ABRUPTO

25-01-2012
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EARLY MORNING BLOGS 711

This is the first thing

This is the first thing

I have understood:

Time is the echo of an axe

Within a wood.

(Philip Larkin)

*

(Philip Larkin)

Bom dia! Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO EM SET�BAL

Peixeiro no Mercado do Livramento em Set�bal (vulgo Pra�a)

(Sim�o dos Reis Agostinho) Peixeiro no Mercado do Livramento em Set�bal (vulgo Pra�a)(Sim�o dos Reis Agostinho)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: COISAS SIMPLES

Maria, leitora do Abrupto, 11 anos. Maria, leitora do Abrupto, 11 anos.

"� m�e vais mandar para o Abrupto, n�o vais?" Eu tentei explicar-lhe que aquele blogue n�o � meu, que quem manda nele n�o sou eu, e que ela tinha que perceber que pobre dono do Abrupto entraria em crise se todas as m�es e pais mandassem as pinturas dos filhos para l� para al�m de provavelmente entupir a sua caixa de correio."

(M�e da Maria) (M�e da Maria)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: VAZIO

N�o � �fantasticamente� deprimente que, se hoje n�o tivesse nevado, e se n�o tivessem feito leituras �s radia��es emitidas pelos telem�veis nos centros comerciais (?), n�o tinham havido os Jornais da uma, os jornais da tarde e os jornais da noite?

(Sofia Silveira) (Sofia Silveira)

RETRATOS DO TRABALHO NO CAMBODJA E NO VIETNAM

Vendedor de patos em Han�i.

Sucateiros em Phnom Phen.

(M.L.)

Vendedor de patos em Han�i.Sucateiros em Phnom Phen.(M.L.)

DIA RARO E INCOMUM 4

DIA RARO E INCOMUM 3

Acabou de nevar, levantou-se o c�u, est� azul e branco. Os gatos n�o sabem como andar na terra. Tiram e pousam as patas, escorregam. O que � que aconteceu? Que mundo � este? Os lim�es e as laranjas t�m um pequeno chap�u branco. Nalguns s�tios escondidos, a �gua virou vidro.

INTEND�NCIA

Actualizada a nota AS COTERIES E OS BENS ESCASSOS. Actualizada a nota

DIA RARO E INCOMUM 2

Tudo branco. Est� a nevar e a neve est� a pegar.

BALADA DA NEVE

Batem leve, levemente,

como quem chama por mim.

Ser� chuva? Ser� gente?

Gente n�o �, certamente

e a chuva n�o bate assim.

� talvez a ventania:

mas h� pouco, h� poucochinho,

nem uma agulha bulia

na quieta melancolia

dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,

com t�o estranha leveza,

que mal se ouve, mal se sente?

N�o � chuva, nem � gente,

nem � vento com certeza.

Fui ver. A neve ca�a

do azul cinzento do c�u,

branca e leve, branca e fria...

� H� quanto tempo a n�o via!

E que saudades, Deus meu!

Olho-a atrav�s da vidra�a.

P�s tudo da cor do linho.

Passa gente e, quando passa,

os passos imprime e tra�a

na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais

da pobre gente que avan�a,

e noto, por entre os mais,

os tra�os miniaturais

duns pezitos de crian�a...

E descalcinhos, doridos...

a neve deixa inda v�-los,

primeiro, bem definidos,

depois, em sulcos compridos,

porque n�o podia ergu�-los!...

Que quem j� � pecador

sofra tormentos, enfim!

Mas as crian�as, Senhor,

porque lhes dais tanta dor?!...

Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,

uma funda turba��o

entra em mim, fica em mim presa.

Cai neve na Natureza

� e cai no meu cora��o.

(Augusto Gil) Tudo branco. Est� a nevar e a neve est� a pegar.(Augusto Gil)

DIA RARO E INCOMUM

Est� a nevar. Est� a nevar.

RETRATOS DO TRABALHO EM NIASSA, MO�AMBIQUE

Transportador de bambu em Cuamba, no Niassa, Norte de Mo�ambique.

(Carmo Pupo Correia)

Transportador de bambu em Cuamba, no Niassa, Norte de Mo�ambique.(Carmo Pupo Correia)

RETRATOS DO TRABALHO EM SINTRA, PORTUGAL (IN�CIO DO S�CULO XX)

(Enviado por Ricardo de Carvalho.) (Enviado por Ricardo de Carvalho.)

*

Curiosa a fotografia, pois retrata - se n�o estou em erro - uma actividade hoje j� praticamente extinta devido, fundamentalmente, � expans�o urbana do concelho, mas tb aos erros da legisla��o vitivin�cola e � evolu��o do pr�prio mercado do vinho: a planta��o da vinha de Colares (casta "Ramisco") em "ch�o de areia". Feita a uma certa profundidade, onde, depois de escavada a camada arenosa, as ra�zes da videira encontravam terreno firme, isso fez com que resistisse � filoxera no final do s�c. XIX. Durante o s�c. XX foi, por isso, a �nica regi�o em Portugal Continental, para al�m de pequenas vinhas localizadas, onde o cultivo da vinha se continuou a fazer a"p� franco", isto �, sem recurso a p�s de videira americana resistentes � filoxera que s�o depois enxertados na casta europeia. Os custos de m�o de obra foram, claro, tb uma causa importante para o seu desaparecimento.

(Jo�o C�lia)

EARLY MORNING BLOGS

Salmo 73

Verdadeiramente bom � Deus para com Israel, para com os limpos de cora��o.

Quanto a mim, os meus p�s quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos.

Pois eu tinha inveja dos n�scios, quando via a prosperidade dos �mpios.

Porque n�o h� apertos na sua morte, mas firme est� a sua for�a.

N�o se acham em trabalhos como outros homens, nem s�o afligidos como outros homens.

Por isso a soberba os cerca como um colar; vestem-se de viol�ncia como de adorno.

Os olhos deles est�o inchados de gordura; eles t�m mais do que o cora��o podia desejar.

S�o corrompidos e tratam maliciosamente de opress�o; falam arrogantemente.

P�em as suas bocas contra os c�us, e as suas l�nguas andam pela terra.

Por isso o povo dele volta aqui, e �guas de copo cheio se lhes espremem.

E eles dizem: Como o sabe Deus? H� conhecimento no Alt�ssimo?

Eis que estes s�o �mpios, e prosperam no mundo; aumentam em riquezas.

Na verdade que em v�o tenho purificado o meu cora��o; e lavei as minhas m�os na inoc�ncia.

Pois todo o dia tenho sido afligido, e castigado cada manh�.

Se eu dissesse: Falarei assim; eis que ofenderia a gera��o de teus filhos.

Quando pensava em entender isto, foi para mim muito doloroso;

At� que entrei no santu�rio de Deus; ent�o entendi eu o fim deles.

Certamente tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lan�as em destrui��o.

Como caem na desola��o, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.

Como um sonho, quando se acorda, assim, � Senhor, quando acordares, desprezar�s a apar�ncia deles.

Assim o meu cora��o se azedou, e sinto picadas nos meus rins.

Assim me embruteci, e nada sabia; fiquei como um animal perante ti.

Todavia estou de cont�nuo contigo; tu me sustentaste pela minha m�o direita.

Guiar-me-�s com o teu conselho, e depois me receber�s na gl�ria.

Quem tenho eu no c�u sen�o a ti? e na terra n�o h� quem eu deseje al�m de ti.

A minha carne e o meu cora��o desfalecem; mas Deus � a fortaleza do meu cora��o, e a minha por��o para sempre.

Pois eis que os que se alongam de ti, perecer�o; tu tens destru�do todos aqueles que se desviam de ti.

Mas para mim, bom � aproximar-me de Deus; pus a minha confian�a no Senhor Deus, para anunciar todas as tuas obras.

*

Bom dia! Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO NA �NDIA

Barqueiros no Ganges.

(Sara Belo) Barqueiros no Ganges.(Sara Belo)

AS COTERIES E OS BENS ESCASSOS

Voltemos � quest�o das coteries liter�rias, um tema tanto mais interessante quanto muito pouco, ou quase nada discutido por c�. Aqui h� uma diferen�a com o passado para pior, porque a exist�ncia de �escolas� e �movimentos� tornava a coisa confrontacional, logo mais reveladora. Sabia-se quem estava com quem e a pancada era m�tua. Agora n�o, h� demasiados sil�ncios e demasiadas coniv�ncias, e era de alguma maneira essa a quest�o inicial colocada na nota do Temos uma cr�tica liter�ria jornal�stica de fachada.�;� influ�ncias que se movem, sectarismo, medievalismo. Textos que se escrevem em fun��o dos favores, cr�ticas que se cozinham como benesses e mesuras a amigos e colegas de trabalho (� assim que se formam as clientelas, alguma d�vida?) .� Era este o ponto de partida e muito curiosamente ningu�m se lhe refere. Ali�s o que gera pol�mica � a nota do Abrupto e n�o a do Esplanar, muito mais cruel. Percebe-se, como infelizmente � pecha nos blogues, como tudo se torna ad hominem , e � prefer�vel atirar ao lado para n�o se ir ao fundamental. Da� a revolta prolet�ria contra o monopolista dos �bens escassos�, a mais ir�nica confirma��o de que tinha raz�o no que escrevi. (Oh! Meus amigos, eu trabalho muito, trabalho com gosto e as encomendas n�o faltam no mercado. N�o querem censura nem quotas, pois n�o?)

N�o, a quest�o � outra. � f�cil bater no Jos� Rodrigues dos Santos, ou na Margarida Rebelo Pinto. Eles est�o fora dos �nossos�, s� vendem muitos livros. Eles n�o circulam nos mesmos meios, s� vendem muitos livros. A cena da sopa de peixe � rid�cula, mas � pulp fiction , n�o tem pretens�es a ser literatura. E as �nossas� cenas rid�culas que pretendem ser literatura? E as dezenas de livros menores que os �nossos� publicam todos os anos e que s�o protegidos pela � cr�tica liter�ria jornal�stica de fachada �? Ou s�o tudo livros geniais, como para o Jornal de Letras , tudo � bom? Eu, como n�o sou cr�tico liter�rio n�o vou fazer esse trabalho, mas estranho que ningu�m o fa�a, e n�o se d� por ele. H� excep��es solit�rias, mas confirmam a regra.

E depois, gente que acha (e bem) que na pol�tica h� compadrio e favores, passa r�seo, pelo mundo literato que tem face � pol�tica muito menos escrut�nio cr�tico, muito menos conhecimento dos meandros que se movem. E n�o � s� na literatura, mas no mundo �cultural� no sentido lato, agora muito colado ao entretenimento, onde tamb�m h� dadores de emprego, grupos de interesses, jogos de editoras, produtoras, programas de televis�o, encomendas e servi�os? Onde � que eu posso ler sobre isso? Em s�tio nenhum. S� vejo exerc�cios de elogios m�tuos, protec��es de grupo, reputa��es que se sustentam em amigos e n�o em livros, trabalho, obra.

Nota: reflexos em Da Literatura,

* Um sinal curioso da pequenez de que fala no nosso meio cultural est� bem patente, por contraposi��o, na elabora��o das contracapas das edi��es anglo-sax�nicas onde frequentemente est�o presentes recomenda��es de personalidades de alguma modo ligadas ao tema dos livros. Em portugal as contracapas quase invari�velmente se limitam a trazer um extracto, uma pequena biografia do autor ou no caso de tradu��es o resumo do conte�do.

(Ant�nio Filipe Fonseca)

*

Lei de Gersham

A quest�o da cr�tica � (ou deve ser) uma quest�o central neste Pa�s paradoxal onde se l� pouco mas se escreve e publica muito, onde n�o se vai ao teatro mas h� dezenas de companhias de teatro, onde n�o se vai ao ballet mas se fazem abaixo assinados contra a extin��o de companhias de bailado. E onde se l�em as cr�ticas e � tudo fant�stico. Se houvesse verdadeira cr�tica, s�ria, isenta, consistente, sabedora, profissional, talvez houvesse menos paradoxo e mais qualidade.

A quest�o inicialmente focada na nota do Esplanar incidia sobre a cr�tica liter�ria mas foi alargada no Abrupto � cr�tica � produ��o cultural em geral. Entretanto, no Estado Civil e no Da Literatura, surgiram exemplos vivos do que JPG e JPP referiram: porque � que n�s n�o havemos de defender o nosso territ�rio se tu defendes o teu? N�o defenderam a qualidade e consist�ncia do seu trabalho, nem negaram que se escreve muitas vezes de e para amigos. N�o negaram que muito do que se escreve sobre livros ou outras produ��es culturais (algumas fict�cias) s�o simples conversas entre amigos, amigos que ali�s o s�o e deixam de ser ao sabor das necessidades e desejos editoriais de cada um. No entanto, os blogues s�o muito transparentes nessa mat�ria. Como sempre, � de influ�ncia e poder que se est� a a falar. Se se ampararem bem uns aos outros, l� v�o construindo carreiras.

N�o tenho particular gosto em ouvir dizer mal de um livro ou de um escritor. N�o me parece que seja crit�rio exclusivo de qualidade de uma cr�tica apontar aspectos negativos. Acho que a cr�tica deve ser uma an�lise global de caracter�sticas ou qualidades de um livro, de um quadro, de uma m�sica ou de uma pe�a. Qualidades que podem ser positivas ou negativas.

Os cr�ticos tamb�m t�m gostos e � natural que eles transpare�am da sua an�lise.

Tamb�m gosto de ler os trocadilhos, de palavras ou ideias, que pululam por muitos blogues literatos/culturais. Divertem-me. Mas vai uma grande dist�ncia entre um trocadilho, uma ideia divertida ou uma frase melanc�lica e uma obra liter�ria. � suposto um cr�tico saber ver isso. Para se criticar de forma profissional, tem que se estudar e saber, n�o basta gostar ou detestar.

Em suma: usando uma ideia em voga, a m� cr�tica afasta a boa obra de arte. E o "amiguismo" enquanto elemento de cr�tica � uma m� cr�tica. Por isso � que acho esta uma quest�o verdadeiramente importante. E conv�m n�o esquecer que os leitores s�o os cr�ticos dos cr�ticos.

(RM)

*

Estes s�o os nossos cr�ticos liter�rios: parecem ter algumas limita��es a interpretar textos, ou ent�o o que ser� que os move? O problema tamb�m est� no facto de terem poucos consumidores para os bens que oferecem. S� uma minoria � que l� algumas das cr�ticas liter�rias que s�o publicadas. Eu que leio livros "dif�ceis" tenho a maior dificuldade em ler cr�ticas "dif�ceis". Basicamente quero saber se gostaram ou n�o de determinada obra, porqu� e quero que a enquadrem, para que eu, que n�o leio todos os livros do mundo, e que tenho de fazer escolhas, possa ter alguma informa��o que me ajude a minimizar uma m� compra. Os desfiles de cita��es, refer�ncias - a autores certamente interessant�ssimos - e efabula��es te�ricas e especulativas que enchem as p�ginas de cr�tica liter�ria, mas em que pouco se fala da obra em quest�o, verdadeiramente pouco interessam a uma larga maioria das pessoas que gostam e ler e que compram livros, mas n�o se querem perder nos meandros das teorias liter�rias. A sensa��o com que se fica � que "eles" escrevem para "eles".

Se soubesse que �a escrever este texto tinha preparado alguns exemplos do que n�o gosto (� s� ir ao Mil Folhas) e do que gosto (� s� ir aos sites liter�rios anglo-sax�nicos: n�o sendo intelectual eu, tal como muitos portugueses, lemos em v�rias l�nguas). O que era interessante saber � como � que se mede a audi�ncia que tem a cr�tica liter�ria. Porque a audi�ncia de comentadores pol�ticos (ver caso Marcelo Rebelo de Sousa) � sempre medido, ou em audi�ncias ou em n�mero de tiragens das publica��es. A cr�tica liter�ria s� sobrevive se for em suplemento a outra publica��o. Como seria se os jornais em causa baixassem os seus pre�os �s Sextas ou aos S�bados e n�o oferecessem suplementos liter�rios? Ser� que isso n�o obriga a reflex�o? Mas sem culpar o "povo", por favor!

(...)

J� li um livro (o "Sei l�!"?) de Margarida Rebelo Pinto e essa experi�ncia chegou para perceber o estilo. J� li um livro ("A Filha do Capit�o") do Jos� Rodrigues dos Santos e n�o me parece de todo justo p�-los no mesmo saco. MRP � literatura light sem mais nada: l�-se r�pido e fica-se com azia. JRS, n�o sendo uma experi�ncia liter�ria nirvanesca, tem o m�rito de pesquisar e construir uma bela narrativa, com algumas limita��es, que n�o irei enumerar, mas consegue aquilo a que se pode chamar uma obra "honesta". Vendem livros os dois: sorte a deles! Mas parece-me injusto, a n�vel liter�rio compar�-los, s� se podem colocar lado a lado no facto de serem outsiders. E outsiders que vendem...

(J.) Voltemos � quest�o dasliter�rias, um tema tanto mais interessante quanto muito pouco, ou quase nada discutido por c�. Aqui h� uma diferen�a com o passado para pior, porque a exist�ncia de �escolas� e �movimentos� tornava a coisa confrontacional, logo mais reveladora. Sabia-se quem estava com quem e a pancada era m�tua. Agora n�o, h� demasiados sil�ncios e demasiadas coniv�ncias, e era de alguma maneira essa a quest�o inicial colocada na nota do Esplanar : �.� Era este o ponto de partida e muito curiosamente ningu�m se lhe refere. Ali�s o que gera pol�mica � a nota do Abrupto e n�o a do Esplanar, muito mais cruel. Percebe-se, como infelizmente � pecha nos blogues, como tudo se torna, e � prefer�vel atirar ao lado para n�o se ir ao fundamental. Da� a revolta prolet�ria contra o monopolista dos �bens escassos�, a mais ir�nica confirma��o de que tinha raz�o no que escrevi. (Oh! Meus amigos, eu trabalho muito, trabalho com gosto e as encomendas n�o faltam no mercado. N�o querem censura nem quotas, pois n�o?)N�o, a quest�o � outra. � f�cil bater no Jos� Rodrigues dos Santos, ou na Margarida Rebelo Pinto. Eles est�o fora dos �nossos�, s� vendem muitos livros. Eles n�o circulam nos mesmos meios, s� vendem muitos livros. A cena da sopa de peixe � rid�cula, mas �, n�o tem pretens�es a ser literatura. E as �nossas� cenas rid�culas que pretendem ser literatura? E as dezenas de livros menores que os �nossos� publicam todos os anos e que s�o protegidos pela ��? Ou s�o tudo livros geniais, como para o, tudo � bom? Eu, como n�o sou cr�tico liter�rio n�o vou fazer esse trabalho, mas estranho que ningu�m o fa�a, e n�o se d� por ele. H� excep��es solit�rias, mas confirmam a regra.E depois, gente que acha (e bem) que na pol�tica h� compadrio e favores, passa r�seo, pelo mundo literato que tem face � pol�tica muito menos escrut�nio cr�tico, muito menos conhecimento dos meandros que se movem. E n�o � s� na literatura, mas no mundo �cultural� no sentido lato, agora muito colado ao entretenimento, onde tamb�m h� dadores de emprego, grupos de interesses, jogos de editoras, produtoras, programas de televis�o, encomendas e servi�os? Onde � que eu posso ler sobre isso? Em s�tio nenhum. S� vejo exerc�cios de elogios m�tuos, protec��es de grupo, reputa��es que se sustentam em amigos e n�o em livros, trabalho, obra.Nota: reflexos em Estado Civil O Amigo do Povo , e , de novo, no Esplanar

RETRATOS DO TRABALHO EM TR�S-OS-MONTES

Cavando batatas : " Estas fotos, fizeram parte de uma exposi��o intitulada "Lugares e Olhares" realizada em 2000 no concelho de Vinhais, promovida por uma pequena Associa��o Cultural local "(enviado por Luis Vale).

Cavando batatas : ""(enviado por Luis Vale).

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(28 de Janeiro de 2006)

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O New York Times desmantela com ferocidade o livro de Bernard-Henri L�vy, American vertigo - Traveling America in the Footsteps of Tocqueville . Uma amostra:

"Bernard-Henri L�vy is a French writer with a spatter-paint prose style and the grandiosity of a college sophomore; he rambled around this country at the behest of The Atlantic Monthly and now has worked up his notes into a sort of book. It is the classic Freaks, Fatties, Fanatics & Faux Culture Excursion beloved of European journalists for the past 50 years, with stops at Las Vegas to visit a lap-dancing club and a brothel; Beverly Hills; Dealey Plaza in Dallas; Bourbon Street in New Orleans; Graceland; a gun show in Fort Worth; a "partner-swapping club" in San Francisco with a drag queen with mammoth silicone breasts; the Iowa State Fair ("a festival of American kitsch"); Sun City ("gilded apartheid for the old");a stock car race; the Mall of America; Mount Rushmore; a couple of evangelical megachurches; the Mormons of Salt Lake; some Amish; the 2004 national political conventions; Alcatraz - you get the idea. (For some reason he missed the Sturgis Motorcycle Rally, the adult video awards, the grave site of Warren G. Harding and the World's Largest Ball of Twine.) You meet Sharon Stone and John Kerry and a woman who once weighed 488 pounds and an obese couple carrying rifles, but there's nobody here whom you recognize. In more than 300 pages, nobody tells a joke. Nobody does much work. Nobody sits and eats and enjoys their food. You've lived all your life in America, never attended a megachurch or a brothel, don't own guns, are non-Amish, and it dawns on you that this is a book about the French. There's no reason for it to exist in English, except as evidence that travel need not be broadening and one should be wary of books with Tocqueville in the title." (Sublinhados meus.)

Conclus�o: "Thanks, pal. I don't imagine France collapsing anytime soon either. Thanks for coming. Don't let the door hit you on the way out. For your next book, tell us about those riots in France, the cars burning in the suburbs of Paris. What was that all about? Were fat people involved?" desmantela com ferocidade o livro de Bernard-Henri L�vy,. Uma amostra:(Sublinhados meus.)Conclus�o:

RETRATOS DO TRABALHO NA CHINA

Carregadores de bagagens de turistas no rio Yangtze

(Joana Lopes) Carregadores de bagagens de turistas no rio Yangtze(Joana Lopes)

EARLY MORNING BLOGS 710

Libation Mongole

C'est ici que nous l'avons pris vivant. Comme il se battait bien nous lui offr�mes du service : il pr�f�ra servir son Prince dans la mort.

Nous avons coup� ses jarrets : il agitait les bras pour t�moigner son z�le. Nous avons coup� ses bras : il hurlait de d�vouement pour Lui.

Nous avons fendu sa bouche d'une oreille � l'autre : il a fait signe, des yeux, qu'il restait toujours fid�le.

o

Ne crevons pas ses yeux comme au l�che ; mais tranchant sa t�te avec respect, versons le koumys des braves, et cette libation :

Quand tu rena�tras, Tch'en Houo-chang fais-nous l'honneur de rena�tre chez nous.

(Victor Segalen)

*

Bom dia! Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO NO JAP�O

Varredoras no Parque da Paz em Hiroshima.

(Joana Lopes) Varredoras no Parque da Paz em Hiroshima.(Joana Lopes)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:

SOBRE "A LENTA DISSOLU��O DOS PARTIDOS"

Achei muito interessante o artigo que escreveu no P�blico e que publica no seu blogue a prop�sito da lenta dissolu��o dos partidos. Trata-se de uma perspectiva em que nunca tinha pensado e que analisada com aten��o faz de facto um certo sentido. Julgo que h� tamb�m alguns factores que contribuiem para o cen�rio que descreve:

1. A complexifica��o da governa��o, hoje em dia o poder efectivo do governo � de certa forma pulverizado devido � din�mica complexa e descentralizada do Estado.

2. A distin��o entre classes sociais torna-se cada vez mais simb�lica do que material fruto do progresso econ�mico.

3. Cada vez menos a nossa sociedade se v�m confrontanto com grandes causas definidas e fracturantes. N�o temos guerra, n�o somos completamente pobres nem totalmente ricos. Existem micro-causas que por defini��o se circunscrevem a minorias.

4. Por efeito da globaliza��o e da inser��o no espa�o mundial o poder individual de cada cidad�o � cada vez menor.

Se calhar daqui a alguns anos os partidos politicos nacionais tornar-se-�o em partidos transacionais centrados sobretudo em quest�es de geoestrat�gia e do ambiente.

(Ant�nio Filipe Fonseca)

*

Ao ler o seu post "A lenta dissolu��o dos partidos" n�o pude, numa primeira an�lise, deixar de constactar a sua convic��o na aus�ncia ou, pelo menos, fraca presen�a do antipartidarismo e antiparlamentarismo, bem como do pensamento ideol�gico radical. Mais, que considera os dois "antis" como ditactoriais!

1� - N�o vejo a raz�o, o fundamento, para o "passado da ditadura". De facto, podemos encontrar o antipartidarismo e parlamentarismo hist�ricamente na ditadura (falando de Portugal). Contudo, n�o me parece saud�vel considera-los como seus filhos ou mesmo pensamentos exclusivos.

Da mesma forma que � de todo errado afirmar que os partidos s�o ess�nciais ao funcionamento da democracia. O senhor sabe bem que n�o o s�o... muito pelo contr�rio!

2� - O radicalismo... o radicalismo encerra em si uma vontade pr�pria, insubstituivel e em qualquer outra parte inexistente, de ser fiel.

Porque se por um lado a relactividade n�o � bem o que parece, por outro a objectividade (entendamos dogmatismo) � bastante mal rotulada.

Dizer-se, ainda que implicitamente, que o radicalismo � fundamentalista, � t�o errado quanto a interpreta��o e aplica��o actuais da �ltima express�o. Ser radical � ser fiel � raiz de um pensamento estruturador da vida social, econ�mica, afectiva, etc... como a pr�pria palavra indica!

3� - Como estudante de Comunica��o Social, n�o posso deixar de concordar consigo ao antever a situa��o medi�tica que d� j� hoje sinais. Este 4� poder que emerge mais e mais, transversal a todos os outros, depende e faz depender: depende do produto informartivo, ao mesmo tempo que o gera pela press�o que exerce devido aos meios de que disp�e. � quem os controla, aos meios e ao jogo de poder que estes potenciam, que verdadeiramente exerce autoridade. Como diz Harold Innis, "todo o imp�rio, toda a sociedade, que pretende uma certa perenidade deve realizar um equilibrio entre um media que favorece o controlo do espa�o e outro que assegura a sua reprodu��o no tempo". E o poder que o novo paradigma multim�dia tem em distorcer estas duas no��es, a temporal e a espacial, cria no ciberespa�o e nas possibilidades do hipertexo uma fuga a esse equilibrio for�ado e com objectivos pr�-definidos, numa democracia incomparavelmente participativa, construida pelos pr�prios, inventada a cada segundo, na fuga da capitaliza��o da informa��o. Quem precisar� dos partidos como estrutura que d� voz a um pensamento comum, quando poderemos individualmente (se a info-exclus�o de Castells n�o for demasiado elevada) criar a nossa ideologia, num liberalismo de ideias desmedido, quem sabe acompanhado pelo economico (ainda que paradoxalmente)? Um liberalismo ideol�gico dependente da abstracta "consci�ncia colectiva" e do sucesso da "juventudo metropolitana" que idealizou o futuro da rede.

