portugal dos pequeninos: DA HISTÓRIA DOS VENCIDOS

27-01-2012
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Passou despercebida a homenagem que a Faculdade de Direito de Lisboa prestou ao seu ilustre Professor Marcello Caetano. Por o ter encontrado ontem ao almoço, soube que o José Adelino Maltez se encarregou da conferência. Enquanto ele não colige em letra de forma essa conferência, deve ler-se este belo texto sobre universidades e as elites que não temos. "Os tempos que nos devoram exigem que a ideia de universidade passe a rimar com os homens livres (...) Ontem foi mais um dia de muitos outros onde não descobri o silêncio nem a falta de paraíso, com mais uma prova de doutoramento onde fui um dos arguentes e uma conferência em memória de um dos maiores professores universitários do século XX que, por acaso foi presidente mandador mor da nossa república. Um dos que viveu a angústia do conflito entre a ética da convicção, como deve ser a razão da Universidade, e a ética da responsabilidade, que faz submergir o humanismo no mar maquiavélico da chamada razão de Estado. E Marcello Caetano, é dele que estamos falando, não conseguiu conciliar o lume da dita racionalidade finalística (a Zweckrationalitat de Weber) com o lume da dita profecia (Padre António Vieira), equivalente à weberiana racionalidade valorativa (Wertrationalitat). Ficou-se pela angústia, pela fidelidade a uma certa ideia eterna de universidade e pelo sonho de um certo patriotismo científico. Faz hoje parte da nossa história dos vencidos e por isso continua eterno."


Passou despercebida a homenagem que a Faculdade de Direito de Lisboa prestou ao seu ilustre Professor Marcello Caetano. Por o ter encontrado ontem ao almoço, soube que o José Adelino Maltez se encarregou da conferência. Enquanto ele não colige em letra de forma essa conferência, deve ler-se este belo texto sobre universidades e as elites que não temos. "Os tempos que nos devoram exigem que a ideia de universidade passe a rimar com os homens livres (...) Ontem foi mais um dia de muitos outros onde não descobri o silêncio nem a falta de paraíso, com mais uma prova de doutoramento onde fui um dos arguentes e uma conferência em memória de um dos maiores professores universitários do século XX que, por acaso foi presidente mandador mor da nossa república. Um dos que viveu a angústia do conflito entre a ética da convicção, como deve ser a razão da Universidade, e a ética da responsabilidade, que faz submergir o humanismo no mar maquiavélico da chamada razão de Estado. E Marcello Caetano, é dele que estamos falando, não conseguiu conciliar o lume da dita racionalidade finalística (a Zweckrationalitat de Weber) com o lume da dita profecia (Padre António Vieira), equivalente à weberiana racionalidade valorativa (Wertrationalitat). Ficou-se pela angústia, pela fidelidade a uma certa ideia eterna de universidade e pelo sonho de um certo patriotismo científico. Faz hoje parte da nossa história dos vencidos e por isso continua eterno."

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