Da Literatura: LER OS OUTROS

05-07-2011
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Um livro cada domingo. Ando há imenso tempo para falar desta Antologia do Humor Português, criteriosamente organizada por Nuno Artur Silva e Inês Fonseca Santos. Cobre o período 1969-2009 — para sermos exactos, termina por volta da hora do almoço de 18 de Abril de 2008, o mais tardar... —, coligindo apenas o que foi publicado em volume. A excepção é o Soneto ao Deputado Morgado, de Natália Correia, dito no plenário da Assembleia da República. Critério de escolha: «Ficam de fora os textos para televisão, as peças de teatro, as letras de canções, as crónicas de jornal, os blogues, que não tenham sido compilados e editados em livro. Ficam de fora igualmente cartoons, tiras e BD que, por terem imagem, fazem parte de outro universo.» Porquê começar em 1969? Porque nesse ano saiu a Antologia do Humor Português de Fernando Ribeiro de Mello (Afrodite), com prefácio de Erneto Sampaio, «cuja leitura nunca será de mais recomendar». O que o Nuno e a Inês fizeram foi seleccionar o que apareceu a partir de 1969. O índice é extenso: de José Gomes Ferreira (1900-1985) a Ricardo Araújo Pereira (n. 1974), passando por Armando Silva Carvalho (n. 1938) e Adília Lopes (n. 1960), sem esquecer Cesariny (1923-2006), O’Neill (1924-1986), Alberto Pimenta (n. 1937), Fernando Assis Pacheco (1937-1995), Manuel António Pina (n. 1943), Miguel Esteves Cardoso (n. 1955), Clara Ferreira Alves (n. 1956), Rui Zink (n. 1961), Nuno Markl (n. 1971), Pedro Mexia (n. 1972), Nuno Costa Santos (n. 1973), etc., o anónimo de O Meu Pipi, algumas obras colectivas — Gato Fedorento, O Defunto Elegante, Pornex, o Inimigo Público, etc. —, o surpreendente (nesta área) Jorge de Sena (1919-1978) e o incontornável José Sesinando (1923-1995). Em semanas recentes, que foram para mim complicadas do ponto de vista familiar, a sua leitura foi o escape possível para momentos de sombra. Diverti-me como não supunha possível com quase todas as 447 páginas desta magnífica Antologia do Humor Português.Ler o manifesto Por uma Cultura para o Século XXI, assinado por uma centena de personalidades.Importante. Comprar o Diário de Notícias de hoje para ler a entrevista de Miguel Sousa Tavares, conduzida por Catarina Carvalho: fala de Cavaco («não tem dimensão de estadista»), de Sócrates, da Justiça, do caso PT/TVI, de futebol, do Jornal da MMG, dos políticos que preferem ganhar dinheiro a servir o bem público, de MFL, de blogues e até da possibilidde de emigrar para o Brasil. Imperdível.João Galamba «Enquando o mundo passa pela maior crise económica desde a grande depressão, Louçã lembra-se de acusar o Governo de ter rasgado a sua principal promessa eleitoral: a criação de 150 mil empregos. Isto é demagogia em estado puro. Infelizmente, tiradas deste calibre fazem parte do foguetório rasteiro a que se convencionou chamar luta política. Ser oposição é uma actividade performativa formal, sem qualquer conteúdo. Não interessa o que se diz, desde que se diga. Louçã, o mesmo que supostamente pensa a crise, é, enquanto deputado e líder do BE, um simples demagogo, que não tem qualquer pudor em recorrer a artifícios retóricos desonestos para atingir os seus fins políticos (leia-se: atacar, com ou sem razão, quem está no poder). Das duas, uma: ou Louçã acha que um ataque se justifica a si próprio ou então toma-nos a todos por parvos. A primeira opção reduz a política a um combate de boxe, onde a razão pouco importa; a segunda é mais grave, porque insulta a inteligência dos portugueses. Em democracia a palavra pode ser uma arma, mas não é um martelo. Ou melhor, não devia.»Paulo Gorjão: «[...] Hoje, porém, este texto que se baseia igualmente em fontes anónimas não gerou a mais leve reacção ou indignação. A única diferença é que desta vez as tais fontes anónimas fazem parte da tribo de Pacheco Pereira. Como o vento sopra na direcção “certa” está tudo bem.»Tomás Vasques: «Maria João Pires anunciou que vai renunciar à nacionalidade portuguesa. Quer tornar-se cidadã brasileira porque está farta dos “coices e pontapés” que recebeu do Governo português. A empregada doméstica do meu prédio, uma brasileira jeitosa, há meia dúzia de dias, quando nos cruzámos na escada, disse-me que estava à beira de adquirir a nacionalidade portuguesa. Está farta dos “coices e pontapés” que o Governo brasileiro lhe dá — confidenciou-me. Esteve desempregada durante 3 anos. Troca por troca, prefiro a brasileira. Não toca piano, nem fala francês, mas as escadas do meu prédio estão exemplarmente limpas. Temos por cá muitas primas-donas.»Etiquetas: Blogues, Nota de leitura