(Sim�o dos Reis Agostinho)

*

O futuro dos partidos tradicionais � muito facil de antever visto que as similitudes entre Portugal e a It�lia n�o se resumem ao''25 de Abril''.A grande diferen�a � ao n�vel da velocidade do processo politico que no nosso caso est� mais r�pido (fruto da sociedade de informa��o em que estamos inseridos).N�s tivemos menos anos de governos breves mas tambem eles acabaram por chegar aos governos de legislatura, agora ser� a nossa tendencia para chegar aos partidos como os que hoje disputam o poder em It�lia (Oliveira ;For�a Italia )no fundo movimentos de ''cidadania''(ou de cidad�o!!)que pouco ou nada j� t�m a ver com os velhos partidos tradicionais que durante anos nos habitu�mos a ver a disputar as elei��es em It�lia.� s� uma quest�o de tempo.As analogias entre os dois pa�ses s�o maiores do que o que parece.'' A ver vamos''.

(Alberto Andrade)

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(27 de Janeiro de 2006)

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Nota certeira no Jornal de Letras (e merece-o bem) e a sua coterie , mas j� � escass�ssima a aten��o cr�tica a outros grupos como o que ia do defunto DNA , para o grupo do "� Cultura, Est�pido", ou as Produ��es Fict�cias, no mercado dos "produtos culturais" e do entretenimento. H� uma mudan�a geracional inevit�vel, mas os v�cios mant�m-se. Os bens tamb�m continuam a ser escassos.

Esta nota, bem como a do Esplanar, s�o interessantes e gostava de acrescentar umas notas sobre a cr�tica liter�ria que �s vezes nos entra pela casa dentro. No �ltimo programa televisivo Livro Aberto cujo tema era debater as escolhas dos espectadores de uma vota��o informal que o programa e o seu blogue promoveram e � qual posteriormente o Mil Folhas aderiu, alguns dos quatro convidados, especialistas e cr�ticos, tiveram um comportamento de considerei bizarro. Estavam mais interessados em comentar as escolhas dos Melhores de 2005 da nata intelectual publicadas no Mil Folhas do que debater as escolhas de espectadores an�nimos que, como recomenda��o, s� t�m o facto de verem o programa Livro Aberto. Posteriormente desvalorizaram totalmente as escolhas dos leitores. Nunca se referiram � escolha para fic��o portuguesa "Cavaleiro da �guia", nunca percebi porqu�, e sobre as outras escolhas tiveram coment�rios cujo objectivo ainda tento entender. Dou como exemplo as escolhas de fic��o estrangeira em que se encontravam nomes como Sebald ou Vila-Matas e que mereceram como coment�rio, de dois dos convidados, uma enorme estranheza por serem autores "dif�ceis": depreendi que, n�o sendo os espectadores membros de uma determinada casta intelectual, est�o incapacitados de ler, apreciar, escolher e votar em autores "dif�ceis". Mas a coisa n�o se ficou por aqui porque no meio de insinua��es de que votar em Sebald e Vila-Matas d� status social e intelectual (e eu a pensar que o Mercedes � porta cumpria bem melhor essa miss�o do que uma vota��o an�nima!) tiveram o desplante de explicar "sem dem�rito para a obra de Sebald", n�o fossem os espectadores an�nimos conspurcar o nome e a obra do autor.

Os tempos devem estar mesmo dif�ceis e h� que serrar fileiras firme e guardar o couto, n�o v� algum an�nimo querer l� entrar. O pior � que, como diz Jo�o Pedro George "esta gente l�, mas n�o aprende nada".

(J.) *

Uma variante do Presidente vendido como um sabonete, num artigo de Lu�s Paix�o Martins, Di�rio de Not�cias . Artigo que deve ser lido com muita aten��o porque � t�pico dos tempos. Nele se diz, entre outras coisas:

Tal [desgaste] deve-se, em primeiro lugar, � descaracteriza��o das marcas partid�rias. � dif�cil encontrar pessoas que saibam explicar a diferen�a de atributos entre a marca socialista e a marca social--democrata, para referir as l�deres no nosso pa�s, para al�m dos s�mbolos do seu branding gr�fico e das imagens dos seus principais protagonistas. Se os atributos de v�rias marcas se confundem, � natural que as pr�prias marcas tenham confundidos os territ�rios de imagem que v�o definindo na mente dos seus "consumidores". "� tudo a mesma coisa" - diz-se que diz o povo.

Em segundo lugar, temos um problema de canal de comunica��o. O marketing pol�tico n�o recorre, fora de momentos eleitorais e em outros muito espec�ficos, a disciplinas de comunica��o que, como a publicidade, permitem ao comunicador "finalizar" os conte�dos e, por conseguinte, obter a fidelidade da sua mensagem.

Pelo contr�rio, o marketing pol�tico usa, quase exclusivamente, o canal jornal�stico para a sua comunica��o, sendo assim for�ado a codificar as suas interven��es segundo as regras do sistema medi�tico, isto �, de maneira simplificada, emocional e negativa.

Est� bom de ver que uma marca cuja afirma��o tenha de ser feita - sob pe-na de ser afastada do palco medi�tico - apenas de forma simplificada, emocional e negativa enfrenta muitas dificuldades de desenvolvimento se o seu objectivo for, por exemplo, demonstrar que deve ser escolhida para governar um pa�s. � por isso, designadamente, que as marcas partid�rias de "contrapoder", como o Bloco de Esquerda, ocupam mais espa�o medi�tico que os partidos de "governo". Boa publicidade para a LPM (refor�ada pelas campanhas S�crates e Cavaco), com algumas verdades pelo caminho. O recado � simples: deixem de fazer pol�tica, de fazer esses pat�ticos esfor�os para �sair bem� na comunica��o social, fa�am s� rela��es p�blicas e publicidade, as novas " disciplinas de comunica��o ". Se querem a mensagem limpa, vendam-na com uma marca nova, ou como se fosse uma marca nova.

� um caminho e h� muita gente disposta a trilh�-lo. Em �ltima inst�ncia, s� depende do dinheiro que se est� disposto a gastar, e da qualidade (baixa) pol�tica que se est� disposto a fazer. S� que h� outro caminho: fa�am outra pol�tica, com outros instrumentos, a partir de outros pressupostos, com outro tipo de pessoas, com outro tipo de discurso. � poss�vel, h� ind�cios um pouco por todo o lado de que � poss�vel, sinais de outros modos de fazer, � s� ter a coragem para romper, ou ent�o fazer ao lado, noutros s�tios.

Se a minha pequena nota o levou a concluir que eu defendo a comunica��o publicit�ria - nomeadamente para as marcas partid�rias �, custos acrescidos para as campanhas e um abaixamento da qualidade da pol�tica � porque n�o me fiz entender. O que eu julgo ter escrito � que, ao utilizarem, essencialmente, os �palcos medi�ticos� (que s�o, de uma maneira geral, simplificados, emocionais e negativos), as marcas partid�rias t�m dificuldade em desenvolver-se se o seu objectivo for, por exemplo, demonstrar que devem ser escolhidas para governar um Pa�s � apresentando propostas complexas, racionais e positivas. Penso que esta � uma constata��o que partilha comigo. Pela minha parte, partilho das suas reflex�es finais.

(Lu�s Paix�o Martins) *

Excelente, excelente este

*

Pelo P�blico , mais uma das raz�es para ficar cada vez mais preso � Rede, e verificar como a facilidade dos blogues (e a sua temporalidade) est�o a mudar os media.

Veja-se este exemplo de Nota certeira no Esplanar contra a troca grupal de elogios m�tuos, uma das pragas da blogosfera, herdeira do mesmo tipo de atitude j� antiga nos nossos meios liter�rios. O problema � sempre o mesmo, e j� � o mesmo h� muito tempo: os bens s�o escassos e n�o chegam para todos. E h� hoje no mundo literato v�rios sistemas e subsistemas grupais competindo pelos mesmos "bens", influ�ncia, artigos, colunas, programas de televis�o, entrevistas, promo��es, editoras, col�quios. � f�cil criticar o(e merece-o bem) e a sua, mas j� � escass�ssima a aten��o cr�tica a outros grupos como o que ia do defunto, para o grupo do "� Cultura, Est�pido", ou as Produ��es Fict�cias, no mercado dos "produtos culturais" e do entretenimento. H� uma mudan�a geracional inevit�vel, mas os v�cios mant�m-se. Os bens tamb�m continuam a ser escassos.Uma variante do Presidente vendido como um sabonete, num artigo de Lu�s Paix�o Martins, "O desgaste das marcas partid�rias" , hoje no. Artigo que deve ser lido com muita aten��o porque � t�pico dos tempos. Nele se diz, entre outras coisas:Boa publicidade para a LPM (refor�ada pelas campanhas S�crates e Cavaco), com algumas verdades pelo caminho. O recado � simples: deixem de fazer pol�tica, de fazer esses pat�ticos esfor�os para �sair bem� na comunica��o social, fa�am s� rela��es p�blicas e publicidade, as novas "". Se querem a mensagem limpa, vendam-na com uma marca nova, ou como se fosse uma marca nova.� um caminho e h� muita gente disposta a trilh�-lo. Em �ltima inst�ncia, s� depende do dinheiro que se est� disposto a gastar, e da qualidade (baixa) pol�tica que se est� disposto a fazer. S� que h� outro caminho: fa�am outra pol�tica, com outros instrumentos, a partir de outros pressupostos, com outro tipo de pessoas, com outro tipo de discurso. � poss�vel, h� ind�cios um pouco por todo o lado de que � poss�vel, sinais de outros modos de fazer, � s� ter a coragem para romper, ou ent�o fazer ao lado, noutros s�tios.Excelente, excelente este Mar Salgado que cheira a maresia como deve ser.Pelo Ponto Media cheguei aos blogues de fotojornalistas do, mais uma das raz�es para ficar cada vez mais preso � Rede, e verificar como a facilidade dos blogues (e a sua temporalidade) est�o a mudar os media.Veja-se este exemplo de Adriano Miranda que retrata todo um Portugal, solit�rio, antigo, que j� n�o se reconhece nos "dias de hoje", e que se perde mostrando-se assim rectil�neo, homem e bandeira num s� corpo, aconchegando-se, uma certa ideia que j� verdadeiramente n�o compreendemos, rom�ntica e ideal de Portugal. Mas ela est� l�, com for�a suficiente para este homem a exprimir num acto, provavelmente contra todos, � frente de uma parede sint�tica e recente. S� a fotografia nos podia mostrar isto, nunca a televis�o.

RETRATOS DO TRABALHO NO ALENTEJO, PORTUGAL

Lavrando o campo, Serpa, Alentejo, Nov. 2005

Empregadas de balc�o, Beja, Alentejo, Nov. 2005

(Ant�nio Ferreira de Sousa) Lavrando o campo, Serpa, Alentejo, Nov. 2005Empregadas de balc�o, Beja, Alentejo, Nov. 2005(Ant�nio Ferreira de Sousa)

RETRATOS DO TRABALHO 9

Paul S�rusier, O estudo da Gram�tica Paul S�rusier,

EARLY MORNING BLOGS 709

Cependant que la Cour mes ouvrages lisait

Cependant que la Cour mes ouvrages lisait,

Et que la soeur du roi, l'unique Marguerite,

Me faisant plus d'honneur que n'�tait mon m�rite,

De son bel oeil divin mes vers favorisait,

Une fureur d'esprit au ciel me conduisait

D'une aile qui la mort et les si�cles �vite,

Et le docte troupeau qui sur Parnasse habite,

De son feu plus divin mon ardeur attisait.

Ores je suis muet, comme on voit la Proph�te,

Ne sentant plus le dieu qui la tenait sujette,

Perdre soudainement la fureur et la voix.

Et qui ne prend plaisir qu'un prince lui commande ?

L'honneur nourrit les arts, et la Muse demande

Le th��tre du peuple et la faveur des rois.

(Joachim du Bellay)

*

Bom dia! (Joachim du Bellay)Bom dia!

A LENTA DISSOLU��O DOS PARTIDOS

Pouco a pouco, os partidos pol�ticos democr�ticos (PS, PSD, CDS) conhecem uma lenta, mas segura, dissolu��o. Se se quiser, assiste-se uma mudan�a para outra coisa, menos poderosa, mais vulner�vel do que a anterior, mais fr�gil. Esta � uma afirma��o que se tem que escrever e ler com muita prud�ncia, uma afirma��o que deve ser lida com um gr�o de sal, e acima de tudo n�o deve ser tida como uma constata��o de um facto, mas de uma tend�ncia. Todavia, como tend�ncia parece-me ter fundamento, � luz de mais uma s�rie de acontecimentos recentes ocorridos � volta das elei��es presidenciais. N�o � um ju�zo de valor, � uma constata��o de facto.

� verdade que os partidos ainda det�m um grande poder em Portugal, mas grande parte desse poder vem do monop�lio que t�m sobre a representa��o pol�tica, e, em todos os locais do sistema onde n�o o det�m, h� uma crise de controlo. J� de h� muito que os partidos perderam as suas caracter�sticas de agremia��o c�vica, sendo mesmo o seu papel como m�quinas eleitorais contest�vel. N�o me custa aceitar que toda a parte de "rua" desta campanha presidencial podia desaparecer sem alterar muito significativamente os resultados eleitorais. Televis�o, outros media, marketing e publicidade fazem o grosso do trabalho, e ele � feito por jornalistas, especialistas de imagem, publicit�rios e n�o pelos militantes partid�rios.

Os partidos, hoje, s�o "pest�feros" e reduzir o fen�meno apenas ao antipartidismo e antiparlamentarismo vindo do passado da ditadura, ou gerado dentro da democracia por ideologias e correntes pol�ticas como o populismo, o comunismo e o radicalismo parece-me pouco. Os partidos conhecem um desgaste que tem causas novas nas democracias, mais universais do que as circunst�ncias portuguesas, que tamb�m ajudam. Como resultado, est�o demasiado expostos nas suas fraquezas, cada vez melhor se conhecem os seus mecanismos perversos, cada vez aparecem como mim�ticos uns dos outros. Mesmo na vers�o cl�ssica de oligarquias organizadas est�o sujeitos a uma usura que tem precedentes, mas revela novidades, semelhantes ao mesmo tipo de usura que t�m os parlamentos e come�am a ter os tribunais. Uma parte significativa dessa usura tem que ver com a forte press�o para a democracia directa que os media modernos instituem, gerando sociedades cujo tempo e espa�o simb�licos tiram oxig�nio � democracia representativa. Por outro lado, a perda de autonomia dos partidos face aos interesses, aos grupos de press�o e aos lobbies muda-lhes as caracter�sticas originais e coloca-os, numa sociedade em transi��o como a portuguesa, numa encruzilhada.

Voltemos �s presidenciais. Sejam quais forem as reservas que se tenham sobre a efectiva independ�ncia de Alegre do PS, e ao facto de o tom de a sua campanha ter sido antiaparelh�stico mais por necessidade do que por vontade, o que � incontorn�vel � que um candidato presidencial pode escapar ao controlo partid�rio, concorrer contra ele e obter bons resultados. � poss�vel em elei��es presidenciais e � poss�vel em elei��es aut�rquicas, como os casos de Oeiras e Gondomar revelaram. S� n�o � poss�vel em legislativas, porque os partidos t�m o monop�lio da participa��o pol�tica nessas elei��es, sen�o tamb�m se verificaria.

Embora o caso de Cavaco fosse diferente, e a sua distancia��o dos partidos PSD e CDS tivesse na origem a sua autoridade pol�tica sobre eles, o que � certo � que a sua campanha os tratava como indesej�veis enquanto tal, embora recorresse aos seus servi�os para montar uma infra-estrutura nacional. Mas, de novo, aqui repito o que disse antes: se Cavaco n�o tivesse os partidos para lhe assegurar a "volta" pelo pa�s, seriam os resultados assim t�o diferentes?

O que s�o hoje os partidos em Portugal? Estruturas particularmente desertificadas, pouco ou nada cred�veis, com problemas na cabe�a, no tronco e nos membros. Na cabe�a, onde habitualmente se fazia o recrutamento mais qualificado, cada vez � mais dif�cil encontrar pessoas capazes. Existe uma enorme distancia��o entre a disponibilidade para "dar o nome" em iniciativas simb�licas de car�cter partid�rio - comiss�es de honra, confer�ncias ou conven��es pr�-eleitorais, grupos de estudo - e a disponibilidade para exercer fun��es partid�rias enquanto tais. Uma coisa � participar em col�quios e confer�ncias, muitas vezes uma antec�mara para fun��es governativas, outra aceitar ser o porta-voz partid�rio para a justi�a, ou a economia, ao mesmo tempo que se mant�m a actividade profissional normal.

O resultado � uma degrada��o da imagem partid�ria, que encontra apenas personalidades desconhecidas ou sem credibilidade para exercerem essas fun��es, o que � particularmente negativo nos partidos quando est�o na oposi��o. A degrada��o acentuada dos grupos parlamentares (quantas vozes cred�veis nos grupos parlamentares do PSD e do PS para falar de economia, ou de cultura, ou de educa��o?) � um retrato da id�ntica degrada��o dos aparelhos partid�rios locais e da desertifica��o dos centrais.

A maioria das estruturas locais dos partidos � hoje constitu�da por pequenos grupos fechados, com pouca renova��o (quase s� feita pelo turnover geracional com as "juventudes" partid�rias), estreitamente associados ao poder aut�rquico, quer estejam no governo, quer estejam na oposi��o. A liga��o ao poder aut�rquico � correlativa da liga��o com outro v�rtice do tri�ngulo, os interesses da constru��o civil e da urbaniza��o, que dissolvem a especificidade partid�ria.

Todo um conjunto de outros subsistemas est� ligado a este cluster , incluindo associa��es locais, bombeiros, clubes de futebol, jornais e r�dios locais, associa��es "culturais". A autonomia respectiva de cada um deste tipo de subsistemas ante o sistema autarquias-partidos pol�ticos-interesses econ�micos � muito escassa. A altern�ncia entre oposi��o e situa��o faz-se dentro de uma plataforma de interesses instalados r�gida, muitas vezes favorecida pela participa��o da oposi��o local no governo da autarquia por via da concess�o de pelouros ou de lugares nas empresas municipais. Tamb�m o corpo e os membros dos partidos est�o doentes, para n�o dizer que j� mutaram para outra esp�cie de animal que n�o o homo sapiens .

Funcionou a campanha de M�rio Soares a contrario destas tend�ncias? Sim e n�o. Sim por necessidade, porque Soares precisava como p�o para a boca de tudo o que podia ter, e � verdade que a sua forma��o pol�tica o torna um defensor do sistema de partidos que ele tanto contribuiu para criar. Mas h� um "n�o": quando lhe convinha, por exemplo na elei��o presidencial de 1985-6, tentou manter os dirigentes do PS � dist�ncia, por raz�es n�o muito distintas das de Cavaco. N�o os queria ao seu lado, n�o os queria nas fotografias, n�o os queria muito perto nos com�cios.

Por tudo isto, contrariamente ao que se anda a� a dizer, a afirma��o do primado dos partidos n�o chega para combater a sua crise, pode inclusive ser factor da sua acelera��o, porque parece, e �, uma defesa das coisas como est�o. Por isso, n�o basta acantonarem-se os defensores dos partidos na centralidade destes na vida democr�tica, para resolver a quest�o. O problema � que os partidos j� n�o est�o no centro da vida democr�tica, descentraram-se, perderam esse papel, e uma defesa a outrance do sistema partid�rio versus o populismo n�o chega. H� que pensar os partidos pol�ticos em democracia de forma diferente, exactamente para manter as suas caracter�sticas de democracia representativa, mas isso significa que o velho modelo que combinava a pedagogia c�vica com m�quina eleitoral j� n�o existe, e, mesmo que existisse, j� n�o chegava para lhes restaurar o papel de express�o de "partes" da sociedade, das classes, dos grupos, dos interesses, das representa��es pol�ticas e ideol�gicas.

(Continua)

(No P�blico de hoje.)

RETRATOS DO TRABALHO EM TR�S-OS-MONTES

Estas fotos, fizeram parte de uma exposi��o intitulada "Lugares e Olhares" realizada em 2000 no concelho de Vinhais, promovida por uma pequena Associa��o Cultural local "(enviado por Luis Vale). Trabalhando num tear : ""(enviado por Luis Vale).

RETRATOS DO TRABALHO EM S. TOM�

Alfaiate, S�o Tom�, STP, Out. 2005.

(Ant�nio Ferreira de Sousa)

*

Alfaiate, S�o Tom�, STP, Out. 2005.(Ant�nio Ferreira de Sousa) Desde h� algum tempo que alguns colaboradores do blog tem inclu�do fotografias que retratam cenas quotidianas do trabalho em alguns locais do mundo, nomeadamente India, algumas das ex-col�nias etc, onde se pode constatar a existencia de trabalho infantil mas fundamentalmente trabalho sem queixumes nas condi�oes mais deprimentes e se julgadas pelo prisma ocidental degradantes. N�o vou fazer qualquer considera��o acerca das fotos mas permito-me perguntar se n�o haver� uma estrat�gia maior que a par da diminui��o dos direitos dos trabalhadores em Portugal se venha assim subliminarmente dizer-lhes que ainda est�o cheios de sorte, primeiro por terem trabalho e segundo por as suas condi��es de trabalho serem melhores do que aquelas. Se � apenas coincid�ncia e eu n�o percebi a inten��o pe�o desculpa e vou-me embora.

(Jo�o Santos) *

Podem-se considerar degradantes e deprimentes as condi��es retratadas pelas fotos Cenas do Trabalho que vem publicando no Abrupto, mas a impress�o que me deixaram foi a oposta. A de que o trabalho dignifica. Esta ideia, cada vez mais estranha nas sociedades p�s-industriais, fortemente orientadas pelo principio do prazer como indutor de consumo, torna dificil perceber que o trabalho retratado, orientado pelo principio da necessidade, n�o sendo uma ben��o, muito menos � um estigma.

Podemos ficar deprimidos ao constatarmos que nos nossos dias milh�es de seres humanos trabalham duramente sem serem recompensados condignamente, sem conseguirem sair da mis�ria degradante. Mas recearmos que venham a correr tirar-nos o nosso emprego ou os nossos direitos laborais por causa deles � conden�-los duplamente. � no fundo dizer que, se algu�m tem que ser pobre, ent�o antes eles do que n�s. (...)

(M�rio Almeida) *

Os principais tra�os, porque comuns a quase todos eles, dos retratos do trabalho que t�m vindo a ser publicados � o facto de serem trabalhos �manuais�, de um tempo que n�o � o nosso, apesar de muitas fotografias serem actuais (da compara��o das fotografias actuais com as antigas ressalta que, em lugares diferentes, os tempos s�o diferentes, embora o Tempo seja o mesmo) e tamb�m de uma circunst�ncia provavelmente muito diferente da da maior parte dos leitores do Abrupto. Talvez por isso a sensa��o de estranheza e at� de desconforto que possam provocar. � curioso que os achem degradantes ou deprimentes. A mim parecem-me naturais.

(RM) *

As fotografias que v�m sendo publicadas no Abrupto inserem-se numa tem�tica �popularizada� por Sebasti�o Salgado de mostrar que ainda existem espalhados pelo mundo muitos trabalhos, manuais, artesanais, pesados, sujos, desgastantes fisicamente, perigosos, praticados sem equipamento de protec��o, etc. Este tipo de trabalho h� algum tempo que se encontra desfasado do imagin�rio da maioria da popula��o urbana (classe m�dia para cima) dos pa�ses desenvolvidos. No entanto esses trabalhos existem e por vezes n�o est�o t�o longe de n�s quanto julgamos. Pareceu-me que a sua publica��o apenas tinha por objectivo mostr�-los, avivar mem�rias, fazer-nos pensar sobre eles e n�o ser um �bicho mau� com que se amea�a as crian�as que n�o comem a sopa. A mim pessoalmente fez-me pensar o mesmo que as fotos de Sebasti�o Salgado. Que quem nasceu a ocidente tem a sorte de estar mais afastado desse tipo de trabalho, pois mesmo aqueles que t�m trabalhos com essas caracter�sticas no mundo ocidental t�m mais protec��o do que a que se v� nestas fotos. Por outro lado recordo um artigo recentemente lido na revista da Marinha sobre a actividade de desmantelamento de navios (que h� anos foi objecto da objectiva de Sebasti�o Salgado) que, apesar da crescente procura, se transferiu totalmente para pa�ses pobres (�ndia, Bangladesh, etc.) exactamente para fugir aos custos salariais directos, aos custos de protec��o e seguran�a dos trabalhadores e aos custos de protec��o ambiental. Resultado, enormes navios, portadores de imensos materiais perigosos, s�o encalhados em praias para serem desmantelados literalmente � martelada e por vezes com ma�aricos (�luxo� a que apenas os trabalhadores com maiores �posses� se podem dar) com todos os riscos que isso implica para trabalhadores e com um enorme rasto de polui��o deixado nas praias. Devemos pensar sobre este lado da �globaliza��o� ou se queremos seguir o velho aforismo americano �it�s a dirty job, but some one has to do it�. And no matter how it is done, since we pay less for it and the dirt is far away from our door.

(Miguel Sebasti�o)

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(26 de Janeiro de 2006)

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Hoje, um

*

No Clube dos Jornalistas da 2: discutiram-se as "interrup��es" dando como exemplo as de S�crates sobre Alegre e de Cavaco sobre Jer�nimo, na noite das elei��es. N�o ficou bem clara a natureza completamente distinta dos dois casos: no primeiro, foi discurso sobre discurso, e a op��o editorial seria sempre muito dif�cil de fazer (� leg�timo considerar que sendo o PM a falar devia ser ouvido); a segunda � puramente de responsabilidade do "jornalismo" espectacular. Cavaco a sair de casa n�o � "not�cia" que se deva sobrepor a uma declara��o de um candidato presidencial. No primeiro caso, hesitaria em condenar as televis�es, desde que uma imediata nota fosse feita do que se passou e uma repara��o a Alegre se lhe seguisse, passando o seu discurso, como a SIC fez. No caso da sa�da de Cavaco versus discurso de Jer�nimo, foi mau jornalismo.

*

No Fran�ais comme les autres ? , Les Presses de Sciences Po, 2005. O que h� de interessante nessa s�ntese � o crescente peso da religi�o nas op��es culturais e de vida:

* RELIGION Plus ils s'inscrivent dans la soci�t� fran�aise, moins ils sont musulmans , d'autant que les trois quarts de la seconde g�n�ration sont issus de mariage mixte ; ils sont comme les autres Fran�ais ouverts au mariage mixte mais beaucoup plus hostiles quand il s'agit des filles ... Les Fran�ais musulmans (autour d'y 1,1 million de personnes) n'en entretiennent pas moins une relations plus intense avec leur religion que le reste des Fran�ais. La proportion de musulmans est maximale chez les jeunes et d�cro�t ensuite ; c'est par les 18-24 ans que l'on assiste aujourd'hui � un ph�nom�ne de r�islamisation en France. Rien � voir avec le niveau d'�tudes. Si la religion musulmane est bien l'islam, un tiers ne s'en r�clame pas. Rien n'est plus faux que l'id�e d'un bloc homog�ne de population immigr�e musulmane.

