“Tá saindo!” açaí na tigela

30-01-2012
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Três jovens portugueses, João Belmar, Miguel Oliveira e Frederico Vinhas tiveram saudades de comer açaí na tigela como comiam no Rio de Janeiro e fundaram a Taçaí. A moda do açaí está a espalhar-se em Portugal por causa deles. Em exclusivo para o Life&Style, João Belmar prepara duas receitas para experimentar o açaí.

Já se tornou num clássico. Os portugueses João Belmar, 29 anos, Miguel Oliveira, 28 anos e Frederico Vinhas, 30 anos, que fundaram a empresa Taçaí o ano passado, já perderam a conta de quantas vezes ofereceram uma taça de açaí na tigela e receberam por resposta: “Ah, isso é chocolate, não quero. É mais para o meu filho.” Quando os três rapazes insistem, “Venha cá”, e explicam: “Não é chocolate, é fruta, é muito saudável”, experimentam. “As pessoas estranham porque não estão habituadas ao fruto, à cor, ao sabor. É sempre uma experiência marcante”, explica João Belmar enquanto confecciona açaí na tigela numa cozinha em Lisboa. Morangos, gelo e umas quantas bolas de polpa de açaí com guaraná (que está congelada) enfiadas no copo liquidificador. Alguns minutos depois, está pronto a servir!

À primeira vista, o açaí na tigela - feito a partir da polpa de uma fruta da Amazónia, “umas bagas muito pequeninas, com um sabor intenso”, que parecem mirtilos mas são duros - pode parecer uma mousse de chocolate ou uma taça cheia de pasta de fígado. Mas não é. Miguel Oliveira, formado em comunicação empresarial, foi há uns anos para o Rio de Janeiro tirar uma pós-graduação em marketing. Nos primeiros tempos olhava para as pessoas que passavam por ele na rua a comer açaí na tigela e pensava: “Mas o que é isto?! Esta gente está a comer mousse de chocolate na rua com 40 graus?”. Percebeu depois que se tratava de uma polpa de fruta e que era comida em gelado ou em “suco”. A primeira vez que experimentou não gostou. Comeu açaí puro, sem a banana, sem granola (uma espécie de “muesli”), sem xarope de guaraná (outro fruto originário da Amazónia com muita cafeína). Achou que sabia a terra e que era intragável. Com o tempo a sua opinião mudou, agora o açaí faz parte da sua alimentação do dia-a-dia.

Não é caso único. Ao Frederico Vinhas, que se formou em gestão de marketing e esteve em Londres a tirar um curso de engenheiro de som, aconteceu o mesmo: foi aprendendo a gostar. “Como visualmente parece chocolate, quem nunca comeu está à espera desse tipo de sabor. Mas o açaí tem um sabor muito específico, forte, nada enjoativo e muito fresquinho”, explica João Belmar que também provou o fruto quando foi para o Brasil, em 2004, tirar o curso de marketing e publicidade. Acabou por viver no Rio quatro anos e meio e conheceu naquela cidade o Miguel Oliveira. Ficaram amigos. Quando os dois regressaram a Lisboa tiveram uma vontade louca de comer açaí na tigela, tal e qual como comiam quando viviam no Rio de Janeiro. Do apetite à ideia foi um pequeno passo: e se montassem um negócio de importação e venda de açaí em Portugal? Fizeram uma experiência piloto com uma banquinha no Jardim da Estrela, em Lisboa, e, em dois meses, venderam duas toneladas de açaí. Era evidente que ia resultar. Convidaram o Frederico Vinhas para sócio e criaram a Taçaí, brincadeira com a expressão "tá saindo!", uma marca completamente portuguesa apesar do produto ser importado do Brasil.

“Quando estávamos no Jardim da Estrela vieram-nos dizer que havia açaí a crescer no jardim e que nós éramos impostores, estávamos a vender uma fruta que crescia ali perto e dizíamos que vinha do Brasil! Lá explicámos à senhora que era uma fruta de uma palmeira que só cresce na Amazónia...", conta Miguel a rir-se.

O açaí possui um alto teor de proteínas, tem uma alta dose de antioxidantes, cálcio e potássio, e deve a sua cor à antocianina (um litro de açaí tem até 35 vezes mais antocianina do que um litro de vinho tinto, explicam os rapazes). “Era comido pelos indígenas e hoje em dia, os povos ribeirinhos da Amazónia continuam a consumi-lo. É muitas vezes a base da sua alimentação, consumido a todas as refeições no seu estado líquido misturado com farinha de mandioca. Comem com carne, peixe, misturado com arroz...”, explica João Belmar.

