Câmara Corporativa: Leituras

28-01-2012
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• Manuel Caldeira Cabral, Todos somos suspeitos: “Os casos jornalísticos que evolveram José Sócrates partilham algumas características comuns. A primeira é que todos se referem ao passado e nenhum à sua actuação como primeiro-ministro. A segunda é que todos são baseados em evidência dificilmente aceite em tribunal e em nenhum é clara a acusação feita a José Sócrates. A terceira é que em quase todos estiveram envolvidos aspectos da vida pessoal. A quarta é todos terem alimentado notícias por mais de uma semana, embora, em muitos casos, nada de relevante, novo ou diferente tenha surgido nas semanas subsequentes.Embora algumas destas características já tenham surgido em anteriores casos, não foram a prática corrente no passado. Muito menos aplicadas à vida dos anteriores primeiros-ministros. Nenhum de nós soube grande coisa sobre a forma e preço pelo qual Sá Carneiro, Mário Soares, Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso ou Santana Lopes compraram as suas casas. Se estas foram compradas mais caras ou mais baratas que as dos vizinhos.”• Nouriel Roubini, É hora de nacionalizar os bancos insolventes: “Há quatro métodos para sanear o sistema bancário, que se confronta actualmente com uma crise sistémica: recapitalização dos bancos, de par com a compra dos seus activos tóxicos por um "bad bank" estatal; recapitalização, de par com garantias governamentais - depois de uma primeira perda por parte dos bancos - dos activos tóxicos; compra pelo sector privado de activos tóxicos, com uma garantia estatal (o actual plano do governo dos EUA); e nacionalização incondicional (ou "recuperação judicial pelo Estado" se não gostarem desse termo grosseiro) de bancos insolventes e sua revenda ao sector privado depois de terem sido saneados.Dos quatro métodos, os primeiros três apresentam sérias deficiências (…).Assim, a nacionalização pode ser, paradoxalmente, uma solução mais favorável para os mercados: eliminará os accionistas ordinários e preferenciais das instituições claramente insolventes e possivelmente os credores sem garantias se a insolvência for de larga escala, ao mesmo tempo que representará uma carga menor para os contribuintes. Pode também resolver o problema da gestão dos activos tóxicos dos bancos, através da revenda da maioria dos activos e depósitos - com garantia estatal - a novos accionistas privados depois de um saneamento dos activos tóxicos (como foi o caso da opção tomada na falência do banco Indy Mac).A nacionalização também resolve o problema dos bancos de importância sistémica, isto é, dos bancos demasiado grandes para falirem, e que, por isso, precisam de ser resgatados pelo governo com um elevado custo para os contribuintes. Com efeito, o problema agravou-se, porque a actual abordagem levou os bancos débeis a comprarem bancos ainda mais débeis.”


• Manuel Caldeira Cabral, Todos somos suspeitos: “Os casos jornalísticos que evolveram José Sócrates partilham algumas características comuns. A primeira é que todos se referem ao passado e nenhum à sua actuação como primeiro-ministro. A segunda é que todos são baseados em evidência dificilmente aceite em tribunal e em nenhum é clara a acusação feita a José Sócrates. A terceira é que em quase todos estiveram envolvidos aspectos da vida pessoal. A quarta é todos terem alimentado notícias por mais de uma semana, embora, em muitos casos, nada de relevante, novo ou diferente tenha surgido nas semanas subsequentes.Embora algumas destas características já tenham surgido em anteriores casos, não foram a prática corrente no passado. Muito menos aplicadas à vida dos anteriores primeiros-ministros. Nenhum de nós soube grande coisa sobre a forma e preço pelo qual Sá Carneiro, Mário Soares, Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso ou Santana Lopes compraram as suas casas. Se estas foram compradas mais caras ou mais baratas que as dos vizinhos.”• Nouriel Roubini, É hora de nacionalizar os bancos insolventes: “Há quatro métodos para sanear o sistema bancário, que se confronta actualmente com uma crise sistémica: recapitalização dos bancos, de par com a compra dos seus activos tóxicos por um "bad bank" estatal; recapitalização, de par com garantias governamentais - depois de uma primeira perda por parte dos bancos - dos activos tóxicos; compra pelo sector privado de activos tóxicos, com uma garantia estatal (o actual plano do governo dos EUA); e nacionalização incondicional (ou "recuperação judicial pelo Estado" se não gostarem desse termo grosseiro) de bancos insolventes e sua revenda ao sector privado depois de terem sido saneados.Dos quatro métodos, os primeiros três apresentam sérias deficiências (…).Assim, a nacionalização pode ser, paradoxalmente, uma solução mais favorável para os mercados: eliminará os accionistas ordinários e preferenciais das instituições claramente insolventes e possivelmente os credores sem garantias se a insolvência for de larga escala, ao mesmo tempo que representará uma carga menor para os contribuintes. Pode também resolver o problema da gestão dos activos tóxicos dos bancos, através da revenda da maioria dos activos e depósitos - com garantia estatal - a novos accionistas privados depois de um saneamento dos activos tóxicos (como foi o caso da opção tomada na falência do banco Indy Mac).A nacionalização também resolve o problema dos bancos de importância sistémica, isto é, dos bancos demasiado grandes para falirem, e que, por isso, precisam de ser resgatados pelo governo com um elevado custo para os contribuintes. Com efeito, o problema agravou-se, porque a actual abordagem levou os bancos débeis a comprarem bancos ainda mais débeis.”

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