Manter a mobilidade sustentável na lista de prioridades

17-10-2011
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Desta vez, o impulso da mudança veio de baixo para cima. Desta vez, a ideia nasceu numa câmara municipal

Os líderes das cidades europeias estarão de acordo com o seguinte: cada cidade opera na sua própria realidade. Não há duas cidades iguais na Europa. Mesmo as cidades vizinhas se deparam com conjuntos de prioridades diferentes. Os aspectos económicos, sociais, empresariais, relativos à saúde, energia, ambiente e segurança variam e as soluções implementadas pelos presidentes de câmara são as mais adequadas aos residentes. Mas existem algumas questões fulcrais - tal como o acesso ao transporte público sustentável - que são universais para todas as cidades.

A Civitas é uma iniciativa da UE para promover estratégias de transporte mais limpas, melhores, mais sustentáveis e com eficiência energética. O Comité Consultivo Político da Civitas compreendeu que a disponibilização de um mecanismo que permita às cidades agruparem-se à volta de uma questão comum poderia propiciar uma mudança. Neste ano nasceu a Declaração do Funchal. O consenso tem-se alargado e actualmente mais de 200 cidades europeias subscreveram-na. A Declaração do Funchal é uma ferramenta que irá - esperamos - encorajar a União Europeia a contribuir para o financiamento e a orientação de abordagens à mobilidade sustentável com base nas cidades. O acordo reafirma os compromissos originais das cidades para com o transporte urbano sustentável e realça os seus objectivos de diminuição das emissões de CO2.

Muitos querem saber como podemos definir "mobilidade urbana sustentável". As pressuposições imediatas incluem medidas aparentemente "típicas": desenvolver uma frota rodoviária "verde", construir uma rede de ciclovias na cidade ou abastecer um veículo do presidente da câmara com um combustível alternativo. São exemplos válidos. Mas as actividades da Civitas englobam um espectro muito mais abrangente de medidas.

Estudantes de Gent, na Bélgica, dir-vos-ão por que se sentem cativados pelo sistema municipal de aluguer de bicicletas e pelas suas medidas de prevenção de furto. Planificadores de mobilidade urbana de Constanta, na Roménia, depararam-se com a exigência pública de um serviço de autocarro de dois andares para fazer a ligação entre o centro da cidade e a estância balnear durante o Verão. Toulouse, em França, redefiniu a mobilidade quando as mudanças das zonas de circulação melhoraram os padrões de entrega. Os habitantes de Brighton and Hove foram os primeiros habitantes do Reino Unido fora de Londres a desfrutar de um esquema de estação de carregamento de veículos eléctricos à beira da estrada.

No Funchal, em Portugal, apresentaremos a Declaração do Funchal no Fórum Civitas, evento anual que, no passado, tem atraído 400 cidades - e políticos da União Europeia e peritos em mobilidade urbana.

A Declaração do Funchal compreende, para as cidades signatárias, um compromisso de dois sentidos. Em primeiro lugar, as cidades comprometem-se com os seus cidadãos. Os líderes prometem implementar soluções que irão, nomeadamente, reduzir os engarrafamentos, evitar a perda de tempo e minimizar o gasto de combustível. Em segundo lugar, as signatárias assumem o compromisso de garantir que a Comissão Europeia entende até que ponto o seu apoio é crucial para que o transporte sustentável se torne uma realidade nas cidades. Sem o financiamento a longo prazo da Comissão Europeia, iniciativas como a Civitas terão um sucesso limitado a curto prazo.

E é esse o ponto-chave da Declaração do Funchal. Para manter as estratégias de transporte urbano inseridas nas agendas a curto prazo das nossas cidades, precisamos de apoio da UE a longo prazo. Tendo em consideração que quatro em cinco europeus vivem em vilas e cidades, o insucesso não é uma opção.

Não é novo o conceito de as cidades se unirem para chegar a acordo sobre a mudança. Pensem na Agenda 21. Ou no Pacto de Autarcas. Ou na Iniciativa Europeia das Cidades Inteligentes. Ou no projecto da Capital Verde Europeia.

