PUXAPALAVRA: Menezes, a vitória do santanismo

02-09-2020
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Menezes, a vitória do santanismo

Como tinha vaticinado perante vários amigos, ontem ao jantar, Luís Filipe Meneses ganhou. Ganhou o santanismo. Uma deriva populista do PSD originada pela fome e sede de poder e a inconsistência estratégica de conquista, exercício e manutenção do poder. Há analistas que, por Mendes ter o apoio dos grandes barões, já há muito tudo gente citadina, representa as cidades e Meneses os rurais, que há trinta e três anos ainda tinham muito peso e hoje não. E que Marques Mendes com a sua crescente colagem ao Compromisso Portugal representava uma mais vincada vertente neoliberal. E que, por oposição, Menezes se apresentará mais social-democrata deixando assim menos campo de manobra a Sócrates, revelando-se um adversário mais difícil.

Talvez todas estas considerações tenham algum fundamento mas em minha opinião a vitória de Menezes deve-se fundamentalmente à fuga do "aparelho" de Mendes para Menezes. A fuga desse aparelho sequioso de poder, disposto a tudo, para obter o quinhão a que julga, por natureza, ter direito: estar na LISTA. Na lista eleitoral para a câmara, e nas empresas municipais. Na lista para a Assembleia da República, e depois no Governo ou mesmo num lugarzinho à sua sombra, na extensa Administração e nas empresas onde o Estado tem o pé. Na lista para o Parlamenmto Europeu ou ao menos nas sinecuras que gravitam em seu torno.

O aparelho não é o conjunto de "funcionários" ou instalados que Mendes controlava. Na oposição isso é muito pouco, quase nada. Aparelho são os pequenos (e grandes) caciques e "funcionários" por todo o país que perderam o lugar com o ressurgimento em força do PS após o estado comatoso seguido de morte resultante dos governos do PSD/CDS/Durão Barroso/Santana Lopes.

Que resulta para o PS e o Governo de Sócrates. Por um lado uma oposição mais atrevida, mais dinâmica, mais demagógica, mais de "esquerda" e mais de direita, mais incendiária. Mas por outro uma maior divisão no PSD, por um lado os poderosos que quereriam um partido mais credível, um rumo neoliberal à Compromisso Portugal com gente mais "decente", uma estratégia mais prudente mas mais segura e alavancada e por outro os que estão apressados e em stress, dispostos a tudo, mesmo que em desnorte e inconsistente rumo, para chegarem à gamela do orçamento, pequenos, médios e também grandes (estes desde que lhes pareça que a pouca vergonha resulta. Quanto a isso não há quaisquer preconceitos.)

De modo que as consequências para o Governo de Sócrates são difíceis de avaliar com rigor à partida. Mas se para muitos se aparentam piores eu admito que acabem por vir a ser melhores.

Menezes, a vitória do santanismo

Como tinha vaticinado perante vários amigos, ontem ao jantar, Luís Filipe Meneses ganhou. Ganhou o santanismo. Uma deriva populista do PSD originada pela fome e sede de poder e a inconsistência estratégica de conquista, exercício e manutenção do poder. Há analistas que, por Mendes ter o apoio dos grandes barões, já há muito tudo gente citadina, representa as cidades e Meneses os rurais, que há trinta e três anos ainda tinham muito peso e hoje não. E que Marques Mendes com a sua crescente colagem ao Compromisso Portugal representava uma mais vincada vertente neoliberal. E que, por oposição, Menezes se apresentará mais social-democrata deixando assim menos campo de manobra a Sócrates, revelando-se um adversário mais difícil.

Talvez todas estas considerações tenham algum fundamento mas em minha opinião a vitória de Menezes deve-se fundamentalmente à fuga do "aparelho" de Mendes para Menezes. A fuga desse aparelho sequioso de poder, disposto a tudo, para obter o quinhão a que julga, por natureza, ter direito: estar na LISTA. Na lista eleitoral para a câmara, e nas empresas municipais. Na lista para a Assembleia da República, e depois no Governo ou mesmo num lugarzinho à sua sombra, na extensa Administração e nas empresas onde o Estado tem o pé. Na lista para o Parlamenmto Europeu ou ao menos nas sinecuras que gravitam em seu torno.

O aparelho não é o conjunto de "funcionários" ou instalados que Mendes controlava. Na oposição isso é muito pouco, quase nada. Aparelho são os pequenos (e grandes) caciques e "funcionários" por todo o país que perderam o lugar com o ressurgimento em força do PS após o estado comatoso seguido de morte resultante dos governos do PSD/CDS/Durão Barroso/Santana Lopes.

Que resulta para o PS e o Governo de Sócrates. Por um lado uma oposição mais atrevida, mais dinâmica, mais demagógica, mais de "esquerda" e mais de direita, mais incendiária. Mas por outro uma maior divisão no PSD, por um lado os poderosos que quereriam um partido mais credível, um rumo neoliberal à Compromisso Portugal com gente mais "decente", uma estratégia mais prudente mas mais segura e alavancada e por outro os que estão apressados e em stress, dispostos a tudo, mesmo que em desnorte e inconsistente rumo, para chegarem à gamela do orçamento, pequenos, médios e também grandes (estes desde que lhes pareça que a pouca vergonha resulta. Quanto a isso não há quaisquer preconceitos.)

De modo que as consequências para o Governo de Sócrates são difíceis de avaliar com rigor à partida. Mas se para muitos se aparentam piores eu admito que acabem por vir a ser melhores.

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