent�o ele n�o cresceu politicamente naquela altura? Ele podia ter-se oposto �s ideias salazaristas".

Ser� que me podia dar uma teoria sua para a RTP ter orientado as not�cias daquela forma? Quem n�o conhecesse hist�ria de Portugal e assistisse �quilo tudo pensaria concerteza que se estava a homenagear uma grande figura, adorada por todos n�s, que teve "azar".

(Hugo Tavares)

*

A evoca��o "soft" do centen�rio do nascimento de Marcello Caetano e as pe�as jornalisticas superficiais que, a prop�sito desta efem�ride, foram sendo produzidas nos diversos org�os de informa��o s� refor�am um facto para mim inquestion�vel: a evidente perda de mem�ria hist�rica da sociedade portuguesa, por si bastante mais perigosa do que um qualquer tipo de revisionismo hist�rico. � paradoxal que um pa�s com uma hist�ria t�o rica tenha ao mesmo tempo um problema t�o grande na defesa da sua mem�ria n�

RETRATOS DO TRABALHO EM MARCHEGG BANHOF, A�STRIA

Tirei esta foto em Julho de 2006 na cidade austr�aca de Marchegg Banhof a 1km da fronteira com a Eslov�quia e frente � fabrica da Volkswagen. Asfaltavam a rua em frente da �vivenda Lisboa� onde passo f�rias.

(Lu�s Falc�o da Fonseca)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: PERGUNTA

No �trio das Chegadas do Aeroporto da Portela, est�o tr�s m�quinas, separadas por meia-d�zia de metros:

Uma ATM, um quiosque de informa��es da Direc��o Geral de Transportes Terrestres e um posto-p�blico (mas pertencente a uma empresa privada) para navega��o na Internet.

H� ainda, ali perto, carrinhos para crian�as (que funcionam com moedas), m�quinas diversas (de venda de chocolates, de �guas e de refrigerantes), al�m das de pagamento do parque de estacionamento.

Sucede que, de todas estas m�quinas, h� uma (e s� uma) que n�o funciona. Como, h� cerca de um ano, j� estava assim, perguntei a uma funcion�ria da ANA o que se passava. Sorriu, e respondeu-me que �Normalmente N�O funciona�.

A pergunta (que, por ser demasiado f�cil, n�o tem direito a pr�mio) �: a qual dessas m�quinas me estou a referir?

Uma "dica": segundo se l� numa etiqueta, foi co-financiada pelo POSI (e POR SI) e pelo FEDER.

(C. Medina Ribeiro)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: BENDITO MERCADO

Nunca o senhor Orestes Handy de S�o Jo�o imaginou que o seu exemplar de Os Lus�adas , comprado em Boston em 16 de Fevereiro de 1867, e deixado em legado � Universidade de Stanford estaria dispon�vel para leitura e c�pia para qualquer pessoa no mundo. Bendito mercado que leva Google Books a pensar que poder� fazer dinheiro oferecendo Os Lus�adas de gra�a.

Descri��o em portugu�s.

(Nuno M. Cabe�adas) (Lu�s Teixeira)(Nuno M. Cabe�adas)

RETRATOS DO TRABALHO NO PORTO, PORTUGAL

Casa da M�sica, no Porto, onde se procede � limpeza dos vidros - tirada ontem � tarde.

(Jos� Manuel de Figueiredo)

INTEND�NCIA

Actualizada a nota LENDO / VENDO / OUVINDO �TOMOS E BITS de 25 de Agosto de 2006 com o coment�rio do jornalista Filipe Campos Ferreira respons�vel pelo directo da SIC feito na Azinhaga dos Besouros. Actualizada a notacom o coment�rio do jornalista Filipe Campos Ferreira respons�vel pelo directo da SIC feito na Azinhaga dos Besouros.

DEVE HAVER CONFUS�O COM A RESOLU��O 1701...

Fico a saber que a for�a que vai para o L�bano � uma companhia de engenharia, e segundo o ministro foi enviada " num contexto humanit�rio ". Sempre apoiei o envio de tropas da UE, a come�ar pelas portuguesas, para implementar a Resolu��o 1701 das Na��es Unidas... mas tanto quanto eu sei a miss�o da UNIFIL n�o � propriamente humanit�ria, nem tem como objectivo "reconstruir" o Sul do L�bano. O seu objectivo n�o � constru��o civil, mas garantir que o Governo do L�bano � exer�a a soberania plena de modo a que n�o haja a� armas sem consentimento do Governo do L�bano �, e o � desarmamento de todos os grupos armados no L�bano (�) de modo a que n�o haja armas ou autoridade no L�bano que n�o sejam as do Estado L�ban�s. � Fico a saber que a for�a que vai para o L�bano � uma companhia de engenharia, e segundo o ministro foi enviada "". Sempre apoiei o envio de tropas da UE, a come�ar pelas portuguesas, para implementar a Resolu��o 1701 das Na��es Unidas... mas tanto quanto eu sei a miss�o da UNIFIL n�o � propriamente humanit�ria, nem tem como objectivo "reconstruir" o Sul do L�bano. O seu objectivo n�o � constru��o civil, mas garantir que o Governo do L�bano ��, e o �

LENDO

VENDO

OUVINDO

�TOMOS E BITS

de 31 de Agosto de 2006

V�rios dias de jornais, muitas e variegadas coisas. Um jornal morto, o Independente , o que � sempre mau. N�o importa que se concorde ou discorde, e o Independente teve coisas muito m�s e coisas muito boas, mas quando acaba um jornal fica-se sempre mais pobre. Posso agora arrumar a colec��o integral do Independente no arquivo morto, mas tenho a certeza que continuarei a consulta-la.

Agora que um jornal morreu, continuo perplexo com a vida de outros. Como � que o Seman�rio sobrevive? N�o lhe desejo nada de mal, mas � para mim um mist�rio a sua continuidade sem jornalistas, sem leitores e sem anunciantes.

*

Hoje no Di�rio de Not�cias uma grande entrevista a M�rio Soares, que h� muitos anos d� a este jornal as suas melhores entrevistas. N�o importam todas as discord�ncias, quer com a sua campanha presidencial recente, quer com as opini�es sobre pol�tica internacional que mais uma vez reitera. H� uma coisa que s� Soares podia dizer de si pr�prio, aquilo que � ao mesmo tempo a sua for�a e a sua puls�o para s� se ouvir a si pr�prio e fazer asneiras, a sua fus�o �nica de virtudes que s�o ao mesmo tempo defeitos e vice-versa: " Sou resistente, tenho uma carapa�a s�lida. N�o sou uma an�mona impression�vel, quer por qualquer cr�tica ou por um simples desaire eleitoral. ". N�o, n�o � uma "an�mona", mas tamb�m o seu desaire eleitoral n�o foi "simples"...

(Continua) V�rios dias de jornais, muitas e variegadas coisas. Um jornal morto, o, o que � sempre mau. N�o importa que se concorde ou discorde, e oteve coisas muito m�s e coisas muito boas, mas quando acaba um jornal fica-se sempre mais pobre. Posso agora arrumar a colec��o integral dono arquivo morto, mas tenho a certeza que continuarei a consulta-la.Agora que um jornal morreu, continuo perplexo com a vida de outros. Como � que osobrevive? N�o lhe desejo nada de mal, mas � para mim um mist�rio a sua continuidade sem jornalistas, sem leitores e sem anunciantes.Hoje nouma grande entrevista a M�rio Soares, que h� muitos anos d� a este jornal as suas melhores entrevistas. N�o importam todas as discord�ncias, quer com a sua campanha presidencial recente, quer com as opini�es sobre pol�tica internacional que mais uma vez reitera. H� uma coisa que s� Soares podia dizer de si pr�prio, aquilo que � ao mesmo tempo a sua for�a e a sua puls�o para s� se ouvir a si pr�prio e fazer asneiras, a sua fus�o �nica de virtudes que s�o ao mesmo tempo defeitos e vice-versa: "". N�o, n�o � uma "an�mona", mas tamb�m o seu desaire eleitoral n�o foi "simples"...(Continua)

JUDEU ERRANTE

Mais uma corrida, mais uma viagem.

De regresso.

COISAS SIMPLES

(John Frederick Peto) (John Frederick Peto)

RETRATOS DO TRABALHO EM MADRID, ESPANHA

Homem-est�tua (de barro) prepara-se para iniciar o seu trabalho em frente ao Museu do Prado em Madrid.

(Pedro Oliveira)

Homem-est�tua (de barro) prepara-se para iniciar o seu trabalho em frente ao Museu do Prado em Madrid.(Pedro Oliveira)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:

A CENT�SIMA DE �LCOOL QUE FAZ NOT�CIA

Vejo os telejornais na "diagonal", tal qual os jornais em papel, porque me deprimiriam se lhe desse a import�ncia que pedem. Saltito de canal quando o sangue me invade a mesa de jantar, e uma bola que rola e rola me parte a loi�a! Mas n�o deixei de ouvir com a aten��o poss�vel o disparate sobre a taxa de alcool�mia. N�o ouvi uma s� refer�ncia, nos canais que vi, ao erro dos instrumentos.

Lembrar-se-�o, por exemplo, que o Euro valia 200,482 Escudos. Ter� significado, cient�fico e fisiol�gico, a cent�sima de �lcool que faz capa de TV e de Jornal nestes dias? Saber�o que um medidor digital de tens�o arterial, por exemplo, � menos fiav�l que um anal�gico?

Perguntas/not�cias para ouvir, nos dias que se seguem, se n�o houver outro sangue a noticiar!

(Am�lcar A.)

*

Considerar-se que um determinado erro � "grande" ou "pequeno" � algo que tanto pode fazer sentido como n�o fazer - depende do que estiver em causa, evidentemente. Neste caso da alcoolemia, Am�lcar A. defende que a diferen�a entre 0,57 g/l e 0,50 g/litro n�o tem significado fisiol�gico - apesar de esse facto implicar a possibilidade de a pessoa ter mais 14% de �lcool no sangue. � bem poss�vel que tenha raz�o (pois muitas das reac��es fisiol�gicas s�o aproximadamente logar�tmicas e n�o lineares); s� n�o me parece curial misturar essa argumenta��o com euros, pois se algu�m me dever � 57 euros e s� me quiser pagar � 50... eu sinto a diferen�a...

Mas isso tem pouca import�ncia. O que � grave (como hoje, e bem, escreve Nuno Pacheco no Editorial do �P�BLICO�) s�o os sinais que s�o dados aos automobilistas num pa�s onde morre mais gente nas estradas do que norte-americanos no Iraque.

Ent�o e a DGV demorou 8-anos-oito a descobrir que devia aplicar a directiva da Organiza��o Internacional de Metrologia Legal? Ent�o e as pessoas que, durante todos estes anos, foram multadas, detidas ou punidas com cassa��o de carta � conta de valores que, porventura, estar�o errados?

Mas dizem-nos que �o problema j� est� a ser resolvido�, pelo que nos resta o consolo de verificar que, mais uma vez, se confirma o famoso diagn�stico que uma empresa internacional de consultadoria fez - ao analisar r�bulas semelhantes:

�Os gestores portugueses s�o muito bons a resolver os problemas que eles pr�prios criam�.

C. Medina Ribeiro

EARLY MORNING BLOGS

853 - Les mauvais artisans

Ce sont, dans les vingt-huit maisons du Ciel ; la Navette �toil�e qui jamais n�a tiss� de soie ;

Le Taureau constell�, corde au cou, et qui ne peut tra�ner sa voiture ;

Le Filet myriadaire si bien fait pour coiffer les li�vres et qui n'en prend jamais ;

Le Van qui ne vanne pas ; la Cuiller sans usage m�me pour mesurer l'huile !

Et le peuple des artisans terrestres accuse les c�lestes d'imposture et de nullit�.

Le po�te dit : Ils rayonnent.

(Victor Segalen)

*

(Victor Segalen)

Bom dia! Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO EM PONTE DA BARCA, PORTUGAL

Preparando a ilumina��o para as festas em Ponte da Barca.

(Gil Coelho) Preparando a ilumina��o para as festas em Ponte da Barca.(Gil Coelho)

LENDO

VENDO

OUVINDO

�TOMOS E BITS

de 28 de Agosto de 2006

OS NOVOS DESCOBRIMENTOS :

*

No

*

No sixties e a dificuldade de generalizar. Nos rochas marcianas de um novo tipo. O mundo torna-se mais complexo. Quem disse que os diagramas n�o t�m a categoria da beleza?No Natureza do Mal , notas e reprodu��es do cat�logo da exposi��o da Funda��o Cartier-Bresson, comissariada por Agn�s Sire, com fotos surpreendentes. Simone Beauvoir como "jeune fille" de costas e como intelectual existencialista de frente.No Da Literatura mais uma nota cautelar sobre ose a dificuldade de generalizar. Nos ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO escrevi h� algum tempo uma nota sobre a dif�cil fus�o entre o radicalismo cultural e pol�tico que se come�ou a dar nos anos � volta de 1968, sendo as ra�zes da contra-cultura radical anteriores e mesmo percursoras do radicalismo pol�tico. Este movimento a dois foi travado na d�cada de setenta pela extremiza��o dos movimentos pol�tico-estudantis (em Portugal e na Europa) e pelo fim do per�odo "liberal" do marcelismo. No entanto, depois do 25 de Abril verificou-se que tinha sido um ponto sem retorno.

FONTES PARA A HIST�RIA DA IMPRENSA ENQUANTO INSTRUMENTO DO GRANDE CAPITAL

(De uma hist�ria aos quadradinhos de propaganda nazi, England ahoi! , publicada em Portugal nos anos quarenta durante a guerra.) (De uma hist�ria aos quadradinhos de propaganda nazi,, publicada em Portugal nos anos quarenta durante a guerra.)

