Pintado às Cores

21-01-2012
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A arte de gerir a vida cívica foi se desenvolvendo ao longo
dos séculos e as dimensões da abrangência da sua ação transformou-se. Se, por
um lado, os mecanismos de ação política tiveram de se diversificar, por outro,
a massificação desses mecanismos tornaram a intervenção politica menos
transparente e mais superficial.

A comunicação política transformou os políticos em produtos
comerciais, altamente sofisticados, cujas características como a imagem, os
hábitos e os gostos, muitas vezes estereotipados, prevalecem sobre os valores,
as ideias e as propostas. Os políticos passaram a “vender-se” como autênticas
estrelas de cinema por uma indústria de marketing político agressiva.

A moda na política e a subsequente superficialidade chegou a
Portugal. Nos últimos dezasseis anos, sobressaíram políticos que não são mais
do que produtos elaborados e altamente condicionados pelos meios de comunicação
social, por interesses de ordem social, cultural, económica e financeira.

Os resultados estão à vista: O país regrediu e as políticas
eleitoralistas condicionaram a vida para as próximas décadas.

A orientação eleitoralista fez com que Portugal fosse campeão
das coisas negativas e que não se delineassem políticas estruturais a médio e
longo prazo. A opção centrou-se na obtenção de resultados fáceis, na obsessão
pela popularidade, mesmo tendo a noção que se estava a hipotecar o futuro do
país.

O exemplo mais evidente da primazia pelos holofotes
mediáticos é a postura dos mais recentes governos da república em relação à
Região Autónoma da Madeira. Quando se arrecadavam votos por estar ao lado da
Madeira, a opção foi a solidariedade, por seu turno, quando a generalidade da
opinião pública pedia que se reprimisse os madeirenses, foi essa a escolha. Eis
a aplicação mais elementar da política dos barómetros e das sondagens.

Contra a corrente dominante, a opção do Governo Regional
passou por executar os seus programas e de ser autêntico na sua ação.
Certamente, em determinados momentos do processo de desenvolvimento da Madeira,
a opção por uma postura superficial poderia ter sido bem mais confortável ou
popular, embora susceptível de levantar dúvidas, designadamente:

Seria possível executar o processo de infraestruturação se
fosse tido em conta unicamente a opinião pública ou o juízo dos que condicionam
a liberdade de pensamento do povo?

Os níveis de desenvolvimento evidenciados na Região seriam os
mesmos se a linha estratégica fosse de avançar e recuar mediante a opinião
dominante?

Atendendo à política de imagem, seria possível alavancar a
Madeira longe dos mediatismos que hoje são valorizados pelos políticos da moda?

Certamente que a resposta a todas estas questões teria de ser
negativa, visto que a autenticidade na política, a responsabilidade e o rumo
estrategicamente tomado foram os trunfos para a obtenção do desenvolvimento
Regional.  

A crispação que se tem vindo a se acentuar nas posições dos
Governos centrais em relação à Madeira fazem concluir que existem outros
objetivos por detrás de uma estratégia de desgaste do poder político regional. Será
admissível uma Região autónoma ter um produto interno bruto acima do obtido no
país? Será conveniente uma Região ter índices de qualidade de vida e de
conforto superiores aos nacionais? Será aceitável a estabilidade política que
sempre retratou o panorama político regional?

Apesar de tudo, muitos portugueses e políticos, da parcela
continental, continuam a não perceber ou a não querer perceber, o mérito da
governação madeirense e a robustez das suas políticas. Esquecem que, apesar das
várias tentativas, os madeirenses continuam imunes à “política de plástico”. A
verdade é que o povo não sobrevive de imagens e de slogans sofisticados, mas
sim de opções políticas que determinem, pela positiva, o alcance do
desenvolvimento desejável.    

A Madeira é hoje por via dos sucessivos governos da república
sacrificada e punida injustamente.

No entanto e para já, olhando para a realidade nacional, estamos
irremediavelmente reféns desta política que não se poderá continuar a tolerar
para o futuro.

Os tempos são de mudança, o clima político exige reformas
estruturais, que devem também passar pela reflexão do que se ambiciona, na
Madeira e em Portugal continental, para o futuro das Autonomias Regionais.

A política real, autêntica e coerente, sejamos sinceros, faz muita
falta a Portugal.

