O ELEITO: Para Que Serve O Presidente?

30-06-2011
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Depois das autárquicas, começou ontem à hora do Telejornal a campanha para as eleições presidenciais. Com alívio muitos assistiram à confirmação de que o tabu desta vez caiu para o lado do sim. Cavaco Silva anunciou finalmente que é candidato.Mas não é definitivamente o candidato que muitos que o apoiam querem que seja, nem o candidato que muitos que o combatem desejariam. Nos últimos dias voltou a confusão que, aliás, eu já previra. Nuno Morais Sarmento deu uma entrevista a pedir que Cavaco ataque o Governo do PS e que tire desforço do que Sampaio, no entendimento do ex-ministro de Barroso e de Santana Lopes, fez à anterior maioria. Rui Machete, de uma maneira mais consistente e séria veio defender que Cavaco deve acentuar a vertente presidencial do sistema.Este apelo presidencialista que começa a impender sobre Cavaco vai confundir os eleitores, que supostamente e com memória curta, se deixarão tentar pela imagem de austeridade e rigor do Professor. Já a esquerda, com Vital Moreira de serviço, agita o espantalho da “deriva presidencialista”, para meter medo aos eleitores que ameaçam espalhar-se por um sortido de candidaturas que Mário Soares não esperava e não desejava.Pelo meio aparecerão outros a fazer de conta que se estão a candidatar à chefia do Governo, como é o caso do mini-Soares Francisco Louçã, que já promete o imposto das grandes fortunas e não tarda apresentará certamente um revolucionário modelo de alteração dos formulários da administração pública. Jerónimo passeará a sua simpatia e Alegre fará a luta da sua vida, numa conversa simpática mas cujo interesse é o campeonato das esquerdas. No meio disto tudo, todos esquecerão convenientemente (para dar utilidade aparente à eleição), que Cavaco e Soares vão tentar ser eleitos para falar e alimentar cortes pessoais sem utilidade visível para a República, muito mais do que para decidir. Depois das eleições e do necessário estado de graça a que terá direito, voltará a desgraça dos apelos ao Presidente vindos de todos os grupos que serão satisfeitos com os proverbiais silêncios presidenciais ou, quando muito, com o majestático silêncio do Palácio. À direita de Cavaco, entretanto, perde-se uma oportunidade histórica de protagonizar um projecto de mudança do sistema, que todos, certamente, em simpósios, conferências e debates depois das presidenciais continuarão com preguiça e eloquência a considerar esgotado.(publicado no Semanário)

Depois das autárquicas, começou ontem à hora do Telejornal a campanha para as eleições presidenciais. Com alívio muitos assistiram à confirmação de que o tabu desta vez caiu para o lado do sim. Cavaco Silva anunciou finalmente que é candidato.Mas não é definitivamente o candidato que muitos que o apoiam querem que seja, nem o candidato que muitos que o combatem desejariam. Nos últimos dias voltou a confusão que, aliás, eu já previra. Nuno Morais Sarmento deu uma entrevista a pedir que Cavaco ataque o Governo do PS e que tire desforço do que Sampaio, no entendimento do ex-ministro de Barroso e de Santana Lopes, fez à anterior maioria. Rui Machete, de uma maneira mais consistente e séria veio defender que Cavaco deve acentuar a vertente presidencial do sistema.Este apelo presidencialista que começa a impender sobre Cavaco vai confundir os eleitores, que supostamente e com memória curta, se deixarão tentar pela imagem de austeridade e rigor do Professor. Já a esquerda, com Vital Moreira de serviço, agita o espantalho da “deriva presidencialista”, para meter medo aos eleitores que ameaçam espalhar-se por um sortido de candidaturas que Mário Soares não esperava e não desejava.Pelo meio aparecerão outros a fazer de conta que se estão a candidatar à chefia do Governo, como é o caso do mini-Soares Francisco Louçã, que já promete o imposto das grandes fortunas e não tarda apresentará certamente um revolucionário modelo de alteração dos formulários da administração pública. Jerónimo passeará a sua simpatia e Alegre fará a luta da sua vida, numa conversa simpática mas cujo interesse é o campeonato das esquerdas. No meio disto tudo, todos esquecerão convenientemente (para dar utilidade aparente à eleição), que Cavaco e Soares vão tentar ser eleitos para falar e alimentar cortes pessoais sem utilidade visível para a República, muito mais do que para decidir. Depois das eleições e do necessário estado de graça a que terá direito, voltará a desgraça dos apelos ao Presidente vindos de todos os grupos que serão satisfeitos com os proverbiais silêncios presidenciais ou, quando muito, com o majestático silêncio do Palácio. À direita de Cavaco, entretanto, perde-se uma oportunidade histórica de protagonizar um projecto de mudança do sistema, que todos, certamente, em simpósios, conferências e debates depois das presidenciais continuarão com preguiça e eloquência a considerar esgotado.(publicado no Semanário)

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