NUNCA � TARDE PARA APRENDER: NAPOLE�O

J Marshall Cornwall, Napoleon as Military Commander

Durante a retirada da Grande Arm�e da R�ssia, o seu primeiro grande desastre militar, Napole�o teve muita dificuldade em atravessar o rio Berezin� tendo que construir uns pont�es de emerg�ncia debaixo de fogo. Devido ao congestionamento na travessia, Napole�o ordenou a destrui��o da maioria dos transportes de bagagens pessoais dos seus oficiais, ordem que nem sempre foi cumprida. Napole�o deu o exemplo e um dos seus trens de bagagem que foi queimado continha a sua biblioteca pessoal.

*

Depois da morte de Napole�o, Jean-Baptiste Bernadotte, (veio a ser Carlos XIV, rei da Su�cia, progenitor da actual dinastia, e que tinha fama de ter uma tatuagem revolucion�ria a dizer "Mort aus rois"...) que come�ou como marechal de Napole�o e acabou seu inimigo, disse do seu mentor:

" Napole�o n�o foi conquistado pelas armas. Ele era maior do que qualquer de n�s. Mas Deus puniu-o porque ele apoiava-se apenas na sua intelig�ncia, at� que esse poderoso instrumento foi levado a um ponto de ruptura. No fim, tudo se quebra."

J Marshall Cornwall,Durante a retirada dada R�ssia, o seu primeiro grande desastre militar, Napole�o teve muita dificuldade em atravessar o rio Berezin� tendo que construir uns pont�es de emerg�ncia debaixo de fogo. Devido ao congestionamento na travessia, Napole�o ordenou a destrui��o da maioria dos transportes de bagagens pessoais dos seus oficiais, ordem que nem sempre foi cumprida. Napole�o deu o exemplo e um dos seus trens de bagagem que foi queimado continha a sua biblioteca pessoal.Depois da morte de Napole�o, Jean-Baptiste Bernadotte, (veio a ser Carlos XIV, rei da Su�cia, progenitor da actual dinastia, e que tinha fama de ter uma tatuagem revolucion�ria a dizer "Mort aus rois"...) que come�ou como marechal de Napole�o e acabou seu inimigo, disse do seu mentor:

EARLY MORNING BLOGS

852 - Un libro

Apenas una cosa entre las cosas

Pero tambi�n un arma. Fue forjada

En Inglaterra, en 1604,

Y la cargaron con un sue�o. Encierra

Sonido y furia y noche y escarlata.

Mi palma la sopesa. Qui�n dir�a

Que contiene el infierno: las barbadas

Brujas que son las parcas, los pu�ales

Que ejecutan las leyes de la sombra,

El aire delicado del castillo

Que te ver� morir, la delicada

Mano capaz de ensangrentar los mares,

La espada y el clamor de la batalla.

Ese tumulto silencioso duerme

En el �mbito de uno de los libros

Del tranquilo anaquel. Duerme y espera.

(Jorge Luis Borges)

*

Bom dia! (Jorge Luis Borges)Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO EM CASABLANCA, MARROCOS

Mesquita de Hassan II � Casablanca - Um oper�rio a consertar os mosaicos

(Raul Cesar de S�)

Mesquita de Hassan II � Casablanca - Um oper�rio a consertar os mosaicos(Raul Cesar de S�)

RETRATOS DO TRABALHO EM MACAU, CHINA

Num andaime feito de canas de bambu, trabalhadores executam tarefas de repara��o na pira do est�dio da Taipa, palco da cerim�nia de abertura dos 1.os Jogos da Lusofonia Macau 2006, entre os dias 7 e 15 de Outubro.A fotografia foi tirada em 21 de Agosto de 2006, na ilha da Taipa, Macau.

(Vasco Bismarck)

ANTES DA GRIPE DAS AVES, QUANDO OS ANIMAIS DE CAPOEIRA ERAM NOSSOS AMIGOS

BIBLIOFILIA: GRANDES CAPASANTES DA GRIPE DAS AVES, QUANDO OS ANIMAIS DE CAPOEIRA ERAM NOSSOS AMIGOS

EARLY MORNING BLOGS

851 - Money

Quarterly, is it, money reproaches me:

'Why do you let me lie here wastefully?

I am all you never had of goods and sex.

You could get them still by writing a few cheques.'

So I look at others, what they do with theirs:

They certainly don't keep it upstairs.

By now they've a second house and car and wife:

Clearly money has something to do with life

- In fact, they've a lot in common, if you enquire:

You can't put off being young until you retire,

And however you bank your screw, the money you save

Won't in the end buy you more than a shave.

I listen to money singing. It's like looking down

From long French windows at a provincial town,

The slums, the canal, the churches ornate and mad

In the evening sun. It is intensely sad.

(Philip Larkin)

*

Bom dia! (Philip Larkin)Bom dia!

FONTES PARA A HIST�RIA DO "MODELO SOCIAL EUROPEU"

Werner Kahl, Viagens do Oper�rio Alem�o , Servi�o Alem�o de Informa��es , 1941

BIBLIOFILIA: GRANDES CAPAS

EARLY MORNING BLOGS

850 - The House Was Quiet and the World Was Calm

The house was quiet and the world was calm.

The reader became the book; and summer night

Was like the conscious being of the book.

The house was quiet and the world was calm.

The words were spoken as if there was no book,

Except that the reader leaned above the page,

Wanted to lean, wanted much most to be

The scholar to whom the book is true, to whom

The summer night is like a perfection of thought.

The house was quiet because it had to be.

The quiet was part of the meaning, part of the mind:

The access of perfection to the page.

And the world was calm. The truth in a calm world,

In which there is no other meaning, itself

Is calm, itself is summer and night, itself

Is the reader leaning late and reading there.

(Wallace Stevens)

*

Bom dia! (Wallace Stevens)Bom dia!

COISAS DA S�BADO

1- RESOLU��ES DA ONU DE PRIMEIRA E DE SEGUNDA

Os mesmos que dizem que Israel perdeu a guerra, os mesmos ali�s que mostravam uma admira��o sacrossanta por aquilo a que chamavam �comunidade internacional� e pela ONU, falam pouco do conte�do da Resolu��o 1701 que permitiu o cessar-fogo. Mas dizem � boca cheia que a Resolu��o n�o � para aplicar, ou � inaplic�vel a anteriori e op�em-se � sua implementa��o no seu ponto mais importante � o envio de uma for�a militar � negando frontalmente, no caso portugu�s, qualquer participa��o de militares nacionais na implementa��o dessa Resolu��o.

N�o h� nada como ir ver o texto para perceber por que raz�o a Resolu��o incomoda tanto e tamb�m perceber as diferentes raz�es por que ela foi aceite pelos beligerantes. Tenho para mim que essas raz�es s�o evidentes: para Israel era fundamental a internacionaliza��o do conflito envolvendo outros parceiros ocidentais que n�o os EUA na seguran�a da fronteira norte de Israel, colocando-os pr�ximos daquilo que d�i no vespeiro do M�dio Oriente, ou seja pr�ximos do Hezbollah, da S�ria e do Ir�o a ver se percebem com quem Israel tem que lidar; para o Hezbollah evitava a invas�o terrestre do Sul do L�bano, que essa sim poderia levar a uma forte derrocada do seu aparelho militar para o que os ataques a�reos n�o chegam. Depois, o resto se veria.

H� uma m� f� evidente nas raz�es da aceita��o por parte de ambos os lados: Israel sabe que sem agir militarmente contra o Hezbollah este nunca aceitar� ser desarmado, e coloca o problema nos amplos bra�os da Fran�a (e por interposta Fran�a na am�vel UE), e o Hezbollah quer ganhar tempo e sabe que s� muito dificilmente a for�a internacional actuar� contra ele, como j� aconteceu no passado.

2 � NADA COMO IR LER O TEXTO

O que � que diz o texto da Resolu��o (de origem americano-francesa registe-se)? Deixando de parte a ret�rica destinada a permitir que todos � neste caso todos � o governo do L�bano e Israel � salvem a face, a Resolu��o implica o cessar-fogo imediato e a retirada das for�as israelitas do territ�rio liban�s, entregando o controle pleno da fronteira sul ao ex�rcito liban�s com a assist�ncia das for�as da UNIFIL

Ao Hezbollah pede-se que cesse todos os �ataques� e a Israel que cesse �todas as opera��es militares ofensivas�, o que j� � uma diferen�a em �diplomat�s�, embora aqui essa l�ngua n�o seja muito relevante. A seguir come�a a delinear-se a �solu��o� da �comunidade internacional� que, se for avante, muda de facto a situa��o do L�bano: � suposto que o governo liban�s assuma o controlo da sua fronteira, �exer�a a soberania plena de modo a que n�o haja a� armas sem consentimento do Governo do L�bano�, o que j� n�o acontece h� muitos anos devido � ocupa��o de facto dessa fronteira pelo Hezbollah. Mais � frente repete-se o que j� tinha sido decidido noutras resolu��es da ONU nunca aplicadas: o �desarmamento de todos os grupos armados no L�bano (�) de modo a que n�o haja armas ou autoridade no L�bano que n�o sejam as do Estado L�ban�s.� Mais ainda: n�o deve haver �for�as estrangeiras no L�bano sem o consentimento do Governo liban�s�, o que se aplica a Israel, mas tamb�m � S�ria.

Ao Governo liban�s s�o assacadas v�rias responsabilidades, que se centram no impedimento de quaisquer actividades militares ou para-militares contra Israel: controle do fluxo de armas, treino militar de mil�cias, e vigil�ncia nos postos de fronteira (com a S�ria como � �bvio) para impedir a ajuda militar ao Hezbollah.

A principal diferen�a substantiva entre esta Resolu��o e as anteriores - cuja n�o aplica��o foi consentida pelos mesmos que agora se indignam com o conflito � � o refor�o da UNIFIL para um m�ximo de 15000 efectivos e aquilo que se considera um mandato mais musculado dessa for�a, ou seja � suposto que n�o se fique por ver e relatar o que se passa, mas que actue. Sobre esse mandato, cuja actua��o deve ser coordenada com os governos do L�bano e Israel (com os dois, embora a for�a s� esteja no L�bano) em v�rios aspectos, assenta na tomada �de todas as ac��es necess�rias nas �reas onde estejam estacionadas as suas for�as e em fun��o das suas capacidades para assegurar que a sua �rea de opera��es n�o � utilizada para actividades hostis de qualquer tipo, resistindo a todas as tentativas para a impedir � for�a de n�o cumprir com os seus objectivos ao abrigo do mandato do Conselho de Seguran�a�.

Lendo o texto percebe-se que ele � o resultado directo da guerra, mesmo que reitere muito do que j� tinha sido �decidido� em anteriores resolu��es da ONU, naquilo que � uma maior obriga��o da �comunidade internacional� de acabar com a ocupa��o militar do Sul do L�bano pelas mil�cias do Hezbollah e de assegurar uma fronteira norte segura para Israel. Como Israel n�o tem reivindica��es territoriais sobre o L�bano, tudo o que diga respeito ao desenho da fronteira � irrelevante para Israel desde que esta permane�a segura.