* ESPRIT CITOYEN Ils sont 23% � d�clarer ne pas �tre inscrits sur les listes �lectorales contre 7% chez les autres Fran�ais, mais on peut penser que cela a �volu� depuis la r�cente crise des banlieues et l'id�e d'un vote-sanction contre Sarkozy-le-karcheriseur. A noter que l'affiliation musulmane va de pair avec le taux de non-inscription.

* POLITIQUE Ils sont enracin�s � gauche, comme les Noirs am�ricains le sont le sont avec les d�mocrates. 76% d'entre eux se d�clarent proches d'un parti de gauche. Paradoxe : la gauche �tant peu incarn�e � travers un leader fort qui s'impose, Jacques Chirac jouit d'une sympathie particuli�re parmi eux.

* INTEGRATION On peut parler d'une int�gration r�ussie quand on constate leur l�gitimisme � l'�gard des institutions et du mod�le hexagonal, attitude pro-Etat sup�rieure aux autres Fran�ais qui s'explique autant par la culture de l'assistanat que par une forme de volontarisme � l'�gard du travail. Ils sont plus attach�s � la r�ussite que l'�lectorat de droite. Leur culture de leur r�ussite prime et perdure quelle que soit leur position dans la soci�t�. Ils font la synth�se entre libert� et �galit� contrairement au reste de l'�lectorat fran�ais qui aura tendance � les opposer. Ils se distinguent des autres par leur dynamisme plut�t que par leur attentisme.

* MOEURS Ils sont moins permissifs que les autres Fran�ais dans trois domaines: homosexualit�, s�paration dans les piscines et interdiction des relations sexuelles avant le mariage pour les filles. Ils sont deux fois plus homophobes, conservateurs et intol�rants que les autres Fran�ais, ph�nom�ne li� � la fr�quentation des mosqu�es.

* RACISME Un sur trois de ces nouveaux Fran�ais rejette l'immigration. Ils sont beaucoup plus antis�mites que les autres Fran�ais, notamment les 18-24 ans. Le pr�jug� antis�mite perdure ind�pendemment de l'�ge, des dipl�mes ou de l'univers politique. Le niveau d'antis�mitisme est li� au facteur religieux et � la relation � l'immigration. Ils sont moins antisionistes qu'on ne le croit g�n�ralement. La minorit� intol�rante et ouvertement antis�mite (33% d'entre eux) est musulmane pratiquante.

* DISCRIMINATION POSITIVE Leur position sur la question n'est pas form�e. Ils semblent pr�f�rer ce qui s'�loigne le moins de l'�galitarisme r�publicain, une politique g�n�rale plut�t que des mesures sp�cifiques propres � eux seuls.

* COMMUNAUTARISME La concentration dans l'espace (cit�s, ghettos ...) est l'une des conditions du ph�nom�ne. Les originaires du Maroc ou d'Afrique noire se sentent plus proches que les autres de leur pays d'origine. Dans leur majorit�, ils ne sont pas dans une logique communautaire."

(sublinhados meus)

Hoje, um Rocketboom divertido. Vejam a parte sui�a no fim...No Clube dos Jornalistas da 2: discutiram-se as "interrup��es" dando como exemplo as de S�crates sobre Alegre e de Cavaco sobre Jer�nimo, na noite das elei��es. N�o ficou bem clara a natureza completamente distinta dos dois casos: no primeiro, foi discurso sobre discurso, e a op��o editorial seria sempre muito dif�cil de fazer (� leg�timo considerar que sendo o PM a falar devia ser ouvido); a segunda � puramente de responsabilidade do "jornalismo" espectacular. Cavaco a sair de casa n�o � "not�cia" que se deva sobrepor a uma declara��o de um candidato presidencial. No primeiro caso, hesitaria em condenar as televis�es, desde que uma imediata nota fosse feita do que se passou e uma repara��o a Alegre se lhe seguisse, passando o seu discurso, como a SIC fez. No caso da sa�da de Cavaco versus discurso de Jer�nimo, foi mau jornalismo.No blogue de Assouline faz-se uma s�ntese de uma publica��o acad�mica sobre os "novos franceses", o livro de Sylvain Brouard e Vincent Tiberj,, Les Presses de Sciences Po, 2005. O que h� de interessante nessa s�ntese � o crescente peso da religi�o nas op��es culturais e de vida:

EARLY MORNING BLOGS 708

A UN POETA MENOR DE LA ANTOLOG�A

�D�nde est� la memoria de los d�as

que fueron tuyos en la tierra, y tejieron

dicha y dolor y fueron para ti el universo?

El r�o numerable de los a�os

los ha perdido; eres una palabra en un �ndice.

Dieron a otros gloria interminable los dioses,

inscripciones y exergos y monumentos y puntuales historiadores;

de ti s�lo sabemos, oscuro amigo,

que o�ste al ruise�or, una tarde.

Entre los asfodelos de la sombra, tu vana sombra

pensar� que los dioses han sido avaros.

Pero los d�as son una red de triviales miserias,

�y habr� suerte mejor que ser la ceniza,

de que est� hecho el olvido?

Sobre otros arrojaron los dioses

la inexorable luz de la gloria, que mira las entra�as y enumera las grietas,

de la gloria, que acaba por ajar la rosa que venera;

contigo fueron m�s piadosos, hermano.

En el �xtasis de un atardecer que no ser� una noche,

oyes la voz del ruise�or de Te�crito.

(Jorge Luis Borges)

*

Bom dia! (Jorge Luis Borges)Bom dia!

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(25 de Janeiro de 2006)

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Desleixos, inadmiss�veis desleixos.

*

Um muito interessante e "s�rio" Boston Globe ) e videos da televis�o e dos ouvintes, um blogue local em cada terra, etc., etc. Nenhuma experi�ncia de vanguarda, nenhuma tecnologia de ponta, numa emissora local, apenas o uso integrado do que j� existe ao servi�o dos "consumidores". Nada que n�o se pudesse fazer c�, em pequeno, em bem feito, sem ilus�es de grandeza, mas s�lido. Desleixos, inadmiss�veis desleixos.Painel de azulejos localizado junto do viaduto da Av. Estados Unidos da Am�rica que ladeia o Parque da Bela Vista, da autoria de Rolando S� Nogueira. (Lembran�a de becos & companhia amnesia . ) Ser� que vai ser preciso colocar a imagem todos os dias at� que algu�m v� l� algu�m compor o que se est� a estragar?Um muito interessante e "s�rio" Rocketboom mostrando como se d� a renova��o dos media, a partir de uma entrevista feita na New England Cable News Station , combinando jornalismo cl�ssico, "citizen journalism", um s�tio na rede com not�cias de um jornal () e videos da televis�o e dos ouvintes, um blogue local em cada terra, etc., etc. Nenhuma experi�ncia de vanguarda, nenhuma tecnologia de ponta, numa emissora local, apenas o uso integrado do que j� existe ao servi�o dos "consumidores". Nada que n�o se pudesse fazer c�, em pequeno, em bem feito, sem ilus�es de grandeza, mas s�lido.

RETRATOS DO TRABALHO EM S. TOM�

Pesca de cerco, Sto Amaro, STP, Out. 2005

(Ant�nio Ferreira de Sousa) Pesca de cerco, Sto Amaro, STP, Out. 2005(Ant�nio Ferreira de Sousa)

EARLY MORNING BLOGS 707

esta��o

Esperar ou vir esperar querer ou vir querer-te

vou perdendo a no��o desta subtileza.

Aqui chegado at� eu venho ver se me apare�o

e o fato com que virei preocupa-me, pois chove miudinho

Muita vez vim esperar-te e n�o houve chegada

De outras, esperei-me eu e n�o apareci

embora bem procurado entre os mais que passavam.

Se algum de n�s vier hoje � j� bastante

como comboio e como subtileza

Que d� o nome e espere. Talvez apare�a

(M�rio Cesariny)

*

Bom dia! (M�rio Cesariny)Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO EM TIMOR-LESTE E EM S. TOM�

Dili, Timor-Leste. Tecedeira numa f�brica de Tais ( pano de fabrico artesanal ) em Dili. Habitualmente, os trabalhos s�o feitos por encomenda, conforme a c�r, desenho e tamanho pretendido. Existem em todo o pa�s, exibindo caracter�sticas diferentes, de regi�o para regi�o.

(Teresa Calado)

(Ant�nio Ferreira de Sousa) (Teresa Calado)Peixeira na lota, S�o Tom�, STP, Out. 2005(Ant�nio Ferreira de Sousa)

EARLY MORNING BLOGS 706

Colagem

com versos de Desnos, Maiakovski e Rilke

Palavras,

sereis apenas mitos

semelhantes ao mirto

dos mortos?

Sim,

conhe�o

a for�a

das palavras,

menos que nada,

menos que p�talas pisadas

num sal�o de baile,

e no entanto

se eu chamasse

quem dentre os homens me ouviria

sem palavras?

(Carlos de Oliveira)

*

Bom dia! com versos de Desnos, Maiakovski e Rilke(Carlos de Oliveira)Bom dia!

NOVOS TEMPOS: UM LIVRO EM TEMPO REAL

sair� esta semana. sair� esta semana.

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(23 de Janeiro de 2006)

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Louren�o Medeiros o facto de n�o se utilizar no dia-a-dia as tecnologias de informa��o � muito mais grave do que parece ", com o exemplo das disquetes do caso Casa Pia e das m�os por que passaram. Louren�o Medeiros explica muito bem por que raz�o "", com o exemplo das disquetes do caso Casa Pia e das m�os por que passaram.

RETRATOS DO TRABALHO EM S. TOM�

A caldeira do secador de cacau, Ro�a Milagrosa, STP, Out. 2005

Alfaiataria Jord�o, S�o Tom�, STP, Out. 2005.

(Ant�nio Ferreira de Sousa) A caldeira do secador de cacau, Ro�a Milagrosa, STP, Out. 2005Alfaiataria Jord�o, S�o Tom�, STP, Out. 2005.(Ant�nio Ferreira de Sousa)

OBSERVA��ES PRESIDENCIAIS AVULSAS 4

Ele h� mau ganhar, mas duvido que se encontrem muitos exemplos significativos de mau ganhar at� agora. Mas mau perder abunda por todo o lado, sendo at� um dos tra�os distintivos destas elei��es presidenciais. A hist�ria da "vit�ria tangencial" � um exemplo. Cavaco ganhou � primeira volta por uma maioria absoluta face a cinco candidatos que fizeram campanha contra ele, e � dist�ncia de 30% do segundo classificado, ganhou em todos os distritos do pa�s com excep��o de Beja, e ganhou "� tangente"?

*

E depois h� frases inqualific�veis como as ditas por Vital Moreira no

"O problema com Cavaco Silva n�o � s� ele ser o primeiro presidente oriundo da direita pol�tica, nem o inigma sobre a sua pr�tica presidencial. � ele suceder a quem sucede: 10 anos de um presidente maior do que o Pa�s (M�rio Soares); 10 anos de um dos presidentes mais cultos e "aristocratas"(no verdadeiro sentido da no��o) que j� tivemos (Jorge Sampaio). Ter agora um presidente que n�o ultrapassa os limites de uma cultura economista e tecnocr�tica � uma enorme sensa��o de despromo��o.. ." (sublinhado meu)

*

Para uma antologia do mau perder:

"Pedro Santana Lopes, ex-l�der do PSD, afirmou hoje que Cavaco Silva s� ganhou as elei��es presidenciais � primeira volta devido � aus�ncia de um outro candidato � direita. "Se houvesse outro candidato � direita, haveria uma segunda volta", referiu Santana Lopes em declara��es � SIC-Not�cias." (Portugal Di�rio)

Como � evidente, "s�" haver um candidato "� direita", nada tem a ver com o m�rito de Cavaco Silva, mas deve ter sido benemer�ncia dos putativos candidatos.

*

No

Actualiza��o : a ordem das not�cias foi mudada durante o dia, depois desta nota divulgada, e passou Cavaco a primeiro.

*

A interrup��o do discurso de Alegre por S�crates gerou, na pequena multid�o que estava dentro da SIC, imediatas e sonoras manifesta��es de protesto, que ultrapassaram partidos e amizades pol�ticas. Eu protestei alto e bom som na minha mesa, Helena Roseta na dela e, atr�s de mim, no grupo a que a SIC chamou da "sociedade civil" ouviam-se tamb�m protestos. Os jornalistas que conduziam a emiss�o ficaram tamb�m perplexos e incomodados pela evidente e grosseira manobra de oculta��o de Alegre, mas n�o era f�cil n�o dar a prioridade ao discurso de S�crates,no tempo real em que estas emiss�es se fazem. S�crates � o Primeiro-Ministro e um dos respons�veis pelo desastre do PS e for�ou ser ouvido. Justi�a seja feita neste caso � SIC que se apercebeu de imediato que tinha que encontrar uma forma de reparar Alegre, que denunciou de imediato a malfeitoria e anunciou a repeti��o da declara��o de Alegre. N�o sei o que fizeram as outras televis�es, mas tenho curiosidade em saber.

*

Mal anunciei que iria fazer o Abrupto directo da mesa da SIC e apelava � contribui��o dos leitores, um "amador" qualquer enviou para o meu endere�o de e-mail, uma s�rie de ficheiros gigantescos para o bloquear, pelo que algum correio deve ter sido perdido.

Segundo o

*

Provavelmente n�o se apercebeu (j� que estava em directo na SIC) mas na TVI, M. Sousa Tavares e outros, alegaram que, tendo Cavaco Silva sido eleito presidente com o menor percentual e n�mero de votos da hist�ria, o seu espa�o de interven��o estava reduzido. Ora, sem sequer insistir no ponto �bvio de a vit�ria se ter verificado � primeira volta - o que s� por si a torna necessariamente mais forte do que qualquer outra que se tenha registado � segunda -, conv�m tamb�m lembrar que Cavaco teve mais votos do que S�crates nas �ltimas legislativas (2,8 milh�es vs 2,6 milh�es). Os n�meros falam por si...

Francisco Barbosa

*

E ao menos sabe comer � mesa?

� imposs�vel ler hoje o livro �Ang�stia para o jantar�, de Lu�s de Sttau Monteiro, sem recordar as in�meras observa��es de M�rio Soares em desprimor de Cavaco Silva - de tal forma elas parecem inspiradas neste romance em que um outro Ant�nio � humilhado da mesma forma torpe.Quando, nos anos 60, o li pela primeira vez, a personagem que faz o papel de snob-de-servi�o provocou-me uma n�usea que agora (no decorrer de uma segunda leitura) ressuscitou - e em duplicado, v� l� perceber-se porqu�!

C. Medina Ribeiro

*

Quando Cavaco Silva saiu de casa, ouviram-se duas perguntas colocadas por um jornalista: �O que lhe vai pela cabe�a?� e �O que foi que lhe disse o dr. Soares?� Cavaco Silva respondeu � segunda; obviamente, a resposta consistiu em dizer que n�o revelaria tal informa��o. A minha pergunta �: o que vai pela cabe�a do jornalista ao perguntar o que foi que disse M�rio Soares? Por acaso pensou que Cavaco Silva lho diria?

(Jos� Carlos Santos)

*

Tanta "conversa" (em 96, 97?) por causa do voto dos emigrantes para a Presid�ncia da Rep�blica para, afinal, a taxa de absten��o dos portugueses residentes no estrangeiro ultrapassar os 90%!

(M.F.�hman, Su�cia)

*

Embora seja prematuro estar a estabelecer cen�rios a elei��o de Cavaco representa, de facto, uma rotura no que tem sido a centralidade pol�tica em Portugal.

O discurso oficial do PS e do PCP no passado, quando socialistas foram eleitos presidentes, foi o de logo � partida lhes atribuir um estatuto de independ�ncia, isen��o e idoneidade que esquecia as suas origens pol�ticas e lhes atribu�a uma superioridade moral, de rigor e de dimens�o �tica.

Ser� curioso ver como ir�o reagir se Cavaco for presidente. O que, naturalmente, espero venha a acontecer.

(Ant�nio Taveira)

*

Uma ila��o interessante destas elei��es presidenciais � o facto dos dois candidatos mais votados serem aqueles que mais fraca performance televisiva t�m. Claro que performance televisiva � entendida, neste contexto, como a capacidade de gerar o sound-byte, de ter a pequena frase assassina ou em sentido mais lato de �ter conversa�.

Cada vez mais os portugueses avaliam, sobretudo, curr�culos e valores que atribuem a cada candidato ou partido e esses encontram-se, de um modo geral, bastante sedimentados na avalia��o do eleitorado. Neste sentido a campanha tradicional perdeu muita import�ncia.

(Miguel Al�ada Baptista)

*

1) O vencedor ganhou e � acusado de ter preparado rigorosa e profissionalmente a candidatura. Queremos desenvolver o pa�s, profissionalizar as actividades, acabar com o nacional-desenrascan�o. Depois acusamos quem pratica esse profissionalismo de ter �ganho porque preparou tudo com anteced�ncia e rigorosamente�. Em que ficamos? Relembremos que Cavaco ganhou as 3 legislativas em que esteve � frente do PSD, 2 delas com maioria. Perdeu umas presid�nciais � 1� volta e ganhou outras � 1� volta sem ter que dar sais de fruto a ningu�m.

2) Manuel Alegre valeu a pena. Teve valor acrescentado. Mostrou que o nacional- desenrascan�o ainda vai funcionando, que ainda somos um pa�s de poetas e que as pessoas gostam das �vitimas�. E mostrou tamb�m que � poss�vel vencer os aparelhos partid�rios (de onde Alegre saiu) apesar das muitas fidelidades caninas �s prebendas que os partidos no poder distribuem.

3) O grande derrotado, sem honra nem gl�ria. Fez uma campanha ressabiado com Anibal e Alegre, mal educada, contradit�ria, sem fair-play, mostrou apenas um sentido de posse pelo Pal�cio Cor-de-Rosa, tipo a crian�a e o seu brinquedo preferido. E mais, mostrou que o animal pol�tico j� n�o � o que era, qual Am�lia nos seus �ltimos anos. Desses tempos sem gl�ria da fadista apenas ficou para a hist�ria o �obrigado, obrigado�. E os eleitores mostraram saber distinguir entre gratid�o e capacidade para a fun��o em causa no actual momento do pa�s. Se a interrup��o de Socrates a Alegre foi propositada, mostra arrogancia e mau perder, se foi um erro mostra falta de profissionalismo de quem quer modernizar o pa�s. De facto o rigor e profissionalismo de Cavaco v�o ser um valor acrescentado para o pa�s. Relembremos que em 4 legislativas e 1 constituinte M�rio Soares s� conseguiu 3 vit�rias e todas sem maioria absoluta. E nas presid�nciais precisou de dar muitos sais de fruto aos comunistas para bater Freitas na 2� volta.

4) O resto foram os figurantes do costume entre a esquerda Caviar-Champagne e a esquerda de rosto popular. A leste nada de novo.

(Miguel Sebasti�o) Ele h� mau ganhar, mas duvido que se encontrem muitos exemplos significativos de mau ganhar at� agora. Mas mau perder abunda por todo o lado, sendo at� um dos tra�os distintivos destas elei��es presidenciais. A hist�ria da "vit�ria tangencial" � um exemplo. Cavaco ganhou � primeira volta por uma maioria absoluta face a cinco candidatos que fizeram campanha contra ele, e � dist�ncia de 30% do segundo classificado, ganhou em todos os distritos do pa�s com excep��o de Beja, e ganhou "� tangente"?E depois h� frases inqualific�veis como as ditas por Vital Moreira no Causa Nossa (sublinhado meu)Para uma antologia do mau perder:Como � evidente, "s�" haver um candidato "� direita", nada tem a ver com o m�rito de Cavaco Silva, mas deve ter sido benemer�ncia dos putativos candidatos.No s�tio do Di�rio de Not�cias (diferente no seu arranjo gr�fico do jornal em papel), a vit�ria de Cavaco Silva � um acontecimento menor ( o terceiro sem relevo, depois de uma hist�ria de penhoras e bancos e de outra sobre carros chineses), de tal maneira que pensei que o jornal l� colocado era o de ontem. � um absurdo comunicacional, j� para n�o dizer outra coisa.: a ordem das not�cias foi mudada durante o dia, depois desta nota divulgada, e passou Cavaco a primeiro.A interrup��o do discurso de Alegre por S�crates gerou, na pequena multid�o que estava dentro da SIC, imediatas e sonoras manifesta��es de protesto, que ultrapassaram partidos e amizades pol�ticas. Eu protestei alto e bom som na minha mesa, Helena Roseta na dela e, atr�s de mim, no grupo a que a SIC chamou da "sociedade civil" ouviam-se tamb�m protestos. Os jornalistas que conduziam a emiss�o ficaram tamb�m perplexos e incomodados pela evidente e grosseira manobra de oculta��o de Alegre, mas n�o era f�cil n�o dar a prioridade ao discurso de S�crates,no tempo real em que estas emiss�es se fazem. S�crates � o Primeiro-Ministro e um dos respons�veis pelo desastre do PS e for�ou ser ouvido. Justi�a seja feita neste caso � SIC que se apercebeu de imediato que tinha que encontrar uma forma de reparar Alegre, que denunciou de imediato a malfeitoria e anunciou a repeti��o da declara��o de Alegre. N�o sei o que fizeram as outras televis�es, mas tenho curiosidade em saber.Mal anunciei que iria fazer o Abrupto directo da mesa da SIC e apelava � contribui��o dos leitores, um "amador" qualquer enviou para o meu endere�o de e-mail, uma s�rie de ficheiros gigantescos para o bloquear, pelo que algum correio deve ter sido perdido.Segundo o Google Analytics o Abrupto teve mais de 16000 "pageviews" ontem.

VOU PARA OUTRO LADO

j� chega.

Quod erat demonstrandum. N�o foi surpresa. j� chega.Quod erat demonstrandum. N�o foi surpresa.

"COM TODA A CLAREZA"

diz Cavaco, da decis�o do "povo portugu�s". �. ter metade dos votos mais um na primeira volta, � mesmo "com toda a clareza". N�o � "� tangente", � "� tangente na primeira volta", um resultado bem dif�cil de obter. Ou n�o tinha como advers�rio M�rio Soares que tinha gerado o "maior nervoso" aos apoiantes de Cavaco (comno se dizia em tempos n�o muito remotos), ou que Monjardino dizia, numa entrevista ao Independente, que n�o precisava de fazer campanha para vencer. diz Cavaco, da decis�o do "povo portugu�s". �. ter metade dos votos mais um na primeira volta, � mesmo "com toda a clareza". N�o � "� tangente", � "� tangente na primeira volta", um resultado bem dif�cil de obter. Ou n�o tinha como advers�rio M�rio Soares que tinha gerado o "maior nervoso" aos apoiantes de Cavaco (comno se dizia em tempos n�o muito remotos), ou que Monjardino dizia, numa entrevista ao, que n�o precisava de fazer campanha para vencer.

S�CRATES QUER-NOS CONVENCER

que ningu�m na campanha de M�rio Soares estava a ver a televis�o e n�o se apercebeu que Alegre, o arqui-advers�rio, come�ava a falar...

A quest�o � outra. � que lhe correu mal a cena. que ningu�m na campanha de M�rio Soares estava a ver a televis�o e n�o se apercebeu que Alegre, o arqui-advers�rio, come�ava a falar...A quest�o � outra. � que lhe correu mal a cena.

A M�QUINA

para explicar que nada mudou (vinda dos que diziam que tudo ia mudar por causa do "golpe constitucional") vai come�ar amanh�. para explicar que nada mudou (vinda dos que diziam que tudo ia mudar por causa do "golpe constitucional") vai come�ar amanh�.

S�CRATES

pensa que pode fazer tudo. E fez uma asneira revelando um dos seus aspectos mais negativos, prepot�ncia e arrog�ncia. Ao interromper Alegre, foi o que pior se portou nesta noite. pensa que pode fazer tudo. E fez uma asneira revelando um dos seus aspectos mais negativos, prepot�ncia e arrog�ncia. Ao interromper Alegre, foi o que pior se portou nesta noite.

ISTO EST� BONITO!

S�crates a interromper Manuel Alegre que vergonha!

Se fosse Alegre repetia a declara��o.

Se fosse a televis�o dava o PM em diferido, porque S�crates n�o � candidato.

(Ant�nio Lobo Xavier assina por baixo).

H� alguma revolta aqui na SIC vinda de v�rios lados. S�crates a interromper Manuel Alegre que vergonha!Se fosse Alegre repetia a declara��o.Se fosse a televis�o dava o PM em diferido, porque S�crates n�o � candidato.(Ant�nio Lobo Xavier assina por baixo).H� alguma revolta aqui na SIC vinda de v�rios lados.

"APODERAR-SE?"

Com que ent�o a "direita" "apoderou-se" (diz Jer�nimo) da Presid�ncia? Com que ent�o a "direita" "apoderou-se" (diz Jer�nimo) da Presid�ncia?

DUAS QUEST�ES

Sou da opini�o de que n�o deveriam passar na televis�o imagens do interior da casa de Cavaco Silva (ou de qualquer outra pessoa) gravadas � revelia deste.

Acabei de ouvir o discurso de Francisco Lou��. J� lhe contaram que ficou em quinto lugar?

Jos� Carlos Santos Jos� Carlos Santos

O NOVO "CAVAQUIST�O"

Dia hist�rico para o distrito de Bragan�a, pois transformou-se no novo "cavaquist�o".

Os resultados de Cavaco Silva no distrito s�o os maiores a n�vel nacional.

Bragan�a 67,30%

Viseu 65,68%

Jos� Alegre Mesquita Jos� Alegre Mesquita

A PARTIR DE AGORA

o jogo da democracia centra-se na oposi��o. � Marques Mendes e Ribeiro e Castro que est�o na primeira linha. o jogo da democracia centra-se na oposi��o. � Marques Mendes e Ribeiro e Castro que est�o na primeira linha.

NO COM�CIO

que foi a declara��o de Lou��, a palavra "grande" foi a mais repetida. que foi a declara��o de Lou��, a palavra "grande" foi a mais repetida.

EM PLENO COM�CIO

Lou��. Lou��.

OS RESULTADOS

j� n�o permitem incertezas. Cavaco Silva � Presidente. Manuel Alegre fica em segundo, Soares num escasso terceiro. Jer�nimo e Lou�� onde se previa e na ordem que se previa. j� n�o permitem incertezas. Cavaco Silva � Presidente. Manuel Alegre fica em segundo, Soares num escasso terceiro. Jer�nimo e Lou�� onde se previa e na ordem que se previa.

QUE FAR� ALEGRE COM OS VOTOS?

Apesar de todo o m�rito da sua decis�o de se candidatar, toda a campanha de Manuel Alegre foi baseada num simp�tico sofisma.

