CDU joga em casa e atira-se à Segurança Social do PS

22-09-2015
marcar artigo

Em Couço não há angústias eleitorais. Há mais de 40 anos que os comunistas vencem na pequena freguesia do distrito de Santarém "por mais de 80%" nas autárquicas, acima da metade dos votos nas legislativas. Jerónimo chegou para um almoço com reformados e joga em casa. E arrasou a proposta socialista para a Segurança Social

Aqui, todos se orgulham de serem um dos maiores bastiões do partido. "Só não somos mais porque foram morrendo", diz uma idosa à entrada da sala da Casa do Povo, mesmo em frente à sede do PCP. Jerónimo chega e assume que está em casa. Elogia a tradição heróica das gentes do Couço e, de improviso, sabe que é sobre pensões e reformas que tem de centrar o seu discurso. O PS volta a ser o adversário mais directo.

"Qualquer partido de esquerda que se preze devolvia o que foi roubado aos portugueses", arranca perante uma plateia acima dos 65 anos. Ora, "os socialistas dizem que as reformas vão ser congeladas nos próximos quatro anos" e ainda "inventaram aquela coisa da condição de recursos para enganar o povo".

O programa eleitoral do PS é descascado. A condição de recursos com que Passos engasgou Costa no debate nas rádios volta à cena para ser traduzido. "Se tiver uma casita, um quintal com um bocadinho de terreno, deixam de ter direito a essa prestação", explica Jerónimo. Há "ohhs" na sala, e insultos de "ladrões" e fascistas. A plateia ainda tem força para se indignar, o líder embala: "Sacam mil milhões a quem menos tem e menos pode".

A casa está ganha, "mas não chega". No PCP, a luta continua sem direito a reforma. "Vocês que lutaram tanto e tanto, não estão em tempo de parar. Têm essa obrigação". Os idosos gostam e aceitam o desafio de chamar mais votos.

Marcos Borga

"Não há que enganar"

Ortelinda Graça. Assim mesmo. "Até o nome é original", diz a presidente da junta de freguesia que há dois anos dirige os destinos do Couço, mas que é "autarca há mais de 30".

A freguesia traz ao peito as medalhas de combate político. Contra a II Guerra, contra o fascismo, contra os latifúndios, contra a guerra colonial. "Foi sempre assim", diz a presidente da junta, que faz questão de lembrar que é a única do país a ter recebido "a ordem da Liberdade". Jorge Sampaio era o presidente. A luta antifascista mereceu a distinção. A freguesia faz por honrar o passado.

Mas custa. Mais velhos, cansados, com as arteroses a tolherem-lhes os movimentos, os velhos combatentes baixam as armas. Mas não o empenho. O camarada é para saudar. Com abraços apertados e vigorosos apertos de mãos. A ida às urnas é um dever sagrado. "Não há que enganar, no distrito de Santarém, a CDU é a primeira do boletim de voto", lembra António Filipe, o único deputado eleito pelo círculo e que de novo se candidata. Nunca fiando. A militância é grande, mas as cataratas e a miopia podem ser inimigos à boca das urnas. Desta vez é mais fácil. São os primeiros.

Em Couço não há angústias eleitorais. Há mais de 40 anos que os comunistas vencem na pequena freguesia do distrito de Santarém "por mais de 80%" nas autárquicas, acima da metade dos votos nas legislativas. Jerónimo chegou para um almoço com reformados e joga em casa. E arrasou a proposta socialista para a Segurança Social

Aqui, todos se orgulham de serem um dos maiores bastiões do partido. "Só não somos mais porque foram morrendo", diz uma idosa à entrada da sala da Casa do Povo, mesmo em frente à sede do PCP. Jerónimo chega e assume que está em casa. Elogia a tradição heróica das gentes do Couço e, de improviso, sabe que é sobre pensões e reformas que tem de centrar o seu discurso. O PS volta a ser o adversário mais directo.

"Qualquer partido de esquerda que se preze devolvia o que foi roubado aos portugueses", arranca perante uma plateia acima dos 65 anos. Ora, "os socialistas dizem que as reformas vão ser congeladas nos próximos quatro anos" e ainda "inventaram aquela coisa da condição de recursos para enganar o povo".

O programa eleitoral do PS é descascado. A condição de recursos com que Passos engasgou Costa no debate nas rádios volta à cena para ser traduzido. "Se tiver uma casita, um quintal com um bocadinho de terreno, deixam de ter direito a essa prestação", explica Jerónimo. Há "ohhs" na sala, e insultos de "ladrões" e fascistas. A plateia ainda tem força para se indignar, o líder embala: "Sacam mil milhões a quem menos tem e menos pode".

A casa está ganha, "mas não chega". No PCP, a luta continua sem direito a reforma. "Vocês que lutaram tanto e tanto, não estão em tempo de parar. Têm essa obrigação". Os idosos gostam e aceitam o desafio de chamar mais votos.

Marcos Borga

"Não há que enganar"

Ortelinda Graça. Assim mesmo. "Até o nome é original", diz a presidente da junta de freguesia que há dois anos dirige os destinos do Couço, mas que é "autarca há mais de 30".

A freguesia traz ao peito as medalhas de combate político. Contra a II Guerra, contra o fascismo, contra os latifúndios, contra a guerra colonial. "Foi sempre assim", diz a presidente da junta, que faz questão de lembrar que é a única do país a ter recebido "a ordem da Liberdade". Jorge Sampaio era o presidente. A luta antifascista mereceu a distinção. A freguesia faz por honrar o passado.

Mas custa. Mais velhos, cansados, com as arteroses a tolherem-lhes os movimentos, os velhos combatentes baixam as armas. Mas não o empenho. O camarada é para saudar. Com abraços apertados e vigorosos apertos de mãos. A ida às urnas é um dever sagrado. "Não há que enganar, no distrito de Santarém, a CDU é a primeira do boletim de voto", lembra António Filipe, o único deputado eleito pelo círculo e que de novo se candidata. Nunca fiando. A militância é grande, mas as cataratas e a miopia podem ser inimigos à boca das urnas. Desta vez é mais fácil. São os primeiros.

marcar artigo