Mas a Declaração do Funchal é diferente. Desta vez, não são os poderes europeus a proclamar que as cidades se devem unir para estabelecer um acordo relativo à mobilidade urbana - é o inverso. Desta vez, o impulso da mudança veio de baixo para cima. Desta vez, a ideia nasceu numa câmara municipal. Desta vez, 200 cidades vão erguer-se e proclamar a necessidade de mudança.

Apesar do facto de, aparentemente, os dirigentes municipais se depararem com inúmeros problemas, precisamos de garantir que a mobilidade consta da lista das prioridades. Não é segredo que as questões tendentes a obter atenção e inspirar mudança são aquelas que têm a promessa de financiamento a longo prazo.

Avançar para os objectivos de transporte sustentável é muito mais do que hardware, tecnologia e infra-estrutura. Tem a ver com saúde e educação e, em muitos casos, com a mudança de mentalidades e a influência sobre o comportamento individual.

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Simultaneamente, os especialistas em transportes sabem que precisamos de continuar a inovar e proporcionar aos cidadãos soluções de transporte que sejam sustentáveis. E os líderes precisam de explicar a razão pela qual a escolha de uma forma sustentável de ir do ponto A ao ponto B é tão vital e precisamos de proporcionar ao público opções sustentáveis para ir do ponto A ao ponto B.

A apresentação da Declaração do Funchal é uma indicação clara de que 200 cidades europeias farão da mobilidade urbana sustentável uma prioridade. E a promessa do apoio da UE ajudará a mantê-la nas suas agendas a longo prazo.

Civitas significa CIdade-VITAlidade-Sustentabilidade. Roman Jakic é o actual presidente do Comité Consultivo Político da Civitas e membro da Câmara Municipal de Ljubljana. Bruno Miguel Camacho Pereira é candidato a presidente na nova Civitas PAC e vice-presidente da Câmara Municipal do Funchal

Desta vez, o impulso da mudança veio de baixo para cima. Desta vez, a ideia nasceu numa câmara municipal

Os líderes das cidades europeias estarão de acordo com o seguinte: cada cidade opera na sua própria realidade. Não há duas cidades iguais na Europa. Mesmo as cidades vizinhas se deparam com conjuntos de prioridades diferentes. Os aspectos económicos, sociais, empresariais, relativos à saúde, energia, ambiente e segurança variam e as soluções implementadas pelos presidentes de câmara são as mais adequadas aos residentes. Mas existem algumas questões fulcrais - tal como o acesso ao transporte público sustentável - que são universais para todas as cidades.

A Civitas é uma iniciativa da UE para promover estratégias de transporte mais limpas, melhores, mais sustentáveis e com eficiência energética. O Comité Consultivo Político da Civitas compreendeu que a disponibilização de um mecanismo que permita às cidades agruparem-se à volta de uma questão comum poderia propiciar uma mudança. Neste ano nasceu a Declaração do Funchal. O consenso tem-se alargado e actualmente mais de 200 cidades europeias subscreveram-na. A Declaração do Funchal é uma ferramenta que irá - esperamos - encorajar a União Europeia a contribuir para o financiamento e a orientação de abordagens à mobilidade sustentável com base nas cidades. O acordo reafirma os compromissos originais das cidades para com o transporte urbano sustentável e realça os seus objectivos de diminuição das emissões de CO2.

Muitos querem saber como podemos definir "mobilidade urbana sustentável". As pressuposições imediatas incluem medidas aparentemente "típicas": desenvolver uma frota rodoviária "verde", construir uma rede de ciclovias na cidade ou abastecer um veículo do presidente da câmara com um combustível alternativo. São exemplos válidos. Mas as actividades da Civitas englobam um espectro muito mais abrangente de medidas.

