O Cachimbo de Magritte: O liberal-absolutismo e o PSD (III)

03-07-2011
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Talvez valha a pena recapitular. Quando pergunta como é que o PSD vai fazer reformas "piscando o olho às corporações", João Miranda não vê a resposta porque a resposta está fora dos binóculos liberais. Manuela Ferreira Leite "pisca o olho às corporações", não só porque quer ganhar eleições ao PS (o que nada tem de indecoroso), mas porque acredita que as "corporações" são interlocutores legítimos do Estado. Mais uma vez, os binóculos impedem o João Miranda de ver o óbvio.Tanto é assim que, na sua diatribe, acaba por confundir algumas coisas. Diz, por exemplo, que eu considero os pais dos alunos um grupo de pressão igual aos professores. Não, não considero, e concordo que o sistema de ensino existe para servir os pais, mas estes também se constituem em associações. Que, às vezes, até recebem dinheiro do Governo. O objectivo, suponho, é terem uma voz representativa "da classe". Curiosamente, o João Miranda nunca refere estas associações de pais subsidiadas que aparecem tantas vezes a atacar os professores.Diz também que o SNS existe para prestar serviços médicos à população, insinuando que os protestos contra as reformas do PS vinham da parte dos médicos e enfermeiros a que a Dra. Manuela "piscou o olho" no seu discurso. Por azar, os protestos contra Correia de Campos não vieram do pessoal do SNS, mas das tais populações que é suposto este servir. Acredito que semelhantes factos compliquem a taxonomia corporativa, mas recordo que os protestos eram quase sempre enquadradas pelas forças vivas da terra (autarcas, associações locais, movimentos de utentes).Quanto à CAP, há-de ser um tenebroso grupo de pressão que nos impede de atingir a produção leiteira da Holanda por amor ao Senhor D. Miguel. Acredito piamente que sim. Mas porque virá o Ministro, em negociações com a mesma CAP, acusar os seus membros de conservadorismo social? O João Miranda não vê ou não quer ver?Uma última coisinha, que isto já vai longo. Se a ideia de Manuela Ferreira Leite é caçar os votos das corporações, acusadas pelo próprio João Miranda de representarem apenas "uma parte minoritária da população", porque é que o PSD não defende antes a maioria silenciosa - como faz Sócrates? Não dará mais votos? Como jogada eleitoralista, convenhamos que não é lá muito brilhante, pois não?


Talvez valha a pena recapitular. Quando pergunta como é que o PSD vai fazer reformas "piscando o olho às corporações", João Miranda não vê a resposta porque a resposta está fora dos binóculos liberais. Manuela Ferreira Leite "pisca o olho às corporações", não só porque quer ganhar eleições ao PS (o que nada tem de indecoroso), mas porque acredita que as "corporações" são interlocutores legítimos do Estado. Mais uma vez, os binóculos impedem o João Miranda de ver o óbvio.Tanto é assim que, na sua diatribe, acaba por confundir algumas coisas. Diz, por exemplo, que eu considero os pais dos alunos um grupo de pressão igual aos professores. Não, não considero, e concordo que o sistema de ensino existe para servir os pais, mas estes também se constituem em associações. Que, às vezes, até recebem dinheiro do Governo. O objectivo, suponho, é terem uma voz representativa "da classe". Curiosamente, o João Miranda nunca refere estas associações de pais subsidiadas que aparecem tantas vezes a atacar os professores.Diz também que o SNS existe para prestar serviços médicos à população, insinuando que os protestos contra as reformas do PS vinham da parte dos médicos e enfermeiros a que a Dra. Manuela "piscou o olho" no seu discurso. Por azar, os protestos contra Correia de Campos não vieram do pessoal do SNS, mas das tais populações que é suposto este servir. Acredito que semelhantes factos compliquem a taxonomia corporativa, mas recordo que os protestos eram quase sempre enquadradas pelas forças vivas da terra (autarcas, associações locais, movimentos de utentes).Quanto à CAP, há-de ser um tenebroso grupo de pressão que nos impede de atingir a produção leiteira da Holanda por amor ao Senhor D. Miguel. Acredito piamente que sim. Mas porque virá o Ministro, em negociações com a mesma CAP, acusar os seus membros de conservadorismo social? O João Miranda não vê ou não quer ver?Uma última coisinha, que isto já vai longo. Se a ideia de Manuela Ferreira Leite é caçar os votos das corporações, acusadas pelo próprio João Miranda de representarem apenas "uma parte minoritária da população", porque é que o PSD não defende antes a maioria silenciosa - como faz Sócrates? Não dará mais votos? Como jogada eleitoralista, convenhamos que não é lá muito brilhante, pois não?

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