3 � TOMAR A S�RIO O TEXTO DA RESOLU��O MESMO QUE SE DUVIDE DA SUA APLICA��O

Conseguir� a ONU, sem os EUA presentes na for�a militar e contando com o suposto envolvimento das na��es europeias (a atitude da Fran�a de um passo � frente e dois atr�s n�o surpreende ningu�m) ajudar a pacificar o L�bano, ou seja a retirar da pol�tica armada libanesa o Ir�o e a S�ria? A julgar pelo passado, a resposta � n�o. � muito pouco prov�vel que franceses, italianos, portugueses, espanh�is e outros andem aos tiros com o Hezbollah, para assegurar o efectivo controlo da fronteira, suprindo o ineficaz e hesitante controlo feito por um d�bil Governo liban�s. E no entanto, tomar a resolu��o da ONU � letra, � um passo que se justifica, por maiores que sejam as reservas quanto � sua implementa��o. H�, insisto, vantagens de todo o tipo em dar esta �ltima oportunidade � �comunidade internacional� na base de uma Resolu��o que consiste de facto numa vit�ria diplom�tica para Israel, como percebem muito bem os seus cr�ticos. Israel que fez uma guerra pela metade, e as guerras pela metade normalmente perdem-se, jogou forte no envolvimento da �comunidade internacional� ou seja , na pr�tica, no dos pa�ses da UE para os confrontar com as suas responsabilidades. O modo como eles v�o responder � e h� sinais contradit�rios dessa resposta � vai definir mais eficazmente o significado pol�tico da �Europa� comunit�ria do que cem Constitui��es. Vamos ver. Os mesmos que dizem que Israel perdeu a guerra, os mesmos ali�s que mostravam uma admira��o sacrossanta por aquilo a que chamavam �comunidade internacional� e pela ONU, falam pouco do conte�do da Resolu��o 1701 que permitiu o cessar-fogo. Mas dizem � boca cheia que a Resolu��o n�o � para aplicar, ou � inaplic�vel a anteriori e op�em-se � sua implementa��o no seu ponto mais importante � o envio de uma for�a militar � negando frontalmente, no caso portugu�s, qualquer participa��o de militares nacionais na implementa��o dessa Resolu��o.N�o h� nada como ir ver o texto para perceber por que raz�o a Resolu��o incomoda tanto e tamb�m perceber as diferentes raz�es por que ela foi aceite pelos beligerantes. Tenho para mim que essas raz�es s�o evidentes: para Israel era fundamental a internacionaliza��o do conflito envolvendo outros parceiros ocidentais que n�o os EUA na seguran�a da fronteira norte de Israel, colocando-os pr�ximos daquilo que d�i no vespeiro do M�dio Oriente, ou seja pr�ximos do Hezbollah, da S�ria e do Ir�o a ver se percebem com quem Israel tem que lidar; para o Hezbollah evitava a invas�o terrestre do Sul do L�bano, que essa sim poderia levar a uma forte derrocada do seu aparelho militar para o que os ataques a�reos n�o chegam. Depois, o resto se veria.H� uma m� f� evidente nas raz�es da aceita��o por parte de ambos os lados: Israel sabe que sem agir militarmente contra o Hezbollah este nunca aceitar� ser desarmado, e coloca o problema nos amplos bra�os da Fran�a (e por interposta Fran�a na am�vel UE), e o Hezbollah quer ganhar tempo e sabe que s� muito dificilmente a for�a internacional actuar� contra ele, como j� aconteceu no passado.O que � que diz o texto da Resolu��o (de origem americano-francesa registe-se)? Deixando de parte a ret�rica destinada a permitir que todos � neste caso todos � o governo do L�bano e Israel � salvem a face, a Resolu��o implica o cessar-fogo imediato e a retirada das for�as israelitas do territ�rio liban�s, entregando o controle pleno da fronteira sul ao ex�rcito liban�s com a assist�ncia das for�as da UNIFILAo Hezbollah pede-se que cesse todos os �ataques� e a Israel que cesse �todas as opera��es militares ofensivas�, o que j� � uma diferen�a em �diplomat�s�, embora aqui essa l�ngua n�o seja muito relevante. A seguir come�a a delinear-se a �solu��o� da �comunidade internacional� que, se for avante, muda de facto a situa��o do L�bano: � suposto que o governo liban�s assuma o controlo da sua fronteira, �exer�a a soberania plena de modo a que n�o haja a� armas sem consentimento do Governo do L�bano�, o que j� n�o acontece h� muitos anos devido � ocupa��o de facto dessa fronteira pelo Hezbollah. Mais � frente repete-se o que j� tinha sido decidido noutras resolu��es da ONU nunca aplicadas: o �desarmamento de todos os grupos armados no L�bano (�) de modo a que n�o haja armas ou autoridade no L�bano que n�o sejam as do Estado L�ban�s.� Mais ainda: n�o deve haver �for�as estrangeiras no L�bano sem o consentimento do Governo liban�s�, o que se aplica a Israel, mas tamb�m � S�ria.Ao Governo liban�s s�o assacadas v�rias responsabilidades, que se centram no impedimento de quaisquer actividades militares ou para-militares contra Israel: controle do fluxo de armas, treino militar de mil�cias, e vigil�ncia nos postos de fronteira (com a S�ria como � �bvio) para impedir a ajuda militar ao Hezbollah.A principal diferen�a substantiva entre esta Resolu��o e as anteriores - cuja n�o aplica��o foi consentida pelos mesmos que agora se indignam com o conflito � � o refor�o da UNIFIL para um m�ximo de 15000 efectivos e aquilo que se considera um mandato mais musculado dessa for�a, ou seja � suposto que n�o se fique por ver e relatar o que se passa, mas que actue. Sobre esse mandato, cuja actua��o deve ser coordenada com os governos do L�bano e Israel (com os dois, embora a for�a s� esteja no L�bano) em v�rios aspectos, assenta na tomada �de todas as ac��es necess�rias nas �reas onde estejam estacionadas as suas for�as e em fun��o das suas capacidades para assegurar que a sua �rea de opera��es n�o � utilizada para actividades hostis de qualquer tipo, resistindo a todas as tentativas para a impedir � for�a de n�o cumprir com os seus objectivos ao abrigo do mandato do Conselho de Seguran�a�.Lendo o texto percebe-se que ele � o resultado directo da guerra, mesmo que reitere muito do que j� tinha sido �decidido� em anteriores resolu��es da ONU, naquilo que � uma maior obriga��o da �comunidade internacional� de acabar com a ocupa��o militar do Sul do L�bano pelas mil�cias do Hezbollah e de assegurar uma fronteira norte segura para Israel. Como Israel n�o tem reivindica��es territoriais sobre o L�bano, tudo o que diga respeito ao desenho da fronteira � irrelevante para Israel desde que esta permane�a segura.Conseguir� a ONU, sem os EUA presentes na for�a militar e contando com o suposto envolvimento das na��es europeias (a atitude da Fran�a de um passo � frente e dois atr�s n�o surpreende ningu�m) ajudar a pacificar o L�bano, ou seja a retirar da pol�tica armada libanesa o Ir�o e a S�ria? A julgar pelo passado, a resposta � n�o. � muito pouco prov�vel que franceses, italianos, portugueses, espanh�is e outros andem aos tiros com o Hezbollah, para assegurar o efectivo controlo da fronteira, suprindo o ineficaz e hesitante controlo feito por um d�bil Governo liban�s. E no entanto, tomar a resolu��o da ONU � letra, � um passo que se justifica, por maiores que sejam as reservas quanto � sua implementa��o. H�, insisto, vantagens de todo o tipo em dar esta �ltima oportunidade � �comunidade internacional� na base de uma Resolu��o que consiste de facto numa vit�ria diplom�tica para Israel, como percebem muito bem os seus cr�ticos. Israel que fez uma guerra pela metade, e as guerras pela metade normalmente perdem-se, jogou forte no envolvimento da �comunidade internacional� ou seja , na pr�tica, no dos pa�ses da UE para os confrontar com as suas responsabilidades. O modo como eles v�o responder � e h� sinais contradit�rios dessa resposta � vai definir mais eficazmente o significado pol�tico da �Europa� comunit�ria do que cem Constitui��es. Vamos ver.

RETRATOS DO TRABALHO EM SANTO TIRSO, PORTUGAL

Limpando a escadaria do Tribunal de Santo Tirso.

(V�tor Alexandre Leal)

Limpando a escadaria do Tribunal de Santo Tirso.(V�tor Alexandre Leal)

LENDO

VENDO

OUVINDO

�TOMOS E BITS

de 25 de Agosto de 2006

Ser� que a SIC n�o compreende que os seus jornalistas n�o podem tomar o partido de uma das partes num conflito? Nos incidentes da Azinhaga dos Besouros, alguns moradores e uma organiza��o ligada ao BE, "Solidariedade Imigrante", t�m resistido �s demoli��es sentando-se nos telhados. Por que raz�o a jornalista da SIC entrevista alguns moradores em cima do telhado, podendo certamente faz�-la no ch�o, visto que nada se estava a passar ? Qualquer manual deontol�gico sobre procedimentos televisivos em conflitos e manifesta��es � claro em afirmar que os jornalistas n�o devem tomar posi��o, o que, neste caso, significa falar de um determinado lugar - o lugar do protesto, o telhado.

[Actualiza��o: a RTP fez a entrevista do ch�o. Bem.]

Sou jornalista /rep�rter de imagem na sic e acabo de ler no blog 'abrupto' (...) Escolhi fazer o "directo" do topo de uma das casas que estava prestes a ser demolida porque dali poderia dar, aos telespectadores, uma imagem abrangente do local, logo tamb�m da zona demolida at� ent�o. O facto dos trabalhos de demoli��o poderem recome�ar a qualquer momento e, repito, aquela casa estar na lista das constru��es a abater, ajudou-me a tomar a decis�o.

Considero que h� falta de discuss�o em rela��o �s quest�es �ticas e deontol�gicas no jornalismo. Estas discuss�es s�o fundamentais para um jornalismo que se quer cada vez mais cred�vel.

Trabalho na SIC h� 14 anos e ainda assim fiquei impressionado com aquela quantidade de casas demolidas.

(Filipe Campos Ferreira)

*

(sem acentos) Curioso tambem como a jornalista da SIC nao fez uma unica pergunta dificil:

- A construcao e� legal?

- Os terrenos onde as casas estao pertencem a quem?

- Voce nao sabia que a sua construcao e� ILEGAL?

- Se sabia, porque e� que eternizou esta situacao pondo em risco o seu bem estar e dos seus filhos?

- Porque e� que a Solidariedade Imigrante nao se preocupou com estes imigrantes ANTES das demolicoes terem sido aprovadas? Sera� que a Solidariedade Imigrante nao sabia do caracter ILEGAL destas construcoes?

Jornalismo, quo vadis?

(Carlos Carvalho)

*

Antes de mais, quero esclarecer que sou pouco sens�vel a apelos de solidariedade para com pessoas que v�em as suas casas legalmente destru�das - quando elas sabiam (� partida e quando as constru�ram), que era isso que ia suceder.

No entanto, nesses dias de demoli��es camar�rias, v�m-me sempre � mem�ria aquelas velhas hist�rias americanas em que os bandidos saltam de estado para estado para aproveitar as diferen�as existentes nas respectivas leis - � que, em mat�ria de demoli��es de casas clandestinas, estou h� anos � espera de ver igual genica aplicada �quelas outras, de f�rias e de segunda habita��o (algarvias, mas n�o s�), que continuam de �ptima sa�de em terrenos de dom�nio p�blico.

(C. Medina Ribeiro) *

Isto de ler os jornais e revistas em papel com dias de atraso d� uma perspectiva diferente sobre as not�cias e opini�es. Mas tamb�m t�m os seus inconvenientes, como seja n�o ter visto esta opini�o de Caetano Veloso, transcrita da Vis�o da semana passada, de que tamb�m n�o encontrei qualquer eco nos blogues apesar de ele se referir � "blogosfera portuguesa" e n�o apenas ao Abrupto...

Fica aqui reproduzido, seguindo os agradecimentos pessoais a Caetano Veloso por outra via. Parece que, sobre Israel, nem toda a gente segue o "pensamento �nico".

Nem sobre o Abrupto tamb�m...

(Alberto Serpa) *

Por que � que os americanos s�o bons? T�tulo da not�cia da NASA e do Jet Propulsion Laboratory sobre a "despromo��o" plut�nica:

*

Com um dia de atraso. Pequenos pormenores em que s� se repara lendo a imprensa em papel, que recebo dias depois de ter sa�do:

- no Di�rio de Not�cias de 24 de Agosto, numa not�cia assinada por Helena Tecedeiro, uma legenda de uma fotografia de um guerrilheiro do Hezbollah � � Enquanto l�der militar do Hezbollah, Mugniya ter� sido respons�vel pela vit�ria do grupo sobre o ex�rcito israelita � (Sublinhados meus)

- no Di�rio de Not�cias de 24 de Agosto, uma not�cia sobre os recentes confrontos em Timor-Leste (ocorridos a 23) que deveria suscitar as maiores perplexidades a quem esteja atento. L� se diz que os confrontos entre �grupos de jovens� (sempre esta estranha classifica��o) ocorreram no bairro de Comoro. � esse bairro que � suposto estar sob jurisdi��o da GNR que a� assume as fun��es de pol�cia. S� que a not�cia refere que foram pol�cias australianos e malaios que defrontaram os grupos e que, s� no fim, foi chamada a GNR. Balan�o dos feridos: sete australianos e um malaio.

Verdadeiramente, o que � que a GNR est� a fazer em Timor? A quem responde? Que cadeia hier�rquica operacional existe? O que � que se passou com este incidente na sua �rea de interven��o? Mais uma s�rie de quest�es que deviam estar a ser feitas a quem de direito, ou seja ao Governo. Ser� que a SIC n�o compreende que os seus jornalistas n�o podem tomar o partido de uma das partes num conflito? Nos incidentes da Azinhaga dos Besouros, alguns moradores e uma organiza��o ligada ao BE, "Solidariedade Imigrante", t�m resistido �s demoli��es sentando-se nos telhados. Por que raz�o a jornalista da SIC entrevista alguns moradores em cima do telhado, podendo certamente faz�-la no ch�o, visto que nada se estava a passar ? Qualquer manual deontol�gico sobre procedimentos televisivos em conflitos e manifesta��es � claro em afirmar que os jornalistas n�o devem tomar posi��o, o que, neste caso, significa falar de um determinado lugar - o lugar do protesto, o telhado.[Actualiza��o: a RTP fez a entrevista do ch�o. Bem.]Isto de ler os jornais e revistas em papel com dias de atraso d� uma perspectiva diferente sobre as not�cias e opini�es. Mas tamb�m t�m os seus inconvenientes, como seja n�o ter visto esta opini�o de Caetano Veloso, transcrita dada semana passada, de que tamb�m n�o encontrei qualquer eco nos blogues apesar de ele se referir � "blogosfera portuguesa" e n�o apenas ao Abrupto...Fica aqui reproduzido, seguindo os agradecimentos pessoais a Caetano Veloso por outra via. Parece que, sobre Israel, nem toda a gente segue o "pensamento �nico".Por que � que os americanos s�o bons? T�tulo da not�cia da NASA e do Jet Propulsion Laboratory sobre a "despromo��o" plut�nica: Honey, I Shrunk the Solar System Com um dia de atraso. Pequenos pormenores em que s� se repara lendo a imprensa em papel, que recebo dias depois de ter sa�do:- node 24 de Agosto, numa not�cia assinada por Helena Tecedeiro, uma legenda de uma fotografia de um guerrilheiro do Hezbollah � �(Sublinhados meus)- node 24 de Agosto, uma not�cia sobre os recentes confrontos em Timor-Leste (ocorridos a 23) que deveria suscitar as maiores perplexidades a quem esteja atento. L� se diz que os confrontos entre �grupos de jovens� (sempre esta estranha classifica��o) ocorreram no bairro de Comoro. � esse bairro que � suposto estar sob jurisdi��o da GNR que a� assume as fun��es de pol�cia. S� que a not�cia refere que foram pol�cias australianos e malaios que defrontaram os grupos e que, s� no fim, foi chamada a GNR. Balan�o dos feridos: sete australianos e um malaio.Verdadeiramente, o que � que a GNR est� a fazer em Timor? A quem responde? Que cadeia hier�rquica operacional existe? O que � que se passou com este incidente na sua �rea de interven��o? Mais uma s�rie de quest�es que deviam estar a ser feitas a quem de direito, ou seja ao Governo.

