aforismos e afins: Por os pontos nos iiiiis (2)

30-06-2011
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Resposta ao desafio sobre social-democracia e liberalismo:«Não era preciso que o candidato [Cavaco Silva] se transmutasse bruscamente em fervoroso liberal. Até lhe ficaria mal. Ele sempre foi um social-democrata e essa transformação soaria a gaiteirice. Bastava perceber que a social-democracia é um regime misto, cuja matriz de base é o liberalismo. A social-democracia é um liberalismo em que se enxertaram um gene democrático e outro parassocialista. Até é capaz de estar bem assim. Desde Aristóteles que se acredita que os regimes mistos são os mais estáveis, porque toda a gente se consegue rever um pouco neles sem se rever completamente. Mas também devemos a Aristóteles a ideia de que os regimes mistos se podem corromper pelos próprios elementos que os constituem. Nos tempos que correm, o gene parassocialista está a corroer cada vez mais o outro gene e a própria matriz liberal. Bastava, inspirado nesta percepção, pôr a ênfase na parte liberal da mistura e dizer que chegou a hora de devolver à "sociedade civil" a oportunidade de afirmar a sua energia e os seus talentos. E que para isso acontecer deve o Estado reduzir bastante o seu papel de distribuidor de rendimentos e empregos e concentrar-se naquelas funções que garantem o ambiente estável necessário à acção individual e associativa. Não deixava de ser social-democrata e abria outras portas.»Luciano Amaral, no DN de 3 de Novembro de 2005.O Rodrigo Adão da Fonseca afirma em comentário ao post abaixoA social-democracia não é liberal, é uma derivação do socialismo. Julgo que as posições não são compatíveis. Uma coisa é achar a social-democracia tem uma componente para-socialista, outra é achar que ele deriva do socialismo. Tomar um componente por matriz-base não me parece nada indiferente. E o "para" também tem algum valor. Façam as vossas interpretações.


Resposta ao desafio sobre social-democracia e liberalismo:«Não era preciso que o candidato [Cavaco Silva] se transmutasse bruscamente em fervoroso liberal. Até lhe ficaria mal. Ele sempre foi um social-democrata e essa transformação soaria a gaiteirice. Bastava perceber que a social-democracia é um regime misto, cuja matriz de base é o liberalismo. A social-democracia é um liberalismo em que se enxertaram um gene democrático e outro parassocialista. Até é capaz de estar bem assim. Desde Aristóteles que se acredita que os regimes mistos são os mais estáveis, porque toda a gente se consegue rever um pouco neles sem se rever completamente. Mas também devemos a Aristóteles a ideia de que os regimes mistos se podem corromper pelos próprios elementos que os constituem. Nos tempos que correm, o gene parassocialista está a corroer cada vez mais o outro gene e a própria matriz liberal. Bastava, inspirado nesta percepção, pôr a ênfase na parte liberal da mistura e dizer que chegou a hora de devolver à "sociedade civil" a oportunidade de afirmar a sua energia e os seus talentos. E que para isso acontecer deve o Estado reduzir bastante o seu papel de distribuidor de rendimentos e empregos e concentrar-se naquelas funções que garantem o ambiente estável necessário à acção individual e associativa. Não deixava de ser social-democrata e abria outras portas.»Luciano Amaral, no DN de 3 de Novembro de 2005.O Rodrigo Adão da Fonseca afirma em comentário ao post abaixoA social-democracia não é liberal, é uma derivação do socialismo. Julgo que as posições não são compatíveis. Uma coisa é achar a social-democracia tem uma componente para-socialista, outra é achar que ele deriva do socialismo. Tomar um componente por matriz-base não me parece nada indiferente. E o "para" também tem algum valor. Façam as vossas interpretações.

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