O que Alegre dir�, mais logo, no discurso de encerramento, quer haja segunda volta quer n�o, � que a sua candidatura � um impar�vel movimento de cidad�os e para os cidad�os, e carregado de cidad�os, e com trabalho de cidad�os, protagonizado por um cidad�o. Resumindo, Alegre far�, como fez desde que se tornou num rebelde socialista, a apologia da cidadania.

No entanto, a verdade � que Alegre � um cidad�o-novo: tornou-se, abruptamente, num cidad�o, desligado de partidos. O que falta dizer, e isto raramente se diz, � que a candidatura de Alegre s� � de cidad�os para cidad�os porque o PS n�o o escolheu. Doutra forma, os cidad�os poderiam ficar confortavelmente � porta do Altis, que a candidatura seria de um partido, e Alegre diria que assim � que dever� ser em democracia.

(Artur Vieira) (Artur Vieira)

O QUE BASTA

50,001% ser� tb a vota��o necess�ria e suficiente para a esquerda!

CMO CMO

OS 50,1% SER�O MAIS DUROS

de obter do que parecia nas sondagens. Mas s�o os necess�rios. de obter do que parecia nas sondagens. Mas s�o os necess�rios.

OS VOTOS DE ALEGRE

Que vai fazer Manuel Alegre com os seus votos?

Talvez o mesmo que Bas�lio Horta fez aos seus 14% obtidos em 1991 contra M�rio Soares no CDS � nada!

Trata-se de um epifen�meno, circunstancial, que tem toda a probabilidade de se esgotar a partir de amanh�.

Se n�o h� maiorias presidenciais, por maioria de raz�o n�o existem minorias presidenciais.

O fen�meno chamado poder tem uma consider�vel for�a agregadora que se encarregar� de dissipar veleidades fragmentadoras.

Jo�o Pedro Dias Jo�o Pedro Dias

QUEST�O DA NOITE

E se de repente a quest�o da noite n�o for quem ganha, nem quem fica em

segundo lugar, mas o terceiro?

Pobre M�rio Soares....

Jo�o Carvalho Fernandes Jo�o Carvalho Fernandes

MUITO POUCA POL�TICA

se discute esta noite. se discute esta noite.

O MILAGRE DAS ROSAS

duas vezes, Ana Gomes. duas vezes, Ana Gomes.

TRUMAN SHOW � PORTUGUESA

O que se joga na noite de hoje est�, h� muito, preparado por Jos� S�crates. Est� tudo equacionado para o segundo ou terceiro lugares e o l�der do PS torce por uma maioria absoluta, pois � a oportunidade de se livrar dos soaristas e de desafiar Alegre no pr�ximo congresso.

S�crates � o realizador de um Truman Show � portuguesa, mas com dois Jim Carey's.

Pedro Gouveia Alves Pedro Gouveia Alves

MINORIAS

Foi a aus�ncia de uma candidatura de direita que permitiu a Cavaco Silva ser eleito Presidente � primeira volta. Quaisquer 5% de votos que essa candidatura obtivesse, teria impedido esta elei��o � primeira volta. A import�ncia das correntes de pensamento minorit�rias, que est�o para al�m do �centr�o�, sai refor�ada.com esta elei��o.

Jo�o Pedro Dias Jo�o Pedro Dias

VALETES

N�o v�o faltar valetes a falar em nome da maioria presidencial, a sugerir a transforma��o subtil do PSD em Partido do Presidente. Ser� bom que Cavaco Silva recuse estes cantos de sereia.

Ant�nio Lobo Xavier N�o v�o faltar valetes a falar em nome da maioria presidencial, a sugerir a transforma��o subtil do PSD em Partido do Presidente. Ser� bom que Cavaco Silva recuse estes cantos de sereia.Ant�nio Lobo Xavier

A PARTIR DE AGORA

� na oposi��o que se concentra a mudan�a poss�vel de pol�ticas. A presid�ncia de Cavaco � um enquadramento para o governo e a oposi��o, mas � do terreno parlamentar e partid�rio que vem a diferen�a. � na oposi��o que se concentra a mudan�a poss�vel de pol�ticas. A presid�ncia de Cavaco � um enquadramento para o governo e a oposi��o, mas � do terreno parlamentar e partid�rio que vem a diferen�a.

S�TIOS

Mesmo estando na SIC, d� um salto ao site da RTP, verdadeiro servi�o p�blico. O site desapareceu. S� temos resultados das presid�nciais. O site da SIC parece tamb�m estar alterado, mas demasiado lento.

RAP. RAP.

SONDAGENS

Melhor sondagem para Cavaco: a da SIC.

Melhor sondagem para Alegre: a da RTP

Melhor sondagem para Soares: a da SIC.

Melhor sondagem para Jer�nimo: a da RTP.

Melhor sondagem para Lou��: a da SIC. Melhor sondagem para Cavaco: a da SIC.Melhor sondagem para Alegre: a da RTPMelhor sondagem para Soares: a da SIC.Melhor sondagem para Jer�nimo: a da RTP.Melhor sondagem para Lou��: a da SIC.

PERGUNTA

Portugal vai ser o mesmo?

Sequeira Braga Sequeira Braga

"SOCIEDADE CIVIL"

Representantes da Sociedade Civil ai na SIC

S�o poucos os comunistas, ser� que � o reflexo da nova sociedade, que por ai se aclama?

LLouren�o LLouren�o

QUOD ERAT DEMONSTRANDUM

o latim d� muita for�a.

PREOCUPA��ES

Honestamente, mais do que os resultados destas elei��es em termos de vencedores e vencidos, a minha curiosidade centra-se para os n�meros da absten��o. Gostaria de ver estes n�meros insignificantes. Em minha opini�o isso seria o verdadeiro reflexo de uma melhoria qualitativa da classe pol�tica vigente em Portugal, pois das principais causas dos n�veis de absten��o reside no facto de pouco ou quase nada se notar quando muda a cor pol�tica no panorama Nacional.

Para qu� estarmos preocupados com as derrotas partid�rias? Estamos ou n�o, de facto, preocupados com a crise que enfrentamos todos (ou quase todos)????

Catarina Ferreira Catarina Ferreira

A LEI

� a lei, compreendo... Resta-me reformular o meu ponto de vista. Ora bem: dado que � de todo imposs�vel prever quem ser� o pr�ximo Presidente da Rep�blica, julgo que o ponto fulcral destas elei��es est� em saber quem recebe mais votos: se Alegre, se Soares. As consequ�ncias que poder�o advir deste acto eleitoral, na minha opini�o, ser�o inevit�veis. E, no que diz respeito a esta mat�ria, penso que a grande d�vida est� em saber o que far� Manuel Alegre com os seus resultados (sejam eles quais forem).

Ab�lio Ribeiro Ab�lio Ribeiro

FACES

Creio que sim as faces dizem tudo aquilo que a esta hora ainda n�o se pode dizer...

Filipe Freitas Filipe Freitas

PERGUNTA

Gostava de saber a opini�o de JPP sobre a continuidade de elabora��o de sondagens que t�m como amostra "lares com telefone fixo", sabendo-se que, cada vez mais, as pessoas optam pelos telem�veis em detrimento do telefone fixo. N�o acha que se deve pensar no assunto?

Jo�o Paulo Lopes Martins

As sondagens julgam-se pela correla��o entre os resultados virtuais e os reais. Os m�todos s�o instrumentais em grande parte. Jo�o Paulo Lopes MartinsAs sondagens julgam-se pela correla��o entre os resultados virtuais e os reais. Os m�todos s�o instrumentais em grande parte.

A TRISTEZA OU A ALEGRIA VIOLAM A LEI?

Pode-se interpretar as faces nas sedes de campanha? Pode-se ignorar o que se v�, o que se l�? Pode-se interpretar as faces nas sedes de campanha? Pode-se ignorar o que se v�, o que se l�?

MEUS AMIGOS

n�o adianta enviarem mensagens que n�o podem para j� serem publicadas. n�o adianta enviarem mensagens que n�o podem para j� serem publicadas.

ROSAS?

�Alegre tem no gabinete, a seu pedido, rosas vermelhas...�

�Rosas em (22 de) Janeiro, Senhora? - estranhou o rei (...)�

CMRibeiro CMRibeiro

VIRTUALIDADES

A quest�o de se saber quase tudo...remete, for�osamente, para uma quest�o realista: Para al�m de uma campanha eleitoral virtual..feita de e para a TV, vamos ter agosra...pelo menos durante 1 hora...coment�rios e jornalistas virtuais..a fazer de conta que n�o se sabe nada e com medo de...n�o violar uma lei real!

Amanh� continuaremos na realidade virtual?

Paulo Gon�alves Paulo Gon�alves

VAI ACABAR A TRANQUILIDADE

sou inteiramente a favor desta regra que chamam est�pida e que nos proporcionou um dia antes das elei��es sem directos, sem golpes, sem manipula��es e com not�cias de outros mundos.

Ant�nio Lobo Xavier sou inteiramente a favor desta regra que chamam est�pida e que nos proporcionou um dia antes das elei��es sem directos, sem golpes, sem manipula��es e com not�cias de outros mundos.Ant�nio Lobo Xavier

COMO DE COSTUME

o Abrupto � feito por toda a gente da minha mesa, com a sua assinatura. o Abrupto � feito por toda a gente da minha mesa, com a sua assinatura.

NOVOS TEMPOS

Nos "quarteis generais" de Alegre e Jer�nimo, para j� os mais agitados, Alegre tem no gabinete, a seu pedido, rosas vermelhas e �gua, e na do Bloco de Esquerda h� champanhe. Novos tempos.

(RM) (RM)

COM MUITA CURIOSIDADE

A menos de uma hora de saber quem vai ser o proximo presidente da republica, todos nos questionamos sobre duas questoes:

- Quem ser�?

- Por que ser�?

Estas duas quest�es merecem uma breve reflex�o... Quem ser�? Cada um dos candidatos com caracter�sticas pessoas, que agradam a diferentes manifesta��es... Penso que todos merecem uma oportunidade? Mas ser� que cada um dos candidatos tem a capacidade de honrar a confian�a do portugueses?

Porqu�? penso que � importante detectar as raz�es que fizeram com que o "escolhido" pelos portugueses tenha ganho este voto de confian�a... Penso que este tipo de an�lise poder� ser a "pedra filosofal" para quem a descobrir... Penso que o "vencedor" ser� fruto de uma "campanha vencedora", a analise da mesma poder� entao chamar a aten��o sobre alguns pormenores que nem sempre s�o correctos na campanha de alguns candidatos...

Com muita curiosidade

Marta Louren�o Wadsworth Marta Louren�o Wadsworth

PERGUNTA

" O que � que quer dizer quando escreve "J� se sabe quase tudo"?" , pergunta Lu�s Carmelo.

O que se pode saber (sondagens v�rias), o que n�o se pode dizer. Para j�.

Neste caso, a lei tem sentido: n�o divulgar resultados virtuais, enquanto existem vota��es reais. , pergunta Lu�s Carmelo.O que se pode saber (sondagens v�rias), o que n�o se pode dizer. Para j�.Neste caso, a lei tem sentido: n�o divulgar resultados virtuais, enquanto existem vota��es reais.

COME�OU

como num pre�mbulo, um introito, um momento de acalmia antes da tempestade. J� se sabe quase tudo, mas espera-se. como num pre�mbulo, um introito, um momento de acalmia antes da tempestade. J� se sabe quase tudo, mas espera-se.

� MINHA VOLTA

como num teatro, sentam-se as diferentes categorias de actores: os "comentadores", os "jornalistas", os "representantes da sociedade civil", tudo banhado numa luz crua. A luz da televis�o. como num teatro, sentam-se as diferentes categorias de actores: os "comentadores", os "jornalistas", os "representantes da sociedade civil", tudo banhado numa luz crua. A luz da televis�o.

MAIS UMA VEZ: O ABRUPTO FEITO DA MESA DA SIC

a partir de agora.

Pelo e-mail recebem-se colabora��es, coment�rios, ditos, coisas soltas sobre o assunto. a partir de agora.Pelo e-mail recebem-se colabora��es, coment�rios, ditos, coisas soltas sobre o assunto.

OBSERVA��ES PRESIDENCIAIS AVULSAS 3

O mal j� est� obviamente a ser atribu�do ao pa�s. O pa�s " que confunde progresso, e modernidade, com jipes topo de gama " ( broeiros " ( A embriaguez ou a excita��o do momento podem levar um homem a acordar ao lado de algu�m que, sem o benef�cio da maquilhagem, se revela um susto para o parceiro que entretanto recuperou a sobriedade. " (JPC no grandeza " e o m�rito de " estar fora do tempo " (CCS no a grandeza acaba assassinada pelos seus pares " e o " tempo (...) � med�ocre, os punhais brilham na sombra de C�sar " (CFA no Expresso ) e muitas, muitas outras p�ginas sobre o mesquinho, ignorante, ingrato, desmemoriado, masoquista, kitsch , trai�oeiro, rasteiro, e vil acto que os portugueses v�o praticar hoje ou daqui a um m�s. O mal j� est� obviamente a ser atribu�do ao pa�s. O pa�s "" ( Da Literatura ); o pa�s dos "" ( Natureza do Mal ); o pa�s que bebeu demais : "" (JPC no Super M�rio ); o pa�s que n�o percebe a "" e o m�rito de "" (CCS no Espectro ); o pa�s em que "" e o "" (CFA no) e muitas, muitas outras p�ginas sobre o mesquinho, ignorante, ingrato, desmemoriado, masoquista,, trai�oeiro, rasteiro, e vil acto que os portugueses v�o praticar hoje ou daqui a um m�s.

RETRATOS DO TRABALHO 8

Lewis Wickes Hine, Vidreiro fazendo equipamento de laborat�rio, Millville, N.J., 1937 . Lewis Wickes Hine,

EARLY MORNING BLOGS 705: "ROCIE ESTE APOSENTO"

" El cual a�n todav�a dorm�a. Pidi� las llaves a la sobrina del aposento donde estaban los libros autores del da�o, y ella se las di� de muy buena gana. Entraron dentro todos, y el ama con ellos, y hallaron m�s de cien cuerpos de libros grandes muy bien encuadernados, y otros peque�os; y as� como el ama los vi�, volvi�se a salir del aposento con gran priesa, y torn� luego con una escudilla de agua bendita y un hisopo, y dijo: tome vuestra merced, se�or licenciado; roc�e este aposento, no est� aqu� alg�n encantador de los muchos que tienen estos libros, y nos encanten en pena de la que les queremos dar ech�ndolos del mundo. Caus� risa al licenciado la simplicidad del ama, y mand� al barbero que le fuese dando de aquellos libros uno a uno, para ver de qu� trataban, pues pod�a ser hallar algunos que no mereciesen castigo de fuego. No, dijo la sobrina, no hay para qu� perdonar a ninguno, porque todos han sido los da�adores, mejor ser� arrojarlos por las ventanas al patio, y hacer un rimero de ellos, y pegarles fuego, y si no, llevarlos al corral, y all� se har� la hoguera, y no ofender� el humo. Lo mismo dijo el ama: tal era la gana que las dos ten�an de la muerte de aquellos inocentes. "

(Cervantes)

*

Bom dia! (Cervantes)Bom dia!

VER A NOITE 3

Um dia depois, tudo continua na mesma. Portugal profundo. Um dia depois, tudo continua na mesma. Portugal profundo.

OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: P� DO OUTRO MUNDO

talvez p� que fez o nosso mundo, ou at� p� anterior ao nosso mundo. O p� de que somos feitos, antes e depois. talvez p� que fez o nosso mundo, ou at� p� anterior ao nosso mundo. O p� de que somos feitos, antes e depois.

BIBLIOFILIA: AS EDI��ES TAUCHNITZ DE LEIPZIG

A arrumar uns livros apareceram-me dois ou tr�s das edi��es da Tauchnitz. Qualquer pessoa que tenha contacto com bibliotecas, ou alfarrabistas com livros do in�cio do s�culo XX, j� encontrou de certeza estes livros com uma capa simples e s�bria, baratos e abundantes, com textos de literatura inglesa. Nunca os tinha olhado com aten��o, apesar de sempre ter gostado da sua simplicidade, e nem sequer reparei que se trata de edi��es alem�s de textos ingleses. Agora reparei e os pormenores tinham interesse. Por exemplo, este , apontando para o consumo europeu. Vim a saber depois que o bar�o Tauchnitz foi um pioneiro do pagamento dos direitos de autor, pr�tica que n�o abundava nas edi��es publicadas no estrangeiro. Depois, o n�mero espantoso de obras publicadas. Este do Emerson � o n� 4525 e, como se pode ver pela contra-capa, n�o eram propriamente junk books . A Tauchnitz publicou, entre 1847 e 1939, cerca de 5000 textos de autores anglo-sax�nicos. A arrumar uns livros apareceram-me dois ou tr�s das edi��es da Tauchnitz. Qualquer pessoa que tenha contacto com bibliotecas, ou alfarrabistas com livros do in�cio do s�culo XX, j� encontrou de certeza estes livros com uma capa simples e s�bria, baratos e abundantes, com textos de literatura inglesa. Nunca os tinha olhado com aten��o, apesar de sempre ter gostado da sua simplicidade, e nem sequer reparei que se trata de edi��es alem�s de textos ingleses. Agora reparei e os pormenores tinham interesse. Por exemplo, este, apontando para o consumo europeu. Vim a saber depois que o bar�o Tauchnitz foi um pioneiro do pagamento dos direitos de autor, pr�tica que n�o abundava nas edi��es publicadas no estrangeiro. Depois, o n�mero espantoso de obras publicadas. Este do Emerson � o n� 4525 e, como se pode ver pela contra-capa, n�o eram propriamente. A Tauchnitz publicou, entre 1847 e 1939, cerca de 5000 textos de autores anglo-sax�nicos.

RETRATOS DO TRABALHO EM TIMOR (ARREDORES DE DILI, HOJE)

Foto 1: Restaurante Ambulante.

Foto 2: Sr. Alfredo, ex-refugiado na Austr�lia, agora de Alfaiate, na estrada de Comoro - D�li.

Foto 3: Vendedores de Fruta, na estrada de Liqui�� - D�li.

(Am�lcar Lopes Ant�nio) Foto 1: Restaurante Ambulante.Foto 2: Sr. Alfredo, ex-refugiado na Austr�lia, agora de Alfaiate, na estrada de Comoro - D�li.Foto 3: Vendedores de Fruta, na estrada de Liqui�� - D�li.(Am�lcar Lopes Ant�nio)

VER A NOITE 2

flash . Vagamente v�-se um fantasma de um p�rtico. Esta claridade cinzenta est� l�, mas s� a m�quina a via. Estava escuro, completamente escuro, noite como era a noite. No meio das ruas n�o se via nada, era f�cil bater contra qualquer obst�culo. Tentei fotografar, sem qualquer esperan�a e com uma vulgar c�mara digital, alguma coisa que mostrasse a noite, a estranheza. O resultado foi inesperado: a m�quina fotografou a humidade, as gotas de �gua que reflectiram a luz breve do. Vagamente v�-se um fantasma de um p�rtico. Esta claridade cinzenta est� l�, mas s� a m�quina a via.

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: O VOTO ELECTR�NICO

Que � feito do voto electr�nico?

Dado que as ideias s�o como as cerejas, a frase �Eu nunca tinha visto um programa Excel� (proferida, na passada sexta-feira, pelo senhor Procurador Geral da Rep�blica) trouxe-me � lembran�a, pelo motivo que adiante se ver�, um outro assunto: o VOTO ELECTR�NICO, tecnologia particularmente eficaz no combate � absten��o, dado que se destina, especialmente, a quem est� longe da sua assembleia-de-voto ou incapacitado de l� ir.

Naturalmente, h� muitas pessoas que receiam que, assim, o seu voto se possa transviar. � uma preocupa��o leg�tima; mas, quando fazem uma transfer�ncia pelo Multibanco, passa-lhes pela cabe�a que o dinheiro possa ir parar aos bolsos de outra pessoa que n�o o destinat�rio? E quando indicam o seu NIB (para reembolso do IRS, p. ex.) imaginam que algum Z�-do-Telhado lhes roubar� o dinheiro pelo caminho? Claro que n�o. Ent�o porque � que receiam que um simples voto, enviado electronicamente por sistemas seguros mais do que testados por esse mundo fora (e, ainda por cima, sob controlo de todos os interessados), possa ir parar a quem n�o querem?

Em Portugal, antes das �ltimas legislativas, gastaram-se rios-de-dinheiro em prot�tipos e experi�ncias; e, logo que o governo mudou� o assunto morreu, pelo que em pleno s�culo XXI ainda s�o poss�veis situa��es como a de um familiar meu que acaba de percorrer mais de 650 km para ir votar.

Uma parte da justifica��o para tudo isso tem de ser procurada na pecha portuguesa que nos leva a desprezar tudo o que foi feito anteriormente e recome�ar do zero. H� sempre algu�m que, achando que todos os outros s�o idiotas, quer reinventar-a-roda - nem que ela venha a ser quadrada. Mas a maior parcela da explica��o deve ser procurada, se calhar, junto de pessoas que proferem frases como a que no in�cio se transcreve...

(C Medina Ribeiro)

*

Tem toda a raz�o no que diz respeito ao �ltimo par�grafo. J� agora o familiar -deste genero tenho alguns- deve ter-se mudado sem ter tido a "gentileza" de tratar de toda a papelada. Mesmo isto compreendo melhor do que ninguem: como estrangeira com toda a documenta��o em ordem, residente na minha vila de 3000 almas h� mais do que 30 anos, incrita nos caderno eleitoral para cidad�os da UE desde o princ�pio, nunca consegu� ir a votos (europeias, aut�rquicas) sem que tivesse que esperar horas, porque a minha lista, da qual sou a primeira e, at� agora, �nica inscrita, nunca est� presente. �s vezes este pa�s esgota a paci�ncia mesmo dos mais entusiatas dele.

(MKL) (C Medina Ribeiro)

RETRATOS DO TRABALHO 7

Oper�ria t�xtil atando fios quebrados no tear, Patterson, N.J. 1937 Oper�ria t�xtil atando fios quebrados no tear, Patterson, N.J. 1937

EARLY MORNING BLOGS 704:

"BIEN PARECE (...) QUE NO EST�S CURSADO EN ESTO DE LAS AVENTURAS."

En esto descubrieron treinta o cuarenta molinos de viento que hay en aquel campo, y as� como Don Quijote los vi�, dijo a su escudero: la ventura va guiando nuestras cosas mejor de lo que acert�ramos a desear; porque ves all�, amigo Sancho Panza, donde se descubren treinta o poco m�s desaforados gigantes con quien pienso hacer batalla, y quitarles a todos las vidas, con cuyos despojos comenzaremos a enriquecer: que esta es buena guerra, y es gran servicio de Dios quitar tan mala simiente de sobre la faz de la tierra. �Qu� gigantes? dijo Sancho Panza.

Aquellos que all� ves, respondi� su amo, de los brazos largos, que los suelen tener algunos de casi dos leguas. Mire vuestra merced, respondi� Sancho, que aquellos que all� se parecen no son gigantes, sino molinos de viento, y lo que en ellos parecen brazos son las aspas, que volteadas del viento hacen andar la piedra del molino. Bien parece, respondi� Don Quijote, que no est�s cursado en esto de las aventuras; ellos son gigantes, y si tienes miedo qu�tate de ah�, y ponte en oraci�n en el espacio que yo voy a entrar con ellos en fiera y desigual batalla. Y diciendo esto, dio de espuelas a su caballo Rocinante, sin atender a las voces que su escudero Sancho le daba, advirti�ndole que sin duda alguna eran molinos de viento, y no gigantes aquellos que iba a acometer. Pero �l iba tan puesto en que eran gigantes, que ni o�a las voces de su escudero Sancho, ni echaba de ver, aunque estaba ya bien cerca, lo que eran; antes iba diciendo en voces altas: non fuyades, cobardes y viles criaturas, que un solo caballero es el que os acomete. Levant�se en esto un poco de viento y las grandes aspas comenzaron a moverse, lo cual visto por Don Quijote, dijo: pues aunque mov�is m�s brazos que los del gigante Briareo, me lo hab�is de pagar.

Y en diciendo esto, y encomend�ndose de todo coraz�n a su se�ora Dulcinea, pidi�ndole que en tal trance le socorriese, bien cubierto de su rodela, con la lanza en ristre, arremeti� a todo el galope de Rocinante, y embisti� con el primer molino que estaba delante; y d�ndole una lanzada en el aspa, la volvi� el viento con tanta furia, que hizo la lanza pedazos, llev�ndose tras s� al caballo y al caballero, que fue rodando muy maltrecho por el campo.

(Cervantes)

*

Bom dia! (Cervantes)Bom dia!

VER A NOITE

Passeio pelas casas brancas de cal, quase invis�veis no escuro. Est� frio. H� cem anos devia ser sempre assim. J� n�o sabemos como �, a n�o ser nestas alturas. H� v�rias horas que n�o h� ilumina��o p�blica em v�rios quil�metros � minha volta. Nalgumas aldeias n�o h� luz, pelo que enormes manchas de negro mergulham tudo, permitindo ver um magn�fico c�u de Inverno, brilhando no frio. As grandes constela��es salientam-se da mancha da via L�ctea. A sul, Orion domina como de costume. A poente a Cassiopeia, a norte as Ursas. Do ch�o come�a a emergir uma n�voa que apaga tudo, mas ainda vai demorar a chegar ao c�u mais alto.Passeio pelas casas brancas de cal, quase invis�veis no escuro. Est� frio. H� cem anos devia ser sempre assim. J� n�o sabemos como �, a n�o ser nestas alturas.

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(20 de Janeiro de 2006)

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Apesar do kitsch , tem algum interesse: " I've collected thousands of inspirational quotes. It seems that nearly everything that can be said, has been said, simply and eloquently, in a way that can seldom be improved. Winston Churchill wrote, "Broadly speaking, the short words are the best, and the old words best of all." So, I collected " The world's best quotes in one to ten words."

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Retratos do trabalho na �ndia enviados por SM.

*

Contribui��es para uma s�rie de �cones � portuguesa digna dos livros da Taschen: sardinhas.

*

Um Apesar do, tem algum interesse: "Retratos do trabalho na �ndia enviados por SM.Contribui��es para uma s�rie de �cones � portuguesa digna dos livros da Taschen: sardinhas.Um Rocketboom mais s�rio, com uma reportagem sobre Aceh um ano depois.

EARLY MORNING BLOGS 703

Alembrava-vos eu l�?

MARIDO: E como!

AMA: Agora, aram�:

l� h� �ndias mui fermosas,

l� far�eis v�s das vossas

e a triste de mi c�,

encerrada nesta casa,

sem consentir que vezinha

entrasse por �a brasa,

por honestidade minha.

MARIDO: L� vos digo que h� fadigas,

tantas mortes, tantas brigas

e perigos descompassados,

que assi vimos destro�ados

pelados coma formigas.

AMA: Por�m vindes v�s mui rico...

MARIDO: Se n�o fora o capit�o,

eu trouxera, a meu quinh�o,

um milh�o vos

EARLY MORNING BLOGS 711

This is the first thing

This is the first thing

I have understood:

Time is the echo of an axe

Within a wood.

