O Cachimbo de Magritte: Ponto de ordem

24-01-2012
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Ontem, citei aqui um post do Luís M. Jorge para zurzir o "provincianismo" anti-GOP de Palmira Silva. Hoje, o Luís faz notar que não se referia ao provincianismo de ninguém, mas apenas "ao eurocentrismo em abstracto" dos que atacam a Sra. Palin para não atacar o Sr. Sócrates.Aceito o reparo e reconheço que não foi lá muito elegante usar um blogue simpático como o Vida Breve para ajustar contas com terceiros. O facto de eu concordar com o Luís não significa que ele concorde comigo. Está um cavalheiro de esquerda a tecer discretas loas a Obama e a discorrer "em abstracto" sobre "eurocentrismos" e outras palavras difíceis, quando subitamente se vê citado aqui no Cachimbo, um notório antro da reacção. Não se faz. Além do mais, o Luís confessa ter escasso interesse na "visão do mundo" de Palmira Silva.Ora aí está uma discordância. Embora nada tenha contra ou a favor da senhora, a sua "visão do mundo" parece-me fascinante. Acho digno de case study o modo como mistura argumentos de autoridade moral (eles mentem, nós não) e científica (eles recusam o evolucionismo, nós não) com a total incompreensão da realidade que critica (mas como pode alguém acreditar em Deus no século XXI? nós não). A isto chamo provincianismo: a incapacidade de compreender "visões do mundo" diferentes. Para Palmira Silva, a América resume-se a meia dúzia de blogues e intelectuais que conhece. O facto de haver milhões e milhões de eleitores que acreditam no relato bíblico da Criação não passa de um pormenor irritante (muito irritante) a ser varrido pelo progresso. Palmira não chega a defender que se tire o direito de voto aos rednecks e aos born again christians. Mas, pelo sim pelo não, vale a pena estarmos atentos à sua "visão do mundo". Todas as intolerâncias começam pelo desprezo dos adversários.


Ontem, citei aqui um post do Luís M. Jorge para zurzir o "provincianismo" anti-GOP de Palmira Silva. Hoje, o Luís faz notar que não se referia ao provincianismo de ninguém, mas apenas "ao eurocentrismo em abstracto" dos que atacam a Sra. Palin para não atacar o Sr. Sócrates.Aceito o reparo e reconheço que não foi lá muito elegante usar um blogue simpático como o Vida Breve para ajustar contas com terceiros. O facto de eu concordar com o Luís não significa que ele concorde comigo. Está um cavalheiro de esquerda a tecer discretas loas a Obama e a discorrer "em abstracto" sobre "eurocentrismos" e outras palavras difíceis, quando subitamente se vê citado aqui no Cachimbo, um notório antro da reacção. Não se faz. Além do mais, o Luís confessa ter escasso interesse na "visão do mundo" de Palmira Silva.Ora aí está uma discordância. Embora nada tenha contra ou a favor da senhora, a sua "visão do mundo" parece-me fascinante. Acho digno de case study o modo como mistura argumentos de autoridade moral (eles mentem, nós não) e científica (eles recusam o evolucionismo, nós não) com a total incompreensão da realidade que critica (mas como pode alguém acreditar em Deus no século XXI? nós não). A isto chamo provincianismo: a incapacidade de compreender "visões do mundo" diferentes. Para Palmira Silva, a América resume-se a meia dúzia de blogues e intelectuais que conhece. O facto de haver milhões e milhões de eleitores que acreditam no relato bíblico da Criação não passa de um pormenor irritante (muito irritante) a ser varrido pelo progresso. Palmira não chega a defender que se tire o direito de voto aos rednecks e aos born again christians. Mas, pelo sim pelo não, vale a pena estarmos atentos à sua "visão do mundo". Todas as intolerâncias começam pelo desprezo dos adversários.

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