Da Literatura: LER OS OUTROS

05-07-2011
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Um livro cada domingo. O nome de David Peace (n. 1967) pouco dirá à generalidade dos portugueses. Contudo, é um dos autores mais brilhantes da ficção de língua inglesa. A sua estreia, em 1999, com Nineteen Seventy-Four — o primeiro dos romances que formam o quarteto Red Riding, publicado entre aquele ano e 2002 —, prenunciava já o autor de GB84 (2004), obra que toma por objecto a greve dos mineiros britânicos de 1984-85, momento de viragem (ou de como Margaret Thatcher partiu a espinha aos sindicatos) no modo de fazer política no Reino Unido. David Peace acaba de ver traduzido em Portugal o primeiro título da Trilogia de Tóquio, o absorvente Tóquio Ano Zero (2007), cuja acção decorre no imediato pós-guerra, quando a capital japonesa esteve sob o governo do general americano Douglas MacArthur. Os crimes de Kodaira Yoshio, um famoso serial-killer executado em 1949, servem de fio condutor à intriga. Apoiado em extensa bibliografia, e dotado de um utilíssimo glossário, Tóquio Ano Zero foi traduzido por Rita Graña para a Tinta da China.Filipe Nunes Vicente: «Digam lá se o pavilhão dos bombeiros transformado em tribunal não parece saído da cabeça de Lars von Trier: os biombos, as tabuletas, as marcas no soalho. Não vi por lá a Nicole Kidman, o que é pena.»João Galamba: «[...] Ontem à noite, um jornalista da SIC notícias, cheio de optimismo ecuménico, relatou mais um caso de violência na trágica Caxemira ‘Indiana’, referindo-se à fúria dos manifestantes como tendo sido motivada pela concessão de um terreno para a construção de uma mesquita hindu. Isso mesmo: mesquita hindu. Não fazendo caso de séculos de ódio entre as duas comunidades, o informadíssimo assalariado do canal de carnaxide (cujo nome não fixei) achou por bem inventar uma nova religião. Atenção: isto não foi um directo mas uma peça jornalística, algo que, supostamente, é feito com tempo e requer alguma investigação.»Pedro Vieira: «enquanto participava na passeata da bichice apercebo-me do perigo de ser confundido com um membro da ugt [marchavam quatro ou cinco passos à minha frente], já que a dita central sindical destacou uma mão cheia de associados para marcar presença e mostrar que é fácil ser gay friendly quando se é enrabado na concertação social. uma questão de hábito, sussurra-se. atraso o passo. ser visto em iniciativas de homens com homens ainda vá. passar por membro do inner circle do torres couto é que é de bradar aos céus. chiça.»Etiquetas: Blogues, Nota de leitura

Um livro cada domingo. O nome de David Peace (n. 1967) pouco dirá à generalidade dos portugueses. Contudo, é um dos autores mais brilhantes da ficção de língua inglesa. A sua estreia, em 1999, com Nineteen Seventy-Four — o primeiro dos romances que formam o quarteto Red Riding, publicado entre aquele ano e 2002 —, prenunciava já o autor de GB84 (2004), obra que toma por objecto a greve dos mineiros britânicos de 1984-85, momento de viragem (ou de como Margaret Thatcher partiu a espinha aos sindicatos) no modo de fazer política no Reino Unido. David Peace acaba de ver traduzido em Portugal o primeiro título da Trilogia de Tóquio, o absorvente Tóquio Ano Zero (2007), cuja acção decorre no imediato pós-guerra, quando a capital japonesa esteve sob o governo do general americano Douglas MacArthur. Os crimes de Kodaira Yoshio, um famoso serial-killer executado em 1949, servem de fio condutor à intriga. Apoiado em extensa bibliografia, e dotado de um utilíssimo glossário, Tóquio Ano Zero foi traduzido por Rita Graña para a Tinta da China.Filipe Nunes Vicente: «Digam lá se o pavilhão dos bombeiros transformado em tribunal não parece saído da cabeça de Lars von Trier: os biombos, as tabuletas, as marcas no soalho. Não vi por lá a Nicole Kidman, o que é pena.»João Galamba: «[...] Ontem à noite, um jornalista da SIC notícias, cheio de optimismo ecuménico, relatou mais um caso de violência na trágica Caxemira ‘Indiana’, referindo-se à fúria dos manifestantes como tendo sido motivada pela concessão de um terreno para a construção de uma mesquita hindu. Isso mesmo: mesquita hindu. Não fazendo caso de séculos de ódio entre as duas comunidades, o informadíssimo assalariado do canal de carnaxide (cujo nome não fixei) achou por bem inventar uma nova religião. Atenção: isto não foi um directo mas uma peça jornalística, algo que, supostamente, é feito com tempo e requer alguma investigação.»Pedro Vieira: «enquanto participava na passeata da bichice apercebo-me do perigo de ser confundido com um membro da ugt [marchavam quatro ou cinco passos à minha frente], já que a dita central sindical destacou uma mão cheia de associados para marcar presença e mostrar que é fácil ser gay friendly quando se é enrabado na concertação social. uma questão de hábito, sussurra-se. atraso o passo. ser visto em iniciativas de homens com homens ainda vá. passar por membro do inner circle do torres couto é que é de bradar aos céus. chiça.»Etiquetas: Blogues, Nota de leitura

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