(Philip Larkin)

*

(Philip Larkin)

Bom dia! Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO EM SET�BAL

Peixeiro no Mercado do Livramento em Set�bal (vulgo Pra�a)

(Sim�o dos Reis Agostinho) Peixeiro no Mercado do Livramento em Set�bal (vulgo Pra�a)(Sim�o dos Reis Agostinho)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: COISAS SIMPLES

Maria, leitora do Abrupto, 11 anos. Maria, leitora do Abrupto, 11 anos.

"� m�e vais mandar para o Abrupto, n�o vais?" Eu tentei explicar-lhe que aquele blogue n�o � meu, que quem manda nele n�o sou eu, e que ela tinha que perceber que pobre dono do Abrupto entraria em crise se todas as m�es e pais mandassem as pinturas dos filhos para l� para al�m de provavelmente entupir a sua caixa de correio."

(M�e da Maria) (M�e da Maria)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: VAZIO

N�o � �fantasticamente� deprimente que, se hoje n�o tivesse nevado, e se n�o tivessem feito leituras �s radia��es emitidas pelos telem�veis nos centros comerciais (?), n�o tinham havido os Jornais da uma, os jornais da tarde e os jornais da noite?

(Sofia Silveira) (Sofia Silveira)

RETRATOS DO TRABALHO NO CAMBODJA E NO VIETNAM

Vendedor de patos em Han�i.

Sucateiros em Phnom Phen.

(M.L.)

Vendedor de patos em Han�i.Sucateiros em Phnom Phen.(M.L.)

DIA RARO E INCOMUM 4

DIA RARO E INCOMUM 3

Acabou de nevar, levantou-se o c�u, est� azul e branco. Os gatos n�o sabem como andar na terra. Tiram e pousam as patas, escorregam. O que � que aconteceu? Que mundo � este? Os lim�es e as laranjas t�m um pequeno chap�u branco. Nalguns s�tios escondidos, a �gua virou vidro.

INTEND�NCIA

Actualizada a nota AS COTERIES E OS BENS ESCASSOS. Actualizada a nota

DIA RARO E INCOMUM 2

Tudo branco. Est� a nevar e a neve est� a pegar.

BALADA DA NEVE

Batem leve, levemente,

como quem chama por mim.

Ser� chuva? Ser� gente?

Gente n�o �, certamente

e a chuva n�o bate assim.

� talvez a ventania:

mas h� pouco, h� poucochinho,

nem uma agulha bulia

na quieta melancolia

dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,

com t�o estranha leveza,

que mal se ouve, mal se sente?

N�o � chuva, nem � gente,

nem � vento com certeza.

Fui ver. A neve ca�a

do azul cinzento do c�u,

branca e leve, branca e fria...

� H� quanto tempo a n�o via!

E que saudades, Deus meu!

Olho-a atrav�s da vidra�a.

P�s tudo da cor do linho.

Passa gente e, quando passa,

os passos imprime e tra�a

na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais

da pobre gente que avan�a,

e noto, por entre os mais,

os tra�os miniaturais

duns pezitos de crian�a...

E descalcinhos, doridos...

a neve deixa inda v�-los,

primeiro, bem definidos,

depois, em sulcos compridos,

porque n�o podia ergu�-los!...

Que quem j� � pecador

sofra tormentos, enfim!

Mas as crian�as, Senhor,

porque lhes dais tanta dor?!...

Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,

uma funda turba��o

entra em mim, fica em mim presa.

Cai neve na Natureza

� e cai no meu cora��o.

(Augusto Gil) Tudo branco. Est� a nevar e a neve est� a pegar.(Augusto Gil)

DIA RARO E INCOMUM

Est� a nevar. Est� a nevar.

RETRATOS DO TRABALHO EM NIASSA, MO�AMBIQUE

Transportador de bambu em Cuamba, no Niassa, Norte de Mo�ambique.

(Carmo Pupo Correia)

Transportador de bambu em Cuamba, no Niassa, Norte de Mo�ambique.(Carmo Pupo Correia)

RETRATOS DO TRABALHO EM SINTRA, PORTUGAL (IN�CIO DO S�CULO XX)

(Enviado por Ricardo de Carvalho.) (Enviado por Ricardo de Carvalho.)

*

Curiosa a fotografia, pois retrata - se n�o estou em erro - uma actividade hoje j� praticamente extinta devido, fundamentalmente, � expans�o urbana do concelho, mas tb aos erros da legisla��o vitivin�cola e � evolu��o do pr�prio mercado do vinho: a planta��o da vinha de Colares (casta "Ramisco") em "ch�o de areia". Feita a uma certa profundidade, onde, depois de escavada a camada arenosa, as ra�zes da videira encontravam terreno firme, isso fez com que resistisse � filoxera no final do s�c. XIX. Durante o s�c. XX foi, por isso, a �nica regi�o em Portugal Continental, para al�m de pequenas vinhas localizadas, onde o cultivo da vinha se continuou a fazer a"p� franco", isto �, sem recurso a p�s de videira americana resistentes � filoxera que s�o depois enxertados na casta europeia. Os custos de m�o de obra foram, claro, tb uma causa importante para o seu desaparecimento.

(Jo�o C�lia)

EARLY MORNING BLOGS

Salmo 73

Verdadeiramente bom � Deus para com Israel, para com os limpos de cora��o.

Quanto a mim, os meus p�s quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos.

Pois eu tinha inveja dos n�scios, quando via a prosperidade dos �mpios.

Porque n�o h� apertos na sua morte, mas firme est� a sua for�a.

N�o se acham em trabalhos como outros homens, nem s�o afligidos como outros homens.

Por isso a soberba os cerca como um colar; vestem-se de viol�ncia como de adorno.

Os olhos deles est�o inchados de gordura; eles t�m mais do que o cora��o podia desejar.

S�o corrompidos e tratam maliciosamente de opress�o; falam arrogantemente.

P�em as suas bocas contra os c�us, e as suas l�nguas andam pela terra.

Por isso o povo dele volta aqui, e �guas de copo cheio se lhes espremem.

E eles dizem: Como o sabe Deus? H� conhecimento no Alt�ssimo?

Eis que estes s�o �mpios, e prosperam no mundo; aumentam em riquezas.

Na verdade que em v�o tenho purificado o meu cora��o; e lavei as minhas m�os na inoc�ncia.

Pois todo o dia tenho sido afligido, e castigado cada manh�.

Se eu dissesse: Falarei assim; eis que ofenderia a gera��o de teus filhos.

Quando pensava em entender isto, foi para mim muito doloroso;

At� que entrei no santu�rio de Deus; ent�o entendi eu o fim deles.

Certamente tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lan�as em destrui��o.

Como caem na desola��o, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.

Como um sonho, quando se acorda, assim, � Senhor, quando acordares, desprezar�s a apar�ncia deles.

Assim o meu cora��o se azedou, e sinto picadas nos meus rins.

Assim me embruteci, e nada sabia; fiquei como um animal perante ti.

Todavia estou de cont�nuo contigo; tu me sustentaste pela minha m�o direita.

Guiar-me-�s com o teu conselho, e depois me receber�s na gl�ria.

Quem tenho eu no c�u sen�o a ti? e na terra n�o h� quem eu deseje al�m de ti.

A minha carne e o meu cora��o desfalecem; mas Deus � a fortaleza do meu cora��o, e a minha por��o para sempre.

Pois eis que os que se alongam de ti, perecer�o; tu tens destru�do todos aqueles que se desviam de ti.

Mas para mim, bom � aproximar-me de Deus; pus a minha confian�a no Senhor Deus, para anunciar todas as tuas obras.

*

Bom dia! Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO NA �NDIA

Barqueiros no Ganges.

(Sara Belo) Barqueiros no Ganges.(Sara Belo)

AS COTERIES E OS BENS ESCASSOS

Voltemos � quest�o das coteries liter�rias, um tema tanto mais interessante quanto muito pouco, ou quase nada discutido por c�. Aqui h� uma diferen�a com o passado para pior, porque a exist�ncia de �escolas� e �movimentos� tornava a coisa confrontacional, logo mais reveladora. Sabia-se quem estava com quem e a pancada era m�tua. Agora n�o, h� demasiados sil�ncios e demasiadas coniv�ncias, e era de alguma maneira essa a quest�o inicial colocada na nota do Temos uma cr�tica liter�ria jornal�stica de fachada.�;� influ�ncias que se movem, sectarismo, medievalismo. Textos que se escrevem em fun��o dos favores, cr�ticas que se cozinham como benesses e mesuras a amigos e colegas de trabalho (� assim que se formam as clientelas, alguma d�vida?) .� Era este o ponto de partida e muito curiosamente ningu�m se lhe refere. Ali�s o que gera pol�mica � a nota do Abrupto e n�o a do Esplanar, muito mais cruel. Percebe-se, como infelizmente � pecha nos blogues, como tudo se torna ad hominem , e � prefer�vel atirar ao lado para n�o se ir ao fundamental. Da� a revolta prolet�ria contra o monopolista dos �bens escassos�, a mais ir�nica confirma��o de que tinha raz�o no que escrevi. (Oh! Meus amigos, eu trabalho muito, trabalho com gosto e as encomendas n�o faltam no mercado. N�o querem censura nem quotas, pois n�o?)

N�o, a quest�o � outra. � f�cil bater no Jos� Rodrigues dos Santos, ou na Margarida Rebelo Pinto. Eles est�o fora dos �nossos�, s� vendem muitos livros. Eles n�o circulam nos mesmos meios, s� vendem muitos livros. A cena da sopa de peixe � rid�cula, mas � pulp fiction , n�o tem pretens�es a ser literatura. E as �nossas� cenas rid�culas que pretendem ser literatura? E as dezenas de livros menores que os �nossos� publicam todos os anos e que s�o protegidos pela � cr�tica liter�ria jornal�stica de fachada �? Ou s�o tudo livros geniais, como para o Jornal de Letras , tudo � bom? Eu, como n�o sou cr�tico liter�rio n�o vou fazer esse trabalho, mas estranho que ningu�m o fa�a, e n�o se d� por ele. H� excep��es solit�rias, mas confirmam a regra.

E depois, gente que acha (e bem) que na pol�tica h� compadrio e favores, passa r�seo, pelo mundo literato que tem face � pol�tica muito menos escrut�nio cr�tico, muito menos conhecimento dos meandros que se movem. E n�o � s� na literatura, mas no mundo �cultural� no sentido lato, agora muito colado ao entretenimento, onde tamb�m h� dadores de emprego, grupos de interesses, jogos de editoras, produtoras, programas de televis�o, encomendas e servi�os? Onde � que eu posso ler sobre isso? Em s�tio nenhum. S� vejo exerc�cios de elogios m�tuos, protec��es de grupo, reputa��es que se sustentam em amigos e n�o em livros, trabalho, obra.

Nota: reflexos em Da Literatura,

* Um sinal curioso da pequenez de que fala no nosso meio cultural est� bem patente, por contraposi��o, na elabora��o das contracapas das edi��es anglo-sax�nicas onde frequentemente est�o presentes recomenda��es de personalidades de alguma modo ligadas ao tema dos livros. Em portugal as contracapas quase invari�velmente se limitam a trazer um extracto, uma pequena biografia do autor ou no caso de tradu��es o resumo do conte�do.

(Ant�nio Filipe Fonseca)

*

Lei de Gersham

A quest�o da cr�tica � (ou deve ser) uma quest�o central neste Pa�s paradoxal onde se l� pouco mas se escreve e publica muito, onde n�o se vai ao teatro mas h� dezenas de companhias de teatro, onde n�o se vai ao ballet mas se fazem abaixo assinados contra a extin��o de companhias de bailado. E onde se l�em as cr�ticas e � tudo fant�stico. Se houvesse verdadeira cr�tica, s�ria, isenta, consistente, sabedora, profissional, talvez houvesse menos paradoxo e mais qualidade.

A quest�o inicialmente focada na nota do Esplanar incidia sobre a cr�tica liter�ria mas foi alargada no Abrupto � cr�tica � produ��o cultural em geral. Entretanto, no Estado Civil e no Da Literatura, surgiram exemplos vivos do que JPG e JPP referiram: porque � que n�s n�o havemos de defender o nosso territ�rio se tu defendes o teu? N�o defenderam a qualidade e consist�ncia do seu trabalho, nem negaram que se escreve muitas vezes de e para amigos. N�o negaram que muito do que se escreve sobre livros ou outras produ��es culturais (algumas fict�cias) s�o simples conversas entre amigos, amigos que ali�s o s�o e deixam de ser ao sabor das necessidades e desejos editoriais de cada um. No entanto, os blogues s�o muito transparentes nessa mat�ria. Como sempre, � de influ�ncia e poder que se est� a a falar. Se se ampararem bem uns aos outros, l� v�o construindo carreiras.

N�o tenho particular gosto em ouvir dizer mal de um livro ou de um escritor. N�o me parece que seja crit�rio exclusivo de qualidade de uma cr�tica apontar aspectos negativos. Acho que a cr�tica deve ser uma an�lise global de caracter�sticas ou qualidades de um livro, de um quadro, de uma m�sica ou de uma pe�a. Qualidades que podem ser positivas ou negativas.

Os cr�ticos tamb�m t�m gostos e � natural que eles transpare�am da sua an�lise.

Tamb�m gosto de ler os trocadilhos, de palavras ou ideias, que pululam por muitos blogues literatos/culturais. Divertem-me. Mas vai uma grande dist�ncia entre um trocadilho, uma ideia divertida ou uma frase melanc�lica e uma obra liter�ria. � suposto um cr�tico saber ver isso. Para se criticar de forma profissional, tem que se estudar e saber, n�o basta gostar ou detestar.

Em suma: usando uma ideia em voga, a m� cr�tica afasta a boa obra de arte. E o "amiguismo" enquanto elemento de cr�tica � uma m� cr�tica. Por isso � que acho esta uma quest�o verdadeiramente importante. E conv�m n�o esquecer que os leitores s�o os cr�ticos dos cr�ticos.

(RM)

*

Estes s�o os nossos cr�ticos liter�rios: parecem ter algumas limita��es a interpretar textos, ou ent�o o que ser� que os move? O problema tamb�m est� no facto de terem poucos consumidores para os bens que oferecem. S� uma minoria � que l� algumas das cr�ticas liter�rias que s�o publicadas. Eu que leio livros "dif�ceis" tenho a maior dificuldade em ler cr�ticas "dif�ceis". Basicamente quero saber se gostaram ou n�o de determinada obra, porqu� e quero que a enquadrem, para que eu, que n�o leio todos os livros do mundo, e que tenho de fazer escolhas, possa ter alguma informa��o que me ajude a minimizar uma m� compra. Os desfiles de cita��es, refer�ncias - a autores certamente interessant�ssimos - e efabula��es te�ricas e especulativas que enchem as p�ginas de cr�tica liter�ria, mas em que pouco se fala da obra em quest�o, verdadeiramente pouco interessam a uma larga maioria das pessoas que gostam e ler e que compram livros, mas n�o se querem perder nos meandros das teorias liter�rias. A sensa��o com que se fica � que "eles" escrevem para "eles".

Se soubesse que �a escrever este texto tinha preparado alguns exemplos do que n�o gosto (� s� ir ao Mil Folhas) e do que gosto (� s� ir aos sites liter�rios anglo-sax�nicos: n�o sendo intelectual eu, tal como muitos portugueses, lemos em v�rias l�nguas). O que era interessante saber � como � que se mede a audi�ncia que tem a cr�tica liter�ria. Porque a audi�ncia de comentadores pol�ticos (ver caso Marcelo Rebelo de Sousa) � sempre medido, ou em audi�ncias ou em n�mero de tiragens das publica��es. A cr�tica liter�ria s� sobrevive se for em suplemento a outra publica��o. Como seria se os jornais em causa baixassem os seus pre�os �s Sextas ou aos S�bados e n�o oferecessem suplementos liter�rios? Ser� que isso n�o obriga a reflex�o? Mas sem culpar o "povo", por favor!

(...)

J� li um livro (o "Sei l�!"?) de Margarida Rebelo Pinto e essa experi�ncia chegou para perceber o estilo. J� li um livro ("A Filha do Capit�o") do Jos� Rodrigues dos Santos e n�o me parece de todo justo p�-los no mesmo saco. MRP � literatura light sem mais nada: l�-se r�pido e fica-se com azia. JRS, n�o sendo uma experi�ncia liter�ria nirvanesca, tem o m�rito de pesquisar e construir uma bela narrativa, com algumas limita��es, que n�o irei enumerar, mas consegue aquilo a que se pode chamar uma obra "honesta". Vendem livros os dois: sorte a deles! Mas parece-me injusto, a n�vel liter�rio compar�-los, s� se podem colocar lado a lado no facto de serem outsiders. E outsiders que vendem...

(J.) Voltemos � quest�o dasliter�rias, um tema tanto mais interessante quanto muito pouco, ou quase nada discutido por c�. Aqui h� uma diferen�a com o passado para pior, porque a exist�ncia de �escolas� e �movimentos� tornava a coisa confrontacional, logo mais reveladora. Sabia-se quem estava com quem e a pancada era m�tua. Agora n�o, h� demasiados sil�ncios e demasiadas coniv�ncias, e era de alguma maneira essa a quest�o inicial colocada na nota do Esplanar : �.� Era este o ponto de partida e muito curiosamente ningu�m se lhe refere. Ali�s o que gera pol�mica � a nota do Abrupto e n�o a do Esplanar, muito mais cruel. Percebe-se, como infelizmente � pecha nos blogues, como tudo se torna, e � prefer�vel atirar ao lado para n�o se ir ao fundamental. Da� a revolta prolet�ria contra o monopolista dos �bens escassos�, a mais ir�nica confirma��o de que tinha raz�o no que escrevi. (Oh! Meus amigos, eu trabalho muito, trabalho com gosto e as encomendas n�o faltam no mercado. N�o querem censura nem quotas, pois n�o?)N�o, a quest�o � outra. � f�cil bater no Jos� Rodrigues dos Santos, ou na Margarida Rebelo Pinto. Eles est�o fora dos �nossos�, s� vendem muitos livros. Eles n�o circulam nos mesmos meios, s� vendem muitos livros. A cena da sopa de peixe � rid�cula, mas �, n�o tem pretens�es a ser literatura. E as �nossas� cenas rid�culas que pretendem ser literatura? E as dezenas de livros menores que os �nossos� publicam todos os anos e que s�o protegidos pela ��? Ou s�o tudo livros geniais, como para o, tudo � bom? Eu, como n�o sou cr�tico liter�rio n�o vou fazer esse trabalho, mas estranho que ningu�m o fa�a, e n�o se d� por ele. H� excep��es solit�rias, mas confirmam a regra.E depois, gente que acha (e bem) que na pol�tica h� compadrio e favores, passa r�seo, pelo mundo literato que tem face � pol�tica muito menos escrut�nio cr�tico, muito menos conhecimento dos meandros que se movem. E n�o � s� na literatura, mas no mundo �cultural� no sentido lato, agora muito colado ao entretenimento, onde tamb�m h� dadores de emprego, grupos de interesses, jogos de editoras, produtoras, programas de televis�o, encomendas e servi�os? Onde � que eu posso ler sobre isso? Em s�tio nenhum. S� vejo exerc�cios de elogios m�tuos, protec��es de grupo, reputa��es que se sustentam em amigos e n�o em livros, trabalho, obra.Nota: reflexos em Estado Civil O Amigo do Povo , e , de novo, no Esplanar

RETRATOS DO TRABALHO EM TR�S-OS-MONTES

Cavando batatas : " Estas fotos, fizeram parte de uma exposi��o intitulada "Lugares e Olhares" realizada em 2000 no concelho de Vinhais, promovida por uma pequena Associa��o Cultural local "(enviado por Luis Vale).

Cavando batatas : ""(enviado por Luis Vale).

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(28 de Janeiro de 2006)

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O New York Times desmantela com ferocidade o livro de Bernard-Henri L�vy, American vertigo - Traveling America in the Footsteps of Tocqueville . Uma amostra:

"Bernard-Henri L�vy is a French writer with a spatter-paint prose style and the grandiosity of a college sophomore; he rambled around this country at the behest of The Atlantic Monthly and now has worked up his notes into a sort of book. It is the classic Freaks, Fatties, Fanatics & Faux Culture Excursion beloved of European journalists for the past 50 years, with stops at Las Vegas to visit a lap-dancing club and a brothel; Beverly Hills; Dealey Plaza in Dallas; Bourbon Street in New Orleans; Graceland; a gun show in Fort Worth; a "partner-swapping club" in San Francisco with a drag queen with mammoth silicone breasts; the Iowa State Fair ("a festival of American kitsch"); Sun City ("gilded apartheid for the old");a stock car race; the Mall of America; Mount Rushmore; a couple of evangelical megachurches; the Mormons of Salt Lake; some Amish; the 2004 national political conventions; Alcatraz - you get the idea. (For some reason he missed the Sturgis Motorcycle Rally, the adult video awards, the grave site of Warren G. Harding and the World's Largest Ball of Twine.) You meet Sharon Stone and John Kerry and a woman who once weighed 488 pounds and an obese couple carrying rifles, but there's nobody here whom you recognize. In more than 300 pages, nobody tells a joke. Nobody does much work. Nobody sits and eats and enjoys their food. You've lived all your life in America, never attended a megachurch or a brothel, don't own guns, are non-Amish, and it dawns on you that this is a book about the French. There's no reason for it to exist in English, except as evidence that travel need not be broadening and one should be wary of books with Tocqueville in the title." (Sublinhados meus.)

Conclus�o: "Thanks, pal. I don't imagine France collapsing anytime soon either. Thanks for coming. Don't let the door hit you on the way out. For your next book, tell us about those riots in France, the cars burning in the suburbs of Paris. What was that all about? Were fat people involved?" desmantela com ferocidade o livro de Bernard-Henri L�vy,. Uma amostra:(Sublinhados meus.)Conclus�o:

RETRATOS DO TRABALHO NA CHINA

Carregadores de bagagens de turistas no rio Yangtze

(Joana Lopes) Carregadores de bagagens de turistas no rio Yangtze(Joana Lopes)

EARLY MORNING BLOGS 710

Libation Mongole

C'est ici que nous l'avons pris vivant. Comme il se battait bien nous lui offr�mes du service : il pr�f�ra servir son Prince dans la mort.

Nous avons coup� ses jarrets : il agitait les bras pour t�moigner son z�le. Nous avons coup� ses bras : il hurlait de d�vouement pour Lui.

Nous avons fendu sa bouche d'une oreille � l'autre : il a fait signe, des yeux, qu'il restait toujours fid�le.

o

Ne crevons pas ses yeux comme au l�che ; mais tranchant sa t�te avec respect, versons le koumys des braves, et cette libation :

Quand tu rena�tras, Tch'en Houo-chang fais-nous l'honneur de rena�tre chez nous.

(Victor Segalen)

*

Bom dia! Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO NO JAP�O

Varredoras no Parque da Paz em Hiroshima.

(Joana Lopes) Varredoras no Parque da Paz em Hiroshima.(Joana Lopes)

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES:

SOBRE "A LENTA DISSOLU��O DOS PARTIDOS"

Achei muito interessante o artigo que escreveu no P�blico e que publica no seu blogue a prop�sito da lenta dissolu��o dos partidos. Trata-se de uma perspectiva em que nunca tinha pensado e que analisada com aten��o faz de facto um certo sentido. Julgo que h� tamb�m alguns factores que contribuiem para o cen�rio que descreve:

1. A complexifica��o da governa��o, hoje em dia o poder efectivo do governo � de certa forma pulverizado devido � din�mica complexa e descentralizada do Estado.

2. A distin��o entre classes sociais torna-se cada vez mais simb�lica do que material fruto do progresso econ�mico.

3. Cada vez menos a nossa sociedade se v�m confrontanto com grandes causas definidas e fracturantes. N�o temos guerra, n�o somos completamente pobres nem totalmente ricos. Existem micro-causas que por defini��o se circunscrevem a minorias.

4. Por efeito da globaliza��o e da inser��o no espa�o mundial o poder individual de cada cidad�o � cada vez menor.

Se calhar daqui a alguns anos os partidos politicos nacionais tornar-se-�o em partidos transacionais centrados sobretudo em quest�es de geoestrat�gia e do ambiente.

(Ant�nio Filipe Fonseca)

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Ao ler o seu post "A lenta dissolu��o dos partidos" n�o pude, numa primeira an�lise, deixar de constactar a sua convic��o na aus�ncia ou, pelo menos, fraca presen�a do antipartidarismo e antiparlamentarismo, bem como do pensamento ideol�gico radical. Mais, que considera os dois "antis" como ditactoriais!

1� - N�o vejo a raz�o, o fundamento, para o "passado da ditadura". De facto, podemos encontrar o antipartidarismo e parlamentarismo hist�ricamente na ditadura (falando de Portugal). Contudo, n�o me parece saud�vel considera-los como seus filhos ou mesmo pensamentos exclusivos.

Da mesma forma que � de todo errado afirmar que os partidos s�o ess�nciais ao funcionamento da democracia. O senhor sabe bem que n�o o s�o... muito pelo contr�rio!

2� - O radicalismo... o radicalismo encerra em si uma vontade pr�pria, insubstituivel e em qualquer outra parte inexistente, de ser fiel.

Porque se por um lado a relactividade n�o � bem o que parece, por outro a objectividade (entendamos dogmatismo) � bastante mal rotulada.

Dizer-se, ainda que implicitamente, que o radicalismo � fundamentalista, � t�o errado quanto a interpreta��o e aplica��o actuais da �ltima express�o. Ser radical � ser fiel � raiz de um pensamento estruturador da vida social, econ�mica, afectiva, etc... como a pr�pria palavra indica!

3� - Como estudante de Comunica��o Social, n�o posso deixar de concordar consigo ao antever a situa��o medi�tica que d� j� hoje sinais. Este 4� poder que emerge mais e mais, transversal a todos os outros, depende e faz depender: depende do produto informartivo, ao mesmo tempo que o gera pela press�o que exerce devido aos meios de que disp�e. � quem os controla, aos meios e ao jogo de poder que estes potenciam, que verdadeiramente exerce autoridade. Como diz Harold Innis, "todo o imp�rio, toda a sociedade, que pretende uma certa perenidade deve realizar um equilibrio entre um media que favorece o controlo do espa�o e outro que assegura a sua reprodu��o no tempo". E o poder que o novo paradigma multim�dia tem em distorcer estas duas no��es, a temporal e a espacial, cria no ciberespa�o e nas possibilidades do hipertexo uma fuga a esse equilibrio for�ado e com objectivos pr�-definidos, numa democracia incomparavelmente participativa, construida pelos pr�prios, inventada a cada segundo, na fuga da capitaliza��o da informa��o. Quem precisar� dos partidos como estrutura que d� voz a um pensamento comum, quando poderemos individualmente (se a info-exclus�o de Castells n�o for demasiado elevada) criar a nossa ideologia, num liberalismo de ideias desmedido, quem sabe acompanhado pelo economico (ainda que paradoxalmente)? Um liberalismo ideol�gico dependente da abstracta "consci�ncia colectiva" e do sucesso da "juventudo metropolitana" que idealizou o futuro da rede.