BIBLIOFILIA: GRANDES CAPAS, PESCA MACABRA

....................

...........

EARLY MORNING BLOGS

849 - Elephants Are Different to Different People

Wilson and Pilcer and Snack stood before the zoo elephant.

Wilson said, "What is its name? Is it from Asia or Africa? Who feeds it? Is it a he or a she? How old is it? Do they have twins? How much does it cost to feed? How much does it weigh? If it dies, how much will another one cost? If it dies, what will they use the bones, the fat, and the hide for? What use is it besides to look at?"

Pilcer didn't have any questions; he was murmering to himself, "It's a house by itself, walls and windows, the ears came from tall cornfields, by God; the architect of those legs was a workman, by God; he stands like a bridge out across the deep water; the face is sad and the eyes are kind; I know elephants are good to babies."

Snack looked up and down and at last said to himself, "He's a tough son-of-a-gun outside and I'll bet he's got a strong heart, I'll bet he's strong as a copper-riveted boiler inside."

They didn't put up any arguments.

They didn't throw anything in each other's faces.

Three men saw the elephant three ways

And let it go at that.

They didn't spoil a sunny Sunday afternoon;

"Sunday comes only once a week," they told each other.

(Carl Sandburg)

*

Bom dia! (Carl Sandburg)Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO NO FURADOURO - OVAR, PORTUGAL

O pescador conserta as redes da pesca de Arrasto (Arte X�vega), mais concretamente o saco onde vem o peixe, a safra...

(Fernando Manuel Oliveira Pinto)

INTEND�NCIA

Actualizada a nota LENDO / VENDO / OUVINDO �TOMOS E BITS de 23 de Agosto de 2006. Actualizada a nota

BIBLIOFILIA: GRANDES CAPAS, GRANDES CHASSES

LENDO

VENDO

OUVINDO

�TOMOS E BITS

de 24 de Agosto de 2006

Leia mais, senhor Presidente, n�o � por falta de livros. O conselho � v�lido para todos, ou pensam que � s� ele?

Publicidade encontrada na cidade de Toronto, Canad� (enviada por Francisco Cunha)

*

BLOGOSFERA CONTRA PROMESSOSFERA : O O Projecto MIT n�o est� esquecido, pois n�o ? " Se n�o fosse o infantilismo competitivo de muita imprensa escrita, que n�o quer parecer ir atr�s dos blogues, j� a mesma pergunta teria sido feita aos respons�veis pelas promessas governamentais numa vontade de esclarecer e informar que � suposto ser a ess�ncia do seu papel em democracia, venha a pergunta de onde vier. Se o BLOGUITICA deixasse de insistir durante dois ou tr�s dias, e voltasse o r�pido esquecimento em que vivemos, j� os jornalistas se sentiriam � vontade para fazer a pergunta sem parecer "ir atr�s" dos blogues. O mesmo se passou no caso da OTA, n�o fosse um �rg�o da imprensa digital sem preconceitos ter abordado M�rio Lino com a pergunta que os jornais n�o queriam fazer. Depois foi o que se viu. A quest�o central aqui � que um esclarecimento sobre o que se passa com o Projecto MIT � mais que devido, at� porque j� passou o prazo para se saber alguma coisa. Est� na altura de acabar com pruridos territoriais e perceber que hoje h�, queira-se ou n�o, um cont�nuo comunicacional com os blogues e uma pergunta certa e justa na blogosfera � tamb�m uma pergunta certa e justa na atmosfera e n�o se pode passar ao lado.

*

Bem-vindo de f�rias �

"Depois de afagos de veraneio pendur�mos a lembran�a, em local decente. Nas muitas noites-ligados-a-dias sem novelas da par�quia, sem ambi��o de coisa alguma e em salutar "metaf�sica do �cio", a ilumina��o teria de ser total. E, na verdade, foi a nossa abastan�a virtuosa. A "estrita" observ�ncia a paix�es deliciosas e sentimentos d'�cio peculiares, fez prolongar a visita��o extraordin�ria, assim a modos "como gatos espapa�ados ao sol" [ M. Bandeira ]. As instru��es, os preceitos e as exorta��es do vate S�crates & sua imprensa amestrada , n�o nos importunaram. Fomos piedosamente poupados � erudi��o dom�stica. E, claro est�, podemos dizer, humildemente ... que "cumprimos"!" Leia mais, senhor Presidente, n�o � por falta de livros. O conselho � v�lido para todos, ou pensam que � s� ele?Publicidade encontrada na cidade de Toronto, Canad� (enviada por Francisco Cunha): O BLOGUITICA continua a fazer a pergunta certa no tempo certo : "" Se n�o fosse o infantilismo competitivo de muita imprensa escrita, que n�o quer parecer ir atr�s dos blogues, j� a mesma pergunta teria sido feita aos respons�veis pelas promessas governamentais numa vontade de esclarecer e informar que � suposto ser a ess�ncia do seu papel em democracia, venha a pergunta de onde vier. Se o BLOGUITICA deixasse de insistir durante dois ou tr�s dias, e voltasse o r�pido esquecimento em que vivemos, j� os jornalistas se sentiriam � vontade para fazer a pergunta sem parecer "ir atr�s" dos blogues. O mesmo se passou no caso da OTA, n�o fosse um �rg�o da imprensa digital sem preconceitos ter abordado M�rio Lino com a pergunta que os jornais n�o queriam fazer. Depois foi o que se viu. A quest�o central aqui � que um esclarecimento sobre o que se passa com o Projecto MIT � mais que devido, at� porque j� passou o prazo para se saber alguma coisa. Est� na altura de acabar com pruridos territoriais e perceber que hoje h�, queira-se ou n�o, um cont�nuo comunicacional com os blogues e uma pergunta certa e justa na blogosfera � tamb�m uma pergunta certa e justa na atmosfera e n�o se pode passar ao lado.Bem-vindo de f�rias � Almocreve das Petas

EARLY MORNING BLOGS

848 - "Mezclar�nse con los de Babylonia, y aprendieron sus costumbres"

Diximos en el argumento que el lenguaje d'este psalmo es de tristeza, de los que sienten el mal de su captiverio; mas que no es de todos, sino solamente de aquellos que no se descuydaron de llevar consigo los instrumentos con que sol�an alabar al Se�or. Porque es cierto que no todos los captivos israelitas sospiravan por Si�n, porque los m�s mezclados entre los Babyl�nicos, se hizieron de sus costumbres y aprendieron sus maldades, hazi�ndose como naturales de la tierra donde no eran. Y estos no eran los que lloravan sobre las riberas de Babylonia, ni los que colgavan los instrumentos de m�sica en los salzes de aquel r�o. Mas eran aquellos de quien dixo David: Commixti sunt inter gentes, & didiscerunt opera corui. "Mezclar�nse con los de Babylonia, y aprendieron sus costumbres". Y son figura de la distincti�n de los que pertenescen a Si�n predestinados, y de los que son para Babylonia prescitos. Y de los dos amores, de quien dize Augustino ser tan estra�os que el uno edifica la ciudad de Babylonia y el otro la ciudad de Hierusalem. Y finalmente, significa los que tiene el demonio tan ciegos que el captiverio tienen por libertad y sus males juzgan por bienes. A differencia de los otros, que siendo captivos no se olvidan del fin para que fueron criados. Los unos cantan, los otros lloran; los unos biven sin contradicti�n de su consciencia, sin hazer contraste a nada de todo aquello que la sensualidad les pide; los otros quando mayores occasiones de plazeres mundanos les offresce el mundo, entonces se congoxan m�s, y de tal manera que, a no socorrer Dios en aquella tristeza, ser�a a los perfectos gran g�nero de martyrio querer Babylonia hazer reyr por fuer�a y cantar llorando, que son cosas que no vienen bien. Esto sinti� bien David quando dixo: Renuit consolari anima mea, memor fui Dei, & delectatus sum. "Mi �nima desech� tales contentos, que m�s tristeza me causavan, y no tuve otro remedio sino acordarme de Si�n". Que no es menos que dezir: Memor fui Dei. "Y ass� me alegraba con la tristeza de no contentarme en Babylonia", y esto quiere dezir: & delectatus sum.

( Serm�n donde se declara el Psalmo .136. que comien�a: Super flumina Babylonis, con otro psalmo .72. y este postrero haze a la declaraci�n del primero. Hecho y predicado por el muy Reverendo padre F. Pedro L�pez de C�rdenas en Valencia, a instancia de una se�ora devota suya, 1562.)

*

Bom dia! Commixti sunt inter gentes, & didiscerunt opera corui.Renuit consolari anima mea, memor fui Dei, & delectatus sum.& delectatus sum.Hecho y predicado por el muy Reverendo padre F. Pedro L�pez de C�rdenas en Valencia, a instancia de una se�ora devota suya, 1562.)Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO NA COSTA DA CAPARICA, PORTUGAL

Vendedor de gelados, bolacha, pipocas e batatas fritas.

(Jorge Alexandre)

Vendedor de gelados, bolacha, pipocas e batatas fritas.(Jorge Alexandre)

MORTE DE VASCO DE CARVALHO (1910-2006)

Recebi agora a not�cia da morte de Vasco de Carvalho, um dos principais dirigentes do PCP nos anos trinta e a figura mais significativa da direc��o afastada pela �reorganiza��o� de 1940-1, no chamado processo do �grupelho provocat�rio�. Trabalhei extensivamente com Vasco de Carvalho na reconstitui��o desses eventos, dos mais obscuros da hist�ria do PCP. E quando digo �trabalhei� foi mesmo o que aconteceu porque Vasco de Carvalho n�o se limitou a confiar na mem�ria que tinha dos eventos, mas fez ele pr�prio uma recolha por escrito de notas e apontamentos que possu�a e comentou, linha a linha, as primeiras vers�es do meu texto (excerto de um longo manuscrito de coment�rios e precis�es que fez sobre um esbo�o que lhe enviei sobre o �grupelho provocat�rio�).

(Nota mais completa nos Recebi agora a not�cia da morte de Vasco de Carvalho, um dos principais dirigentes do PCP nos anos trinta e a figura mais significativa da direc��o afastada pela �reorganiza��o� de 1940-1, no chamado processo do �grupelho provocat�rio�. Trabalhei extensivamente com Vasco de Carvalho na reconstitui��o desses eventos, dos mais obscuros da hist�ria do PCP. E quando digo �trabalhei� foi mesmo o que aconteceu porque Vasco de Carvalho n�o se limitou a confiar na mem�ria que tinha dos eventos, mas fez ele pr�prio uma recolha por escrito de notas e apontamentos que possu�a e comentou, linha a linha, as primeiras vers�es do meu texto (excerto de um longo manuscrito de coment�rios e precis�es que fez sobre um esbo�o que lhe enviei sobre o �grupelho provocat�rio�).Vasco de Carvalho tinha um forte sentimento da injusti�a que lhe tinha sido feita pelo PCP, e confiava na hist�ria para a corrigir, n�o tanto no plano pol�tico, mas nas acusa��es e suspeitas sobre o papel da PIDE na actividade da direc��o leg�tima do PCP que os �reorganizadores� tinham afastado. Embora Cunhal tenha mais tarde corrigido alguns dos excessos de Foga�a e dele pr�prio, afirmando n�o haver qualquer prova de colabora��o com a PIDE na actua��o do que chamava o �grupelho�, o PCP at� as nossos dias n�o fez a Vasco de Carvalho, nem a muitos outros comunistas caluniados e insultados na sua dignidade pessoal e pol�tica, qualquer repara��o p�blica, ao contr�rio do que aconteceu no PCF e no PCE.(Nota mais completa nos ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO .)

LENDO

VENDO

OUVINDO

�TOMOS E BITS

de 23 de Agosto de 2006

A cr�tica de Eduardo Cintra Torres no P�blico ao tratamento noticioso dos inc�ndios na RTP assenta em dois �factos� (1) ;

- um, a exist�ncia de ordens, ou instru��es oriundas do Gabinete do Primeiro Ministro � direc��o editorial da RTP quanto ao tratamento dos fogos

(� as informa��es de que disponho indicam que o gabinete do primeiro-ministro deu instru��es directas � RTP para se fazer censura � cobertura dos inc�ndios: s�o ordens directas do gabinete de S�crates �.) - dois, a minimiza��o dos inc�ndios nos telejornais, em particular num dia em que graves inc�ndios ocorriam a Norte

� E o Telejornal (RTP)? N�o fez nenhum directo. Remeteu os inc�ndios para a 18� not�cia de 28, j� depois do desporto. As tr�s �nicas not�cias sobre inc�ndios activos foram t�o breves que totalizaram menos tempo (1m50) do que a convalescen�a de Fidel Castro (2m16) ou a vit�ria dum Jo�o Cabreira na etapa do dia da Volta (2m18). As outras tr�s not�cias relacionadas com fogos eram todas positivas: um inventor dum autotanque; uma visita de bombeiros alem�es a Vila Real; a entrega de 16 jipes pelo Instituto de Conserva��o da Natureza aos parques naturais (mas antes, sobre o inc�ndio no Parque Nacional da Peneda-Ger�s, o Telejornal falou duas vezes em Arcos de Valdevez e s� no meio da not�cia referiu uma vez o Parque) �.

Quanto ao primeiro, Eduardo Cintra Torres ter� certamente que ir mais longe no seu esclarecimento, visto que parte de uma situa��o amb�gua entre ser jornalista e dever preservar as suas fontes e emitir um coment�rio cr�tico que em principio n�o � uma not�cia. Se tal �facto� (as instru��es do Gabinete) foi resultado de uma actividade jornal�stica normal ele deveria ter sido pela sua relev�ncia inclu�do no notici�rio pol�tico do P�blico e s� depois, ou em simult�neo, comentado na coluna de cr�tica. O estatuto de colunas de cr�tica como a que mant�m no P�blico � amb�guo, como ali�s acontece com muito do que hoje se escreve nos jornais em pe�as assinadas que misturam factos com opini�o. Por se tratar de uma coluna identificada como tal, isso protege a opini�o, mas �desprotege� os factos l� referidos em primeira m�o. Isso explica o processo da RTP, que Cintra Torres certamente ponderou, como consequ�ncia poss�vel do conte�do da coluna.

