Na cozinha, a soprar para virar páginas

21-08-2012
marcar artigo

Quem espreitar a minha biblioteca pessoal perceberá que tenho uma certa tara por livros de cozinha. Tudo começou na adolescência, quando comecei a coleccionar as fichas com as receitas das revistas femininas francesas, da Marie Claire e da Elle. Ainda as tenho - arquivadas em capas de argolas. A Elle publicou entretanto as suas receitas em vários livros temáticos e a colecção, impressa em papel, está na minha estante. Depois passei a coleccionar livros de cozinha internacional de todos os países por onde passava (há lá em casa um volume dedicado à cozinha russa que nunca deve ter saído da prateleira...). Por isso imaginam a minha alegria no ano em que, na Feira do Livro de Frankfurt, as editoras especializadas em livros de cozinha no pavilhão dos franceses passaram a ter espaço a dobrar. Foi só o princípio de uma tendência mundial. Com o passar dos anos, a área gastronómica naquela feira do livro passou a concentrar-se num pavilhão. E quando, em Outubro, se realizar a próxima feira, a Gourmet Gallery vai ocupar mais de 800 metros quadrados. Além das conferências e discussões sobre livros de culinária, chefes internacionais vão estar no Show Kitchen a promover os seus livros e a mostrar o que valem. Mas não só a atenção dada no mundo editorial à gastronomia aumentou nos últimos anos. Outras coisas mudaram por causa das novas tecnologias.

Se estiver atento, quem espreitar a minha biblioteca de livros de cozinha verificará que, nos últimos dois anos, ela não tem aumentado nas estantes físicas lá de casa. Aumentou nas estantes virtuais e o iPad passou a estar mais tempo entre tachos e tigelas no balcão da cozinha.

O que me aconteceu a mim parece estar a acontecer a muitos leitores no mundo inteiro. Não existem números oficiais sobre quantas pessoas estão a levar os tablets para a cozinha, mas a revista norte-americana Publishers Weekly diz que o aumento das vendas de gadgets para proteger ou segurar estes aparelhos na cozinha mostram que não sou um caso isolado. As editoras de livros de cozinha estão aproveitar todos os meios ao seu dispor. Alguns dos livros de cozinha impressos em papel já trazem no final das receitas um código QR (uma espécie de código de barras que pode ser lido por câmaras de telemóvel e nos direcciona para páginas web específicas) que nos levam até uma página de vídeos com a execução da receita, por exemplo. Esta mudança na minha vida começou quando descobri que o Petit Larousse Pâtissier, livro que recebeu o prémio especial do júri nos World Cookbook Awards 2010 - e que tem mais de 400 páginas - estava disponível numa aplicação para iPad, à venda na App Store da Apple por €4,99 (existe uma versão em inglês com o título French Cakes, Pastries and Jam). Uma das vantagens da consulta deste livro no iPad durante as tarefas na cozinha é que aqui, para se virar as páginas para continuar a ler as receitas, só é preciso soprar. A página vira sem eu precisar de tocar no ecrã, que iria engordurar com as mãos pegajosas de uma massa de tarte. Posso escrever notas em cada receita, ver o que outros escreveram, procurar as receitas por palavras-chave e ter acesso a conteúdos exclusivos.

isabel.coutinho@publico.pt

Larousse Pâtissier

http://cuisine.larousse.fr/livres-de-cuisine/35 60395911963

O melhor do Público no email Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Subscrever ×

Clube da Leitura

http: /www.clubedaleitura.pt/

Ciberescritas é um blogue em http://blogs.publico.pt/ciberescritas

Quem espreitar a minha biblioteca pessoal perceberá que tenho uma certa tara por livros de cozinha. Tudo começou na adolescência, quando comecei a coleccionar as fichas com as receitas das revistas femininas francesas, da Marie Claire e da Elle. Ainda as tenho - arquivadas em capas de argolas. A Elle publicou entretanto as suas receitas em vários livros temáticos e a colecção, impressa em papel, está na minha estante. Depois passei a coleccionar livros de cozinha internacional de todos os países por onde passava (há lá em casa um volume dedicado à cozinha russa que nunca deve ter saído da prateleira...). Por isso imaginam a minha alegria no ano em que, na Feira do Livro de Frankfurt, as editoras especializadas em livros de cozinha no pavilhão dos franceses passaram a ter espaço a dobrar. Foi só o princípio de uma tendência mundial. Com o passar dos anos, a área gastronómica naquela feira do livro passou a concentrar-se num pavilhão. E quando, em Outubro, se realizar a próxima feira, a Gourmet Gallery vai ocupar mais de 800 metros quadrados. Além das conferências e discussões sobre livros de culinária, chefes internacionais vão estar no Show Kitchen a promover os seus livros e a mostrar o que valem. Mas não só a atenção dada no mundo editorial à gastronomia aumentou nos últimos anos. Outras coisas mudaram por causa das novas tecnologias.

Se estiver atento, quem espreitar a minha biblioteca de livros de cozinha verificará que, nos últimos dois anos, ela não tem aumentado nas estantes físicas lá de casa. Aumentou nas estantes virtuais e o iPad passou a estar mais tempo entre tachos e tigelas no balcão da cozinha.

O que me aconteceu a mim parece estar a acontecer a muitos leitores no mundo inteiro. Não existem números oficiais sobre quantas pessoas estão a levar os tablets para a cozinha, mas a revista norte-americana Publishers Weekly diz que o aumento das vendas de gadgets para proteger ou segurar estes aparelhos na cozinha mostram que não sou um caso isolado. As editoras de livros de cozinha estão aproveitar todos os meios ao seu dispor. Alguns dos livros de cozinha impressos em papel já trazem no final das receitas um código QR (uma espécie de código de barras que pode ser lido por câmaras de telemóvel e nos direcciona para páginas web específicas) que nos levam até uma página de vídeos com a execução da receita, por exemplo. Esta mudança na minha vida começou quando descobri que o Petit Larousse Pâtissier, livro que recebeu o prémio especial do júri nos World Cookbook Awards 2010 - e que tem mais de 400 páginas - estava disponível numa aplicação para iPad, à venda na App Store da Apple por €4,99 (existe uma versão em inglês com o título French Cakes, Pastries and Jam). Uma das vantagens da consulta deste livro no iPad durante as tarefas na cozinha é que aqui, para se virar as páginas para continuar a ler as receitas, só é preciso soprar. A página vira sem eu precisar de tocar no ecrã, que iria engordurar com as mãos pegajosas de uma massa de tarte. Posso escrever notas em cada receita, ver o que outros escreveram, procurar as receitas por palavras-chave e ter acesso a conteúdos exclusivos.

isabel.coutinho@publico.pt

Larousse Pâtissier

http://cuisine.larousse.fr/livres-de-cuisine/35 60395911963

O melhor do Público no email Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Subscrever ×

Clube da Leitura

http: /www.clubedaleitura.pt/

Ciberescritas é um blogue em http://blogs.publico.pt/ciberescritas

marcar artigo