(Sim�o dos Reis Agostinho)

*

O futuro dos partidos tradicionais � muito facil de antever visto que as similitudes entre Portugal e a It�lia n�o se resumem ao''25 de Abril''.A grande diferen�a � ao n�vel da velocidade do processo politico que no nosso caso est� mais r�pido (fruto da sociedade de informa��o em que estamos inseridos).N�s tivemos menos anos de governos breves mas tambem eles acabaram por chegar aos governos de legislatura, agora ser� a nossa tendencia para chegar aos partidos como os que hoje disputam o poder em It�lia (Oliveira ;For�a Italia )no fundo movimentos de ''cidadania''(ou de cidad�o!!)que pouco ou nada j� t�m a ver com os velhos partidos tradicionais que durante anos nos habitu�mos a ver a disputar as elei��es em It�lia.� s� uma quest�o de tempo.As analogias entre os dois pa�ses s�o maiores do que o que parece.'' A ver vamos''.

(Alberto Andrade)

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(27 de Janeiro de 2006)

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Nota certeira no Jornal de Letras (e merece-o bem) e a sua coterie , mas j� � escass�ssima a aten��o cr�tica a outros grupos como o que ia do defunto DNA , para o grupo do "� Cultura, Est�pido", ou as Produ��es Fict�cias, no mercado dos "produtos culturais" e do entretenimento. H� uma mudan�a geracional inevit�vel, mas os v�cios mant�m-se. Os bens tamb�m continuam a ser escassos.

Esta nota, bem como a do Esplanar, s�o interessantes e gostava de acrescentar umas notas sobre a cr�tica liter�ria que �s vezes nos entra pela casa dentro. No �ltimo programa televisivo Livro Aberto cujo tema era debater as escolhas dos espectadores de uma vota��o informal que o programa e o seu blogue promoveram e � qual posteriormente o Mil Folhas aderiu, alguns dos quatro convidados, especialistas e cr�ticos, tiveram um comportamento de considerei bizarro. Estavam mais interessados em comentar as escolhas dos Melhores de 2005 da nata intelectual publicadas no Mil Folhas do que debater as escolhas de espectadores an�nimos que, como recomenda��o, s� t�m o facto de verem o programa Livro Aberto. Posteriormente desvalorizaram totalmente as escolhas dos leitores. Nunca se referiram � escolha para fic��o portuguesa "Cavaleiro da �guia", nunca percebi porqu�, e sobre as outras escolhas tiveram coment�rios cujo objectivo ainda tento entender. Dou como exemplo as escolhas de fic��o estrangeira em que se encontravam nomes como Sebald ou Vila-Matas e que mereceram como coment�rio, de dois dos convidados, uma enorme estranheza por serem autores "dif�ceis": depreendi que, n�o sendo os espectadores membros de uma determinada casta intelectual, est�o incapacitados de ler, apreciar, escolher e votar em autores "dif�ceis". Mas a coisa n�o se ficou por aqui porque no meio de insinua��es de que votar em Sebald e Vila-Matas d� status social e intelectual (e eu a pensar que o Mercedes � porta cumpria bem melhor essa miss�o do que uma vota��o an�nima!) tiveram o desplante de explicar "sem dem�rito para a obra de Sebald", n�o fossem os espectadores an�nimos conspurcar o nome e a obra do autor.

Os tempos devem estar mesmo dif�ceis e h� que serrar fileiras firme e guardar o couto, n�o v� algum an�nimo querer l� entrar. O pior � que, como diz Jo�o Pedro George "esta gente l�, mas n�o aprende nada".

(J.) *

Uma variante do Presidente vendido como um sabonete, num artigo de Lu�s Paix�o Martins, Di�rio de Not�cias . Artigo que deve ser lido com muita aten��o porque � t�pico dos tempos. Nele se diz, entre outras coisas:

Tal [desgaste] deve-se, em primeiro lugar, � descaracteriza��o das marcas partid�rias. � dif�cil encontrar pessoas que saibam explicar a diferen�a de atributos entre a marca socialista e a marca social--democrata, para referir as l�deres no nosso pa�s, para al�m dos s�mbolos do seu branding gr�fico e das imagens dos seus principais protagonistas. Se os atributos de v�rias marcas se confundem, � natural que as pr�prias marcas tenham confundidos os territ�rios de imagem que v�o definindo na mente dos seus "consumidores". "� tudo a mesma coisa" - diz-se que diz o povo.

Em segundo lugar, temos um problema de canal de comunica��o. O marketing pol�tico n�o recorre, fora de momentos eleitorais e em outros muito espec�ficos, a disciplinas de comunica��o que, como a publicidade, permitem ao comunicador "finalizar" os conte�dos e, por conseguinte, obter a fidelidade da sua mensagem.

Pelo contr�rio, o marketing pol�tico usa, quase exclusivamente, o canal jornal�stico para a sua comunica��o, sendo assim for�ado a codificar as suas interven��es segundo as regras do sistema medi�tico, isto �, de maneira simplificada, emocional e negativa.

Est� bom de ver que uma marca cuja afirma��o tenha de ser feita - sob pe-na de ser afastada do palco medi�tico - apenas de forma simplificada, emocional e negativa enfrenta muitas dificuldades de desenvolvimento se o seu objectivo for, por exemplo, demonstrar que deve ser escolhida para governar um pa�s. � por isso, designadamente, que as marcas partid�rias de "contrapoder", como o Bloco de Esquerda, ocupam mais espa�o medi�tico que os partidos de "governo". Boa publicidade para a LPM (refor�ada pelas campanhas S�crates e Cavaco), com algumas verdades pelo caminho. O recado � simples: deixem de fazer pol�tica, de fazer esses pat�ticos esfor�os para �sair bem� na comunica��o social, fa�am s� rela��es p�blicas e publicidade, as novas " disciplinas de comunica��o ". Se querem a mensagem limpa, vendam-na com uma marca nova, ou como se fosse uma marca nova.

� um caminho e h� muita gente disposta a trilh�-lo. Em �ltima inst�ncia, s� depende do dinheiro que se est� disposto a gastar, e da qualidade (baixa) pol�tica que se est� disposto a fazer. S� que h� outro caminho: fa�am outra pol�tica, com outros instrumentos, a partir de outros pressupostos, com outro tipo de pessoas, com outro tipo de discurso. � poss�vel, h� ind�cios um pouco por todo o lado de que � poss�vel, sinais de outros modos de fazer, � s� ter a coragem para romper, ou ent�o fazer ao lado, noutros s�tios.

Se a minha pequena nota o levou a concluir que eu defendo a comunica��o publicit�ria - nomeadamente para as marcas partid�rias �, custos acrescidos para as campanhas e um abaixamento da qualidade da pol�tica � porque n�o me fiz entender. O que eu julgo ter escrito � que, ao utilizarem, essencialmente, os �palcos medi�ticos� (que s�o, de uma maneira geral, simplificados, emocionais e negativos), as marcas partid�rias t�m dificuldade em desenvolver-se se o seu objectivo for, por exemplo, demonstrar que devem ser escolhidas para governar um Pa�s � apresentando propostas complexas, racionais e positivas. Penso que esta � uma constata��o que partilha comigo. Pela minha parte, partilho das suas reflex�es finais.

(Lu�s Paix�o Martins) *

Excelente, excelente este

*

Pelo P�blico , mais uma das raz�es para ficar cada vez mais preso � Rede, e verificar como a facilidade dos blogues (e a sua temporalidade) est�o a mudar os media.

Veja-se este exemplo de Nota certeira no Esplanar contra a troca grupal de elogios m�tuos, uma das pragas da blogosfera, herdeira do mesmo tipo de atitude j� antiga nos nossos meios liter�rios. O problema � sempre o mesmo, e j� � o mesmo h� muito tempo: os bens s�o escassos e n�o chegam para todos. E h� hoje no mundo literato v�rios sistemas e subsistemas grupais competindo pelos mesmos "bens", influ�ncia, artigos, colunas, programas de televis�o, entrevistas, promo��es, editoras, col�quios. � f�cil criticar o(e merece-o bem) e a sua, mas j� � escass�ssima a aten��o cr�tica a outros grupos como o que ia do defunto, para o grupo do "� Cultura, Est�pido", ou as Produ��es Fict�cias, no mercado dos "produtos culturais" e do entretenimento. H� uma mudan�a geracional inevit�vel, mas os v�cios mant�m-se. Os bens tamb�m continuam a ser escassos.Uma variante do Presidente vendido como um sabonete, num artigo de Lu�s Paix�o Martins, "O desgaste das marcas partid�rias" , hoje no. Artigo que deve ser lido com muita aten��o porque � t�pico dos tempos. Nele se diz, entre outras coisas:Boa publicidade para a LPM (refor�ada pelas campanhas S�crates e Cavaco), com algumas verdades pelo caminho. O recado � simples: deixem de fazer pol�tica, de fazer esses pat�ticos esfor�os para �sair bem� na comunica��o social, fa�am s� rela��es p�blicas e publicidade, as novas "". Se querem a mensagem limpa, vendam-na com uma marca nova, ou como se fosse uma marca nova.� um caminho e h� muita gente disposta a trilh�-lo. Em �ltima inst�ncia, s� depende do dinheiro que se est� disposto a gastar, e da qualidade (baixa) pol�tica que se est� disposto a fazer. S� que h� outro caminho: fa�am outra pol�tica, com outros instrumentos, a partir de outros pressupostos, com outro tipo de pessoas, com outro tipo de discurso. � poss�vel, h� ind�cios um pouco por todo o lado de que � poss�vel, sinais de outros modos de fazer, � s� ter a coragem para romper, ou ent�o fazer ao lado, noutros s�tios.Excelente, excelente este Mar Salgado que cheira a maresia como deve ser.Pelo Ponto Media cheguei aos blogues de fotojornalistas do, mais uma das raz�es para ficar cada vez mais preso � Rede, e verificar como a facilidade dos blogues (e a sua temporalidade) est�o a mudar os media.Veja-se este exemplo de Adriano Miranda que retrata todo um Portugal, solit�rio, antigo, que j� n�o se reconhece nos "dias de hoje", e que se perde mostrando-se assim rectil�neo, homem e bandeira num s� corpo, aconchegando-se, uma certa ideia que j� verdadeiramente n�o compreendemos, rom�ntica e ideal de Portugal. Mas ela est� l�, com for�a suficiente para este homem a exprimir num acto, provavelmente contra todos, � frente de uma parede sint�tica e recente. S� a fotografia nos podia mostrar isto, nunca a televis�o.

RETRATOS DO TRABALHO NO ALENTEJO, PORTUGAL

Lavrando o campo, Serpa, Alentejo, Nov. 2005

Empregadas de balc�o, Beja, Alentejo, Nov. 2005

(Ant�nio Ferreira de Sousa) Lavrando o campo, Serpa, Alentejo, Nov. 2005Empregadas de balc�o, Beja, Alentejo, Nov. 2005(Ant�nio Ferreira de Sousa)

RETRATOS DO TRABALHO 9

Paul S�rusier, O estudo da Gram�tica Paul S�rusier,

EARLY MORNING BLOGS 709

Cependant que la Cour mes ouvrages lisait

Cependant que la Cour mes ouvrages lisait,

Et que la soeur du roi, l'unique Marguerite,

Me faisant plus d'honneur que n'�tait mon m�rite,

De son bel oeil divin mes vers favorisait,

Une fureur d'esprit au ciel me conduisait

D'une aile qui la mort et les si�cles �vite,

Et le docte troupeau qui sur Parnasse habite,

De son feu plus divin mon ardeur attisait.

Ores je suis muet, comme on voit la Proph�te,

Ne sentant plus le dieu qui la tenait sujette,

Perdre soudainement la fureur et la voix.

Et qui ne prend plaisir qu'un prince lui commande ?

L'honneur nourrit les arts, et la Muse demande

Le th��tre du peuple et la faveur des rois.

(Joachim du Bellay)

*

Bom dia! (Joachim du Bellay)Bom dia!

A LENTA DISSOLU��O DOS PARTIDOS

Pouco a pouco, os partidos pol�ticos democr�ticos (PS, PSD, CDS) conhecem uma lenta, mas segura, dissolu��o. Se se quiser, assiste-se uma mudan�a para outra coisa, menos poderosa, mais vulner�vel do que a anterior, mais fr�gil. Esta � uma afirma��o que se tem que escrever e ler com muita prud�ncia, uma afirma��o que deve ser lida com um gr�o de sal, e acima de tudo n�o deve ser tida como uma constata��o de um facto, mas de uma tend�ncia. Todavia, como tend�ncia parece-me ter fundamento, � luz de mais uma s�rie de acontecimentos recentes ocorridos � volta das elei��es presidenciais. N�o � um ju�zo de valor, � uma constata��o de facto.

� verdade que os partidos ainda det�m um grande poder em Portugal, mas grande parte desse poder vem do monop�lio que t�m sobre a representa��o pol�tica, e, em todos os locais do sistema onde n�o o det�m, h� uma crise de controlo. J� de h� muito que os partidos perderam as suas caracter�sticas de agremia��o c�vica, sendo mesmo o seu papel como m�quinas eleitorais contest�vel. N�o me custa aceitar que toda a parte de "rua" desta campanha presidencial podia desaparecer sem alterar muito significativamente os resultados eleitorais. Televis�o, outros media, marketing e publicidade fazem o grosso do trabalho, e ele � feito por jornalistas, especialistas de imagem, publicit�rios e n�o pelos militantes partid�rios.

Os partidos, hoje, s�o "pest�feros" e reduzir o fen�meno apenas ao antipartidismo e antiparlamentarismo vindo do passado da ditadura, ou gerado dentro da democracia por ideologias e correntes pol�ticas como o populismo, o comunismo e o radicalismo parece-me pouco. Os partidos conhecem um desgaste que tem causas novas nas democracias, mais universais do que as circunst�ncias portuguesas, que tamb�m ajudam. Como resultado, est�o demasiado expostos nas suas fraquezas, cada vez melhor se conhecem os seus mecanismos perversos, cada vez aparecem como mim�ticos uns dos outros. Mesmo na vers�o cl�ssica de oligarquias organizadas est�o sujeitos a uma usura que tem precedentes, mas revela novidades, semelhantes ao mesmo tipo de usura que t�m os parlamentos e come�am a ter os tribunais. Uma parte significativa dessa usura tem que ver com a forte press�o para a democracia directa que os media modernos instituem, gerando sociedades cujo tempo e espa�o simb�licos tiram oxig�nio � democracia representativa. Por outro lado, a perda de autonomia dos partidos face aos interesses, aos grupos de press�o e aos lobbies muda-lhes as caracter�sticas originais e coloca-os, numa sociedade em transi��o como a portuguesa, numa encruzilhada.

Voltemos �s presidenciais. Sejam quais forem as reservas que se tenham sobre a efectiva independ�ncia de Alegre do PS, e ao facto de o tom de a sua campanha ter sido antiaparelh�stico mais por necessidade do que por vontade, o que � incontorn�vel � que um candidato presidencial pode escapar ao controlo partid�rio, concorrer contra ele e obter bons resultados. � poss�vel em elei��es presidenciais e � poss�vel em elei��es aut�rquicas, como os casos de Oeiras e Gondomar revelaram. S� n�o � poss�vel em legislativas, porque os partidos t�m o monop�lio da participa��o pol�tica nessas elei��es, sen�o tamb�m se verificaria.

Embora o caso de Cavaco fosse diferente, e a sua distancia��o dos partidos PSD e CDS tivesse na origem a sua autoridade pol�tica sobre eles, o que � certo � que a sua campanha os tratava como indesej�veis enquanto tal, embora recorresse aos seus servi�os para montar uma infra-estrutura nacional. Mas, de novo, aqui repito o que disse antes: se Cavaco n�o tivesse os partidos para lhe assegurar a "volta" pelo pa�s, seriam os resultados assim t�o diferentes?

O que s�o hoje os partidos em Portugal? Estruturas particularmente desertificadas, pouco ou nada cred�veis, com problemas na cabe�a, no tronco e nos membros. Na cabe�a, onde habitualmente se fazia o recrutamento mais qualificado, cada vez � mais dif�cil encontrar pessoas capazes. Existe uma enorme distancia��o entre a disponibilidade para "dar o nome" em iniciativas simb�licas de car�cter partid�rio - comiss�es de honra, confer�ncias ou conven��es pr�-eleitorais, grupos de estudo - e a disponibilidade para exercer fun��es partid�rias enquanto tais. Uma coisa � participar em col�quios e confer�ncias, muitas vezes uma antec�mara para fun��es governativas, outra aceitar ser o porta-voz partid�rio para a justi�a, ou a economia, ao mesmo tempo que se mant�m a actividade profissional normal.

O resultado � uma degrada��o da imagem partid�ria, que encontra apenas personalidades desconhecidas ou sem credibilidade para exercerem essas fun��es, o que � particularmente negativo nos partidos quando est�o na oposi��o. A degrada��o acentuada dos grupos parlamentares (quantas vozes cred�veis nos grupos parlamentares do PSD e do PS para falar de economia, ou de cultura, ou de educa��o?) � um retrato da id�ntica degrada��o dos aparelhos partid�rios locais e da desertifica��o dos centrais.

A maioria das estruturas locais dos partidos � hoje constitu�da por pequenos grupos fechados, com pouca renova��o (quase s� feita pelo turnover geracional com as "juventudes" partid�rias), estreitamente associados ao poder aut�rquico, quer estejam no governo, quer estejam na oposi��o. A liga��o ao poder aut�rquico � correlativa da liga��o com outro v�rtice do tri�ngulo, os interesses da constru��o civil e da urbaniza��o, que dissolvem a especificidade partid�ria.

Todo um conjunto de outros subsistemas est� ligado a este cluster , incluindo associa��es locais, bombeiros, clubes de futebol, jornais e r�dios locais, associa��es "culturais". A autonomia respectiva de cada um deste tipo de subsistemas ante o sistema autarquias-partidos pol�ticos-interesses econ�micos � muito escassa. A altern�ncia entre oposi��o e situa��o faz-se dentro de uma plataforma de interesses instalados r�gida, muitas vezes favorecida pela participa��o da oposi��o local no governo da autarquia por via da concess�o de pelouros ou de lugares nas empresas municipais. Tamb�m o corpo e os membros dos partidos est�o doentes, para n�o dizer que j� mutaram para outra esp�cie de animal que n�o o homo sapiens .

Funcionou a campanha de M�rio Soares a contrario destas tend�ncias? Sim e n�o. Sim por necessidade, porque Soares precisava como p�o para a boca de tudo o que podia ter, e � verdade que a sua forma��o pol�tica o torna um defensor do sistema de partidos que ele tanto contribuiu para criar. Mas h� um "n�o": quando lhe convinha, por exemplo na elei��o presidencial de 1985-6, tentou manter os dirigentes do PS � dist�ncia, por raz�es n�o muito distintas das de Cavaco. N�o os queria ao seu lado, n�o os queria nas fotografias, n�o os queria muito perto nos com�cios.

Por tudo isto, contrariamente ao que se anda a� a dizer, a afirma��o do primado dos partidos n�o chega para combater a sua crise, pode inclusive ser factor da sua acelera��o, porque parece, e �, uma defesa das coisas como est�o. Por isso, n�o basta acantonarem-se os defensores dos partidos na centralidade destes na vida democr�tica, para resolver a quest�o. O problema � que os partidos j� n�o est�o no centro da vida democr�tica, descentraram-se, perderam esse papel, e uma defesa a outrance do sistema partid�rio versus o populismo n�o chega. H� que pensar os partidos pol�ticos em democracia de forma diferente, exactamente para manter as suas caracter�sticas de democracia representativa, mas isso significa que o velho modelo que combinava a pedagogia c�vica com m�quina eleitoral j� n�o existe, e, mesmo que existisse, j� n�o chegava para lhes restaurar o papel de express�o de "partes" da sociedade, das classes, dos grupos, dos interesses, das representa��es pol�ticas e ideol�gicas.

(Continua)

(No P�blico de hoje.)

RETRATOS DO TRABALHO EM TR�S-OS-MONTES

Estas fotos, fizeram parte de uma exposi��o intitulada "Lugares e Olhares" realizada em 2000 no concelho de Vinhais, promovida por uma pequena Associa��o Cultural local "(enviado por Luis Vale). Trabalhando num tear : ""(enviado por Luis Vale).

RETRATOS DO TRABALHO EM S. TOM�

Alfaiate, S�o Tom�, STP, Out. 2005.

(Ant�nio Ferreira de Sousa)

*

Alfaiate, S�o Tom�, STP, Out. 2005.(Ant�nio Ferreira de Sousa) Desde h� algum tempo que alguns colaboradores do blog tem inclu�do fotografias que retratam cenas quotidianas do trabalho em alguns locais do mundo, nomeadamente India, algumas das ex-col�nias etc, onde se pode constatar a existencia de trabalho infantil mas fundamentalmente trabalho sem queixumes nas condi�oes mais deprimentes e se julgadas pelo prisma ocidental degradantes. N�o vou fazer qualquer considera��o acerca das fotos mas permito-me perguntar se n�o haver� uma estrat�gia maior que a par da diminui��o dos direitos dos trabalhadores em Portugal se venha assim subliminarmente dizer-lhes que ainda est�o cheios de sorte, primeiro por terem trabalho e segundo por as suas condi��es de trabalho serem melhores do que aquelas. Se � apenas coincid�ncia e eu n�o percebi a inten��o pe�o desculpa e vou-me embora.

(Jo�o Santos) *

Podem-se considerar degradantes e deprimentes as condi��es retratadas pelas fotos Cenas do Trabalho que vem publicando no Abrupto, mas a impress�o que me deixaram foi a oposta. A de que o trabalho dignifica. Esta ideia, cada vez mais estranha nas sociedades p�s-industriais, fortemente orientadas pelo principio do prazer como indutor de consumo, torna dificil perceber que o trabalho retratado, orientado pelo principio da necessidade, n�o sendo uma ben��o, muito menos � um estigma.

Podemos ficar deprimidos ao constatarmos que nos nossos dias milh�es de seres humanos trabalham duramente sem serem recompensados condignamente, sem conseguirem sair da mis�ria degradante. Mas recearmos que venham a correr tirar-nos o nosso emprego ou os nossos direitos laborais por causa deles � conden�-los duplamente. � no fundo dizer que, se algu�m tem que ser pobre, ent�o antes eles do que n�s. (...)

(M�rio Almeida) *

Os principais tra�os, porque comuns a quase todos eles, dos retratos do trabalho que t�m vindo a ser publicados � o facto de serem trabalhos �manuais�, de um tempo que n�o � o nosso, apesar de muitas fotografias serem actuais (da compara��o das fotografias actuais com as antigas ressalta que, em lugares diferentes, os tempos s�o diferentes, embora o Tempo seja o mesmo) e tamb�m de uma circunst�ncia provavelmente muito diferente da da maior parte dos leitores do Abrupto. Talvez por isso a sensa��o de estranheza e at� de desconforto que possam provocar. � curioso que os achem degradantes ou deprimentes. A mim parecem-me naturais.

(RM) *

As fotografias que v�m sendo publicadas no Abrupto inserem-se numa tem�tica �popularizada� por Sebasti�o Salgado de mostrar que ainda existem espalhados pelo mundo muitos trabalhos, manuais, artesanais, pesados, sujos, desgastantes fisicamente, perigosos, praticados sem equipamento de protec��o, etc. Este tipo de trabalho h� algum tempo que se encontra desfasado do imagin�rio da maioria da popula��o urbana (classe m�dia para cima) dos pa�ses desenvolvidos. No entanto esses trabalhos existem e por vezes n�o est�o t�o longe de n�s quanto julgamos. Pareceu-me que a sua publica��o apenas tinha por objectivo mostr�-los, avivar mem�rias, fazer-nos pensar sobre eles e n�o ser um �bicho mau� com que se amea�a as crian�as que n�o comem a sopa. A mim pessoalmente fez-me pensar o mesmo que as fotos de Sebasti�o Salgado. Que quem nasceu a ocidente tem a sorte de estar mais afastado desse tipo de trabalho, pois mesmo aqueles que t�m trabalhos com essas caracter�sticas no mundo ocidental t�m mais protec��o do que a que se v� nestas fotos. Por outro lado recordo um artigo recentemente lido na revista da Marinha sobre a actividade de desmantelamento de navios (que h� anos foi objecto da objectiva de Sebasti�o Salgado) que, apesar da crescente procura, se transferiu totalmente para pa�ses pobres (�ndia, Bangladesh, etc.) exactamente para fugir aos custos salariais directos, aos custos de protec��o e seguran�a dos trabalhadores e aos custos de protec��o ambiental. Resultado, enormes navios, portadores de imensos materiais perigosos, s�o encalhados em praias para serem desmantelados literalmente � martelada e por vezes com ma�aricos (�luxo� a que apenas os trabalhadores com maiores �posses� se podem dar) com todos os riscos que isso implica para trabalhadores e com um enorme rasto de polui��o deixado nas praias. Devemos pensar sobre este lado da �globaliza��o� ou se queremos seguir o velho aforismo americano �it�s a dirty job, but some one has to do it�. And no matter how it is done, since we pay less for it and the dirt is far away from our door.

(Miguel Sebasti�o)

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(26 de Janeiro de 2006)

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Hoje, um

*

No Clube dos Jornalistas da 2: discutiram-se as "interrup��es" dando como exemplo as de S�crates sobre Alegre e de Cavaco sobre Jer�nimo, na noite das elei��es. N�o ficou bem clara a natureza completamente distinta dos dois casos: no primeiro, foi discurso sobre discurso, e a op��o editorial seria sempre muito dif�cil de fazer (� leg�timo considerar que sendo o PM a falar devia ser ouvido); a segunda � puramente de responsabilidade do "jornalismo" espectacular. Cavaco a sair de casa n�o � "not�cia" que se deva sobrepor a uma declara��o de um candidato presidencial. No primeiro caso, hesitaria em condenar as televis�es, desde que uma imediata nota fosse feita do que se passou e uma repara��o a Alegre se lhe seguisse, passando o seu discurso, como a SIC fez. No caso da sa�da de Cavaco versus discurso de Jer�nimo, foi mau jornalismo.

*

No Fran�ais comme les autres ? , Les Presses de Sciences Po, 2005. O que h� de interessante nessa s�ntese � o crescente peso da religi�o nas op��es culturais e de vida:

* RELIGION Plus ils s'inscrivent dans la soci�t� fran�aise, moins ils sont musulmans , d'autant que les trois quarts de la seconde g�n�ration sont issus de mariage mixte ; ils sont comme les autres Fran�ais ouverts au mariage mixte mais beaucoup plus hostiles quand il s'agit des filles ... Les Fran�ais musulmans (autour d'y 1,1 million de personnes) n'en entretiennent pas moins une relations plus intense avec leur religion que le reste des Fran�ais. La proportion de musulmans est maximale chez les jeunes et d�cro�t ensuite ; c'est par les 18-24 ans que l'on assiste aujourd'hui � un ph�nom�ne de r�islamisation en France. Rien � voir avec le niveau d'�tudes. Si la religion musulmane est bien l'islam, un tiers ne s'en r�clame pas. Rien n'est plus faux que l'id�e d'un bloc homog�ne de population immigr�e musulmane.