Duas observa��es de passagem, mas relevantes para o �caso�. Uma � que Eduardo Cintra Torres produz uma das raras colunas de coment�rio sobre a televis�o (na realidade � mais do que isso � cr�tica dos media, o que explica alguns furores) que pode ser chamada de �cr�tica�. A outra � que nas reac��es de alguns jornalistas ao �caso� � claro que n�o perdoam a Cintra Torres ter colocado em causa n�o o Governo de S�crates, mas a muito mais delicada quest�o das rela��es dos governos socialistas com a comunica��o social. Quando os governos s�o do PSD e do CDS, as rela��es com a comunica��o social s�o cuidadosamente escrutinadas e denunciadas, quando os governos s�o do PS a mat�ria torna-se sempre explosiva e a exig�ncia de prova, mesmo em textos anal�ticos, vem sempre � cabe�a. Um caso menor pode servir de compara��o: a relativa complac�ncia com que o livro de Manuel Maria Carrilho foi recebido, com acusa��es insubstanciadas muito mais graves do que as que fez Cintra Torres (caso fiquem elas tamb�m por provar, o que seria grave).

Sobra o segundo �facto� que aparentemente ningu�m quer discutir, remete para uma an�lise da informa��o da RTP, repito aqui o que escrevi antes do artigo de Cintra Torres:

O governo tem beneficiado de uma cobertura jornal�stica que tem minimizado a import�ncia dos inc�ndios este ano, e consequentemente, n�o confronta a realidade com o que foi prometido e anunciado. Parte desta situa��o vem dos compromissos que a comunica��o social, em particular as televis�es, assumiram quanto � cobertura dos fogos, corrigindo os excessos do ano passado. Mas, como quase sempre acontece, a correc��o do excesso foi desequilibrada e neste ano, a n�o ser os atingidos pelos inc�ndios, n�o h� percep��o p�blica da gravidade do que se est� a passar. Isso ajuda � desresponsabiliza��o do governo e impede o debate sobre a efic�cia das suas medidas e sobre o modo como est� a reagir � situa��o, assumindo uma atitude de de muito mau agoiro para o futuro. (no Abrupto)

A governamentaliza��o da informa��o da RTP (com este e com todos os governos) tem uma raiz de fundo imposs�vel de corrigir sem a sua privatiza��o: o seu car�cter de esta��o �p�blica� torna-a dependente de orienta��es governamentais quanto � sua cadeia hier�rquica de poder interno e financiamento . Como muitas vezes tenho dito, o mais importante � escolher as pessoas certas para o lugar certo, n�o dar �instru��es � pelo telefone. E depois h� o dinheiro que vem do bolso dos contribuintes e cujas �orienta��es� de despesa (por exemplo na compra do circo do futebol) t�m relev�ncia pol�tica.

A cr�tica de Eduardo Cintra Torres noao tratamento noticioso dos inc�ndios na RTP assenta em dois �factos� (1) ;- um, a exist�ncia de ordens, ou instru��es oriundas do Gabinete do Primeiro Ministro � direc��o editorial da RTP quanto ao tratamento dos fogos- dois, a minimiza��o dos inc�ndios nos telejornais, em particular num dia em que graves inc�ndios ocorriam a NorteQuanto ao primeiro, Eduardo Cintra Torres ter� certamente que ir mais longe no seu esclarecimento, visto que parte de uma situa��o amb�gua entre ser jornalista e dever preservar as suas fontes e emitir um coment�rio cr�tico que em principio n�o � uma not�cia. Se tal �facto� (as instru��es do Gabinete) foi resultado de uma actividade jornal�stica normal ele deveria ter sido pela sua relev�ncia inclu�do no notici�rio pol�tico doe s� depois, ou em simult�neo, comentado na coluna de cr�tica. O estatuto de colunas de cr�tica como a que mant�m no� amb�guo, como ali�s acontece com muito do que hoje se escreve nos jornais em pe�as assinadas que misturam factos com opini�o. Por se tratar de uma coluna identificada como tal, isso protege a opini�o, mas �desprotege� os factos l� referidos em primeira m�o. Isso explica o processo da RTP, que Cintra Torres certamente ponderou, como consequ�ncia poss�vel do conte�do da coluna.Duas observa��es de passagem, mas relevantes para o �caso�. Uma � que Eduardo Cintra Torres produz uma das raras colunas de coment�rio sobre a televis�o (na realidade � mais do que isso � cr�tica dos media, o que explica alguns furores) que pode ser chamada de �cr�tica�. A outra � que nas reac��es de alguns jornalistas ao �caso� � claro que n�o perdoam a Cintra Torres ter colocado em causa n�o o Governo de S�crates, mas a muito mais delicada quest�o das rela��es dos governos socialistas com a comunica��o social. Quando os governos s�o do PSD e do CDS, as rela��es com a comunica��o social s�o cuidadosamente escrutinadas e denunciadas, quando os governos s�o do PS a mat�ria torna-se sempre explosiva e a exig�ncia de prova, mesmo em textos anal�ticos, vem sempre � cabe�a. Um caso menor pode servir de compara��o: a relativa complac�ncia com que o livro de Manuel Maria Carrilho foi recebido, com acusa��es insubstanciadas muito mais graves do que as que fez Cintra Torres (caso fiquem elas tamb�m por provar, o que seria grave).Sobra o segundo �facto� que aparentemente ningu�m quer discutir, remete para uma an�lise da informa��o da RTP, repito aqui o que escrevi antes do artigo de Cintra Torres:A governamentaliza��o da informa��o da RTP (com este e com todos os governos) tem uma raiz de fundo imposs�vel de corrigir sem a sua privatiza��o: o seu car�cter de esta��o �p�blica� torna-a dependente de orienta��es governamentais quanto � sua cadeia hier�rquica de poder interno e financiamento . Como muitas vezes tenho dito, o mais importante � escolher as pessoas certas para o lugar certo, n�o dar �instru��es � pelo telefone. E depois h� o dinheiro que vem do bolso dos contribuintes e cujas �orienta��es� de despesa (por exemplo na compra do circo do futebol) t�m relev�ncia pol�tica. Acresce depois que a mais amb�gua das coisas � aquilo a que se chama "servi�o p�blico", nunca claramente definido. Tanto serve para fazer a cobertura menos inc�moda para o governo dos inc�ndios, como de muitas outras mat�rias, como para produzir simultaneamente alinhamentos no telejornal completamente tabl�ides (2) (com o argumento que uma televis�o que ningu�m v� n�o cumpre com o "servi�o p�blico"), como para tratar a agenda governamental com uma defer�ncia particular dando a ministros, secret�rios de estado, inaugura��es e an�ncios de obras um lugar privilegiado nos telejonais (3). Etc., etc. (1) Coloco factos entre aspas n�o por fazer um julgamento sobre a sua veracidade, mas para me referir a uma categoria jornal�stica determinada.

(2) Exemplos de ontem: o telejornal das 13 horas abre com uma longa pe�a sobre a queda de um ultraleve em Cascais, em contraste com o conte�do noticioso das not�cias da SIC (n�o vi a TVI).

(3) Um exemplo positivo de como um jornalista deve tratar uma inaugura��o e um an�ncio governamental foi a de um jornalista da SIC que apertou Correia de Campos com perguntas sobre medidas que anunciavam uma cobertura da popula��o por m�dicos de fam�lia. Acabou-se por saber que afinal essa cobertura era de um ter�o dos abrangidos e desse ter�o apenas um ter�o iria ser coberto at� ao fim do ano, se tudo corresse bem. Passou-se de um an�ncio gen�rico, para um ter�o de um ter�o. M�rito do jornalista que n�o tem o estilo dos telejornais da RTP.

*

A pretexto da �pol�mica� levantada pelo artigo de opini�o de Eduardo Cintra Torres (ECT), gostaria de referir um pequeno pormenor, que n�o � de somenos import�ncia. A an�lise que ECT aos notici�rios da RTP, em contraste com as privadas, foi do dia 12 de Agosto (s�bado). Por sinal, tamb�m detectei em 6 de Agosto (domingo), uma situa��o similar, que ali�s me fez escrever um post no meu blog Estrago da Na��o (www.estragodanacao.blogspot.com) intitulado �O frete televisivo�, com o seguinte teor:

No Portugal da RTP - empresa p�blica de televis�o -, hoje n�o houve fogos em Portugal. E os que houve ficaram remetidos para as calendas do alinhamento e apenas os que foram extintos. Enquanto as outras televis�es (SIC e TVI) deram o destaque merecido, com directos q.b., a RTP gastou 33 minutos do seu telejornal das 20 horas a abordar a guerra no L�bano (com pelo menos tr�s directos com outros quantos jornalistas), a tens�o no Ir�o, os problemas em Gaza, a doen�a de Fidel Castro, um acidente no Parque da Pena devido � queda de uma ramada de eucalipto (que causou uma morte). Depois em dois ou tr�s minutos, a RTP apenas abordou dois inc�ndios, ambos circunscritos de manh� e, nessa altura, j� extintos: na P�voa do Varzim e em Paredes (Aguiar de Sousa). De resto, nem uma �nica palavra sobre a situa��o actual, designadamente a mais de uma dezena de inc�ndios que ent�o estavam ainda n�o circunscritos. Eis um exemplo de servi�o p�blico que, sob crit�rios inconfess�veis, se confunde com servi�o do Governo. Eu bem que temia que a introdu��o de crit�rios para a abordagem dos inc�ndios pela Direc��o de Informa��o da RTP - de que falei h� dias -, ia dar nisto...

No dia seguinte (segunda-feira) e ao longo dos dias �teis, fazendo zapping pelas tr�s esta��es, j� n�o reparei em diferen�as de tratamento t�o avassaladoramente distintas, embora quase sempre com menor destaque na TV p�blica, mas as abordagens j� eram isentas, conforme se pode constatar por aquilo que escrevi num post desse dia 7 de Agosto:

Hoje, a RTP viu-se obrigada a abordar os inc�ndios. A contra-gosto, � certo, porque n�o abriu o telejornal com esse tema, ao contr�rio dos outros canais. Mas v� l�, melhorou: falou dos inc�ndios que ainda estavam a lavrar e n�o apenas, como ontem, naqueles que j� tinham sido extintos...

Ali�s, houve pelo menos um dia nessa semana em que a RTP abriu o notici�rio com os fogos que ent�o se faziam sentir, com directos nos locais mais afectados.

Recordo-me tamb�m que em 9 de Julho (domingo), dia em que morreram seis bombeiros na Guarda, a RTP praticamente ignorou essa trag�dia, se bem que apenas a TVI tenha dado destaque de abertura noticiosa.

Ou seja, notam-se, por estes exemplos, uma clar�ssima distin��o entre not�cias de fogos abordados pela TV p�blica ao �fim-de-semana� e aos �dias da semana�, n�o apenas ao n�vel do destaque como de isen��o noticiosa. Se o pivot dos telejornais � diferente (ao fim-de-semana n�o � o Jos� Rodrigues dos Santos), penso que as equipas de coordena��o editorial tamb�m ser�o diferentes. Ora, perante estas diferen�as, podemos estar perante uma mera coincid�ncia e que ECT est� a mentir. Mas no mundo real h� poucas coincid�ncias...

(Pedro Almeida Vieira)

*

As considera��es de car�cter geral que Cintra Torres faz acerca da influ�ncia do poder pol�tico na RTP n�o causam espanto a ningu�m, pois o que ele diz � exactamente o que o cidad�o-comum pensa: os governos s� n�o interferem na televis�o p�blica se n�o puderem - e, neste caso dos fogos, at� � bem prov�vel que isso tenha sucedido.

At� a�, tudo bem; o problema s� aparece quando ele lan�a acusa��es concretas que, al�m de serem em segunda-m�o, n�o pode provar.

De qualquer forma, j� se sabe h� muito tempo que � mesmo assim que "a coisa funciona": ao abrigo da liberdade de express�o e do estatuto da classe, um jornalista pode "dizer o que lhe disseram" as fontes em quem confia. A seguir, se necess�rio, ergue o escudo do "segredo das fontes" e dorme descansado. A l�gica parece-me perversa mas, pelos vistos, � essa.

Mesmo assim, n�o resisto a contar o que, em tempos, se passou com M�rio Castrim quando um dos seus advers�rios asseverou que "tinha ouvido dizer, acerca dele e de fonte segura, determinadas coisas".

O autor d' �O canal da Cr�tica� respondeu, na sua coluna do �Di�rio de Lisboa�, algo como (e cito de mem�ria):

�Agrade�o que, por escrito, declare formalmente que me autoriza a divulgar tudo o que, de fonte segura, eu j� ouvi dizer de si�.

(C. Medina Ribeiro)

(1) Coloco factos entre aspas n�o por fazer um julgamento sobre a sua veracidade, mas para me referir a uma categoria jornal�stica determinada.(2) Exemplos de ontem: o telejornal das 13 horas abre com uma longa pe�a sobre a queda de um ultraleve em Cascais, em contraste com o conte�do noticioso das not�cias da SIC (n�o vi a TVI).(3) Um exemplo positivo de como um jornalista deve tratar uma inaugura��o e um an�ncio governamental foi a de um jornalista da SIC que apertou Correia de Campos com perguntas sobre medidas que anunciavam uma cobertura da popula��o por m�dicos de fam�lia. Acabou-se por saber que afinal essa cobertura era de um ter�o dos abrangidos e desse ter�o apenas um ter�o iria ser coberto at� ao fim do ano, se tudo corresse bem. Passou-se de um an�ncio gen�rico, para um ter�o de um ter�o. M�rito do jornalista que n�o tem o estilo dos telejornais da RTP.

