portugal dos pequeninos: DE TEBAS À IDENTIDADE NACIONAL

27-01-2012
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«A majestade de Genghis-Kahn sujeitou-se às algemas, à prisão sem caução e à irrevogável humilhação e condenação pelas imagens, as fotografias e os vídeos de um Édipo banido de Tebas. Impressionaram as primeiras reacções de vários dirigentes franceses e europeus à prisão de Strauss-Kahn: indiferentes à hipótese do crime, mas chocadíssimos com as imagens do rei Strauss-Kahn tratado como cidadão comum. Tratou-se de um reflexo condicionado de dirigentes de um país aristocrático em que as leis e a justiça defendem a casta dirigente, como antes de 1789. Em França, imagens como as de Strauss-Kahn policiado são proibidas por lei. Nestes dias, houve um poderoso de França que pediu aos media contenção na exibição dessas fotos. Por vontade da elite de França, não só as imagens seriam censuradas, como Strauss-Kahn não seria algemado, nem sequer acusado na justiça. Proibir imagens como aquelas visa apenas defender os poderosos quando acusados pela justiça, num atentado à liberdade de noticiar acções públicas do Estado. O poder político francês sabe que há imagens com o poder de destruir mitos e criar outros. As fotos de Dominique Genghis-Kahn nas mãos da polícia americana pertencem àquela meia dúzia que diz mais do que mil palavras. O herói caído. Ontem demitiu-se do FMI. Já saiu de Tebas.»Eduardo Cintra Torres, PúblicoNota: Não concordo com uma linha (apesar da elegância da escrita) do que vem escrito atrás. Para concordar, teria de "exigir" aos EUA que exibissem o corpo de Bin Laden, por exemplo, ou que não tivessem retocado 36 vezes (trinta e seis) a foto em que os donos do Império estão a assistir, à distância, à execução (qual delas?) do terrorista. Mas aprecio a polémica e o debate quando as pessoas assinam por baixo. Por isso aqui fica à espera de comentários mais inteligentes dos que, na generalidade, têm sido feitos em torno disto e que podiam ser "comentados" com outras matérias do artigo de Cintra Torres, designadamente o que diz sobre Perdidos na Tribo, da tvi. «O programa explora os derivados desta oposição binária nós/eles: o exotismo, a diferença e o primitivismo são exacerbados gritantemente para gerarem cenas chocantes ou engraçadas. Com o à-vontade que têm num estúdio de TV, as câmaras movem-se entre os "conhecidos" tribalizados e os tribais televisionados. A globalização faz das tribos "primitivas" outros estúdios de TV.» Primitivos mais primitivos que os primitivos. A identidade nacional.


«A majestade de Genghis-Kahn sujeitou-se às algemas, à prisão sem caução e à irrevogável humilhação e condenação pelas imagens, as fotografias e os vídeos de um Édipo banido de Tebas. Impressionaram as primeiras reacções de vários dirigentes franceses e europeus à prisão de Strauss-Kahn: indiferentes à hipótese do crime, mas chocadíssimos com as imagens do rei Strauss-Kahn tratado como cidadão comum. Tratou-se de um reflexo condicionado de dirigentes de um país aristocrático em que as leis e a justiça defendem a casta dirigente, como antes de 1789. Em França, imagens como as de Strauss-Kahn policiado são proibidas por lei. Nestes dias, houve um poderoso de França que pediu aos media contenção na exibição dessas fotos. Por vontade da elite de França, não só as imagens seriam censuradas, como Strauss-Kahn não seria algemado, nem sequer acusado na justiça. Proibir imagens como aquelas visa apenas defender os poderosos quando acusados pela justiça, num atentado à liberdade de noticiar acções públicas do Estado. O poder político francês sabe que há imagens com o poder de destruir mitos e criar outros. As fotos de Dominique Genghis-Kahn nas mãos da polícia americana pertencem àquela meia dúzia que diz mais do que mil palavras. O herói caído. Ontem demitiu-se do FMI. Já saiu de Tebas.»Eduardo Cintra Torres, PúblicoNota: Não concordo com uma linha (apesar da elegância da escrita) do que vem escrito atrás. Para concordar, teria de "exigir" aos EUA que exibissem o corpo de Bin Laden, por exemplo, ou que não tivessem retocado 36 vezes (trinta e seis) a foto em que os donos do Império estão a assistir, à distância, à execução (qual delas?) do terrorista. Mas aprecio a polémica e o debate quando as pessoas assinam por baixo. Por isso aqui fica à espera de comentários mais inteligentes dos que, na generalidade, têm sido feitos em torno disto e que podiam ser "comentados" com outras matérias do artigo de Cintra Torres, designadamente o que diz sobre Perdidos na Tribo, da tvi. «O programa explora os derivados desta oposição binária nós/eles: o exotismo, a diferença e o primitivismo são exacerbados gritantemente para gerarem cenas chocantes ou engraçadas. Com o à-vontade que têm num estúdio de TV, as câmaras movem-se entre os "conhecidos" tribalizados e os tribais televisionados. A globalização faz das tribos "primitivas" outros estúdios de TV.» Primitivos mais primitivos que os primitivos. A identidade nacional.

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