Nos anos 80, o açaí passou a ser consumido nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro em parte graças à família de Helio Gracie (1913-2009), o lutador da arte marcial Jiu Jitsu conhecido como “o samurai brasileiro”. O açaí era incluído na dieta dos lutadores que treinavam nos ginásios Gracie porque o fruto dava energia, tinha pouco açúcar e não pesava no estômago dos atletas. Os surfistas e os jogadores de voleibol das praias de Copacabana, Ipanema e do Leblon seguiram o exemplo e as personagens série juvenil brasileira Malhação e da série cómica Casseta & Planeta ajudaram a lançar a moda. A Taçaí patrocina também uma equipa portuguesa de Jiu-jitsu, tem uma página no Facebook e um escritório para revenda (fornecem hotéis, cafés, bares, restaurantes e ginásios) onde os particulares também podem comprar. “Brevemente queremos chegar ao Porto e, mais lá para o Verão, para o Algarve", dizem. Vários locais de Lisboa e de Cascais (ver ficha) já vendem embalagens Taçaí de dois litros de açaí com guaraná e saco de granola (20 euros) para se fazer em casa.

Este mês vão passar a disponibilizar também embalagens individuais de açaí pronto a comer (mais sabores: açaí com guaraná e morango e açaí, guaraná e banana). Se passarem pelo escritório dos rapazes eles ensinam a fazer açaí na tigela, dão explicações sobre as propriedades e qualidades do "super-fruto" e outras receitas. "Tá saindo!" açaí para onde quiser.

TAÇAÍ

Rua Presidente Arriaga, nº 68-70,

1200-773 Lisboa

Site www.tacai.com.pt

À venda também em Lisboa na Mercearia do Chiado; Restaurante / Esplanada Jardim da Estrela, Supermercado Celeiro do Povo, On&Off Loja de Conveniência Gourmet, Mercado Brasil Tropical em Arroios, Mercadinho Via Brasil em Mem Martins. Em Cascais: Supermercado Saco, Bar da Academia. E ainda no Mercado Brasil Tropical na Costa da Caparica e no Café Lagido, Ilha do Baleal, em Peniche. Brevemente no Porto.

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Três jovens portugueses, João Belmar, Miguel Oliveira e Frederico Vinhas tiveram saudades de comer açaí na tigela como comiam no Rio de Janeiro e fundaram a Taçaí. A moda do açaí está a espalhar-se em Portugal por causa deles. Em exclusivo para o Life&Style, João Belmar prepara duas receitas para experimentar o açaí.

Já se tornou num clássico. Os portugueses João Belmar, 29 anos, Miguel Oliveira, 28 anos e Frederico Vinhas, 30 anos, que fundaram a empresa Taçaí o ano passado, já perderam a conta de quantas vezes ofereceram uma taça de açaí na tigela e receberam por resposta: “Ah, isso é chocolate, não quero. É mais para o meu filho.” Quando os três rapazes insistem, “Venha cá”, e explicam: “Não é chocolate, é fruta, é muito saudável”, experimentam. “As pessoas estranham porque não estão habituadas ao fruto, à cor, ao sabor. É sempre uma experiência marcante”, explica João Belmar enquanto confecciona açaí na tigela numa cozinha em Lisboa. Morangos, gelo e umas quantas bolas de polpa de açaí com guaraná (que está congelada) enfiadas no copo liquidificador. Alguns minutos depois, está pronto a servir!

À primeira vista, o açaí na tigela - feito a partir da polpa de uma fruta da Amazónia, “umas bagas muito pequeninas, com um sabor intenso”, que parecem mirtilos mas são duros - pode parecer uma mousse de chocolate ou uma taça cheia de pasta de fígado. Mas não é. Miguel Oliveira, formado em comunicação empresarial, foi há uns anos para o Rio de Janeiro tirar uma pós-graduação em marketing. Nos primeiros tempos olhava para as pessoas que passavam por ele na rua a comer açaí na tigela e pensava: “Mas o que é isto?! Esta gente está a comer mousse de chocolate na rua com 40 graus?”. Percebeu depois que se tratava de uma polpa de fruta e que era comida em gelado ou em “suco”. A primeira vez que experimentou não gostou. Comeu açaí puro, sem a banana, sem granola (uma espécie de “muesli”), sem xarope de guaraná (outro fruto originário da Amazónia com muita cafeína). Achou que sabia a terra e que era intragável. Com o tempo a sua opinião mudou, agora o açaí faz parte da sua alimentação do dia-a-dia.