EARLY MORNING BLOGS

847 - ...no hay para qu� perdonar a ninguno, porque todos han sido los da�adores ...

El cual a�n todav�a dorm�a. Pidi� las llaves a la sobrina del aposento donde estaban los libros autores del da�o, y ella se las di� de muy buena gana. Entraron dentro todos, y el ama con ellos, y hallaron m�s de cien cuerpos de libros grandes muy bien encuadernados, y otros peque�os; y as� como el ama los vi�, volvi�se a salir del aposento con gran priesa, y torn� luego con una escudilla de agua bendita y un hisopo, y dijo: tome vuestra merced, se�or licenciado; roc�e este aposento, no est� aqu� alg�n encantador de los muchos que tienen estos libros, y nos encanten en pena de la que les queremos dar ech�ndolos del mundo. Caus� risa al licenciado la simplicidad del ama, y mand� al barbero que le fuese dando de aquellos libros uno a uno, para ver de qu� trataban, pues pod�a ser hallar algunos que no mereciesen castigo de fuego. No, dijo la sobrina, no hay para qu� perdonar a ninguno, porque todos han sido los da�adores, mejor ser� arrojarlos por las ventanas al patio, y hacer un rimero de ellos, y pegarles fuego, y si no, llevarlos al corral, y all� se har� la hoguera, y no ofender� el humo.

(Miguel Cervantes, Don Quijote de la Mancha )

*

Bom dia! (Miguel Cervantes,Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO NA TORREIRA - MURTOSA, PORTUGAL

Dois fogueteiros a lan�arem foguetes de cana, um tradi��o que est� em vias de desaparecer. No entanto, e embora seja uma tradi��o de que n�o gosto, tem a sua l�gica, pois era o m�todo de, h� bastantes anos atr�s, uma povoa��o avisar as povoa��es pr�ximas que ia decorrer algum tipo de festejo.

(Jos� Carlos Santos)

QUANDO O MUNDO ERA SIMPLES: "O INTERESSE � TEU"

(Padre Augusto Dur�o Alves, Rapariga Moderna , Lisboa, 1943) (Padre Augusto Dur�o Alves,, Lisboa, 1943)

RETRATOS DO TRABALHO EM LISBOA, PORTUGAL

Cortando a relva no novo Est�dio da Luz, j� em fase de conclus�o dos trabalhos, meados de Fevereiro de 2004.

(Manuel Rodrigues)

EARLY MORNING BLOGS

846 - Unsaid

So much of what we live goes on inside�

The diaries of grief, the tongue-tied aches

Of unacknowledged love are no less real

For having passed unsaid. What we conceal

Is always more than what we dare confide.

Think of the letters that we write our dead.

(Dana Gioia)

*

(Dana Gioia)

Bom dia! Bom dia!

INTEND�NCIA

Actualizados os

Actualizadas as notas LENDO / VENDO / OUVINDO de 17 (2� s�rie) e 19 de Agosto de 2006 e COISAS DA S�BADO: QUEM �GANHOU� A GUERRA ENTRE ISRAEL E O HEZBOLLAH?. Actualizados os ESTUDOS SOBRE O COMUNISMO Actualizadas as notasde 17 (2� s�rie) e 19 de Agosto de 2006 e

RETRATOS DO TRABALHO EM SANTA CRUZ - TORRES VEDRAS, PORTUGAL

Uma vendedora de fruta no mercado de Santa Cruz, concelho de Torres Vedras.

(Nuno Umbelino)

Uma vendedora de fruta no mercado de Santa Cruz, concelho de Torres Vedras.(Nuno Umbelino)

RETRATOS DO TRABALHO NA NAZAR�, PORTUGAL

Tatuador na Nazar�. Numa garagem esconsa com ch�o de terra batida, entre as lojas que vendem aventais �Recorda��o da Nazar� e peixe a secar ao sol e sob o olhar de uma anci� que parece ser a �nica �coisa� que est� no s�tio certo.

(A tatuagem � tempor�ria. O resto, n�o.)

(RM)

RETRATOS DO TRABALHO EM BARCELONA, ESPANHA

Um artes�o brasileiro fazendo e vendendo pe�as de arame na praca Gali-Salvador Dali, em frente ao teatro museu Salvador Dali, em Figueras, perto de Barcelona. Chamava a aten��o dos turistas, em bicha de mais de uma hora para comprar a entrada no teatro museu, imitando o miar de um gato aflito. As crian�as aproximavam-se procurando o gato assustado.

(Lu�s Aguiar-Conraria)

RETRATOS DO TRABALHO EM TORRE DE MONCORVO, PORTUGAL

Nesta �poca do ano recolhem-se as batatas que cresceram nas hortas que envolvem as aldeias. Esta cintura de verdura e frescura serviu para manter a um inc�ndio, que entretanto lavrou, a uma dist�ncia segura das habita��es. Mas cada vez mais se verifica o abandono deste trabalho executado pela fam�lia e pelos amigos em regime de torna-geira.

(Ant�nio Manuel Martins Teixeira, Felgar - Torre de Moncorvo)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: TESTEMUNHOS DOS INC�NDIOS

Esta descri��o de Pacheco Pereira (no Abrupto, princ�pio de Agosto 2005) traz-me � mem�ria os inc�ndios que nos dois anos anteriores (2003 e 2004) devastaram as serras da zona de Monchique, no Algarve, assim como outras zonas pr�ximas. Lembro-me de uma noite de 2004, aquela em que deflagrou o segundo grande inc�ndio desse ano, depois de cerca de metade da zona ter sido reduzida a cinzas pelo primeiro. Atravessei boa parte do Alentejo pela auto-estrada, sem encontrar muito tr�nsito. Era j� bem de noite e a partir de certa altura (ao aproximar-me de Ourique) distingui um clar�o vermelho ao longe, em frente. Era o fogo, a mais de cinquenta quil�metros de dist�ncia. Sa� da auto-estrada em Ourique e meti-me pela estrada nacional, at� desviar em S�o Marcos para a nova estrada que corta os primeiros montes at� ao Alferce, uma das tr�s freguesias do concelho de Monchique.

A partir de metade do percurso por essa nova estrada (que no total tem cerca de quinze quil�metros), comecei a ver uma linha cont�nua de fogo. Ia progredindo lentamente, com cerca de meio metro de altura. Se sa�sse do carro e come�asse a apag�-la com ramos de eucalipto, em meia-hora talvez conseguisse limpar cerca de cem metros, mas a linha de fogo tinha alguns quil�metros. E eu n�o via ningu�m por ali. O sil�ncio que conhe�o das noites naquela zona era ent�o quebrado apenas pelos sons do mato a arder, que aumentavam de cada vez que as chamas trepavam a uma das �rvores. Decidi que n�o podia parar, que tinha de chegar mais adiante, � antiga casa da minha av�, numa aldeia agora desabitada. Era a� que eu passava a temporada das f�rias grandes, em crian�a. O mundo t�o grande desses tempos parecia-me agora bem mais pequeno. N�o se via nas redondezas nenhuma luz artificial, nem ao longo da estrada, que apesar de ser toda moderna n�o tem postes de ilumina��o. Luz, apenas a da linha de fogo. Distingui a aldeia no fundo do vale, junto a um ribeiro, iluminada pelo clar�o.

Parei o carro perto da sa�da para a estrada de terra que d� acesso ao vale, tentando que n�o ficasse em cima dos matos. Desci pela estrada de terra, sempre com o mesmo sil�ncio interrompido apenas pelos estalidos que sa�am da linha de fogo. Andei cerca de um quil�metro, atravessei a ponte sobre o ribeiro e entrei na aldeia. Pouco passava da uma da manh�. A linha de fogo estava cinquenta metros acima e podia entrar na aldeia, embora esta estivesse limpa de mato. Ali, junto com a antiga casa da minha av�, a minha fam�lia possui mais algumas casas menores, uma azenha e um terreno. Eu sabia que o meu irm�o estava por perto, mais adiante, por isso continuei.

Cerca de um quil�metro depois, cheguei a uma zona de montado da minha fam�lia. Sempre com a linha de fogo a acompanhar-me. Foi ent�o que me deparei com uma esp�cie de monstro a encandear-me, um monstro com os m�ximos ligados a ocupar toda a largura da estrada de terra. Eu tinha um carro de bombeiros na frente, com dois ou tr�s bombeiros inquietos por estarem com uma viatura naquela estrada estreita, rodeada de �rvores e com o fogo numa linha cont�nua, paralela � estrada, embora do outro lado do ribeiro. O meu irm�o desceu da parte de tr�s do cami�o e despediu-se. Os bombeiros foram-se embora, parecendo aliviados.

Disse-me depois o meu irm�o que na vila tinha conseguido convenc�-los a acompanharem-no at� ali, com o argumento de que mais adiante o fogo n�o se limitava �quela linha cont�nua de meio metro de altura, estava bem maior, e com um carro de bombeiros seria poss�vel cont�-lo. Mas eles foram sempre insistindo que n�o podiam fazer nada, e acabaram por ir-se embora depois de eu chegar.

Fic�mos os dois, eu e o meu irm�o, com uma carrinha, dois machados, dois baldes e duas enxadas. As enxadas para atirar terra para as chamas, os machados para cortar ramos com os quais poder�amos bater nas chamas, os baldes porque t�nhamos o ribeiro de onde tirar �gua. Fic�mos toda a noite naquilo, como muitos populares noutras zonas da serra. N�o havia nada parecido com o que viu Pacheco Pereira, o autor do �Abrupto�, na auto-estrada para o Norte, mas de manh�, quando fomos para casa, depar�mos nas estradas de alcatr�o � volta da vila de Monchique com um movimento intenso, e pela vila a coisa ainda era pior. Carros, cami�es, carrinhas de �ltimo modelo da direc��o-regional j� nem me lembro de qu�... Bombeiros, pol�cia, GNR, tropa e, sobretudo, uma categoria um pouco dif�cil de caracterizar, os chamados respons�veis (dos quais se destacava um, por de vez em quando ter um copo de whisky na m�o). Todos num corrupio. E as chamas tamb�m num corrupio. Como que por ironia do destino, o fogo foi dado como extinto ao fim de alguns dias, exactamente no mesmo local onde tinha come�ado. Deu voltas e mais voltas e regressou �s origens, talvez por n�o ter mais nada para queimar.

(Ant�nio Manuel Venda)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: SEM LIVROS NOS AVI�ES

Sem livros nos avi�es.

� s� mais uma imagem, pode at� n�o ser a maior das inconveni�ncias para quem voa, mas � uma triste imagem.

Ser for�ado a abdicar de livros � ser empurrado para mais perto da barb�rie. ( Artur Furtado)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: RANKINGS

Sou portugu�s e estudante de um MBA em Nova Iorque (mais concretamente na Columbia University). Do outro dia fui confrontado com mais uma boa ideia, bem ao estilo americano, que gostava de fazer passar para o nosso pa�s. N�o sei se � novidade para si mas aqui vai:

Nos EUA h� rankings para todos os gostos. O ensino superior (tanto licenciaturas como mestrados) n�o � excep��o. Aquando do processo de candidatura, o aluno tem acesso a indicadores importantes como a taxa de empregabilidade no final ou ap�s 6 meses do curso, a remunera��o m�dia dos ex-alunos 1 ou 5 anos depois do curso, a classifica��o dos professores da universidade por uma �pool� de empresas e alunos, etc. Mas a coisa n�o fica por aqui. Tamb�m serve para fazer o �marketing f�cil� das escolas, e rankings das melhores festas ou melhores �females� tamb�m surgem.

Resumindo, � a economia de mercado a funcionar. N�o deve haver melhor forma de fazer marketing de angaria��o de estudantes do que provar que, em m�dia, um ex-aluno da escola XPTO tem 95% de probabilidade de ter emprego 1 m�s depois de acabar o curso, com uma remunera��o m�dia anual de 30,000 dollars.

Mas o meu ponto n�o est� relacionado com marketing universit�rio. Como � do senso comum, n�o h� mercados sem informa��o. O mercado do trabalho n�o � excep��o. N�o ser� injusto que um estudante portugu�s, aos 18 anos, indeciso entre ser advogado ou gestor, n�o tenha acesso ao impacto financeiro da sua decis�o? Ou melhor ainda, n�o ser� injusto, que o mesmo aluno, indeciso entre duas escolas de gest�o, n�o saiba (e � que n�o sabe mesmo!) qual a melhor escola, com melhores coloca��es profissionais? E ent�o o aluno que depois de 4 anos investidos numa qualquer escola privada, d� por si com um canudo que conduz ao desemprego ou a um sal�rio miser�vel? Ser� que isto est� relacionado com o crescimento do desemprego entre rec�m-licenciados, num contexto de redu��o do desemprego global? A mim, parece-me que sim.

Os benef�cios s�o evidentes: (1) promove-se um ajuste entre as profiss�es com mais procura na nossa economia e a oferta de rec�m licenciados e (2) promove uma saud�vel competi��o entre as faculdades pelos melhores alunos � que s� pode conduzir a melhor ensino superior.

Os rankings que ou�o falar em Portugal, para al�m de pouca divulga��o, s�o de car�cter meramente cient�fico. S�o extremamente importantes, n�o duvido, mas tenho a certeza, e lembro-me bem, que no desespero dos 18 anos, saber que determinada escola publicou 1800 �papers� nos �ltimos 5 anos ou que 85% do corpo docente tem um doutoramento, est� longe, muito longe, de ajudar � decis�o.

