2014 Fevereiro 24 – Aventar

02-12-2014
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Não sei o que me surpreende mais: se Miguel Relvas e Passos Coelho indicando a porta da emigração aos que em Portugal são lançados ao desemprego e à indignidade, se Pires de Lima e Poiares Maduro a garantirem que, depois de uma experiência laboral no estrangeiro, o emigrante regressa sem hesitações ao nosso país. A minha surpresa deriva de eu não considerar destituídos de inteligência os personagens apontados e de me repugnar a possibilidade de eles serem uns fariseus desavergonhados. Prefiro pensar que se trata de ignorância no estado puro.

O português, tão visceralmente agarrado ao seu terrunho, tem a emigração por uma fatalidade, uma infelicidade, uma afronta pessoal que não esquece nem perdoa, ressentimento que passa por inteiro aos seus descendentes. Sai por se sentir rejeitado pelos donos da Pátria. Bate com a porta engolindo lágrimas. Nunca mais se cura dessa dor. Por sobrevivência, atira-se ao trabalho que aparece no estrangeiro, seja ele qual for, e em geral é a dureza que os nacionais não querem aguentar, priva-se de muita coisa, anula-se mesmo, para garantir a independência económica com que evitará aos seus filhos as humilhações que os donos da Pátria infligem a quem não faz parte da sua capelinha partidária ou da sua teia corrupta. [Read more…]

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Não sei o que me surpreende mais: se Miguel Relvas e Passos Coelho indicando a porta da emigração aos que em Portugal são lançados ao desemprego e à indignidade, se Pires de Lima e Poiares Maduro a garantirem que, depois de uma experiência laboral no estrangeiro, o emigrante regressa sem hesitações ao nosso país. A minha surpresa deriva de eu não considerar destituídos de inteligência os personagens apontados e de me repugnar a possibilidade de eles serem uns fariseus desavergonhados. Prefiro pensar que se trata de ignorância no estado puro.

O português, tão visceralmente agarrado ao seu terrunho, tem a emigração por uma fatalidade, uma infelicidade, uma afronta pessoal que não esquece nem perdoa, ressentimento que passa por inteiro aos seus descendentes. Sai por se sentir rejeitado pelos donos da Pátria. Bate com a porta engolindo lágrimas. Nunca mais se cura dessa dor. Por sobrevivência, atira-se ao trabalho que aparece no estrangeiro, seja ele qual for, e em geral é a dureza que os nacionais não querem aguentar, priva-se de muita coisa, anula-se mesmo, para garantir a independência económica com que evitará aos seus filhos as humilhações que os donos da Pátria infligem a quem não faz parte da sua capelinha partidária ou da sua teia corrupta. [Read more…]

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