gravidade intermedia: mas andai lá com a nossa vida

30-06-2011
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Podia ter sido mais interessante o mini-debate de há uns minutos atrás, entre João Galamba e Pedro Duarte, na RTP-N. Sobretudo quando o tema foi o S.N.S.. Podia ter sido mais interessante, mas dificilmente mais divertido.Momentaneamente incapaz de alinhavar duas ideias seguidas sobre o assunto, Pedro Duarte levou semelhante bailarico de João Galamba que acabou por afirmar, gaguejando e em desespero de causa, ser o S.N.S. francês o seu predilecto. Escutou logo de Galamba que esse era o mais caro do mundo (não tenho a certeza que seja o mais caro, mas é dos mais caros, isso é) e faltou-lhe ouvir - e até o merecia - que é, ainda por cima, um daqueles em que os médicos são mais bem pagos: iria talvez responder, agarrando a oportunidade, que "então é por esse motivo!" - até porque se encontrava numa fase de notório primarismo discursivo. Eu até podia estar calado, não me rasgo de admiração pelo sistema francês, já disse isto uma vez e calo-me já, mas reafirmo uma coisa: ninguém assume às claras que quer acabar com o S.N.S., antes regougando que "é só mudar umas coisas, como por exemplo, as formas de financiamento". É esta a frasezinha lapidar do PSD, por exemplo, Duarte dixit. Mas era melhor dizerem as coisas direitinhas, para não haver meias-tintas e pantanozinhos verbais. E para se poder responder-lhes que mexer avulsamente e por motivos apenas conjunturais num Sistema de Saúde (ou noutro Sistema qualquer) pode transformá-lo numa antítese remendada de si ou, pior do que isso, em coisa nenhuma.Limito-me a recordar aqui o que se passou em Inglaterra, com a senhora Thatcher a ir demolindo, ufana, o que havia, progressiva e eficazmente, sempre pelos "bons motivos da economia", legando a Blair a necessidade (imposta por boa parte dos britânicos) de considerar uma inversão de marcha na razia posta em curso pelos tories. Blair já não fez nada: calculou-se, na altura, que ficaria muito mais caro reconstruir as ruínas do período Thatcher do que deixá-las cair de vez. Se foi pena? Eu acho que foi.


Podia ter sido mais interessante o mini-debate de há uns minutos atrás, entre João Galamba e Pedro Duarte, na RTP-N. Sobretudo quando o tema foi o S.N.S.. Podia ter sido mais interessante, mas dificilmente mais divertido.Momentaneamente incapaz de alinhavar duas ideias seguidas sobre o assunto, Pedro Duarte levou semelhante bailarico de João Galamba que acabou por afirmar, gaguejando e em desespero de causa, ser o S.N.S. francês o seu predilecto. Escutou logo de Galamba que esse era o mais caro do mundo (não tenho a certeza que seja o mais caro, mas é dos mais caros, isso é) e faltou-lhe ouvir - e até o merecia - que é, ainda por cima, um daqueles em que os médicos são mais bem pagos: iria talvez responder, agarrando a oportunidade, que "então é por esse motivo!" - até porque se encontrava numa fase de notório primarismo discursivo. Eu até podia estar calado, não me rasgo de admiração pelo sistema francês, já disse isto uma vez e calo-me já, mas reafirmo uma coisa: ninguém assume às claras que quer acabar com o S.N.S., antes regougando que "é só mudar umas coisas, como por exemplo, as formas de financiamento". É esta a frasezinha lapidar do PSD, por exemplo, Duarte dixit. Mas era melhor dizerem as coisas direitinhas, para não haver meias-tintas e pantanozinhos verbais. E para se poder responder-lhes que mexer avulsamente e por motivos apenas conjunturais num Sistema de Saúde (ou noutro Sistema qualquer) pode transformá-lo numa antítese remendada de si ou, pior do que isso, em coisa nenhuma.Limito-me a recordar aqui o que se passou em Inglaterra, com a senhora Thatcher a ir demolindo, ufana, o que havia, progressiva e eficazmente, sempre pelos "bons motivos da economia", legando a Blair a necessidade (imposta por boa parte dos britânicos) de considerar uma inversão de marcha na razia posta em curso pelos tories. Blair já não fez nada: calculou-se, na altura, que ficaria muito mais caro reconstruir as ruínas do período Thatcher do que deixá-las cair de vez. Se foi pena? Eu acho que foi.

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