(Lu�s Vicente)

COISAS DA S�BADO: AS F�RIAS

As f�rias, tais como as conhecemos, s�o um fen�meno muito recente. As f�rias para as massas, digamos assim, datam das primeiras semanas de lazer pago da Frente Popular francesa, nos idos anos trinta, em conson�ncia ali�s com as diferentes vers�es da �alegria no trabalho� de raiz fascista e nacional-socialista. Tornaram-se desde ent�o num �direito adquirido�, mais de alguns do que de todos, mas mesmo assim com dimens�o e tempo suficiente para moldar o quotidiano em particular dos pa�ses europeus.

Mas as f�rias s�o um interessante revelador sobre a irracionalidade das sociedades do �modelo social�, tanto mais evidente quanto esse modelo est� em crise. O aparente �fecho� de todas as actividades gera a ideia que elas estiveram efectivamente fechadas e que �reabrem�. Em pol�tica, o Ver�o � excelente para actuar sem escrut�nio.

Depois, como as f�rias s�o cada vez mais cansativas, o regresso a casa aumenta a irrita��o. O pa�s de onde se saiu para a transum�ncia estival � o mesmo no outono, mas parece sempre muito pior. N�o h� esperan�a de, m�s ap�s m�s, escapar dos hor�rios, das filas de tr�nsito, dos maus transportes, das cidades invi�veis, dos trabalhos para p�r os meninos na escola, e, por �ltimo, mas n�o o menos importante, o dinheiro encolheu muito. O que foi empr�stimo feliz para ir para f�rias, torna-se agora d�vida para pagar. As f�rias do �modelo social� tornaram-se demasiado pesadas, vem-se delas muito zangado com o mundo, a come�ar pelo governo. Em pol�tica, o Outono � p�ssimo. As f�rias, tais como as conhecemos, s�o um fen�meno muito recente. As f�rias para as massas, digamos assim, datam das primeiras semanas de lazer pago da Frente Popular francesa, nos idos anos trinta, em conson�ncia ali�s com as diferentes vers�es da �alegria no trabalho� de raiz fascista e nacional-socialista. Tornaram-se desde ent�o num �direito adquirido�, mais de alguns do que de todos, mas mesmo assim com dimens�o e tempo suficiente para moldar o quotidiano em particular dos pa�ses europeus.Mas as f�rias s�o um interessante revelador sobre a irracionalidade das sociedades do �modelo social�, tanto mais evidente quanto esse modelo est� em crise. O aparente �fecho� de todas as actividades gera a ideia que elas estiveram efectivamente fechadas e que �reabrem�. Em pol�tica, o Ver�o � excelente para actuar sem escrut�nio.Depois, como as f�rias s�o cada vez mais cansativas, o regresso a casa aumenta a irrita��o. O pa�s de onde se saiu para a transum�ncia estival � o mesmo no outono, mas parece sempre muito pior. N�o h� esperan�a de, m�s ap�s m�s, escapar dos hor�rios, das filas de tr�nsito, dos maus transportes, das cidades invi�veis, dos trabalhos para p�r os meninos na escola, e, por �ltimo, mas n�o o menos importante, o dinheiro encolheu muito. O que foi empr�stimo feliz para ir para f�rias, torna-se agora d�vida para pagar. As f�rias do �modelo social� tornaram-se demasiado pesadas, vem-se delas muito zangado com o mundo, a come�ar pelo governo. Em pol�tica, o Outono � p�ssimo.

RETRATOS DO TRABALHO EM LOUL�, PORTUGAL

Trabalhos de recupera��o do Mercado de Loul�.

(Lilian Moura) Trabalhos de recupera��o do Mercado de Loul�.(Lilian Moura)

EARLY MORNING BLOGS

845 - The battle / They must lose

Enter, breath;

Breath, slip out;

Blood, be channeled,

And wind about.

O, blessed breath and blood which strive

To keep this body of mine alive!

O gallant breath and blood

Which choose

To wage the battle

They must lose.

(Ogden Nash)

*

Bom dia! (Ogden Nash)Bom dia!

BIBLIOFILIA: GRANDES CAPAS

LENDO

VENDO

OUVINDO

�TOMOS E BITS

de 19 de Agosto de 2006

A melhor maneira de entender o Di�rio de Not�cias � ler o

*

A ERA DOS ENGRA�ADINHOS . Enquanto os baby boomers se agarram aos anos terminais do seu poder (veja-se o P�blico de hoje), os seus filhos da "gera��o rasca" deram origem a uma era dos engra�adinhos. Ser engra�adinho est� muito bem representado nos blogues, e vai a par com os Morangos, a Floribela e a nova Gente , no modo actual de ser leve e f�cil e borbulhante e popular.

*

Lendo a imprensa impressiona como � cada vez mais forte o derrotismo puro, em vers�es brutas ou sofisticadas, mas derrotismo. N�o sou particularmente optimista por sistema, bem pelo contr�rio, n�o costumo tomar os meus desejos por realidades, mas tamb�m n�o gosto de dar a pele quando querem tirar-ma e o espantoso � que mil e uma variantes do better red than dead circulam por a�. A forma mais peculiar do derrotismo � a de achar que tudo est� mal, mas tamb�m n�o h� nenhuma receita para ficar bem. Os que agem (EUA, Reino Unido, Israel) fazem tudo mal e s� agravam o problema; os que n�o agem (Fran�a. UE, �comunidade internacional�, ONU) fazem tamb�m tudo mal porque n�o agem. Bem faz o Ir�o, o Hezbollah, a Al Qaida, o Hamas, e, numa vers�o mais caseira, os �mulos de Zapatero.

Isto vai durar sempre? As minhas �ltimas reservas de optimismo alimentam debilmente a esperan�a de que n�o, em grande parte por um argumento ad terrorem : as coisas ainda v�o piorar muito, muito mesmo, e pode ser que a cat�strofe possa ser salvadora. N�o � garantido, mas � uma esperan�a. Entretanto a tribo dos �ltimos moicanos continuar� a ser dos �ltimos moicanos. At� ao �ltimo.

*

De facto, caso se estivesse a compor um gui�o ou um argumento acerca do fim da Civiliza��o do Ocidente, ou um daqueles livros de teorias conspirativas estilo Dan Brown, n�o faltariam acontecimentos onde se poderia buscar inspira��o.

O problema � que estamos a viver uma realidade nada auspiciosa para a Democracia Ocidental, os Direitos Humanos e todas as conquistas do Humanismo .Afinal a hist�ria n�o tinha mesmo acabado com a queda do muro de Berlim e n�o estamos num filme.

A perda de valores, de convic��es, de determina��o, o relativismo, os �dios ideol�gicos entre uma Direita muda e uma Esquerda �rf� , a terciariza��o das economias Ocidentais, o hedonismo, s�o sinais preocupantes .Afinal o perigo n�o est� perfeitamente assumido e apercebido. Para uns s�o o dito terrorismo global inspirado em leituras distorcidas do Cor�o e a prolifera��o nuclear, para outros no Ocidente � o EUA e o Presidente Bush. Esta divis�o � muito acentuada, e aparentemente inconcili�vel .Ao contr�rio do que espera, n�o creio que o continuar dos atentados v� consolidar uma oposi��o una e firme. Acho que as recrimina��es e as acusa��es ficar�o em casa, com todas as justifica��es mirabolantes. A lassid�o e tibieza prosseguir�, e s� se espera que n�o d� em novos Muniques e Sudetas.Mas os tempos s�o outros.

Ced�ncias em nome do relativismo e do politicamente correcto ocorrem em todo o Ocidente, a complac�ncia com que se observa a viola��o dos mais elementares direitos , o relativismo em nome de um derrotismo multiculturalista n�o s�o bons sinais. A falta de objectividade dos pol�ticos, a parcialidade da imprensa .O medo de confrontar o outro por receio de ofender .

Os tempos n�o s�o nada auspiciosos. Juntemos o proselitismo, a baixa geral de natalidade no Ocidente, a alta press�o da emigra��o, as tens�es internas da� resultantes no pressuposto e err�neo conflito direita-esquerda, a forte natalidade das comunidades emigrantes, a sua forte identidade aos costumes e suas leis de origem que consideram essenciais, a falta de refer�ncias de segundas gera��es, e temos um caldo de cultura muito perigoso.

Um novo fascismo se aproxima, e este utilizar� o sistema de um homem um voto em seu proveito. A Hist�ria deveria levar os povos a pensar. Nunca as portas de Roma estiveram t�o perto de voltar a cair.

(Ant�nio Carrilho) A melhor maneira de entender o� ler o french kissin' . Enquanto osse agarram aos anos terminais do seu poder (veja-se ode hoje), os seus filhos da "gera��o rasca" deram origem a uma era dos engra�adinhos. Ser engra�adinho est� muito bem representado nos blogues, e vai a par com os Morangos, a Floribela e a nova, no modo actual de ser leve e f�cil e borbulhante e popular.Lendo a imprensa impressiona como � cada vez mais forte o derrotismo puro, em vers�es brutas ou sofisticadas, mas derrotismo. N�o sou particularmente optimista por sistema, bem pelo contr�rio, n�o costumo tomar os meus desejos por realidades, mas tamb�m n�o gosto de dar a pele quando querem tirar-ma e o espantoso � que mil e uma variantes docirculam por a�. A forma mais peculiar do derrotismo � a de achar que tudo est� mal, mas tamb�m n�o h� nenhuma receita para ficar bem. Os que agem (EUA, Reino Unido, Israel) fazem tudo mal e s� agravam o problema; os que n�o agem (Fran�a. UE, �comunidade internacional�, ONU) fazem tamb�m tudo mal porque n�o agem. Bem faz o Ir�o, o Hezbollah, a Al Qaida, o Hamas, e, numa vers�o mais caseira, os �mulos de Zapatero.Isto vai durar sempre? As minhas �ltimas reservas de optimismo alimentam debilmente a esperan�a de que n�o, em grande parte por um argumento: as coisas ainda v�o piorar muito, muito mesmo, e pode ser que a cat�strofe possa ser salvadora. N�o � garantido, mas � uma esperan�a. Entretanto a tribo dos �ltimos moicanos continuar� a ser dos �ltimos moicanos. At� ao �ltimo.

EARLY MORNING BLOGS

844 - AUTRE MORALITE

C'est sans doute un grand avantage,

D'avoir de l'esprit, du courage,

De la naissance, du bon sens,

Et d'autres semblables talents,

Qu'on re�oit du Ciel en partage;

Mais vous aurez beau les avoir,

Pour votre avancement ce seront choses vaines,

Si vous n'avez, pour les faire valoir,

Ou des parrains ou des marraines.

(Charles Perrault, Contes , "moralidade" do "Cendrillon ou la petite pantoufle de verre". )

*

(Charles Perrault,, "moralidade" do "Cendrillon ou la petite pantoufle de verre". )

Bom dia! Bom dia!

COISAS DA S�BADO:

QUEM �GANHOU� A GUERRA ENTRE ISRAEL E O HEZBOLLAH? � cedo para se saber, mas Israel � o melhor candidato para uma resposta positiva. E no entanto� vai tudo depender do modo como for aplicada a resolu��o da ONU, em particular do modo como for constitu�da a for�a internacional que controlar� o sul do L�bano e o modo como esta actuar�. E o dilema � bastante simples: ou essa for�a impede os ataques contra o territ�rio de Israel e favorece um di�logo para a paz, enfraquecendo a actua��o dos grupos que pretendem exterminar Israel, ou constituir� um falhan�o da ONU e da �comunidade internacional�. Tudo indica que poder� verificar-se a segunda hip�tese, o que levar� Israel � guerra de novo, mas h� s�rias raz�es para dar uma �ltima oportunidade a um maior envolvimento internacional, em particular europeu.

Se a Fran�a for o principal pa�s a assumir as responsabilidades de seguran�a no Sul do L�bano, na base do mandato da ONU, pode ser uma rara oportunidade para a Fran�a (e por interposta Fran�a para a UE) assumir um papel positivo na regi�o, onde s� tem tido um papel muito negativo, em particular pelas ambiguidades da sua pol�tica face ao conflito iraquiano. Mas conv�m n�o ter ilus�es, o mandato das tropas da ONU s� ser� eficaz se estas estiverem dispostas a actuar militarmente contra quem tomar a iniciativa de violar o cessar-fogo, e isso vai significar agir contra o Hezbollah. Em bom rigor, tamb�m significaria agir contra Israel, mas parece-me pouco prov�vel que o problema seja essa, pelo menos em teoria. Na pr�tica, situa��es complexas podem surgir, em particular porque Israel aceita a resolu��o com ressalva do direito de resposta, o que significa uma ainda maior responsabilidade para a for�a de interposi��o, que pode vir a ser apanhada entre dois fogos. Mas a pol�tica e a ac��o militar no M�dio Oriente n�o � para meninos de coro, pelo que se espera que quem se mete, saiba no que se mete.

A for�a militar, cuja presen�a no Sul do L�bano � que d� consist�ncia � resolu��o da ONU, ter� tamb�m a dif�cil tarefa de impedir que o Hezbollah actue nessa zona como um grupo armado, ou seja, que se comporte como uma mil�cia que n�o responde ao governo liban�s e que desenvolve actividades b�licas por conta de outr�m, seja ofensivas, seja preparat�rias da ofensiva. A experi�ncia mostrou que no passado o Hezbollah debaixo dos olhos da ONU, em viola��o das suas resolu��es e � revelia de qualquer autoridade soberana nacional do governo liban�s, foi construindo uma infra-estrutura militar, centros de comando, rampas de lan�amento, t�neis, bunkers, toda a parafern�lia que lhe permitiu defrontar Israel no actual conflito e que levou uma destrui��o consider�vel do tecido urbano desde Beirute para o sul.