* ESPRIT CITOYEN Ils sont 23% � d�clarer ne pas �tre inscrits sur les listes �lectorales contre 7% chez les autres Fran�ais, mais on peut penser que cela a �volu� depuis la r�cente crise des banlieues et l'id�e d'un vote-sanction contre Sarkozy-le-karcheriseur. A noter que l'affiliation musulmane va de pair avec le taux de non-inscription.

* POLITIQUE Ils sont enracin�s � gauche, comme les Noirs am�ricains le sont le sont avec les d�mocrates. 76% d'entre eux se d�clarent proches d'un parti de gauche. Paradoxe : la gauche �tant peu incarn�e � travers un leader fort qui s'impose, Jacques Chirac jouit d'une sympathie particuli�re parmi eux.

* INTEGRATION On peut parler d'une int�gration r�ussie quand on constate leur l�gitimisme � l'�gard des institutions et du mod�le hexagonal, attitude pro-Etat sup�rieure aux autres Fran�ais qui s'explique autant par la culture de l'assistanat que par une forme de volontarisme � l'�gard du travail. Ils sont plus attach�s � la r�ussite que l'�lectorat de droite. Leur culture de leur r�ussite prime et perdure quelle que soit leur position dans la soci�t�. Ils font la synth�se entre libert� et �galit� contrairement au reste de l'�lectorat fran�ais qui aura tendance � les opposer. Ils se distinguent des autres par leur dynamisme plut�t que par leur attentisme.

* MOEURS Ils sont moins permissifs que les autres Fran�ais dans trois domaines: homosexualit�, s�paration dans les piscines et interdiction des relations sexuelles avant le mariage pour les filles. Ils sont deux fois plus homophobes, conservateurs et intol�rants que les autres Fran�ais, ph�nom�ne li� � la fr�quentation des mosqu�es.

* RACISME Un sur trois de ces nouveaux Fran�ais rejette l'immigration. Ils sont beaucoup plus antis�mites que les autres Fran�ais, notamment les 18-24 ans. Le pr�jug� antis�mite perdure ind�pendemment de l'�ge, des dipl�mes ou de l'univers politique. Le niveau d'antis�mitisme est li� au facteur religieux et � la relation � l'immigration. Ils sont moins antisionistes qu'on ne le croit g�n�ralement. La minorit� intol�rante et ouvertement antis�mite (33% d'entre eux) est musulmane pratiquante.

* DISCRIMINATION POSITIVE Leur position sur la question n'est pas form�e. Ils semblent pr�f�rer ce qui s'�loigne le moins de l'�galitarisme r�publicain, une politique g�n�rale plut�t que des mesures sp�cifiques propres � eux seuls.

* COMMUNAUTARISME La concentration dans l'espace (cit�s, ghettos ...) est l'une des conditions du ph�nom�ne. Les originaires du Maroc ou d'Afrique noire se sentent plus proches que les autres de leur pays d'origine. Dans leur majorit�, ils ne sont pas dans une logique communautaire."

(sublinhados meus)

Hoje, um Rocketboom divertido. Vejam a parte sui�a no fim...No Clube dos Jornalistas da 2: discutiram-se as "interrup��es" dando como exemplo as de S�crates sobre Alegre e de Cavaco sobre Jer�nimo, na noite das elei��es. N�o ficou bem clara a natureza completamente distinta dos dois casos: no primeiro, foi discurso sobre discurso, e a op��o editorial seria sempre muito dif�cil de fazer (� leg�timo considerar que sendo o PM a falar devia ser ouvido); a segunda � puramente de responsabilidade do "jornalismo" espectacular. Cavaco a sair de casa n�o � "not�cia" que se deva sobrepor a uma declara��o de um candidato presidencial. No primeiro caso, hesitaria em condenar as televis�es, desde que uma imediata nota fosse feita do que se passou e uma repara��o a Alegre se lhe seguisse, passando o seu discurso, como a SIC fez. No caso da sa�da de Cavaco versus discurso de Jer�nimo, foi mau jornalismo.No blogue de Assouline faz-se uma s�ntese de uma publica��o acad�mica sobre os "novos franceses", o livro de Sylvain Brouard e Vincent Tiberj,, Les Presses de Sciences Po, 2005. O que h� de interessante nessa s�ntese � o crescente peso da religi�o nas op��es culturais e de vida:

EARLY MORNING BLOGS 708

A UN POETA MENOR DE LA ANTOLOG�A

�D�nde est� la memoria de los d�as

que fueron tuyos en la tierra, y tejieron

dicha y dolor y fueron para ti el universo?

El r�o numerable de los a�os

los ha perdido; eres una palabra en un �ndice.

Dieron a otros gloria interminable los dioses,

inscripciones y exergos y monumentos y puntuales historiadores;

de ti s�lo sabemos, oscuro amigo,

que o�ste al ruise�or, una tarde.

Entre los asfodelos de la sombra, tu vana sombra

pensar� que los dioses han sido avaros.

Pero los d�as son una red de triviales miserias,

�y habr� suerte mejor que ser la ceniza,

de que est� hecho el olvido?

Sobre otros arrojaron los dioses

la inexorable luz de la gloria, que mira las entra�as y enumera las grietas,

de la gloria, que acaba por ajar la rosa que venera;

contigo fueron m�s piadosos, hermano.

En el �xtasis de un atardecer que no ser� una noche,

oyes la voz del ruise�or de Te�crito.

(Jorge Luis Borges)

*

Bom dia! (Jorge Luis Borges)Bom dia!

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(25 de Janeiro de 2006)

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Desleixos, inadmiss�veis desleixos.

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Um muito interessante e "s�rio" Boston Globe ) e videos da televis�o e dos ouvintes, um blogue local em cada terra, etc., etc. Nenhuma experi�ncia de vanguarda, nenhuma tecnologia de ponta, numa emissora local, apenas o uso integrado do que j� existe ao servi�o dos "consumidores". Nada que n�o se pudesse fazer c�, em pequeno, em bem feito, sem ilus�es de grandeza, mas s�lido. Desleixos, inadmiss�veis desleixos.Painel de azulejos localizado junto do viaduto da Av. Estados Unidos da Am�rica que ladeia o Parque da Bela Vista, da autoria de Rolando S� Nogueira. (Lembran�a de becos & companhia amnesia . ) Ser� que vai ser preciso colocar a imagem todos os dias at� que algu�m v� l� algu�m compor o que se est� a estragar?Um muito interessante e "s�rio" Rocketboom mostrando como se d� a renova��o dos media, a partir de uma entrevista feita na New England Cable News Station , combinando jornalismo cl�ssico, "citizen journalism", um s�tio na rede com not�cias de um jornal () e videos da televis�o e dos ouvintes, um blogue local em cada terra, etc., etc. Nenhuma experi�ncia de vanguarda, nenhuma tecnologia de ponta, numa emissora local, apenas o uso integrado do que j� existe ao servi�o dos "consumidores". Nada que n�o se pudesse fazer c�, em pequeno, em bem feito, sem ilus�es de grandeza, mas s�lido.

RETRATOS DO TRABALHO EM S. TOM�

Pesca de cerco, Sto Amaro, STP, Out. 2005

(Ant�nio Ferreira de Sousa) Pesca de cerco, Sto Amaro, STP, Out. 2005(Ant�nio Ferreira de Sousa)

EARLY MORNING BLOGS 707

esta��o

Esperar ou vir esperar querer ou vir querer-te

vou perdendo a no��o desta subtileza.

Aqui chegado at� eu venho ver se me apare�o

e o fato com que virei preocupa-me, pois chove miudinho

Muita vez vim esperar-te e n�o houve chegada

De outras, esperei-me eu e n�o apareci

embora bem procurado entre os mais que passavam.

Se algum de n�s vier hoje � j� bastante

como comboio e como subtileza

Que d� o nome e espere. Talvez apare�a

(M�rio Cesariny)

*

Bom dia! (M�rio Cesariny)Bom dia!

RETRATOS DO TRABALHO EM TIMOR-LESTE E EM S. TOM�

Dili, Timor-Leste. Tecedeira numa f�brica de Tais ( pano de fabrico artesanal ) em Dili. Habitualmente, os trabalhos s�o feitos por encomenda, conforme a c�r, desenho e tamanho pretendido. Existem em todo o pa�s, exibindo caracter�sticas diferentes, de regi�o para regi�o.

(Teresa Calado)

(Ant�nio Ferreira de Sousa) (Teresa Calado)Peixeira na lota, S�o Tom�, STP, Out. 2005(Ant�nio Ferreira de Sousa)

EARLY MORNING BLOGS 706

Colagem

com versos de Desnos, Maiakovski e Rilke

Palavras,

sereis apenas mitos

semelhantes ao mirto

dos mortos?

Sim,

conhe�o

a for�a

das palavras,

menos que nada,

menos que p�talas pisadas

num sal�o de baile,

e no entanto

se eu chamasse

quem dentre os homens me ouviria

sem palavras?

(Carlos de Oliveira)

*

Bom dia! com versos de Desnos, Maiakovski e Rilke(Carlos de Oliveira)Bom dia!

NOVOS TEMPOS: UM LIVRO EM TEMPO REAL

sair� esta semana. sair� esta semana.

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(23 de Janeiro de 2006)

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Louren�o Medeiros o facto de n�o se utilizar no dia-a-dia as tecnologias de informa��o � muito mais grave do que parece ", com o exemplo das disquetes do caso Casa Pia e das m�os por que passaram. Louren�o Medeiros explica muito bem por que raz�o "", com o exemplo das disquetes do caso Casa Pia e das m�os por que passaram.

RETRATOS DO TRABALHO EM S. TOM�

A caldeira do secador de cacau, Ro�a Milagrosa, STP, Out. 2005

Alfaiataria Jord�o, S�o Tom�, STP, Out. 2005.

(Ant�nio Ferreira de Sousa) A caldeira do secador de cacau, Ro�a Milagrosa, STP, Out. 2005Alfaiataria Jord�o, S�o Tom�, STP, Out. 2005.(Ant�nio Ferreira de Sousa)

OBSERVA��ES PRESIDENCIAIS AVULSAS 4

Ele h� mau ganhar, mas duvido que se encontrem muitos exemplos significativos de mau ganhar at� agora. Mas mau perder abunda por todo o lado, sendo at� um dos tra�os distintivos destas elei��es presidenciais. A hist�ria da "vit�ria tangencial" � um exemplo. Cavaco ganhou � primeira volta por uma maioria absoluta face a cinco candidatos que fizeram campanha contra ele, e � dist�ncia de 30% do segundo classificado, ganhou em todos os distritos do pa�s com excep��o de Beja, e ganhou "� tangente"?

*

E depois h� frases inqualific�veis como as ditas por Vital Moreira no

"O problema com Cavaco Silva n�o � s� ele ser o primeiro presidente oriundo da direita pol�tica, nem o inigma sobre a sua pr�tica presidencial. � ele suceder a quem sucede: 10 anos de um presidente maior do que o Pa�s (M�rio Soares); 10 anos de um dos presidentes mais cultos e "aristocratas"(no verdadeiro sentido da no��o) que j� tivemos (Jorge Sampaio). Ter agora um presidente que n�o ultrapassa os limites de uma cultura economista e tecnocr�tica � uma enorme sensa��o de despromo��o.. ." (sublinhado meu)

*

Para uma antologia do mau perder:

"Pedro Santana Lopes, ex-l�der do PSD, afirmou hoje que Cavaco Silva s� ganhou as elei��es presidenciais � primeira volta devido � aus�ncia de um outro candidato � direita. "Se houvesse outro candidato � direita, haveria uma segunda volta", referiu Santana Lopes em declara��es � SIC-Not�cias." (Portugal Di�rio)

Como � evidente, "s�" haver um candidato "� direita", nada tem a ver com o m�rito de Cavaco Silva, mas deve ter sido benemer�ncia dos putativos candidatos.

*

No

Actualiza��o : a ordem das not�cias foi mudada durante o dia, depois desta nota divulgada, e passou Cavaco a primeiro.

*

A interrup��o do discurso de Alegre por S�crates gerou, na pequena multid�o que estava dentro da SIC, imediatas e sonoras manifesta��es de protesto, que ultrapassaram partidos e amizades pol�ticas. Eu protestei alto e bom som na minha mesa, Helena Roseta na dela e, atr�s de mim, no grupo a que a SIC chamou da "sociedade civil" ouviam-se tamb�m protestos. Os jornalistas que conduziam a emiss�o ficaram tamb�m perplexos e incomodados pela evidente e grosseira manobra de oculta��o de Alegre, mas n�o era f�cil n�o dar a prioridade ao discurso de S�crates,no tempo real em que estas emiss�es se fazem. S�crates � o Primeiro-Ministro e um dos respons�veis pelo desastre do PS e for�ou ser ouvido. Justi�a seja feita neste caso � SIC que se apercebeu de imediato que tinha que encontrar uma forma de reparar Alegre, que denunciou de imediato a malfeitoria e anunciou a repeti��o da declara��o de Alegre. N�o sei o que fizeram as outras televis�es, mas tenho curiosidade em saber.

*

Mal anunciei que iria fazer o Abrupto directo da mesa da SIC e apelava � contribui��o dos leitores, um "amador" qualquer enviou para o meu endere�o de e-mail, uma s�rie de ficheiros gigantescos para o bloquear, pelo que algum correio deve ter sido perdido.

Segundo o

*

Provavelmente n�o se apercebeu (j� que estava em directo na SIC) mas na TVI, M. Sousa Tavares e outros, alegaram que, tendo Cavaco Silva sido eleito presidente com o menor percentual e n�mero de votos da hist�ria, o seu espa�o de interven��o estava reduzido. Ora, sem sequer insistir no ponto �bvio de a vit�ria se ter verificado � primeira volta - o que s� por si a torna necessariamente mais forte do que qualquer outra que se tenha registado � segunda -, conv�m tamb�m lembrar que Cavaco teve mais votos do que S�crates nas �ltimas legislativas (2,8 milh�es vs 2,6 milh�es). Os n�meros falam por si...

Francisco Barbosa

*

E ao menos sabe comer � mesa?

� imposs�vel ler hoje o livro �Ang�stia para o jantar�, de Lu�s de Sttau Monteiro, sem recordar as in�meras observa��es de M�rio Soares em desprimor de Cavaco Silva - de tal forma elas parecem inspiradas neste romance em que um outro Ant�nio � humilhado da mesma forma torpe.Quando, nos anos 60, o li pela primeira vez, a personagem que faz o papel de snob-de-servi�o provocou-me uma n�usea que agora (no decorrer de uma segunda leitura) ressuscitou - e em duplicado, v� l� perceber-se porqu�!

C. Medina Ribeiro

*

Quando Cavaco Silva saiu de casa, ouviram-se duas perguntas colocadas por um jornalista: �O que lhe vai pela cabe�a?� e �O que foi que lhe disse o dr. Soares?� Cavaco Silva respondeu � segunda; obviamente, a resposta consistiu em dizer que n�o revelaria tal informa��o. A minha pergunta �: o que vai pela cabe�a do jornalista ao perguntar o que foi que disse M�rio Soares? Por acaso pensou que Cavaco Silva lho diria?

(Jos� Carlos Santos)

*

Tanta "conversa" (em 96, 97?) por causa do voto dos emigrantes para a Presid�ncia da Rep�blica para, afinal, a taxa de absten��o dos portugueses residentes no estrangeiro ultrapassar os 90%!

(M.F.�hman, Su�cia)

*

Embora seja prematuro estar a estabelecer cen�rios a elei��o de Cavaco representa, de facto, uma rotura no que tem sido a centralidade pol�tica em Portugal.

O discurso oficial do PS e do PCP no passado, quando socialistas foram eleitos presidentes, foi o de logo � partida lhes atribuir um estatuto de independ�ncia, isen��o e idoneidade que esquecia as suas origens pol�ticas e lhes atribu�a uma superioridade moral, de rigor e de dimens�o �tica.

Ser� curioso ver como ir�o reagir se Cavaco for presidente. O que, naturalmente, espero venha a acontecer.

(Ant�nio Taveira)

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Uma ila��o interessante destas elei��es presidenciais � o facto dos dois candidatos mais votados serem aqueles que mais fraca performance televisiva t�m. Claro que performance televisiva � entendida, neste contexto, como a capacidade de gerar o sound-byte, de ter a pequena frase assassina ou em sentido mais lato de �ter conversa�.

Cada vez mais os portugueses avaliam, sobretudo, curr�culos e valores que atribuem a cada candidato ou partido e esses encontram-se, de um modo geral, bastante sedimentados na avalia��o do eleitorado. Neste sentido a campanha tradicional perdeu muita import�ncia.

(Miguel Al�ada Baptista)

*

1) O vencedor ganhou e � acusado de ter preparado rigorosa e profissionalmente a candidatura. Queremos desenvolver o pa�s, profissionalizar as actividades, acabar com o nacional-desenrascan�o. Depois acusamos quem pratica esse profissionalismo de ter �ganho porque preparou tudo com anteced�ncia e rigorosamente�. Em que ficamos? Relembremos que Cavaco ganhou as 3 legislativas em que esteve � frente do PSD, 2 delas com maioria. Perdeu umas presid�nciais � 1� volta e ganhou outras � 1� volta sem ter que dar sais de fruto a ningu�m.

2) Manuel Alegre valeu a pena. Teve valor acrescentado. Mostrou que o nacional- desenrascan�o ainda vai funcionando, que ainda somos um pa�s de poetas e que as pessoas gostam das �vitimas�. E mostrou tamb�m que � poss�vel vencer os aparelhos partid�rios (de onde Alegre saiu) apesar das muitas fidelidades caninas �s prebendas que os partidos no poder distribuem.

3) O grande derrotado, sem honra nem gl�ria. Fez uma campanha ressabiado com Anibal e Alegre, mal educada, contradit�ria, sem fair-play, mostrou apenas um sentido de posse pelo Pal�cio Cor-de-Rosa, tipo a crian�a e o seu brinquedo preferido. E mais, mostrou que o animal pol�tico j� n�o � o que era, qual Am�lia nos seus �ltimos anos. Desses tempos sem gl�ria da fadista apenas ficou para a hist�ria o �obrigado, obrigado�. E os eleitores mostraram saber distinguir entre gratid�o e capacidade para a fun��o em causa no actual momento do pa�s. Se a interrup��o de Socrates a Alegre foi propositada, mostra arrogancia e mau perder, se foi um erro mostra falta de profissionalismo de quem quer modernizar o pa�s. De facto o rigor e profissionalismo de Cavaco v�o ser um valor acrescentado para o pa�s. Relembremos que em 4 legislativas e 1 constituinte M�rio Soares s� conseguiu 3 vit�rias e todas sem maioria absoluta. E nas presid�nciais precisou de dar muitos sais de fruto aos comunistas para bater Freitas na 2� volta.

4) O resto foram os figurantes do costume entre a esquerda Caviar-Champagne e a esquerda de rosto popular. A leste nada de novo.

(Miguel Sebasti�o) Ele h� mau ganhar, mas duvido que se encontrem muitos exemplos significativos de mau ganhar at� agora. Mas mau perder abunda por todo o lado, sendo at� um dos tra�os distintivos destas elei��es presidenciais. A hist�ria da "vit�ria tangencial" � um exemplo. Cavaco ganhou � primeira volta por uma maioria absoluta face a cinco candidatos que fizeram campanha contra ele, e � dist�ncia de 30% do segundo classificado, ganhou em todos os distritos do pa�s com excep��o de Beja, e ganhou "� tangente"?E depois h� frases inqualific�veis como as ditas por Vital Moreira no Causa Nossa (sublinhado meu)Para uma antologia do mau perder:Como � evidente, "s�" haver um candidato "� direita", nada tem a ver com o m�rito de Cavaco Silva, mas deve ter sido benemer�ncia dos putativos candidatos.No s�tio do Di�rio de Not�cias (diferente no seu arranjo gr�fico do jornal em papel), a vit�ria de Cavaco Silva � um acontecimento menor ( o terceiro sem relevo, depois de uma hist�ria de penhoras e bancos e de outra sobre carros chineses), de tal maneira que pensei que o jornal l� colocado era o de ontem. � um absurdo comunicacional, j� para n�o dizer outra coisa.: a ordem das not�cias foi mudada durante o dia, depois desta nota divulgada, e passou Cavaco a primeiro.A interrup��o do discurso de Alegre por S�crates gerou, na pequena multid�o que estava dentro da SIC, imediatas e sonoras manifesta��es de protesto, que ultrapassaram partidos e amizades pol�ticas. Eu protestei alto e bom som na minha mesa, Helena Roseta na dela e, atr�s de mim, no grupo a que a SIC chamou da "sociedade civil" ouviam-se tamb�m protestos. Os jornalistas que conduziam a emiss�o ficaram tamb�m perplexos e incomodados pela evidente e grosseira manobra de oculta��o de Alegre, mas n�o era f�cil n�o dar a prioridade ao discurso de S�crates,no tempo real em que estas emiss�es se fazem. S�crates � o Primeiro-Ministro e um dos respons�veis pelo desastre do PS e for�ou ser ouvido. Justi�a seja feita neste caso � SIC que se apercebeu de imediato que tinha que encontrar uma forma de reparar Alegre, que denunciou de imediato a malfeitoria e anunciou a repeti��o da declara��o de Alegre. N�o sei o que fizeram as outras televis�es, mas tenho curiosidade em saber.Mal anunciei que iria fazer o Abrupto directo da mesa da SIC e apelava � contribui��o dos leitores, um "amador" qualquer enviou para o meu endere�o de e-mail, uma s�rie de ficheiros gigantescos para o bloquear, pelo que algum correio deve ter sido perdido.Segundo o Google Analytics o Abrupto teve mais de 16000 "pageviews" ontem.

VOU PARA OUTRO LADO

j� chega.

Quod erat demonstrandum. N�o foi surpresa. j� chega.Quod erat demonstrandum. N�o foi surpresa.

"COM TODA A CLAREZA"

diz Cavaco, da decis�o do "povo portugu�s". �. ter metade dos votos mais um na primeira volta, � mesmo "com toda a clareza". N�o � "� tangente", � "� tangente na primeira volta", um resultado bem dif�cil de obter. Ou n�o tinha como advers�rio M�rio Soares que tinha gerado o "maior nervoso" aos apoiantes de Cavaco (comno se dizia em tempos n�o muito remotos), ou que Monjardino dizia, numa entrevista ao Independente, que n�o precisava de fazer campanha para vencer. diz Cavaco, da decis�o do "povo portugu�s". �. ter metade dos votos mais um na primeira volta, � mesmo "com toda a clareza". N�o � "� tangente", � "� tangente na primeira volta", um resultado bem dif�cil de obter. Ou n�o tinha como advers�rio M�rio Soares que tinha gerado o "maior nervoso" aos apoiantes de Cavaco (comno se dizia em tempos n�o muito remotos), ou que Monjardino dizia, numa entrevista ao, que n�o precisava de fazer campanha para vencer.

S�CRATES QUER-NOS CONVENCER

que ningu�m na campanha de M�rio Soares estava a ver a televis�o e n�o se apercebeu que Alegre, o arqui-advers�rio, come�ava a falar...

A quest�o � outra. � que lhe correu mal a cena. que ningu�m na campanha de M�rio Soares estava a ver a televis�o e n�o se apercebeu que Alegre, o arqui-advers�rio, come�ava a falar...A quest�o � outra. � que lhe correu mal a cena.

A M�QUINA

para explicar que nada mudou (vinda dos que diziam que tudo ia mudar por causa do "golpe constitucional") vai come�ar amanh�. para explicar que nada mudou (vinda dos que diziam que tudo ia mudar por causa do "golpe constitucional") vai come�ar amanh�.

S�CRATES

pensa que pode fazer tudo. E fez uma asneira revelando um dos seus aspectos mais negativos, prepot�ncia e arrog�ncia. Ao interromper Alegre, foi o que pior se portou nesta noite. pensa que pode fazer tudo. E fez uma asneira revelando um dos seus aspectos mais negativos, prepot�ncia e arrog�ncia. Ao interromper Alegre, foi o que pior se portou nesta noite.

ISTO EST� BONITO!

S�crates a interromper Manuel Alegre que vergonha!

Se fosse Alegre repetia a declara��o.

Se fosse a televis�o dava o PM em diferido, porque S�crates n�o � candidato.

(Ant�nio Lobo Xavier assina por baixo).

H� alguma revolta aqui na SIC vinda de v�rios lados. S�crates a interromper Manuel Alegre que vergonha!Se fosse Alegre repetia a declara��o.Se fosse a televis�o dava o PM em diferido, porque S�crates n�o � candidato.(Ant�nio Lobo Xavier assina por baixo).H� alguma revolta aqui na SIC vinda de v�rios lados.

"APODERAR-SE?"

Com que ent�o a "direita" "apoderou-se" (diz Jer�nimo) da Presid�ncia? Com que ent�o a "direita" "apoderou-se" (diz Jer�nimo) da Presid�ncia?

DUAS QUEST�ES

Sou da opini�o de que n�o deveriam passar na televis�o imagens do interior da casa de Cavaco Silva (ou de qualquer outra pessoa) gravadas � revelia deste.

Acabei de ouvir o discurso de Francisco Lou��. J� lhe contaram que ficou em quinto lugar?

Jos� Carlos Santos Jos� Carlos Santos

O NOVO "CAVAQUIST�O"

Dia hist�rico para o distrito de Bragan�a, pois transformou-se no novo "cavaquist�o".

Os resultados de Cavaco Silva no distrito s�o os maiores a n�vel nacional.

Bragan�a 67,30%

Viseu 65,68%

Jos� Alegre Mesquita Jos� Alegre Mesquita

A PARTIR DE AGORA

o jogo da democracia centra-se na oposi��o. � Marques Mendes e Ribeiro e Castro que est�o na primeira linha. o jogo da democracia centra-se na oposi��o. � Marques Mendes e Ribeiro e Castro que est�o na primeira linha.

NO COM�CIO

que foi a declara��o de Lou��, a palavra "grande" foi a mais repetida. que foi a declara��o de Lou��, a palavra "grande" foi a mais repetida.

EM PLENO COM�CIO

Lou��. Lou��.

OS RESULTADOS

j� n�o permitem incertezas. Cavaco Silva � Presidente. Manuel Alegre fica em segundo, Soares num escasso terceiro. Jer�nimo e Lou�� onde se previa e na ordem que se previa. j� n�o permitem incertezas. Cavaco Silva � Presidente. Manuel Alegre fica em segundo, Soares num escasso terceiro. Jer�nimo e Lou�� onde se previa e na ordem que se previa.

QUE FAR� ALEGRE COM OS VOTOS?

Apesar de todo o m�rito da sua decis�o de se candidatar, toda a campanha de Manuel Alegre foi baseada num simp�tico sofisma.