Um livro cada domingo. Ando há imenso tempo para falar desta Antologia do Humor Português, criteriosamente organizada por Nuno Artur Silva e Inês Fonseca Santos. Cobre o período 1969-2009 — para sermos exactos, termina por volta da hora do almoço de 18 de Abril de 2008, o mais tardar... —, coligindo apenas o que foi publicado em volume. A excepção é o Soneto ao Deputado Morgado, de Natália Correia, dito no plenário da Assembleia da República. Critério de escolha: «Ficam de fora os textos para televisão, as peças de teatro, as letras de canções, as crónicas de jornal, os blogues, que não tenham sido compilados e editados em livro. Ficam de fora igualmente cartoons, tiras e BD que, por terem imagem, fazem parte de outro universo.» Porquê começar em 1969? Porque nesse ano saiu a Antologia do Humor Português de Fernando Ribeiro de Mello (Afrodite), com prefácio de Erneto Sampaio, «cuja leitura nunca será de mais recomendar». O que o Nuno e a Inês fizeram foi seleccionar o que apareceu a partir de 1969. O índice é extenso: de José Gomes Ferreira (1900-1985) a Ricardo Araújo Pereira (n. 1974), passando por Armando Silva Carvalho (n. 1938) e Adília Lopes (n. 1960), sem esquecer Cesariny (1923-2006), O’Neill (1924-1986), Alberto Pimenta (n. 1937), Fernando Assis Pacheco (1937-1995), Manuel António Pina (n. 1943), Miguel Esteves Cardoso (n. 1955), Clara Ferreira Alves (n. 1956), Rui Zink (n. 1961), Nuno Markl (n. 1971), Pedro Mexia (n. 1972), Nuno Costa Santos (n. 1973), etc., o anónimo de O Meu Pipi, algumas obras colectivas — Gato Fedorento, O Defunto Elegante, Pornex, o Inimigo Público, etc. —, o surpreendente (nesta área) Jorge de Sena (1919-1978) e o incontornável José Sesinando (1923-1995). Em semanas recentes, que foram para mim complicadas do ponto de vista familiar, a sua leitura foi o escape possível para momentos de sombra. Diverti-me como não supunha possível com quase todas as 447 páginas desta magnífica Antologia do Humor Português.Ler o manifesto Por uma Cultura para o Século XXI, assinado por uma centena de personalidades.Importante. Comprar o Diário de Notícias de hoje para ler a entrevista de Miguel Sousa Tavares, conduzida por Catarina Carvalho: fala de Cavaco («não tem dimensão de estadista»), de Sócrates, da Justiça, do caso PT/TVI, de futebol, do Jornal da MMG, dos políticos que preferem ganhar dinheiro a servir o bem público, de MFL, de blogues e até da possibilidde de emigrar para o Brasil. Imperdível.João Galamba «Enquando o mundo passa pela maior crise económica desde a grande depressão, Louçã lembra-se de acusar o Governo de ter rasgado a sua principal promessa eleitoral: a criação de 150 mil empregos. Isto é demagogia em estado puro. Infelizmente, tiradas deste calibre fazem parte do foguetório rasteiro a que se convencionou chamar luta política. Ser oposição é uma actividade performativa formal, sem qualquer conteúdo. Não interessa o que se diz, desde que se diga. Louçã, o mesmo que supostamente pensa a crise, é, enquanto deputado e líder do BE, um simples demagogo, que não tem qualquer pudor em recorrer a artifícios retóricos desonestos para atingir os seus fins políticos (leia-se: atacar, com ou sem razão, quem está no poder). Das duas, uma: ou Louçã acha que um ataque se justifica a si próprio ou então toma-nos a todos por parvos. A primeira opção reduz a política a um combate de boxe, onde a razão pouco importa; a segunda é mais grave, porque insulta a inteligência dos portugueses. Em democracia a palavra pode ser uma arma, mas não é um martelo. Ou melhor, não devia.»Paulo Gorjão: «[...] Hoje, porém, este texto que se baseia igualmente em fontes anónimas não gerou a mais leve reacção ou indignação. A única diferença é que desta vez as tais fontes anónimas fazem parte da tribo de Pacheco Pereira. Como o vento sopra na direcção “certa” está tudo bem.»Tomás Vasques: «Maria João Pires anunciou que vai renunciar à nacionalidade portuguesa. Quer tornar-se cidadã brasileira porque está farta dos “coices e pontapés” que recebeu do Governo português. A empregada doméstica do meu prédio, uma brasileira jeitosa, há meia dúzia de dias, quando nos cruzámos na escada, disse-me que estava à beira de adquirir a nacionalidade portuguesa. Está farta dos “coices e pontapés” que o Governo brasileiro lhe dá — confidenciou-me. Esteve desempregada durante 3 anos. Troca por troca, prefiro a brasileira. Não toca piano, nem fala francês, mas as escadas do meu prédio estão exemplarmente limpas. Temos por cá muitas primas-donas.»Etiquetas: Blogues, Nota de leitura

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