Se Israel permitir que diante dos seus olhos, a for�a de interposi��o fa�a de conta que estas actividades militares do Hezbollah n�o s�o de sua responsabilidade evitar, ent�o esta guerra foi in�til e Israel perdeu-a. Ao aceitar a resolu��o da ONU, Israel jogou em factores que t�m consider�vel imprevisibilidade, mas t�m tamb�m uma l�gica de futuro. Tinha de facto sentido neste momento dar � comunidade internacional, eufemismo para uma parte da Uni�o Europeia, uma oportunidade de se envolver nos conflitos do M�dio Oriente, nem que seja para ter uma prova de vida e receber um banho de realidade. N�o � mal jogado, porque isso pode levar ao isolamento do Ir�o e da S�ria, e do seu grupo armado, o Hezbollah, ao aumentar o n�mero de participantes activos no conflito que inevitavelmente entrar�o em conflito com os grupos terroristas. Mas nem por isso deixa de ter elementos de jogo, risco.

Vamos pois adiar a resposta � pergunta de quem �ganhou�. Tem sentido a pergunta? Claro que tem, n�o se anda a morrer e a matar para ficar na mesma ou pior, e isso � v�lido tanto para Israel como para o Hezbollah. Ambos pagaram um pre�o pela situa��o actual, que n�o � a mesmade antes da guerra. Vamos pois esperar para ver e deixemos para os propagandistas os gritos de vit�ria j�.

*

(Sem acentos) Quando se fala de Israel, e da sua continua luta pela sobrevivencia, estas intervencoes nao sao guerras mas sim batalhas, cujo fim esta longe de qualquer solucao. Como se diz por ai, Israel tem neste momento a populacao simbolica de 6 milhoes de habitantes, dos quias 2 milhoes sao Arabes. Este facto nao tem passado despercebido na comunicacao social do Medio Oriente, habitualmente de forma "ironica". Falr da relacao Israel/Europa implica remoer 2,000 anos de historia e fazer uma profunda analise dos ultimos 150 anos que levaram a criacao do Estado de Israel. A actual Russia, nessa altura Uniao Sovietica e primeiro estado a reconhecer Israel, tera um papel fulcral como teve nos acontecimentos que levaram a criacao desse mesmo estado. Espanta-me (ou talvez nao) a violencia com que grupos de bem pensantes, tanto criticam Israel, mas nao questionam sequer a criacao, pelos seus termos tambem arbitraria de tantos outros paises desde 1947. As proprias fronteiras de paises vizinhos podem ser alvo de questionamento assim como a criacao do Bangladesh, do Pakistao, enfim de tantos outros "estados" recortados pelos diferentes poderes colonialistas. Porque esta anonimosidade perante Israel? Continuo a nao questionar que e uma nva forma de anti semitismo.

A tragedia disto tudo e que mais uma vez, os judeus se encontram num novo ghetto, rodeados de hostilidade e obrigados a construirem muros para proteccao. Um pouco como acontecia em partes da Europa. E nao acredito na completa e perpetua seguranca da Diaspora Americana.

Quanto a Voltaire, assumido anti semita, escrevendo o seu play "Mahomed ou le Fanatism", embora o seu alvo directo nao fosse o Islamismo, mas sim o Cristianismo nas suas formas fanaticas, nao deixa de falar umas quantas verdades.

Reitero, o Islao nao e uma religiao de paz e embora algumas faccoes refiram a "jihad", como o luta interna que todos nos travamos, nao e essa a interpretacao que actualmente e geralmente lhe e dada.

Mas sem me alongar e voltando ao inicio, esta foi senao uma menor batalha, numa continua guerra pelo exterminio do povo judeu, cuja presenca no Medio Oriente tem tanta logica como qualquer a de qualquer outro grupo semita.Ou seja toda a logica!

Manuela Mage, Denver, CO

*

Parece-me bem que Vasco Pulido Valente tem raz�o ao considerar que foi o Hezbollah.

Volta tudo � estaca zero, ou seja, � situa��o anterior ao rapto dos soldados israelitas pelo Hezbollah. Com a diferen�a do enorme prest�gio que o Hezbollah ganhou, e a prova da inefic�cia da estrat�gia militar de Israel � os seus tanques ser�o bons contra outros tanques ou contra a intifada civil, mas �patos� para tiro ao alvo dos m�sseis teleguiados guard�veis numa caixinha e dispar�veis por 2 militantes � civil de um pequeno espa�o num edif�cio em ru�nas. E os ataques a�reos de precis�o parecem n�o funcionar contra uma organiza��o que sabe estruturar-se na clandestinidade e que conhece os princ�pios do movimento entre popula��es como �peixe na �gua�. E mais ainda, contra uma organiza��o que sabe, pela primeira vez entre os islamitas radicais, usar a TV e dar uma imagem de modera��o e aparente gosto pela paz que acerta em cheio no gosto dos expectadores ocidentais.

Parece-me, com efeito, que Israel encontrou o seu Ho Chi Minh!

A longo prazo, no entanto, a solu��o n�o deixar� de envolver os europeus na guerra em curso, o que talvez suscite mais ataques da Al Queda no local ou na Europa, e com isso se v� desesperando mais os eleitorados europeus, predispondo-os para uma maior intransig�ncia.

Tudo isto, entretanto, evoca a mem�ria de que as cruzadas duraram duzentos anos e que por este caminho esta prociss�o ainda vai no adro...

(Pinto de S�) � cedo para se saber, mas Israel � o melhor candidato para uma resposta positiva. E no entanto� vai tudo depender do modo como for aplicada a resolu��o da ONU, em particular do modo como for constitu�da a for�a internacional que controlar� o sul do L�bano e o modo como esta actuar�. E o dilema � bastante simples: ou essa for�a impede os ataques contra o territ�rio de Israel e favorece um di�logo para a paz, enfraquecendo a actua��o dos grupos que pretendem exterminar Israel, ou constituir� um falhan�o da ONU e da �comunidade internacional�. Tudo indica que poder� verificar-se a segunda hip�tese, o que levar� Israel � guerra de novo, mas h� s�rias raz�es para dar uma �ltima oportunidade a um maior envolvimento internacional, em particular europeu.Se a Fran�a for o principal pa�s a assumir as responsabilidades de seguran�a no Sul do L�bano, na base do mandato da ONU, pode ser uma rara oportunidade para a Fran�a (e por interposta Fran�a para a UE) assumir um papel positivo na regi�o, onde s� tem tido um papel muito negativo, em particular pelas ambiguidades da sua pol�tica face ao conflito iraquiano. Mas conv�m n�o ter ilus�es, o mandato das tropas da ONU s� ser� eficaz se estas estiverem dispostas a actuar militarmente contra quem tomar a iniciativa de violar o cessar-fogo, e isso vai significar agir contra o Hezbollah. Em bom rigor, tamb�m significaria agir contra Israel, mas parece-me pouco prov�vel que o problema seja essa, pelo menos em teoria. Na pr�tica, situa��es complexas podem surgir, em particular porque Israel aceita a resolu��o com ressalva do direito de resposta, o que significa uma ainda maior responsabilidade para a for�a de interposi��o, que pode vir a ser apanhada entre dois fogos. Mas a pol�tica e a ac��o militar no M�dio Oriente n�o � para meninos de coro, pelo que se espera que quem se mete, saiba no que se mete.A for�a militar, cuja presen�a no Sul do L�bano � que d� consist�ncia � resolu��o da ONU, ter� tamb�m a dif�cil tarefa de impedir que o Hezbollah actue nessa zona como um grupo armado, ou seja, que se comporte como uma mil�cia que n�o responde ao governo liban�s e que desenvolve actividades b�licas por conta de outr�m, seja ofensivas, seja preparat�rias da ofensiva. A experi�ncia mostrou que no passado o Hezbollah debaixo dos olhos da ONU, em viola��o das suas resolu��es e � revelia de qualquer autoridade soberana nacional do governo liban�s, foi construindo uma infra-estrutura militar, centros de comando, rampas de lan�amento, t�neis, bunkers, toda a parafern�lia que lhe permitiu defrontar Israel no actual conflito e que levou uma destrui��o consider�vel do tecido urbano desde Beirute para o sul.Se Israel permitir que diante dos seus olhos, a for�a de interposi��o fa�a de conta que estas actividades militares do Hezbollah n�o s�o de sua responsabilidade evitar, ent�o esta guerra foi in�til e Israel perdeu-a. Ao aceitar a resolu��o da ONU, Israel jogou em factores que t�m consider�vel imprevisibilidade, mas t�m tamb�m uma l�gica de futuro. Tinha de facto sentido neste momento dar � comunidade internacional, eufemismo para uma parte da Uni�o Europeia, uma oportunidade de se envolver nos conflitos do M�dio Oriente, nem que seja para ter uma prova de vida e receber um banho de realidade. N�o � mal jogado, porque isso pode levar ao isolamento do Ir�o e da S�ria, e do seu grupo armado, o Hezbollah, ao aumentar o n�mero de participantes activos no conflito que inevitavelmente entrar�o em conflito com os grupos terroristas. Mas nem por isso deixa de ter elementos de jogo, risco.Vamos pois adiar a resposta � pergunta de quem �ganhou�. Tem sentido a pergunta? Claro que tem, n�o se anda a morrer e a matar para ficar na mesma ou pior, e isso � v�lido tanto para Israel como para o Hezbollah. Ambos pagaram um pre�o pela situa��o actual, que n�o � a mesmade antes da guerra. Vamos pois esperar para ver e deixemos para os propagandistas os gritos de vit�ria j�.

OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: PAISAGENS EXTRA-TERRESTRES

Jactos de di�xido de carbono no Polo Sul marciano. Marte move-se!

EARLY MORNING BLOGS

843 - De l'horrible danger de la lecture

(Voltaire)

*

Bom dia! Bom dia!

INTEND�NCIA

Em actualiza��o os

Em actualiza��o os ESTUDOS SOBRE COMUNISMO , com a publica��o da carta de ades�o de Jos� Carlos Rates, fundador e primeiro secret�rio-geral do PCP, � Uni�o Nacional em 1931.

RETRATOS DO TRABALHO NO PORTO, PORTUGAL

Na �ltima oficina em Portugal que faz caixas para rel�gios, uma empresa centen�ria instalada numa cave da baixa do Porto. Verdadeira arqueologia industrial.

(Fernando Correia de Oliveira)

LENDO

VENDO

OUVINDO

�TOMOS E BITS

de 17 de Agosto de 2006 (2� s�rie)

Quem ouvisse o telejornal das 20 horas da RTP, ficava a pensar que Marcello Caetano foi um benigno professor de Direito, que teve a infelicidade de o 25 de Abril lhe ter cortado uma carreira ao servi�o dos portugueses, cujo bem estar ele mais que tudo desejava. Dizer-se de um homem que fez a sua forma��o pol�tica nos anos do autoritarismo que n�o desejava o "poder", � apenas um exemplo do absurdo de toda a pe�a jornal�stica. Duvido que o pr�prio se revisse na vis�o wishy-washy que uma mistura de ignor�ncia e de revisionismo hist�rico d� da sua vida e carreira.

*

A prop�sito do centen�rio de Marcello Caetano, at� mesmo a entrevista com Fernando Rosas, no Jornal das 9, na SIC Not�cias, a achei uma amena cavaqueira sobre os m�ritos e bloqueios com que o ex-Presidente do Conselho se deparou nos seus 6 anos de magist�rio. A certa altura, perguntei-me mesmo se a v�tima era afinal ele e n�o os portugueses sem direito a voto, sem liberdade de express�o e policiados pela PIDE (ainda que rebaptizada).

Ao ver as diferentes pe�as que sobre o tema os diferentes canais nos foram apresentando, fiquei com a ideia de que a fatalidade de Marcello Caetano se resumiu � impossibilidade de acabar com a guerra colonial, porque em tudo o mais Marcello Caetano seria um liberal apostado em mudar o regime. Permitam-me apreciar a quest�o ao contr�rio. A incapacidade de acabar com a guerra colonial era apenas o sintoma mais tr�gico da incapacidade do regime se reformar, se extinguir a si pr�prio e encontrar uma qualquer forma de transi��o para uma nova realidade pol�tica.

Pensar que sem guerra colonial, a Primavera Marcelista teria gerado um regime democr�tico (eventualmente melhor que o actual, ler-se-� nas entrelinhas) d� boa fic��o hist�rica. Pior do que isso � colocar-se a hip�tese de que uma vers�o light do Estado Novo seria preferivel ao que temos actualmente. Se tudo isto andou ontem no ar, espero que se mantenha evaporado nas altas camadas da nossa atmosfera mental.

(M�rio Almeida)

*

Deixe-me contar-lhe apenas a minha vis�o dessas not�cias da RTP, eu que sou um jovem de 23 anos e portanto, n�o assisti a nada do 25 de Abril "em directo". Vi o telejornal, depois tive curiosidade em ouvir a entrevista com a filha de Marcello Caetano, depois vi ainda o document�rio que se seguiu. Quando dei por mim, quase estava a ter pena do homem. Felizmente pus um trav�o na minha mente e consegui pensar exactamente como o sr.: "Espera l�, mas ent�o ele n�o cresceu politicamente naquela altura? Ele podia ter-se oposto �s ideias salazaristas".

Ser� que me podia dar uma teoria sua para a RTP ter orientado as not�cias daquela forma? Quem n�o conhecesse hist�ria de Portugal e assistisse �quilo tudo pensaria concerteza que se estava a homenagear uma grande figura, adorada por todos n�s, que teve "azar".

(Hugo Tavares)

*

A evoca��o "soft" do centen�rio do nascimento de Marcello Caetano e as pe�as jornalisticas superficiais que, a prop�sito desta efem�ride, foram sendo produzidas nos diversos org�os de informa��o s� refor�am um facto para mim inquestion�vel: a evidente perda de mem�ria hist�rica da sociedade portuguesa, por si bastante mais perigosa do que um qualquer tipo de revisionismo hist�rico. � paradoxal que um pa�s com uma hist�ria t�o rica tenha ao mesmo tempo um problema t�o grande na defesa da sua mem�ria n�

marcar artigo