Não é caso único. Ao Frederico Vinhas, que se formou em gestão de marketing e esteve em Londres a tirar um curso de engenheiro de som, aconteceu o mesmo: foi aprendendo a gostar. “Como visualmente parece chocolate, quem nunca comeu está à espera desse tipo de sabor. Mas o açaí tem um sabor muito específico, forte, nada enjoativo e muito fresquinho”, explica João Belmar que também provou o fruto quando foi para o Brasil, em 2004, tirar o curso de marketing e publicidade. Acabou por viver no Rio quatro anos e meio e conheceu naquela cidade o Miguel Oliveira. Ficaram amigos. Quando os dois regressaram a Lisboa tiveram uma vontade louca de comer açaí na tigela, tal e qual como comiam quando viviam no Rio de Janeiro. Do apetite à ideia foi um pequeno passo: e se montassem um negócio de importação e venda de açaí em Portugal? Fizeram uma experiência piloto com uma banquinha no Jardim da Estrela, em Lisboa, e, em dois meses, venderam duas toneladas de açaí. Era evidente que ia resultar. Convidaram o Frederico Vinhas para sócio e criaram a Taçaí, brincadeira com a expressão "tá saindo!", uma marca completamente portuguesa apesar do produto ser importado do Brasil.

“Quando estávamos no Jardim da Estrela vieram-nos dizer que havia açaí a crescer no jardim e que nós éramos impostores, estávamos a vender uma fruta que crescia ali perto e dizíamos que vinha do Brasil! Lá explicámos à senhora que era uma fruta de uma palmeira que só cresce na Amazónia...", conta Miguel a rir-se.

O açaí possui um alto teor de proteínas, tem uma alta dose de antioxidantes, cálcio e potássio, e deve a sua cor à antocianina (um litro de açaí tem até 35 vezes mais antocianina do que um litro de vinho tinto, explicam os rapazes). “Era comido pelos indígenas e hoje em dia, os povos ribeirinhos da Amazónia continuam a consumi-lo. É muitas vezes a base da sua alimentação, consumido a todas as refeições no seu estado líquido misturado com farinha de mandioca. Comem com carne, peixe, misturado com arroz...”, explica João Belmar.

Nos anos 80, o açaí passou a ser consumido nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro em parte graças à família de Helio Gracie (1913-2009), o lutador da arte marcial Jiu Jitsu conhecido como “o samurai brasileiro”. O açaí era incluído na dieta dos lutadores que treinavam nos ginásios Gracie porque o fruto dava energia, tinha pouco açúcar e não pesava no estômago dos atletas. Os surfistas e os jogadores de voleibol das praias de Copacabana, Ipanema e do Leblon seguiram o exemplo e as personagens série juvenil brasileira Malhação e da série cómica Casseta & Planeta ajudaram a lançar a moda. A Taçaí patrocina também uma equipa portuguesa de Jiu-jitsu, tem uma página no Facebook e um escritório para revenda (fornecem hotéis, cafés, bares, restaurantes e ginásios) onde os particulares também podem comprar. “Brevemente queremos chegar ao Porto e, mais lá para o Verão, para o Algarve", dizem. Vários locais de Lisboa e de Cascais (ver ficha) já vendem embalagens Taçaí de dois litros de açaí com guaraná e saco de granola (20 euros) para se fazer em casa.

Este mês vão passar a disponibilizar também embalagens individuais de açaí pronto a comer (mais sabores: açaí com guaraná e morango e açaí, guaraná e banana). Se passarem pelo escritório dos rapazes eles ensinam a fazer açaí na tigela, dão explicações sobre as propriedades e qualidades do "super-fruto" e outras receitas. "Tá saindo!" açaí para onde quiser.

TAÇAÍ

Rua Presidente Arriaga, nº 68-70,

1200-773 Lisboa

Site www.tacai.com.pt

À venda também em Lisboa na Mercearia do Chiado; Restaurante / Esplanada Jardim da Estrela, Supermercado Celeiro do Povo, On&Off Loja de Conveniência Gourmet, Mercado Brasil Tropical em Arroios, Mercadinho Via Brasil em Mem Martins. Em Cascais: Supermercado Saco, Bar da Academia. E ainda no Mercado Brasil Tropical na Costa da Caparica e no Café Lagido, Ilha do Baleal, em Peniche. Brevemente no Porto.

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