Estudantes de Gent, na Bélgica, dir-vos-ão por que se sentem cativados pelo sistema municipal de aluguer de bicicletas e pelas suas medidas de prevenção de furto. Planificadores de mobilidade urbana de Constanta, na Roménia, depararam-se com a exigência pública de um serviço de autocarro de dois andares para fazer a ligação entre o centro da cidade e a estância balnear durante o Verão. Toulouse, em França, redefiniu a mobilidade quando as mudanças das zonas de circulação melhoraram os padrões de entrega. Os habitantes de Brighton and Hove foram os primeiros habitantes do Reino Unido fora de Londres a desfrutar de um esquema de estação de carregamento de veículos eléctricos à beira da estrada.

No Funchal, em Portugal, apresentaremos a Declaração do Funchal no Fórum Civitas, evento anual que, no passado, tem atraído 400 cidades - e políticos da União Europeia e peritos em mobilidade urbana.

A Declaração do Funchal compreende, para as cidades signatárias, um compromisso de dois sentidos. Em primeiro lugar, as cidades comprometem-se com os seus cidadãos. Os líderes prometem implementar soluções que irão, nomeadamente, reduzir os engarrafamentos, evitar a perda de tempo e minimizar o gasto de combustível. Em segundo lugar, as signatárias assumem o compromisso de garantir que a Comissão Europeia entende até que ponto o seu apoio é crucial para que o transporte sustentável se torne uma realidade nas cidades. Sem o financiamento a longo prazo da Comissão Europeia, iniciativas como a Civitas terão um sucesso limitado a curto prazo.

E é esse o ponto-chave da Declaração do Funchal. Para manter as estratégias de transporte urbano inseridas nas agendas a curto prazo das nossas cidades, precisamos de apoio da UE a longo prazo. Tendo em consideração que quatro em cinco europeus vivem em vilas e cidades, o insucesso não é uma opção.

Não é novo o conceito de as cidades se unirem para chegar a acordo sobre a mudança. Pensem na Agenda 21. Ou no Pacto de Autarcas. Ou na Iniciativa Europeia das Cidades Inteligentes. Ou no projecto da Capital Verde Europeia.

Mas a Declaração do Funchal é diferente. Desta vez, não são os poderes europeus a proclamar que as cidades se devem unir para estabelecer um acordo relativo à mobilidade urbana - é o inverso. Desta vez, o impulso da mudança veio de baixo para cima. Desta vez, a ideia nasceu numa câmara municipal. Desta vez, 200 cidades vão erguer-se e proclamar a necessidade de mudança.

Apesar do facto de, aparentemente, os dirigentes municipais se depararem com inúmeros problemas, precisamos de garantir que a mobilidade consta da lista das prioridades. Não é segredo que as questões tendentes a obter atenção e inspirar mudança são aquelas que têm a promessa de financiamento a longo prazo.

Avançar para os objectivos de transporte sustentável é muito mais do que hardware, tecnologia e infra-estrutura. Tem a ver com saúde e educação e, em muitos casos, com a mudança de mentalidades e a influência sobre o comportamento individual.

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Simultaneamente, os especialistas em transportes sabem que precisamos de continuar a inovar e proporcionar aos cidadãos soluções de transporte que sejam sustentáveis. E os líderes precisam de explicar a razão pela qual a escolha de uma forma sustentável de ir do ponto A ao ponto B é tão vital e precisamos de proporcionar ao público opções sustentáveis para ir do ponto A ao ponto B.

A apresentação da Declaração do Funchal é uma indicação clara de que 200 cidades europeias farão da mobilidade urbana sustentável uma prioridade. E a promessa do apoio da UE ajudará a mantê-la nas suas agendas a longo prazo.

Civitas significa CIdade-VITAlidade-Sustentabilidade. Roman Jakic é o actual presidente do Comité Consultivo Político da Civitas e membro da Câmara Municipal de Ljubljana. Bruno Miguel Camacho Pereira é candidato a presidente na nova Civitas PAC e vice-presidente da Câmara Municipal do Funchal

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