O que Alegre dir�, mais logo, no discurso de encerramento, quer haja segunda volta quer n�o, � que a sua candidatura � um impar�vel movimento de cidad�os e para os cidad�os, e carregado de cidad�os, e com trabalho de cidad�os, protagonizado por um cidad�o. Resumindo, Alegre far�, como fez desde que se tornou num rebelde socialista, a apologia da cidadania.

No entanto, a verdade � que Alegre � um cidad�o-novo: tornou-se, abruptamente, num cidad�o, desligado de partidos. O que falta dizer, e isto raramente se diz, � que a candidatura de Alegre s� � de cidad�os para cidad�os porque o PS n�o o escolheu. Doutra forma, os cidad�os poderiam ficar confortavelmente � porta do Altis, que a candidatura seria de um partido, e Alegre diria que assim � que dever� ser em democracia.

(Artur Vieira) (Artur Vieira)

O QUE BASTA

50,001% ser� tb a vota��o necess�ria e suficiente para a esquerda!

CMO CMO

OS 50,1% SER�O MAIS DUROS

de obter do que parecia nas sondagens. Mas s�o os necess�rios. de obter do que parecia nas sondagens. Mas s�o os necess�rios.

OS VOTOS DE ALEGRE

Que vai fazer Manuel Alegre com os seus votos?

Talvez o mesmo que Bas�lio Horta fez aos seus 14% obtidos em 1991 contra M�rio Soares no CDS � nada!

Trata-se de um epifen�meno, circunstancial, que tem toda a probabilidade de se esgotar a partir de amanh�.

Se n�o h� maiorias presidenciais, por maioria de raz�o n�o existem minorias presidenciais.

O fen�meno chamado poder tem uma consider�vel for�a agregadora que se encarregar� de dissipar veleidades fragmentadoras.

Jo�o Pedro Dias Jo�o Pedro Dias

QUEST�O DA NOITE

E se de repente a quest�o da noite n�o for quem ganha, nem quem fica em

segundo lugar, mas o terceiro?

Pobre M�rio Soares....

Jo�o Carvalho Fernandes Jo�o Carvalho Fernandes

MUITO POUCA POL�TICA

se discute esta noite. se discute esta noite.

O MILAGRE DAS ROSAS

duas vezes, Ana Gomes. duas vezes, Ana Gomes.

TRUMAN SHOW � PORTUGUESA

O que se joga na noite de hoje est�, h� muito, preparado por Jos� S�crates. Est� tudo equacionado para o segundo ou terceiro lugares e o l�der do PS torce por uma maioria absoluta, pois � a oportunidade de se livrar dos soaristas e de desafiar Alegre no pr�ximo congresso.

S�crates � o realizador de um Truman Show � portuguesa, mas com dois Jim Carey's.

Pedro Gouveia Alves Pedro Gouveia Alves

MINORIAS

Foi a aus�ncia de uma candidatura de direita que permitiu a Cavaco Silva ser eleito Presidente � primeira volta. Quaisquer 5% de votos que essa candidatura obtivesse, teria impedido esta elei��o � primeira volta. A import�ncia das correntes de pensamento minorit�rias, que est�o para al�m do �centr�o�, sai refor�ada.com esta elei��o.

Jo�o Pedro Dias Jo�o Pedro Dias

VALETES

N�o v�o faltar valetes a falar em nome da maioria presidencial, a sugerir a transforma��o subtil do PSD em Partido do Presidente. Ser� bom que Cavaco Silva recuse estes cantos de sereia.

Ant�nio Lobo Xavier N�o v�o faltar valetes a falar em nome da maioria presidencial, a sugerir a transforma��o subtil do PSD em Partido do Presidente. Ser� bom que Cavaco Silva recuse estes cantos de sereia.Ant�nio Lobo Xavier

A PARTIR DE AGORA

� na oposi��o que se concentra a mudan�a poss�vel de pol�ticas. A presid�ncia de Cavaco � um enquadramento para o governo e a oposi��o, mas � do terreno parlamentar e partid�rio que vem a diferen�a. � na oposi��o que se concentra a mudan�a poss�vel de pol�ticas. A presid�ncia de Cavaco � um enquadramento para o governo e a oposi��o, mas � do terreno parlamentar e partid�rio que vem a diferen�a.

S�TIOS

Mesmo estando na SIC, d� um salto ao site da RTP, verdadeiro servi�o p�blico. O site desapareceu. S� temos resultados das presid�nciais. O site da SIC parece tamb�m estar alterado, mas demasiado lento.

RAP. RAP.

SONDAGENS

Melhor sondagem para Cavaco: a da SIC.

Melhor sondagem para Alegre: a da RTP

Melhor sondagem para Soares: a da SIC.

Melhor sondagem para Jer�nimo: a da RTP.

Melhor sondagem para Lou��: a da SIC. Melhor sondagem para Cavaco: a da SIC.Melhor sondagem para Alegre: a da RTPMelhor sondagem para Soares: a da SIC.Melhor sondagem para Jer�nimo: a da RTP.Melhor sondagem para Lou��: a da SIC.

PERGUNTA

Portugal vai ser o mesmo?

Sequeira Braga Sequeira Braga

"SOCIEDADE CIVIL"

Representantes da Sociedade Civil ai na SIC

S�o poucos os comunistas, ser� que � o reflexo da nova sociedade, que por ai se aclama?

LLouren�o LLouren�o

QUOD ERAT DEMONSTRANDUM

o latim d� muita for�a.

PREOCUPA��ES

Honestamente, mais do que os resultados destas elei��es em termos de vencedores e vencidos, a minha curiosidade centra-se para os n�meros da absten��o. Gostaria de ver estes n�meros insignificantes. Em minha opini�o isso seria o verdadeiro reflexo de uma melhoria qualitativa da classe pol�tica vigente em Portugal, pois das principais causas dos n�veis de absten��o reside no facto de pouco ou quase nada se notar quando muda a cor pol�tica no panorama Nacional.

Para qu� estarmos preocupados com as derrotas partid�rias? Estamos ou n�o, de facto, preocupados com a crise que enfrentamos todos (ou quase todos)????

Catarina Ferreira Catarina Ferreira

A LEI

� a lei, compreendo... Resta-me reformular o meu ponto de vista. Ora bem: dado que � de todo imposs�vel prever quem ser� o pr�ximo Presidente da Rep�blica, julgo que o ponto fulcral destas elei��es est� em saber quem recebe mais votos: se Alegre, se Soares. As consequ�ncias que poder�o advir deste acto eleitoral, na minha opini�o, ser�o inevit�veis. E, no que diz respeito a esta mat�ria, penso que a grande d�vida est� em saber o que far� Manuel Alegre com os seus resultados (sejam eles quais forem).

Ab�lio Ribeiro Ab�lio Ribeiro

FACES

Creio que sim as faces dizem tudo aquilo que a esta hora ainda n�o se pode dizer...

Filipe Freitas Filipe Freitas

PERGUNTA

Gostava de saber a opini�o de JPP sobre a continuidade de elabora��o de sondagens que t�m como amostra "lares com telefone fixo", sabendo-se que, cada vez mais, as pessoas optam pelos telem�veis em detrimento do telefone fixo. N�o acha que se deve pensar no assunto?

Jo�o Paulo Lopes Martins

As sondagens julgam-se pela correla��o entre os resultados virtuais e os reais. Os m�todos s�o instrumentais em grande parte. Jo�o Paulo Lopes MartinsAs sondagens julgam-se pela correla��o entre os resultados virtuais e os reais. Os m�todos s�o instrumentais em grande parte.

A TRISTEZA OU A ALEGRIA VIOLAM A LEI?

Pode-se interpretar as faces nas sedes de campanha? Pode-se ignorar o que se v�, o que se l�? Pode-se interpretar as faces nas sedes de campanha? Pode-se ignorar o que se v�, o que se l�?

MEUS AMIGOS

n�o adianta enviarem mensagens que n�o podem para j� serem publicadas. n�o adianta enviarem mensagens que n�o podem para j� serem publicadas.

ROSAS?

�Alegre tem no gabinete, a seu pedido, rosas vermelhas...�

�Rosas em (22 de) Janeiro, Senhora? - estranhou o rei (...)�

CMRibeiro CMRibeiro

VIRTUALIDADES

A quest�o de se saber quase tudo...remete, for�osamente, para uma quest�o realista: Para al�m de uma campanha eleitoral virtual..feita de e para a TV, vamos ter agosra...pelo menos durante 1 hora...coment�rios e jornalistas virtuais..a fazer de conta que n�o se sabe nada e com medo de...n�o violar uma lei real!

Amanh� continuaremos na realidade virtual?

Paulo Gon�alves Paulo Gon�alves

VAI ACABAR A TRANQUILIDADE

sou inteiramente a favor desta regra que chamam est�pida e que nos proporcionou um dia antes das elei��es sem directos, sem golpes, sem manipula��es e com not�cias de outros mundos.

Ant�nio Lobo Xavier sou inteiramente a favor desta regra que chamam est�pida e que nos proporcionou um dia antes das elei��es sem directos, sem golpes, sem manipula��es e com not�cias de outros mundos.Ant�nio Lobo Xavier

COMO DE COSTUME

o Abrupto � feito por toda a gente da minha mesa, com a sua assinatura. o Abrupto � feito por toda a gente da minha mesa, com a sua assinatura.

NOVOS TEMPOS

Nos "quarteis generais" de Alegre e Jer�nimo, para j� os mais agitados, Alegre tem no gabinete, a seu pedido, rosas vermelhas e �gua, e na do Bloco de Esquerda h� champanhe. Novos tempos.

(RM) (RM)

COM MUITA CURIOSIDADE

A menos de uma hora de saber quem vai ser o proximo presidente da republica, todos nos questionamos sobre duas questoes:

- Quem ser�?

- Por que ser�?

Estas duas quest�es merecem uma breve reflex�o... Quem ser�? Cada um dos candidatos com caracter�sticas pessoas, que agradam a diferentes manifesta��es... Penso que todos merecem uma oportunidade? Mas ser� que cada um dos candidatos tem a capacidade de honrar a confian�a do portugueses?

Porqu�? penso que � importante detectar as raz�es que fizeram com que o "escolhido" pelos portugueses tenha ganho este voto de confian�a... Penso que este tipo de an�lise poder� ser a "pedra filosofal" para quem a descobrir... Penso que o "vencedor" ser� fruto de uma "campanha vencedora", a analise da mesma poder� entao chamar a aten��o sobre alguns pormenores que nem sempre s�o correctos na campanha de alguns candidatos...

Com muita curiosidade

Marta Louren�o Wadsworth Marta Louren�o Wadsworth

PERGUNTA

" O que � que quer dizer quando escreve "J� se sabe quase tudo"?" , pergunta Lu�s Carmelo.

O que se pode saber (sondagens v�rias), o que n�o se pode dizer. Para j�.

Neste caso, a lei tem sentido: n�o divulgar resultados virtuais, enquanto existem vota��es reais. , pergunta Lu�s Carmelo.O que se pode saber (sondagens v�rias), o que n�o se pode dizer. Para j�.Neste caso, a lei tem sentido: n�o divulgar resultados virtuais, enquanto existem vota��es reais.

COME�OU

como num pre�mbulo, um introito, um momento de acalmia antes da tempestade. J� se sabe quase tudo, mas espera-se. como num pre�mbulo, um introito, um momento de acalmia antes da tempestade. J� se sabe quase tudo, mas espera-se.

� MINHA VOLTA

como num teatro, sentam-se as diferentes categorias de actores: os "comentadores", os "jornalistas", os "representantes da sociedade civil", tudo banhado numa luz crua. A luz da televis�o. como num teatro, sentam-se as diferentes categorias de actores: os "comentadores", os "jornalistas", os "representantes da sociedade civil", tudo banhado numa luz crua. A luz da televis�o.

MAIS UMA VEZ: O ABRUPTO FEITO DA MESA DA SIC

a partir de agora.

Pelo e-mail recebem-se colabora��es, coment�rios, ditos, coisas soltas sobre o assunto. a partir de agora.Pelo e-mail recebem-se colabora��es, coment�rios, ditos, coisas soltas sobre o assunto.

OBSERVA��ES PRESIDENCIAIS AVULSAS 3

O mal j� est� obviamente a ser atribu�do ao pa�s. O pa�s " que confunde progresso, e modernidade, com jipes topo de gama " ( broeiros " ( A embriaguez ou a excita��o do momento podem levar um homem a acordar ao lado de algu�m que, sem o benef�cio da maquilhagem, se revela um susto para o parceiro que entretanto recuperou a sobriedade. " (JPC no grandeza " e o m�rito de " estar fora do tempo " (CCS no a grandeza acaba assassinada pelos seus pares " e o " tempo (...) � med�ocre, os punhais brilham na sombra de C�sar " (CFA no Expresso ) e muitas, muitas outras p�ginas sobre o mesquinho, ignorante, ingrato, desmemoriado, masoquista, kitsch , trai�oeiro, rasteiro, e vil acto que os portugueses v�o praticar hoje ou daqui a um m�s. O mal j� est� obviamente a ser atribu�do ao pa�s. O pa�s "" ( Da Literatura ); o pa�s dos "" ( Natureza do Mal ); o pa�s que bebeu demais : "" (JPC no Super M�rio ); o pa�s que n�o percebe a "" e o m�rito de "" (CCS no Espectro ); o pa�s em que "" e o "" (CFA no) e muitas, muitas outras p�ginas sobre o mesquinho, ignorante, ingrato, desmemoriado, masoquista,, trai�oeiro, rasteiro, e vil acto que os portugueses v�o praticar hoje ou daqui a um m�s.

RETRATOS DO TRABALHO 8

Lewis Wickes Hine, Vidreiro fazendo equipamento de laborat�rio, Millville, N.J., 1937 . Lewis Wickes Hine,

EARLY MORNING BLOGS 705: "ROCIE ESTE APOSENTO"

" El cual a�n todav�a dorm�a. Pidi� las llaves a la sobrina del aposento donde estaban los libros autores del da�o, y ella se las di� de muy buena gana. Entraron dentro todos, y el ama con ellos, y hallaron m�s de cien cuerpos de libros grandes muy bien encuadernados, y otros peque�os; y as� como el ama los vi�, volvi�se a salir del aposento con gran priesa, y torn� luego con una escudilla de agua bendita y un hisopo, y dijo: tome vuestra merced, se�or licenciado; roc�e este aposento, no est� aqu� alg�n encantador de los muchos que tienen estos libros, y nos encanten en pena de la que les queremos dar ech�ndolos del mundo. Caus� risa al licenciado la simplicidad del ama, y mand� al barbero que le fuese dando de aquellos libros uno a uno, para ver de qu� trataban, pues pod�a ser hallar algunos que no mereciesen castigo de fuego. No, dijo la sobrina, no hay para qu� perdonar a ninguno, porque todos han sido los da�adores, mejor ser� arrojarlos por las ventanas al patio, y hacer un rimero de ellos, y pegarles fuego, y si no, llevarlos al corral, y all� se har� la hoguera, y no ofender� el humo. Lo mismo dijo el ama: tal era la gana que las dos ten�an de la muerte de aquellos inocentes. "

(Cervantes)

*

Bom dia! (Cervantes)Bom dia!

VER A NOITE 3

Um dia depois, tudo continua na mesma. Portugal profundo. Um dia depois, tudo continua na mesma. Portugal profundo.

OS NOVOS DESCOBRIMENTOS: P� DO OUTRO MUNDO

talvez p� que fez o nosso mundo, ou at� p� anterior ao nosso mundo. O p� de que somos feitos, antes e depois. talvez p� que fez o nosso mundo, ou at� p� anterior ao nosso mundo. O p� de que somos feitos, antes e depois.

BIBLIOFILIA: AS EDI��ES TAUCHNITZ DE LEIPZIG

A arrumar uns livros apareceram-me dois ou tr�s das edi��es da Tauchnitz. Qualquer pessoa que tenha contacto com bibliotecas, ou alfarrabistas com livros do in�cio do s�culo XX, j� encontrou de certeza estes livros com uma capa simples e s�bria, baratos e abundantes, com textos de literatura inglesa. Nunca os tinha olhado com aten��o, apesar de sempre ter gostado da sua simplicidade, e nem sequer reparei que se trata de edi��es alem�s de textos ingleses. Agora reparei e os pormenores tinham interesse. Por exemplo, este , apontando para o consumo europeu. Vim a saber depois que o bar�o Tauchnitz foi um pioneiro do pagamento dos direitos de autor, pr�tica que n�o abundava nas edi��es publicadas no estrangeiro. Depois, o n�mero espantoso de obras publicadas. Este do Emerson � o n� 4525 e, como se pode ver pela contra-capa, n�o eram propriamente junk books . A Tauchnitz publicou, entre 1847 e 1939, cerca de 5000 textos de autores anglo-sax�nicos. A arrumar uns livros apareceram-me dois ou tr�s das edi��es da Tauchnitz. Qualquer pessoa que tenha contacto com bibliotecas, ou alfarrabistas com livros do in�cio do s�culo XX, j� encontrou de certeza estes livros com uma capa simples e s�bria, baratos e abundantes, com textos de literatura inglesa. Nunca os tinha olhado com aten��o, apesar de sempre ter gostado da sua simplicidade, e nem sequer reparei que se trata de edi��es alem�s de textos ingleses. Agora reparei e os pormenores tinham interesse. Por exemplo, este, apontando para o consumo europeu. Vim a saber depois que o bar�o Tauchnitz foi um pioneiro do pagamento dos direitos de autor, pr�tica que n�o abundava nas edi��es publicadas no estrangeiro. Depois, o n�mero espantoso de obras publicadas. Este do Emerson � o n� 4525 e, como se pode ver pela contra-capa, n�o eram propriamente. A Tauchnitz publicou, entre 1847 e 1939, cerca de 5000 textos de autores anglo-sax�nicos.

RETRATOS DO TRABALHO EM TIMOR (ARREDORES DE DILI, HOJE)

Foto 1: Restaurante Ambulante.

Foto 2: Sr. Alfredo, ex-refugiado na Austr�lia, agora de Alfaiate, na estrada de Comoro - D�li.

Foto 3: Vendedores de Fruta, na estrada de Liqui�� - D�li.

(Am�lcar Lopes Ant�nio) Foto 1: Restaurante Ambulante.Foto 2: Sr. Alfredo, ex-refugiado na Austr�lia, agora de Alfaiate, na estrada de Comoro - D�li.Foto 3: Vendedores de Fruta, na estrada de Liqui�� - D�li.(Am�lcar Lopes Ant�nio)

VER A NOITE 2

flash . Vagamente v�-se um fantasma de um p�rtico. Esta claridade cinzenta est� l�, mas s� a m�quina a via. Estava escuro, completamente escuro, noite como era a noite. No meio das ruas n�o se via nada, era f�cil bater contra qualquer obst�culo. Tentei fotografar, sem qualquer esperan�a e com uma vulgar c�mara digital, alguma coisa que mostrasse a noite, a estranheza. O resultado foi inesperado: a m�quina fotografou a humidade, as gotas de �gua que reflectiram a luz breve do. Vagamente v�-se um fantasma de um p�rtico. Esta claridade cinzenta est� l�, mas s� a m�quina a via.

O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: O VOTO ELECTR�NICO

Que � feito do voto electr�nico?

Dado que as ideias s�o como as cerejas, a frase �Eu nunca tinha visto um programa Excel� (proferida, na passada sexta-feira, pelo senhor Procurador Geral da Rep�blica) trouxe-me � lembran�a, pelo motivo que adiante se ver�, um outro assunto: o VOTO ELECTR�NICO, tecnologia particularmente eficaz no combate � absten��o, dado que se destina, especialmente, a quem est� longe da sua assembleia-de-voto ou incapacitado de l� ir.

Naturalmente, h� muitas pessoas que receiam que, assim, o seu voto se possa transviar. � uma preocupa��o leg�tima; mas, quando fazem uma transfer�ncia pelo Multibanco, passa-lhes pela cabe�a que o dinheiro possa ir parar aos bolsos de outra pessoa que n�o o destinat�rio? E quando indicam o seu NIB (para reembolso do IRS, p. ex.) imaginam que algum Z�-do-Telhado lhes roubar� o dinheiro pelo caminho? Claro que n�o. Ent�o porque � que receiam que um simples voto, enviado electronicamente por sistemas seguros mais do que testados por esse mundo fora (e, ainda por cima, sob controlo de todos os interessados), possa ir parar a quem n�o querem?

Em Portugal, antes das �ltimas legislativas, gastaram-se rios-de-dinheiro em prot�tipos e experi�ncias; e, logo que o governo mudou� o assunto morreu, pelo que em pleno s�culo XXI ainda s�o poss�veis situa��es como a de um familiar meu que acaba de percorrer mais de 650 km para ir votar.

Uma parte da justifica��o para tudo isso tem de ser procurada na pecha portuguesa que nos leva a desprezar tudo o que foi feito anteriormente e recome�ar do zero. H� sempre algu�m que, achando que todos os outros s�o idiotas, quer reinventar-a-roda - nem que ela venha a ser quadrada. Mas a maior parcela da explica��o deve ser procurada, se calhar, junto de pessoas que proferem frases como a que no in�cio se transcreve...

(C Medina Ribeiro)

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Tem toda a raz�o no que diz respeito ao �ltimo par�grafo. J� agora o familiar -deste genero tenho alguns- deve ter-se mudado sem ter tido a "gentileza" de tratar de toda a papelada. Mesmo isto compreendo melhor do que ninguem: como estrangeira com toda a documenta��o em ordem, residente na minha vila de 3000 almas h� mais do que 30 anos, incrita nos caderno eleitoral para cidad�os da UE desde o princ�pio, nunca consegu� ir a votos (europeias, aut�rquicas) sem que tivesse que esperar horas, porque a minha lista, da qual sou a primeira e, at� agora, �nica inscrita, nunca est� presente. �s vezes este pa�s esgota a paci�ncia mesmo dos mais entusiatas dele.

(MKL) (C Medina Ribeiro)

RETRATOS DO TRABALHO 7

Oper�ria t�xtil atando fios quebrados no tear, Patterson, N.J. 1937 Oper�ria t�xtil atando fios quebrados no tear, Patterson, N.J. 1937

EARLY MORNING BLOGS 704:

"BIEN PARECE (...) QUE NO EST�S CURSADO EN ESTO DE LAS AVENTURAS."

En esto descubrieron treinta o cuarenta molinos de viento que hay en aquel campo, y as� como Don Quijote los vi�, dijo a su escudero: la ventura va guiando nuestras cosas mejor de lo que acert�ramos a desear; porque ves all�, amigo Sancho Panza, donde se descubren treinta o poco m�s desaforados gigantes con quien pienso hacer batalla, y quitarles a todos las vidas, con cuyos despojos comenzaremos a enriquecer: que esta es buena guerra, y es gran servicio de Dios quitar tan mala simiente de sobre la faz de la tierra. �Qu� gigantes? dijo Sancho Panza.

Aquellos que all� ves, respondi� su amo, de los brazos largos, que los suelen tener algunos de casi dos leguas. Mire vuestra merced, respondi� Sancho, que aquellos que all� se parecen no son gigantes, sino molinos de viento, y lo que en ellos parecen brazos son las aspas, que volteadas del viento hacen andar la piedra del molino. Bien parece, respondi� Don Quijote, que no est�s cursado en esto de las aventuras; ellos son gigantes, y si tienes miedo qu�tate de ah�, y ponte en oraci�n en el espacio que yo voy a entrar con ellos en fiera y desigual batalla. Y diciendo esto, dio de espuelas a su caballo Rocinante, sin atender a las voces que su escudero Sancho le daba, advirti�ndole que sin duda alguna eran molinos de viento, y no gigantes aquellos que iba a acometer. Pero �l iba tan puesto en que eran gigantes, que ni o�a las voces de su escudero Sancho, ni echaba de ver, aunque estaba ya bien cerca, lo que eran; antes iba diciendo en voces altas: non fuyades, cobardes y viles criaturas, que un solo caballero es el que os acomete. Levant�se en esto un poco de viento y las grandes aspas comenzaron a moverse, lo cual visto por Don Quijote, dijo: pues aunque mov�is m�s brazos que los del gigante Briareo, me lo hab�is de pagar.

Y en diciendo esto, y encomend�ndose de todo coraz�n a su se�ora Dulcinea, pidi�ndole que en tal trance le socorriese, bien cubierto de su rodela, con la lanza en ristre, arremeti� a todo el galope de Rocinante, y embisti� con el primer molino que estaba delante; y d�ndole una lanzada en el aspa, la volvi� el viento con tanta furia, que hizo la lanza pedazos, llev�ndose tras s� al caballo y al caballero, que fue rodando muy maltrecho por el campo.

(Cervantes)

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Bom dia! (Cervantes)Bom dia!

VER A NOITE

Passeio pelas casas brancas de cal, quase invis�veis no escuro. Est� frio. H� cem anos devia ser sempre assim. J� n�o sabemos como �, a n�o ser nestas alturas. H� v�rias horas que n�o h� ilumina��o p�blica em v�rios quil�metros � minha volta. Nalgumas aldeias n�o h� luz, pelo que enormes manchas de negro mergulham tudo, permitindo ver um magn�fico c�u de Inverno, brilhando no frio. As grandes constela��es salientam-se da mancha da via L�ctea. A sul, Orion domina como de costume. A poente a Cassiopeia, a norte as Ursas. Do ch�o come�a a emergir uma n�voa que apaga tudo, mas ainda vai demorar a chegar ao c�u mais alto.Passeio pelas casas brancas de cal, quase invis�veis no escuro. Est� frio. H� cem anos devia ser sempre assim. J� n�o sabemos como �, a n�o ser nestas alturas.

LENDO / VENDO /OUVINDO

(BLOGUES, JORNAIS, TELEVIS�ES, IMAGENS, SONS, PAP�IS, PAREDES)

(20 de Janeiro de 2006)

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Apesar do kitsch , tem algum interesse: " I've collected thousands of inspirational quotes. It seems that nearly everything that can be said, has been said, simply and eloquently, in a way that can seldom be improved. Winston Churchill wrote, "Broadly speaking, the short words are the best, and the old words best of all." So, I collected " The world's best quotes in one to ten words."

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Retratos do trabalho na �ndia enviados por SM.

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Contribui��es para uma s�rie de �cones � portuguesa digna dos livros da Taschen: sardinhas.

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Um Apesar do, tem algum interesse: "Retratos do trabalho na �ndia enviados por SM.Contribui��es para uma s�rie de �cones � portuguesa digna dos livros da Taschen: sardinhas.Um Rocketboom mais s�rio, com uma reportagem sobre Aceh um ano depois.

EARLY MORNING BLOGS 703

Alembrava-vos eu l�?

MARIDO: E como!

AMA: Agora, aram�:

l� h� �ndias mui fermosas,

l� far�eis v�s das vossas

e a triste de mi c�,

encerrada nesta casa,

sem consentir que vezinha

entrasse por �a brasa,

por honestidade minha.

MARIDO: L� vos digo que h� fadigas,

tantas mortes, tantas brigas

e perigos descompassados,

que assi vimos destro�ados

pelados coma formigas.

AMA: Por�m vindes v�s mui rico...

MARIDO: Se n�o fora o capit�o,

eu trouxera, a meu quinh�o,

um milh�o vos

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