Artigo de opinião no Jornal da Madeira 

http://impresso.jornaldamadeira.pt/noticia.php?Seccao=12&id=205994&sup=0&sdata=2012-01-20 

A arte de gerir a vida cívica foi se desenvolvendo ao longo
dos séculos e as dimensões da abrangência da sua ação transformou-se. Se, por
um lado, os mecanismos de ação política tiveram de se diversificar, por outro,
a massificação desses mecanismos tornaram a intervenção politica menos
transparente e mais superficial.

A comunicação política transformou os políticos em produtos
comerciais, altamente sofisticados, cujas características como a imagem, os
hábitos e os gostos, muitas vezes estereotipados, prevalecem sobre os valores,
as ideias e as propostas. Os políticos passaram a “vender-se” como autênticas
estrelas de cinema por uma indústria de marketing político agressiva.

A moda na política e a subsequente superficialidade chegou a
Portugal. Nos últimos dezasseis anos, sobressaíram políticos que não são mais
do que produtos elaborados e altamente condicionados pelos meios de comunicação
social, por interesses de ordem social, cultural, económica e financeira.

Os resultados estão à vista: O país regrediu e as políticas
eleitoralistas condicionaram a vida para as próximas décadas.

A orientação eleitoralista fez com que Portugal fosse campeão
das coisas negativas e que não se delineassem políticas estruturais a médio e
longo prazo. A opção centrou-se na obtenção de resultados fáceis, na obsessão
pela popularidade, mesmo tendo a noção que se estava a hipotecar o futuro do
país.

O exemplo mais evidente da primazia pelos holofotes
mediáticos é a postura dos mais recentes governos da república em relação à
Região Autónoma da Madeira. Quando se arrecadavam votos por estar ao lado da
Madeira, a opção foi a solidariedade, por seu turno, quando a generalidade da
opinião pública pedia que se reprimisse os madeirenses, foi essa a escolha. Eis
a aplicação mais elementar da política dos barómetros e das sondagens.

Contra a corrente dominante, a opção do Governo Regional
passou por executar os seus programas e de ser autêntico na sua ação.
Certamente, em determinados momentos do processo de desenvolvimento da Madeira,
a opção por uma postura superficial poderia ter sido bem mais confortável ou
popular, embora susceptível de levantar dúvidas, designadamente:

Seria possível executar o processo de infraestruturação se
fosse tido em conta unicamente a opinião pública ou o juízo dos que condicionam
a liberdade de pensamento do povo?

Os níveis de desenvolvimento evidenciados na Região seriam os
mesmos se a linha estratégica fosse de avançar e recuar mediante a opinião
dominante?

Atendendo à política de imagem, seria possível alavancar a
Madeira longe dos mediatismos que hoje são valorizados pelos políticos da moda?

Certamente que a resposta a todas estas questões teria de ser
negativa, visto que a autenticidade na política, a responsabilidade e o rumo
estrategicamente tomado foram os trunfos para a obtenção do desenvolvimento
Regional.  

A crispação que se tem vindo a se acentuar nas posições dos
Governos centrais em relação à Madeira fazem concluir que existem outros
objetivos por detrás de uma estratégia de desgaste do poder político regional. Será
admissível uma Região autónoma ter um produto interno bruto acima do obtido no
país? Será conveniente uma Região ter índices de qualidade de vida e de
conforto superiores aos nacionais? Será aceitável a estabilidade política que
sempre retratou o panorama político regional?

Apesar de tudo, muitos portugueses e políticos, da parcela
continental, continuam a não perceber ou a não querer perceber, o mérito da
governação madeirense e a robustez das suas políticas. Esquecem que, apesar das
várias tentativas, os madeirenses continuam imunes à “política de plástico”. A
verdade é que o povo não sobrevive de imagens e de slogans sofisticados, mas
sim de opções políticas que determinem, pela positiva, o alcance do
desenvolvimento desejável.    

A Madeira é hoje por via dos sucessivos governos da república
sacrificada e punida injustamente.

No entanto e para já, olhando para a realidade nacional, estamos
irremediavelmente reféns desta política que não se poderá continuar a tolerar
para o futuro.

Os tempos são de mudança, o clima político exige reformas
estruturais, que devem também passar pela reflexão do que se ambiciona, na
Madeira e em Portugal continental, para o futuro das Autonomias Regionais.

A política real, autêntica e coerente, sejamos sinceros, faz muita
falta a Portugal.

Artigo de opinião no Jornal da Madeira 

http://impresso.jornaldamadeira.pt/noticia.php?Seccao=12&id=205994&sup=0&sdata=2012-01-20 

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